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Os valores

Juízos de Facto e de valor

Juízo de Facto - é juízo de facto quando este é descritivo, este visa descrever o modo como as coisas
são, mesmo que descreva erradamente.

Juízo de Valor - é juízo de valor quando este não visa descrever o que as pessoas fazem, mas sim o
que gostaríamos que fizessem, este é um juízo puramente normativo ou prescritivo. Um juízo
normativo não visa descrever as coisas como elas são, mas antes exprimir o que pensamos que elas
devem ser.

Juízo descritico: Juízo normativo:

Visa adequar o pensamento à realidade. Visa adequar a realidade ao pensamento.

Subjetivismo, Relativismo e Objetivismo

Teoria do Subjetivismo

Tese do subjetivismo: os valores são relativos aos sujeitos. Nenhum valor é objetivo

O subjetivista pensa que os juízos de valor são apenas preferências pessoais. P.e: o Luís defende que
devemos mentir em alguns casos, está apenas a manifestar a sua preferência. E claro, a Joana tem
outra preferência e defende que nunca devemos mentir. MAS nenhum dos dois tem mais razão do
que o outro. É por isto que dizem que gostos não se discutem: os valores são subjetivos.

Podemos concluir que:

• Na ética só há opiniões pessoais e não verdades universais.

• Os juízos morais descrevem apenas os nossos sentimentos de aprovação ou reprovação.

Argumentos a favor e suas objeções:

O argumento da discordância

O argumento da discordância a favor do subjetivismo baseia-se na ideia de que, no que respeita aos
juízos de valor, só há discordâncias: o que uma pessoa considera bom ou aceitável, outra considera
mau ou inaceitável. É por isso que são subjetivos. Se fossem objetivos, essas discordâncias não
existiriam.

Objeção ao argumento da discordância


Discordamos relativamente a muitos valores, mas não a todos.
Este argumento põe em causa a ideia que se um juízo não for objetivo, então não há discordância.
Porém sabemos que há muitos casos em que estamos perante juízos que não são subjetivos e, no
entanto, há discordância.
Argumento do fomento da liberdade:

Se o valor de verdade dos juízos morais não depende da perspetiva de cada sujeito, então teremos
limites na nossa liberdade de ação (pois, o valor de verdade desses juízos será imposto por algo
exterior ao sujeito). Mas, não queremos ter limites na nossa liberdade de ação. 3 ∴ O valor de
verdade dos juízos morais depende da perspetiva de cada sujeito.

Objeção ao argumento do fomento da liberdade:

• O subjetivismo não nos dá informações sobre como usar a liberdade de forma responsável.
• Seguindo o subjetivismo, nenhum ponto de vista, por muito monstruoso ou absurdo que seja, pode
ser considerado realmente errado ou pelo menos pior do que pontos de vista alternativos.
• A educação moral deixa de fazer sentido.

Argumento do fomento da tolerância:

Se o valor de verdade dos juízos morais depende da perspetiva de cada sujeito, então cada um
tem as suas preferências (não havendo uma preferência melhor ou pior).

Ora, se cada um tem as suas preferências (não havendo uma preferência melhor ou pior), então
tornamo-nos mais tolerantes a respeito das pessoas com preferências diferentes.

∴ Se o valor de verdade dos juízos morais depende da perspetiva de cada sujeito, então tornamo-
nos mais tolerantes.

Objeção ao argumento do fomento da tolerância:

Parece haver uma contradição neste argumento:


• Por um lado, sustenta-se que o bem depende da perspetiva de cada sujeito.
• Mas, por outro lado, está a pressupor que a tolerância é um bem objetivo e, por isso, há pelo
menos um bem que não depende da perspetiva de cada sujeito.
• Para o subjetivista não há uma preferência ética melhor ou pior. Mas isto tem graves
consequências: Isso tira todo o sentido ao debate racional sobre questões morais, nunca é
possível que alguém esteja enganado em questões morais.

Objeções ao Subjetivismo
O subjetivismo moral torna impossível a discussão de questões morais.
Imaginemos que José defende que o aborto é errado e que Miguel defende que o aborto é
moralmente aceitável. Segundo o subjetivista, eles não estão realmente em desacordo sobre se o
aborto é ou não moralmente legítimo. Estão simplesmente a exprimir os seus sentimentos sobre a
moralidade do aborto. Será perda de tempo que um tente convencer outro de que está enganado.

O subjetivismo ético é incapaz de justificar racionalmente a existência de desacordo acerca de


questões morais.
O subjetivismo parece apoiar – se na existência de desacordo moral para defender que não há verdades
objetivas, que nada é certo ou errado em si mesmo. Mas depois não parece conseguir justificar a existência
de desacordo moral. Vejamos: Um ato é correto ou errado se um determinado indivíduo o considerar
correto ou errado. A ética não parece ser para o subjetivista uma questão de argumentação racional.
Qualquer posição ética é tão plausível como qualquer outra.

O subjetivismo ético acredita que não há verdades morais objetivas porque os assuntos morais são
objeto de discórdia generalizada, mas isso não prova que não haja uma resposta correta ou verdades
objetivas.

O subjetivismo moral é contraditório.


O subjetivismo moral afirma que nenhuma perspetiva moral é mais verdadeira ou melhor do que outra.
Mas como o subjetivismo é também uma perspetiva moral então não é melhor do que qualquer outra.

Teoria do Relativismo

Tese do Relativismo: os valores são relativos à sociedade. Nenhum valor é objetivo.

Quando uma sociedade condena ou aceita um dado juízo de valor, não pode estar enganada. Os
relativistas pensam que os juízos de valor não passam de preferências sociais.

Podemos concluir que:

• O bem e o mal morais são convenções estabelecidas em cada sociedade.

