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AULA 3

FILOSOFIA
ConsciênciaEeÉTICA
empoderamento Moral

Professora: MARIZÉLIA NUNES


Consciência e empoderamento Moral

A CONSCIÊNCIA MORAL
A consciência moral é uma competência avaliadora dos atos pessoais e
dos alheios, a capacidade de discriminar entre o que é o bem e o que é o mal.
Qual a NATUREZA desta capacidade cuja manifestação no ser humano
o eleva à dignidade de um ser moral?
➤A consciência moral tem uma base racional. Todos os atos humanos são
julgados e avaliados pela razão, em função de valores livre e racionalmente escolhidos.
➤ consciência moral tem um elemento afetivo. As relações interpessoais
manifestam na consciência uma componente emocional tão forte que é capaz de
dinamizar a ação humana do mesmo modo que a razão.
➤ consciência moral tem uma componente social. É interagindo com os
outros e através do processo de educação que a consciência moral se vai formando.
A consciência Moral é, antes de mais, uma voz que chama, uma voz
que julga, uma voz que coage e uma voz que sanciona. Neste sentido, a
consciência moral desempenha as funções/papéis de ordem:

 Apelativa, a consciência moral chama-nos para indicar que há valores,


normas e deveres a que não podemos renunciar, isto é, orienta as nossas
ações;
 Imperativa, obriga-nos a agir de acordo com a hierarquia de valores que
assumimos como nossos;
 Judicativa, julga-nos de acordo com o que fazemos, tendo em conta os
ideais/valores que seleccionamos para orientar a nossa vida;
 Punitiva, sanciona-nos levando-nos a viver de “consciência pesada”, ou
seja, a natureza dos actos praticados determina o aparecimento de
sentimentos incomodativos de culpa, arrependimento, vergonha, remorso,
etc.
A Teoria do Desenvolvimento Moral de Lawrence Kohlberg

Uma das influentes teorias sobre o desenvolvimento moral foi


apresentada por Lawrence Kohlberg, um psicólogo estadunidense que
viveu entre 1927 e 1987, e relacionou o desenvolvimento moral ao
desenvolvimento cognitivo da criança.
Ele apontou que por meio de um processo
maturacional( desenvolvimento do ser a partir de experiências vividas
e/ou adquiridas ao logo da vida) e interativo, todas as pessoas têm a
capacidade de chegar à plena competência moral. Em seu estudo
principal, entrevistou 72 garotos de 10, 13 e 16 anos dos arredores de
Chicago. Apresentava-lhes uma série de dilemas morais e esses o
explicavam como chegavam às soluções, sendo que chegou a
acompanhar alguns dos sujeitos por cerca de 20 anos.
A Teoria do Desenvolvimento Moral de Lawrence Kohlberg

Sua teoria apresenta 3 níveis de moralidade, cada um com


2 sub estágios.
Nível 1 (Pré-Convencional)
O NÍVEL 1 é o “Pré-Convencional” (de 2 a 6 anos, aproximadamente)
e o 1º estágio é “Obediência e Punição”. Aqui o comportamento é
orientado para evitar a punição e são as consequências das ações
que determinam o que é certo e errado.
O 2º estágio é “Hedonismo Instrumental Relativista”, onde o
raciocínio moral é egocêntrico e o indivíduo segue as normas pensando em
interesses próprios.
A Teoria do Desenvolvimento Moral de Lawrence Kohlberg

Nível 2 (Convencional)

O NÍVEL 2 é o “Convencional” (idade escolar) e o 3º


estágio é o das “Relações Interpessoais”. Aqui o correto é aquilo
pautado nas convenções e regras sociais determinadas por pessoas
de autoridade, sendo que o que importa é “ser o bom menino/boa
menina” para corresponder às expectativas morais dos outros.

O 4º estágio é a “Orientação Para a Lei e Ordem /


Autoridade Mantém a Moralidade”. Nesse momento, os deveres, a
manutenção da ordem social e da lei orientam a moralidade. Está
além da necessidade de aprovação individual exibida no estágio 3.
A Teoria do Desenvolvimento Moral de Lawrence Kohlberg

Nível 3 (Pós-Convencional)

O NÍVEL 3 é o “Pós-Convencional” (adolescência), e o


5º estágio é de “Contrato Social”, onde o indivíduo determina o
certo e o errado, com base em parâmetros sociais
democraticamente pré-estabelecidos. As leis são consideradas
como contratos sociais em vez de um mandamento rígido.

