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CONCEITOS BÁSICOS DA

ÉTICA E SUA IMPLICAÇÃO


NO CONTEXTO REAL
UNIDADE II -
Vamos abordar,
1.Conceito de Consciência
2.Desenvolvimento da Consciência
Moral
3.Senso Moral
4.Responsabilidade Moral
As 2 condições indispensáveis
para uma vida ética são:
*CONSCIÊNCIA
*RESPONSABILIDADE
❑CONCEITO DE CONSCIÊNCIA MORAL
Etimologicamente, a palavra consciência vem do
latim conscientia: conhecimento de algo
partilhado com alguém. Em português, o termo
“consciência” tem, pelo menos dois sentidos:
1. Descoberta ou reconhecimento de algo,
quer de algo exterior quer de algo
interior...
2. Uma qualidade da mente capaz de
perceber a relação entre si e o outro.
•Numa definição com base nos
ensinamentos da Igreja, a
“consciência é o centro mais
secreto e o santuário do homem,
no qual se encontra a sós com
Deus,” afirma a Constituição Pastoral
Gaudium et Spes.
•Para a psicologia, a consciência Em
sentido psicológico, a consciência é a
percepção do eu por si mesmo, este é o
conceito mais conhecido.
Noção do que se passa em
nós...
Em seu sentido moral, o termo
consciência, é uma habilidade e a
capacidade que uma pessoa
possui de ter uma intuição ou
julgamento do intelecto que
distingue o certo do errado.
A consciência Moral é a
faculdade que tem o ser
humano de juízos de valor
éticas sobre atos certo e
errado, sendo guiados nesta
maneira de fazer ou não fazer-
lhes.
O matemático e filósofo
Blaise Pascal dizia que a
consciência é o melhor
livro de moral que temos.
❑NATUREZA DA CONSCIÊNCIA MORAL
Como faculdade cuja manifestação no ser humano o eleva à
dignidade de um ser moral, A consciência moral tem:
• UMA BASE RACIONAL: Todos os actos humanos são
julgados e avaliados pela razão, em função de valores livre e
racionalmente escolhidos. Não é, pois, “às cegas” que
concebemos e realizamos a acção. É com a intervenção do
pensamento que tomamos consciência dos problemas, que os
compreendemos e que equacionamos soluções que nos parecem
possíveis. A racionalidade permite-nos analisar criticamente
aquilo com que nos deparamos, avaliar as acções pessoais e as
dos outros, confrontando o que queremos fazer com aquilo que
julgamos que devemos fazer.
• UM ELEMENTO AFECTIVO:
As relações interpessoais manifestam na
consciência uma componente emocional tão forte que
é capaz de dinamizar a acção humana do mesmo
modo que a razão. Por vezes, junta-se à razão,
colaborando e reforçando o seu papel, ou, então,
opondo-se-lhe e entrando em conflito com ela.
Assim, quer os sentimentos positivos de amor,
amizade, simpatia e fraternidade quer os seus
contrários manifestam uma “lógica” própria que
interfere de modo significativo na acção.
•UMA COMPONENTE SOCIAL
É interagindo com os outros e através do
processo de educação que a consciência
moral se vai formando. O seu
desenvolvimento passa pela interiorização
de um “dever-ser” que lhe vai sendo
apresentado pelos diferentes agentes
(família, escola, media, grupo de pares,
etc.) no decorrer do processo de
socialização.
❑FUNÇÕES da consciência moral
A expressão “voz da consciência” torna-se
significativa para se compreenderem as
principais FUNÇÕES / PAPÉIS da
consciência moral.
Ela é, antes de mais, uma voz que
chama, uma voz que julga, uma voz que
coage e uma voz que sanciona.
•Apelativa, a consciência moral
chama-nos para indicar que há
valores, normas e deveres a que
não podemos renunciar, isto é,
orienta as nossas acções.
•Imperativa, obriga-nos a agir de
acordo com a hierarquia de valores que
assumimos como nossos;
• Judicativa, julga-nos de acordo com o que
fazemos, tendo em conta os ideais/valores que
seleccionamos para orientar a nossa vida;
• Punitiva, sanciona-nos levando-nos a viver de
“consciência pesada”, ou seja, a natureza dos
actos praticados determina o aparecimento de
sentimentos incomodativos de culpa,
arrependimento, vergonha, remorso, etc.
❑TIPOS DE CONSCIÊNCIA
Podem-se distinguir dois tipos de consciência, a
consciência imediata e a refletida.