• Na ética não há verdades universais; o certo e o errado variam de sociedade para sociedade.

Não Confundir (Relativismo)

1. Tese da diversidade cultural: diferentes culturas têm diferentes códigos de

comportamento.

2. Tese relativista: não há padrões universais do correto e do incorreto, e a ética é relativa à cultura.

Argumentos a favor e suas objeções:

Argumento da tolerância e coesão social:

1O relativismo cultural promove a tolerância entre sociedades diferentes (pois, leva-nos a não ter
uma atitude destrutiva em relação aos outros povos e culturas).

2 O relativismo cultural promove a coesão social fundamental para a sobrevivência da sociedade


(pois, aceitamos como certo aquilo que a maioria determina).

3Se o relativismo cultural promove a tolerância e a coesão social, então essa é uma teoria plausível.

4∴O relativismo cultural é uma teoria plausível.


Objeção ao argumento da tolerância e coesão social:

Contra a premissa (1):


• A tolerância nem sempre é desejável.
• O relativismo cultural pode conduzir à aprovação da intolerância.
Contra a premissa (2):
• O relativismo cultural conduz ao conformismo.
• A maioria pode estar enganada.

Objeções ao Relativismo

Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser moralmente correto e
algo ser moralmente correto.
O RMC reduz a verdade ao que a maioria julga ser verdadeiro. Desde quando o que maioria
pensa é verdadeiro e moralmente aceitável?
O RMC parece convidar-nos ao conformismo moral, a seguir, em nome da coesão social, as
crenças dominantes. Segundo o RMC os juízos morais de cada indivíduo são verdadeiros se
estiverem em conformidade com o que a sociedade a que pertence considera verdadeiro.
O RMC parece implicar que a ação dos reformadores morais é sempre incorreta. Se para o
RMC o conformismo é uma virtude – e algum conformismo é preciso para viver em sociedade
– essa virtude pode transformar – se em obediência cega e em passividade.
Se o relativismo cultural fosse verdadeiro, não faria sentido falar de progresso moral. P.e: o
facto de as mulheres há décadas atrás não poderem votar e hoje já poderem (em muitos
países) é habitualmente visto como uma mudança positiva, como um progresso.

Teoria do Objetivismo
Tese do objetivismo: A tese central do objetivismo é que alguns valores são objetivos. O objetivista
não defende que todos os juízos de valor são objetivos. Isto significa que, quando uma pessoa ou
sociedade condena ou aceita dado juízo de valor, pode estar enganada, tal como acontece com
juízos de facto.

Podemos concluir que:

• Na ética há verdades universais (estabelecidas pelas razões informadas e imparciais).

• Os juízos morais baseiam-se numa preocupação em considerar todas as pessoas de igual modo;
ou seja, baseiam-se em critérios transubjetivos de valoração.

Tese:

Os juízos morais têm valor de verdade e este em nada depende da perspetiva do sujeito que os
profere.

Os juízos morais podem ser justificados de forma racional e imparcial.

Argumentos a favor do Objetivismo


Argumento contra a intolerância:

Se o juízo moral de que a intolerância é errada fosse apenas relativo à nossa sociedade, então
seria aceitável que outras sociedades fossem intolerantes.

Mas não é aceitável que as outras sociedades sejam intolerantes (p.e. nazismo, Daesh, etc).
∴ O juízo moral de que a intolerância é errada não é relativo à nossa sociedade.

Objeção ao argumento contra a intolerância:


Contra a premissa (2):
• Um relativista poderá dizer que ao condenarmos a intolerância do nazismo estamos apenas a
exprimir os juízos morais da nossa própria sociedade.
• Mas daí não se segue que a tolerância seja um valor objetivo.

Crítica mais geral:


• O argumento não prova que os juízos morais são objetivos (mas que no máximo a tolerância não
é relativa à sociedade ou cultura).

Argumento da imparcialidade:

Se os juízos morais não são objetivamente verdadeiros (ou falsos), então não podemos justificar
os nossos juízos morais de um ponto de vista imparcial.

Mas, podemos justificar os nossos juízos morais de um ponto de vista imparcial (p.e.: A
escravatura é injusta).

∴ Os juízos morais são objetivamente verdadeiros (ou falsos).

Objeção ao argumento da imparcialidade:


Como seria a vida humana se formos todos rigorosamente imparciais?
Contra a premissa (2) - objeção dos "santos morais":
Considere-se a vida de um santo moral, uma pessoa rigorosamente imparcial do ponto de vista
moral.
Dificilmente esta pessoa poderia ter uma vida pessoal plenamente realizada, pois daria exatamente
a mesma atenção a todas as pessoas, independentemente de serem seus familiares e amigas ou
não.
Assim, as relações morais humanas perdem o sentido se não incluírem uma certa parcialidade.

Síntese
Uma pessoa afirma que “X é moralmente aceitável”, enquanto outra afirma que “X é moralmente
inaceitável”.
Será que estas pessoas estão em desacordo?

Não, responde o subjetivista moral. Essas pessoas estão simplesmente a expressar os seus
sentimentos face a X. Se são sinceras quanto a isso, então aquelas afirmações são ambas
verdadeiras.

Não, responde o relativista cultural, se essas pessoas pertencerem a culturas diferentes, a primeira na
qual X seja aprovado, a segunda na qual X seja reprovado.

Segundo o relativista cultural, não há razões para contestar qualquer dos juízos morais, desde que
cada um deles expresse a perspetiva maioritária de cada sociedade.

Sim, responde o objetivista moral. As pessoas que exprimem estes juízos estão de facto em desacordo
e estes não podem ter o mesmo valor de verdade. Por isso o subjetivismo moral e o relativismo cultural
não podem ser teorias corretas. Para o objetivismo, um juízo moral tem de ser apoiado em boas razões
que são imparciais.

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