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38 estratagemas de Arthur Schopenhauer para vencer em um debate

Arthur Schopenhauer foi um famoso filósofo do século XIX que ficou conhecido pela
forma pessimista que retratava a vida humana. Schopenhauer mostra um aguçado poder
argumentativo nas suas várias obras. Em uma publicação inconclusa tida como acréscimo
do sistema filosófico de Schopenhauer, Julius Frauenstädt1 estudante de teologia e filosofia
estabeleceu-se em Berlim onde se tornou o principal discípulo de Schopenhauer.

A relação entre Schopenhauer e Frauenstädt que, podemos seguramente considerar


como sendo autêntica, devido ao fator oscilante e ao mesmo tempo imutável, trouxe um rico
valor intelectual para os filósofos e estudantes do seu tempo e no porvir. Frauenstädt nos
privilegiou com uma magnífica obra onde Schopenhauer examina os principais
estratagemas ou, esquemas argumentativos para conseguir o sucesso em um debate, tal
técnica também recebe o nome de Dialética erística2, técnica desenvolvida pelos sofistas da
época clássica da filosofia grega.

A inicial motivação de Schopenhauer é oriunda da rivalidade que travava com Hegel,


que, assim como aquele, lecionava na Universidade de Berlim. Nos escritos de ambos,
encontram-se diversas referências, em maior parte injuriosa, ao outro.

Abaixo, os 38 estratagemas Schopenhaueriano para alcançar o sucesso em um


debate.

1. Expansão do argumento ou ampliação indevida - levar a afirmação do


adversário ao limite e transformá-la em um argumento genérico.
2. Utilizar homonímia3 - transformar a afirmação do oponente em algo
descontextualizado.
3. Mudança de modalidade lógica - transformar a parcialidade ou o relativismo
de um argumento em um argumento universal ou absoluto.
4. Pré-silogismo - prepare o caminho, mas, oculte a conclusão.
5. Premissas Falsas - proposições falsas em si mesmas caso o adversário não
queira aceitar as verdadeiras porque percebe que delas será deduzida uma
consequência imediata.
6. Petições de principio velada ou oculta – ao postular o que desejamos provar;
6.1 - usando um nome distinto ... ou ainda usando conceitos intercambiáveis.
6.2 - Fazendo com que se aceite, de um modo geral, aquilo que é
controvertido num caso particular.
1
Christian Martin Julius Frauenstädt (17 de abril de 1813 - 13 de janeiro de 1879 em Berlim) foi um estudante
alemão da filosofia
2
A erística é a arte ou técnica da disputa argumentativa no debate filosófico, empregada com o objetivo de
vencer uma discussão e não necessariamente de descobrir a verdade de uma questão.
3
Homonímia são palavras que possuem a mesma grafia ou a mesma pronúncia, mas com significados
diferentes entre si.

1
6.3 - Se, em contrapartida, duas coisas são consequência uma da outra,
demonstraremos uma postulando / requisitando a outra.
6.4 - Se precisamos demonstrar uma verdade geral, fazemos que se admitam
todas as particulares (o contrário do número 6.2)
7. Perguntas desordenadas - erotemático / Socrático 4 - fazer perguntas pra
esconder à admissão do adversário, ou seja, evitar aquilo que queremos que
seja admitido.
8. Encolerizar o adversário – provocar a cólera do adversário para que, em fúria,
seja incapaz de raciocinar.
9. Perguntas em ordens alteradas - visa deixar o adversário perdido quebrando
a estruturação dos seus argumentos.
10. Pista falsa - pergunte o contrário da preposição que deseja usar.
11. Salto indutivo - induzi-lo a reconhecer a verdade geral de casos particulares.
12. Manipulação semântica - Trabalhar os vocábulos - usar parábolas e
significados diferentes do original.
13. Alternativa forçada - apresente uma segunda opção pretendendo que, ele
aceite essa opção ou ainda, uma alternativa menos provável que sua própria.
14. Falsa proclamação de vitória - proclame a vitória de modo triunfante mesmo
sem as evidências.
15. Anulação do paradoxo - para triunfar, faz-se uma redução ad absurdum5.
16. Modalidade de Ad hominem - Negar a proposição com uma crítica ao autor e
não ao argumento.
17. Distinção de emergência - buscar ou causar falhas na refutação do oponente
fazendo uma distinção sútil, na qual não havíamos pensado anteriormente.
18. Mudar o curso do debate - quando sofrer ameaças argumentativas pelo
oponente mude o rumo do debate para evitar o fim do mesmo, ou seja, tente
interrompê-lo antes que termine.
19. Fuga do específico para o universal - se não é crível pode-se limitar e refutar
dando brechas para inserir a sua ponderação.
20. Uso da premissa falsa e previamente aceita pelo adversário - considere a
admissão do oponente e conclua.
21. Preferir o argumento sofístico - quando o assunto está em desinteresse por
parte do adversário, ataque-o com a falácia ad hominem.

4
Relativo a interrogações. Que procede por meio de preguntas. Reduzido a preguntas.
5
É uma forma de argumentação que consiste em procurar demonstrar que uma proposição é verdadeira porque
a sua negação resulta num falso.

2
22. Falsa alegação da petição do principio - uma afirmação próxima, ou seja, não
admita, em totalidade, o argumento do oponente.
23. Impelir o adversário ao exagero - provoque o oponente, leve-o ao exagero na
argumentação. O exagero leva, muitas vezes a contradições. Mine a
reputação do oponente.
24. Falsa Redução ao Absurdo - tire falsas conclusões, distorça as informações
do oponente.
25. Falsa instância - use um argumento que pareça contrário ao do oponente.
26. Tiro no pé - Usar o argumento do adversário contra ele.
27. Usar a raiva - irrite o adversário.
28. Ganhe a simpatia dos ouvintes - seja aprazível ao público - jogue o jogo
deles. Trabalhe a oratória.
29. Desvio do foco inconveniente - desvie dos golpes. Fale de algo distinto dentro
da temática, desvirtue o debate com leveza.
30. Apelo à autoridade - todos preferem acreditar em quem tem mais títulos.
Apresente-os nos seus argumentos.
31. Incompetência irônica - finja que não entendeu o que o seu oponente disse.
Faça-o parecer um idiota.
32. Rotule no sentido ruim / rótulo odioso - rotule a argumentação do seu
adversário.
33. Negação da teoria na prática - negar que possa ser colocado ou funcionar na
prática. Aceite a premissa, mas, rejeite a conclusão.
34. Resposta ao meneio de esquiva - explore os pontos fracos e apresente-os na
sua refutação. Dê informações ou respostas indiretas. Procure maneiras de
esquivar-se da argumentação do oponente.
35. Persuasão pela vontade – estratagema que funciona quando estão em jogo
os interesses do adversário.
36. Discurso incompreensível – use palavras difíceis visando gerar confusão no
entendimento do oponente.
37. Tomar a prova pela tese - ideia válida com prova ruim - agarre-se à prova
ruim e ignore a ideia válida.
38. Ofensas pessoais - apele para as ofensas ao perceber que vai perder o
debate.

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Referência

 Schopenhauer, Arthur. A arte de ter razão. Organizador: Franco Volpi. São


Paulo: Martins Fontes, 2009.

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