✓A CONSCIÊNCIA IMEDIATA ou espontânea
caracteriza-se por ser a que remete para a existência
do Homem perante si mesmo, no momento em que
pensa ou age.
✓A CONSCIÊNCIA REFLETIDA ou secundária
é a capacidade do Homem recuar perante os seus
pensamentos, julgá-los e analisá-los.
❑ FORMAÇÃO DE CONSCIÊNCIA ÉTICA
A consciência, como capacidade de julgar o que
é correto e o que não é, de acordo com valores
morais pode formar-se ou deformar-
se.
A educação, as experiências, a cultura...
são elementos que intervém na
formação da consciência humana.
Formar a consciência, é educar os sentidos e
atitudes, visando alcançar as virtudes...
Segundo B. Haring, a formação da consciência deve
realizar-se em cada indivíduo no sentido de:
a) Assumir as implicações dos princípios básicos da
moralidade
b) Aprender a como aplicar as normas de tal forma
que possa haver um juízo razoável da consciência;
c) Escutar a verdade e procura-la a partir das fontes
onde ela, de facto, pode ser encontrada
Num site de formação cristã, Padre Faus diz
que, “para educar a consciência é necessário
tomar quatro atitudes”.
1. O conhecimento da Palavra de Deus
2. A luta para avançar nas virtude
3. A luta contra o orgulho
4. A luta contra o pecado
❑ DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA
MORAL
O desenvolvimento moral
refere-se ao modo como a
criança aprende a determinar
o que é certo e o que é errado.
Jean Piaget e Laurence Kohlberg são
autores que estudaram as etapas de
desenvolvimento da Consciência
humana.
Jean Piaget tem uma concepção
cognitiva do desenvolvimento da
consciência humano e L. Kohlberg
uma perspectiva social.
Na perspectiva de Piaget, a consciência
moral evolui em paralelo com a
inteligência e verifica-se um
aperfeiçoamento que caminha da
heteronomia à autonomia moral.
Enquanto que na perspectiva de Kohlberg
a consciência moral forma-se a partir da
interacção do indivíduo com a
sociedade.
‘O homem normal não é social da
mesma maneira aos seis meses ou
aos vinte anos de idade, e, por
conseguinte, sua individualidade
não pode ser da mesma qualidade
nesses dois diferentes níveis.’
(Piaget )
Piaget dedicou praticamente toda sua vida
acadêmica às investigações sobre como se
processa o desenvolvimento cognitivo,
como se desenvolvem o pensamento e o
conhecimento.
Piaget identificou, mediante a realização
de inúmeras pesquisas com crianças,
quatro estágios de desenvolvimento
cognitivo.
✓1ª Etapa - Anomia (do grego a,
"negação" + nomós, "lei, regra" =
sem lei, sem regras). ( 0 á 2anos )
É a etapa do comportamento
puramente instintivo, que se orienta
pelo prazer ou pela dor. Ou seja, nesta
fase a criança procura o prazer e foge
da dor. Ela não consegue relacionar
suas atitudes a normas morais.
✓2ª Etapa - Heteronomia (do grego heteros,
"outros" + nomos, "lei, regra" = lei
estabelecida por outros). ( Entre 2 e 6 anos)
Nesta fase, a criança obedece às ordens para receber
recompensa ou para evitar castigo: a criança presta
um respeito absoluto às normas e não possui
capacidade intelectual para compreender a razão
de ser de uma norma.
Moral de Obrigação
✓3ª Etapa - Socionomia (do latim socius, "companheiro,
parceiro" + nomos (grego), "lei, regra" = lei interiorizada
pelo convivio social). ( 7 á 11 Anos)
Seria a fase onde os critérios morais da criança vão
se firmando por meio de suas relações com outras.
Ela vai interiorizando as noções de responsabilidade,
justiça obrigação e respeito. Começa a não fazer aos
outros o que não gostaria que fizessem a ela.
Agem sempre buscando a aprovação ou evitando
a censura dos outros. Moral de Solidariedade
✓AUTONOMIA (do grego: autó- próprio e
nomos – lei – lei própria). (a partir dos 12 anos)
Nesta fase a criança já interiorizou as normas morais
e passa a comportar-se de acordo com elas.
Kohlberg, aluno de Piaget, avaliou o raciocínio
moral da criança e adultos, apresentando-lhes
dilemas morais, ou situações hipotéticas nas
quais as pessoas devem tomar decisões
difíceis.
Pergunta-se aos sujeitos o que a pessoa que
está no dilema deve fazer e por quê....
