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Os valores

Análise e
compreensão
da experiência
valorativa
• O que são valores?

• Qual a relação entre a ação humana e os


valores?

• Qual a diferença entre juízos de facto e juízos de


valor?

• Que tipo de valores existem?

• Quais as características dos valores?


Os valores são algo que usamos quotidianamente
para orientar a nossa ação.

Quando manifestamos as nossas preferências


estamos a emitir juízos sobre os objetos baseados
nessas orientações que constituem os valores

“O presidente da república “O Professor Cavaco Silva é um


portuguesa é o professor Cavaco homem justo.”
Silva.”

“O rio Tejo banha Lisboa.” “O Tejo é o rio mais belo de Portugal.”

“Vasco da Gama descobriu o “ Vasco da Gama foi muito corajoso.”


caminho marítimo para a Índia.”
JUÍZO DE FACTO JUÍZO DE VALOR

▪ Descrição da realidade ▪ Apreciação da realidade


▪ Objetivo ▪ Necessitam de um depositário
▪ Verificável ▪ Exprimem um ponto de vista
▪ Verdadeiro ou Falso (individual ou coletivo)

▪ Descrevem o que é ▪ Traduzem preferências e


▪ São da ordem do Ser apreciações
▪ Estão sujeitos à Necessidade ▪ São da ordem do dever ser
▪ Dizem respeito à Liberdade

▪ Facto – é aquilo que acontece, ▪ Valor – é um atributo que


que ocorre na realidade. resulta da apreciação de um
sujeito / sociedade em relação
a um objeto ,um ideal
estimável ou com valia.
Valores:

materiais
vitais, agradáveis, económicos

espirituais
ético-políticos, estéticos, religiosos

características
polaridade
historicidade
hierarquia
absolutividade / relatividade
Natureza dos valores

SUBJETIVISMO AXIOLÓGICO OBJETIVISMO AXIOLÓGICO

▪ Os valores não são ▪ Há valores absolutos e


objetivos. ultrapassam os critérios de
▪ Podem ser verdadeiros ou cada Ser Humano
falsos, mas o seu valor de
verdade depende sempre ▪ Os valores existem e os
da perspetiva de cada juízos de valor são
sujeito. verdadeiro ou falsos
▪ Um juízo de valor reflete o independentemente dos
sentimento de aprovação sujeitos
ou reprovação do sujeito
que o faz. ▪ As pessoas podem estar
▪ Nada tem valor em si enganadas relativamente
mesmo. aos juízos de valor que
▪ Ninguém está enganado fazem.
quanto aos juízos de valor.
Natureza dos valores

ARGUMENTOS A FAVOR DO SUBJETIVISMO AXIOLÓGICO

▪ O subjetivismo confere a cada um a liberdade de poder agir


consoante aquilo que sente ou que prefere.

▪ O subjetivismo promove a tolerância entre pessoas com valores


diferentes, pois se todos aceitarmos que os juízos de valor
variam consoante as preferências e convicções de cada pessoa,
estamos dispostos a aceitar que as outras opiniões valorativas
são tão legítimas quanto a nossa.

▪ Objeção a estes argumentos: Ambos defendem o subjetivismo a


partir de valores que, supostamente, valem por si só: a liberdade
individual e a tolerância. Isto é incoerente, pois o subjetivismo
está a pretender justificar que os juízos de valor são subjetivos
com base em valores objetivos.
Natureza dos valores

ARGUMENTOS A FAVOR DO SUBJETIVISMO AXIOLÓGICO

▪ Argumento da discordância:
(1) Se os juízos de valor fossem objetivos, então não haveria
discordância.
(2) No entanto, há muita discordância em relação aos juízos de
valor.
(3) Logo, os juízos de valor não são objetivos, são subjetivos.

Objeção: Do facto de haver discordância sobre vários juízos de


facto, não se conclui que esses juízos são subjetivos. Por exemplo,
há um debate em torno das causas das alterações climáticas, mas
isso não implica que o que se pode dizer sobre esse assunto
dependa apenas da opinião de cada um. Ainda temos de confrontar
essas opiniões com a realidade. Então por que não fazer o mesmo,
quando a discordância é sobre juízos de valor como, por exemplo, o
juízo: “O racismo é condenável.”?
Natureza dos valores

ARGUMENTOS A FAVOR DO SUBJETIVISMO AXIOLÓGICO

▪ Argumento dos conflitos de valor:


1. Se os juízos de valor fossem objetivos, então haveria uma
maneira objetiva de os resolver os desacordos.
2. Nos juízos de valor não há uma maneira objetiva de resolver os
desacordos.
3. Logo, os juízos de valor não são objetivos, mas sim subjetivos.

Objeção: Os desacordos sobre juízos de valor podem não ser


resolvidos do mesmo modo que se revolve desacordos em relação
a juízos de facto, pois nestes recorre-se à experiência e à
observação da realidade. Mas pode-se pensar que, apenas com
base na razão, se chega a juízos de valor que qualquer ser racional
reconhece como verdadeiros.
Natureza dos valores

OURAS CRÍTICAS CONTRA O SUBJETIVISMO AXIOLÓGICO

1. O subjetivismo permite que qualquer juízo de valor seja verdadeiro: por


exemplo, se alguém disser que Hitler fez muito bem em matar milhões
de judeus, um subjetivista não pode afirmar que essa pessoa está
errada. Pelo contrário, de acordo com a sua perspetiva, o que ela diz é
verdade.

2. A única educação moral que o subjetivismo tem para oferecer é a de


que devemos agir apenas de acordo com as nossas preferências e
convicções pessoais. Levado ao extremo, pode-se questionar se a
sociedade sobreviveria a uma moral deste tipo.

3. Finalmente, o subjetivismo retira o conteúdo a qualquer debate sobre as


questões relacionadas com os valores. Por quê debater se já sabemos à
partida que os valores dependem do que cada um acha que é valioso?
O debate apenas vai exprimir algo em que o subjetivista já acredita: a de
que os valores são subjetivos.
Natureza dos valores

ARGUMENTOS A FAVOR DO OBJETIVISMO AXIOLÓGICO

O argumento da tolerância:
1. Se o juízo de valor de que devemos ser tolerantes fosse apenas relativo
a cada sujeito ou a cada sociedade, seria aceitável que as pessoas não
fossem tolerantes.
2. Mas isso é inaceitável.
3. Logo, o juízo de que devemos ser tolerantes não é apenas relativo aos
sujeitos ou a uma sociedade.

Objeção: Ao condenarmos a intolerância de outros indivíduos ou de outras


sociedade apenas estamos a manifestar os nossos próprios valores ou os
valores da nossa sociedade.
Natureza dos valores

ARGUMENTOS A FAVOR DO OBJETIVISMO AXIOLÓGICO

O argumento da imparcialidade:

1. Se os juízos de valor não fossem objetivos, não poderíamos ser


imparciais.
2. Contudo, há juízos de valor em que somos imparciais.
3. Logo, os juízos de valor são objetivos.

Exemplo: o patrão pode gostar mais de alguns empregados do que doutros,


mas paga a todos o mesmo salário. Pode-se então considerar que ele o faz
porque a justiça, neste caso, é um valor objetivo que ele reconhece como
estando acima do seu critério subjetivo de preferir este àquele trabalhador.

Objeção: Não podemos ser imparciais em relação a todos os juízos e


dificilmente o somos em todas as situações: tendemos a privilegiar o
interesse pessoal e o daqueles que nos são mais próximos como, por
exemplo, a família e os amigos mais chegados.

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