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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS POETA ANTÓNIO ALEIXO

Problema dos critérios valorativos


Luizete Dias

1. Distingue juízos de facto de juízos de valor.

R: Os juízos de facto são descritivos, descrevem o modo como as coisas são, mesmo que possam estar errados,
por isso se afirma que não sejam consensuais. Neste tipo de juízos o pensamento adequa-se à realidade. E têm
valor de verdade. Por seu lado, os juízos de valor são normativos ou prescritos, exprimem como pensamentos
que as coisas devem ser, daí que se afirme estes tipos de juízos visam adequar a realidade ao nosso
pensamento. No entanto, existem alguns juízos de valor que não são normativos, os juízos de gosto, como por
exemplo, eu gosto de manteiga de amendoim. Os juízos de valor também têm valor de verdade e também são
não consensuais.

2. Os juízos de valor podem ser objetivos e verdadeiros? Justifique a afirmação.

R: Os juízos podem ser objetivos e verdadeiros para a teoria do objetivismo moral que considera que os juízos
de valor resultam de um critério de imparcialidade, pelo que, estão para além das preferências do sujeito e da
sociedade. Para as outras duas teorias que respondem ao problema dos critérios valorativos, o subjetivismo
moral e o relativismo cultural também se apresentam como tendo valor de verdade, sendo esta relativa ao sujeito
ou à sociedade, respetivamente.

3. Quais as questões a que respondem o subjetivismo, relativismo e objetivismo moral.

R: As questões a que o subjetivismo, relativismo e objetivismo moral respondem são: a) qual o critério para
determinar o que são juízos de valor? São subjetivos? Objetivos? Ou relativos à sociedade?; b) os juízos de
valor têm valor de verdade?

4. Quais as críticas ao subjetivismo moral. Justifica a afirmação.

R: A premissa em que se baseia o subjetivismo moral, a discordância em relação aos juízos de valor, é falsa. Por
um lado, porque não é verdade que discordemos quanto a todos os valores, porque encontramos um forte
consenso no que diz respeito à rejeição da escravatura, por exemplo. Por outro lado, a afirmação que o
consenso só se verifica nos juízos de facto também não é verdadeira, já que em relação ao problema do
aquecimento global encontramos cientistas que afirmam que o mesmo resulta dum processo cíclico natural e
outros que consideram que é influência do homem.
Essas são as críticas apresentadas ao subjetivismo que considera que os juízos de valor são preferências
pessoais e, como tal, qualquer juízo de valor está correto para quem o profere. Nenhum sujeito está errado
quando professa a sua preferência. A discordância não só é natural como necessária.

5. O critério da tolerância é um bom critério para justificar o relativismo moral? Justifica a tua resposta.

R: Não, porque pressupor que não aceitar o relativismo é promover a intolerância enquanto critério a seguir para
quem defenda o relativismo moral é perfeitamente insatisfatório. Em primeiro lugar, porque algumas sociedades
são efetivamente intolerantes e sob a capa da tolerância teríamos que aceitar, ser tolerantes, à sua intolerância.
Por outro lado, aceitar as diferenças e tradições culturais diferentes é um valor desde que essa tolerância não
implique o prejuízo de qualquer indivíduo.
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS POETA ANTÓNIO ALEIXO
Problema dos critérios valorativos
Luizete Dias

Leia o texto A

TEXTO A

Um jornalista afegão foi condenado à morte. Foi acusado de distribuir um artigo onde são
interpretados erradamente versículos do Corão. Não é outra cultura. É uma barbárie.
Expresso (Editorial), 26/01/2008, p. 52.

6. Classifica cada um dos juízos do texto como «juízo de facto» ou como «juízo de valor».
A. Um jornalista afegão foi condenado à morte.
B. Foi acusado de distribuir um artigo onde são interpretados erradamente versículos do Corão.
C. É uma barbárie.

7. «Matar jornalistas que interpretam erradamente versículos do Corão não tem nada de errado». É
possível que um subjectivista moral esteja enganado quando emite este juízo? Porquê?
R: Não, se estivermos a interpretar a afirmação enquanto defensores do subjetivismo moral, porque os
subjetivistas defendem que os juízos de valor, e como tal, os juízos morais resultam de preferências pessoais
e o seu valor de verdade é relativo ao sujeito. No entanto, uma leitura crítica à esta teoria filosófica leva-nos a
identificar a fragilidade da sua tese e dos argumentos em que se sustenta. (identificar e explicar). Podemos
concluir que um subjetivista que emita este juízo está enganado, porque se o subjetivismo fosse verdadeiro
qualquer afirmação e ação seria correta, até mesmo as ações que põem em causa a dignidade humana.

8. Será o autor do editorial do Expresso um relativista cultural? Justifica a resposta.


R: Não, o autor do editorial do Expresso não é um relativista cultural porque deixa evidente a sua opinião
quando afirma “Não é outra cultura. É uma barbárie”. A tese que está subjacente é que as avaliações morais
e os juízos de valor não são relativos à sociedade, por isso classifica-os de barbárie.

9. Explica por que razão o relativismo é incompatível com a tolerância como valor universal.
R: O relativismo é incompatível como a tolerância enquanto valor universal porque o relativismo defende que
o critério para a verdade dos juízos de valor é o que a maioria da sociedade defende. Ora, se o critério é a
preferência da sociedade, cada sociedade poderá defender princípios de tolerância relativos a grupos
específicos e marginalizar outros grupos (discriminação negativa) e a tolerância acaba por ser relativa a cada
sociedade e não um valor absoluto em si mesmo.
10. Será que o objectivismo moral dificulta o diálogo intercultural? Porquê?

GRUPO II
Leia o texto B

TEXTO B

É uma verdade incontroversa que as pessoas de sociedades diferente têm costumes diferentes e diferentes

ideias acerca do bem e do mal morais. Não há consenso mundial sobre a questão de saber que ações são

moralmente boas e moralmente más, apesar de existir uma convergência considerável sobre estas matérias. Se

tivermos em consideração o quanto as ideias morais mudaram, quer de lugar para lugar, quer ao longo do

tempo, pode ser tentador pensar que não existem fatos morais absolutos e que, pelo contrário, a moral é sempre

relativa à sociedade na qual fomos educados. Segundo esta perspetiva, uma vez que a escravatura era
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Problema dos critérios valorativos
Luizete Dias

moralmente aceitável para a maioria dos gregos antigos, apesar de o não ser para a maior parte dos europeus

de hoje em dia, a escravatura seria moralmente boa para os gregos antigos, apesar de ser moralmente má para

os europeus contemporâneos.
Nigel Warburton, Elementos básicos de filosofia, Gradiva,

1. Identifique a teoria abordada no Texto B.

R: A teoria abordada é do relativismo moral.

2. Exponha três críticas à teoria do Texto B.

R: Nem todos os juízos de valor são relativos às sociedades;


Aceitar o relativismo moral implica manter o conformismo social e impede o progresso moral da humanidade;
Aceitar intolerância sob a égide da tolerância é ser intolerante.

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