A sua teoria propõe três níveis de
moralidade:
❖Raciocínio pré-convencional
(4-10 anos de idade)
As decisões morais são egocêntricas, o
que significa que as decisões são baseadas
nos interesses pessoais.
•O julgamento se baseia nas
necessidades pessoais e nas regras dos
outros.
❖Raciocínio Moral Convencional (Adolescentes
e Adultos)
Centrado no social – tem em conta os interesses
dos outros numa determinada sociedade. O sujeito é
capaz de olhar para além das consequências pessoais
imediatas e considerar o ponto de vista, e
especialmente a aprovação dos outros.
O julgamento baseia-se na aprovação dos outros,
nas expectativas familiares, nos valores
tradicionais, nas leis da sociedade.
❖Raciocínio Moral Pós-Convencional
Nem é egocêntrico nem social, mas autónomo
no seu juízo. As pessoas mantêm princípios de
justiça que transcendem as leis existentes e as
convenções aceites.
O julgamento baseia-se na autonomia.
SENSO MORAL
VS
CONSCIÊNCIA MORAL?
Senso Moral é o sentimento que cada indivíduo
desenvolve ao entrar em contato com o
comportamento da sua sociedade.
Por exemplo...
✓Ao ver uma senhora idosa ser desrespeitada ???
✓Um marido batendo na esposa???
✓ Quando ver uma criança abandonada na rua???
Se sentir revoltado, indignado, raiva está a
fazer uso do senso moral....
Portanto, são sentimentos que se
manifestam tendo como base valores
morais que são vigentes naquela sociedade,
e que determinam o que é certo e o que é
errado.
O nosso senso moral, vem de nossos
sentimentos, o que consequentemente leva
as nossas ações.
Assim, o senso moral apoiado em
princípios éticos (bem/mal, certo/errado)
atua como uma régua na medição das
ações.
Enquanto o senso moral é o
SENTIMENTO E A AÇÃO IMEDIATA em
resposta as emoções desencadeadas pelos valores
morais,
a consciência moral está relacionada com a
PONDERAÇÃO/DISCERNIMENTO sobre
quais decisões a pessoa deve tomar, em relação
ao comportamento de si próprio e de outras
pessoas.
A consciência moral depende do senso
moral, onde decidimos no nosso
consciente o que devemos fazer, assumindo
e sendo responsável pelas nossas ações e
decisões. E onde muitas vezes, decidimos
com o apoio de nossos sentimentos,
sendo assim, tomamos todas decisões
em relação ao nossos sentimentos.
Imoral
e
Amoral?
AMORAL
Amoral é um adjetivo que classifica alguém sem
noção de moral, ou seja, não é contra nem a
favor dos princípios da moralidade.
Amoral é aquilo que está fora da moral, ou seja, é
aquilo que é neutro no que se refere à ética. Em
um sentido prático, um indivíduo amoral vive
sem as condições subjetivas exigidas para que os
seus atos ou juízos sejam morais.
Amoral é, por exemplo, aquele que,
involuntariamente, como acontece na
incapacidade mental, não reconhece
nem pratica os princípios morais
estabelecidos, e que são
reguladores da vida em sociedade.
4. IMORAL
Imoral é um adjetivo de dois gêneros com origem no
latim immoralis que significa uma atitude contrária à
moral ou qualifica uma pessoa que se comporta sem
moralidade.
A palavra imoral é formada pelo prefixo "i" e o
substantivo "moral", sendo que o prefixo é usado
para sugerir uma negação ou ideia contrária, neste
caso mudando o sentido do substantivo.
Imoral é, por exemplo, aquele
que sabe e reconhece que
existem princípios e normas
morais sobre a conduta social,
mas que os quebra ou viola
intencionalmente.
❑Diferença entre amoral e imoral
Amoralidade se distingue de imoralidade.
Amoralidade= A pessoa não considera os
valores morais porque ela os ignora, não os julga
bons ou ruins.
Imoralidade= a pessoa não concorda com tais
conjuntos de regras, ela os conhece, mas contesta
e age movida por interesses particulares, de
forma imoral.
TEMAS PARA O 1º TESTE
• Conceito de ÉTICA
• Objecto de Estudo da ética
• Dicussão Actos humanos Vs Actos do Homem
• Historicidade da Ética
• Autores e as suas teorias éticas
• Debate semelhança ética Vs Moral
• Principios da Ético-Moral
• Valores Morais
• Classificação da Ética
•Consciência Moral
•Formação da Consciência
•Desenvolvimento Moral
•Senso Moral
•Eticidade
•Amoral/Imoral

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