O 6º estágio é de “Princípios Éticos Universais”. Aqui a


pessoa transcende sociedades e leis para buscar princípios de
igualdade e dignidade, com uma ética válida para todos.
Segundo Kohlberg, poucas pessoas atingem esse estágio.
A ética da alteridade ancora-se na emancipação e na
autonomia do sujeito, na solidariedade e na justiça que se
manifestam nas conjunturas materiais, nas práticas sociais e nas
necessidades dos que sobrevivem à margem do sistema econômico.
Quando o “eu” se relaciona com o “outro”, orientado pelos
parâmetros éticos de reconhecimento e respeito a esse outro, o
indivíduo define a si próprio e, simultaneamente, estabelece
parâmetros éticos para a cidadania, exercendo seu direito a ter
direitos e reconhecendo no outro um sujeito do(s) mesmo(s)
direito(s).
A “ética da alteridade” é uma ética antropológica da solidariedade que parte das necessidades
dos segmentos humanos marginalizados e se propõe gerar uma prática pedagógica libertadora,
capaz de emancipar os sujeitos históricos oprimidos, injustiçados, expropriados e excluídos.
Por ser uma ética que traduz os valores emancipatórios de novas identidades coletivas que vão
afirmando e refletindo uma práxis concreta comprometida com a dignidade do “outro”,
encontra seus subsídios teóricos não só nas práticas sociais cotidianas e nas necessidades
históricas reais, mas igualmente em alguns pressupostos da chamada Filosofia da Libertação
(WOLKMER, 2001, pp. 269-270).
Definindo empoderamento
Muito em alta nos último tempos, o termo
empoderamento é definido pelo dicionário Aurélio como:

“Ação de se tornar poderoso, de passar a possuir poder,


autoridade, domínio sobre; exemplo: processo de
empoderamento das classes desfavorecidas.” O dicionário vai
além, oferecendo uma extensão deste conceito,
caracterizando-o como gíria: “Passar a ter domínio sobre a sua
própria vida; ser capaz de tomar decisões sobre o que lhe diz
respeito, exemplo: empoderamento das mulheres.”
Segundo Augusto Azevedo, o que devemos
entender é que empoderamento vai além de classes,
gênero, raças, orientação sexual… Homens e mulheres,
crianças e adultos, gays e héteros, brancos, negros,
asiáticos, todos podem ter o empoderamento ou
desenvolvê-lo ao longo de suas vidas. O
desenvolvimento pode vir com a busca pelos
direitos que cada um possui, e ainda utilizando a mesma
busca a fim de proteger os direitos da sociedade.
No Brasil, dois são os sentidos em que o termo
“empoderamento” é empregado no pensamento social. O primeiro
abarca os processos de mobilizações e as práticas que visam a
promover e impulsionar indivíduos, grupos e comunidades a ampliar
sua autonomia e melhorar sua qualidade de vida.
O segundo, por sua vez, abrange ações que objetivam
promover a integração de excluídos, carentes e demandantes de
recursos essenciais à sobrevivência, políticas públicas e atenção
governamental, entre outros, em sistemas normalmente precários,
viabilizados por meio de projetos de cunho assistencialista (GOHN,
2004, pp. 20-31).
ÉTICA DA ALTERIDADE

A ética da alteridade se coaduna com o primeiro


sentido, primando pela construção da autonomia do sujeito
que empodera a si próprio em um processo de
reconhecimento em que renuncia à condição de tutelado,
dependente e impotente, e transforma-se em protagonista
ativo, que luta para si, com e para os outros por mais
liberdade, independência e autodeterminação, tomando em
suas próprias mãos as rédeas de seu destino (HERRIGER,
2006).
Empoderamento jurídico
Sabe-se que o empoderamento é conquistado,
na qual a pessoa conduz sua existência ao processo
dinâmico de ter consciência crítica sob sua realidade e
assim quebrar o status quo. No entanto, ele pode ser
facilitado e incentivado, sobretudo através do
empoderamento jurídico. Pois, por meio de ações de
fomento a participação cidadã e exame crítico sobre a
realidade, há um estímulo para que o sujeito
desenvolva habilidades específicas na defesa e
promoção dos direitos humanos, bem como
estratégias de prevenção e resolução de conflitos
extrajudicialmente (autocomposição).
RESOLUÇÃO Nº 125, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2010.

ANEXO III
CÓDIGO DE ÉTICA DE CONCILIADORES E MEDIADORES JUDICIAIS
Art. 1º São princípios fundamentais que regem a atuação de conciliadores e
mediadores judiciais: confidencialidade, decisão informada, competência,
imparcialidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis
vigentes, empoderamento e validação.
...
VII – Empoderamento - dever de estimular os interessados a aprenderem a
melhor resolverem seus conflitos futuros em função da experiência de justiça
vivenciada na autocomposição;
VIII – Validação - dever de estimular os interessados perceberem-se
reciprocamente como serem humanos merecedores de atenção e respeito.
Nesse sentido, defende-se a autocomposição, e especialmente a
mediação, como meio de gerenciamento de conflitos, fundamentado na
experiência ética como estratégia de construção da cidadania, da
emancipação e do empoderamento dos indivíduos.
Questões
1-A diferença que existe entre as diversas concepções de Ética possibilitou o estabelecimento de alguns aspectos sobre o que é a Moralidade.
Assinale a alternativa que não corresponde a um dos aspectos da Moralidade:
(A) A moralidade como aquisição de virtudes para alcançar a felicidade.
(B) A moralidade como aquisição de meios para alcançar a riqueza.
(C) A moralidade como aptidão para resolver conflitos.
(D) A moralidade como prática solidária das virtudes comunitárias.

2- A moral e os valores não constituem um objeto de conhecimento único. Sendo assim, diferentes campos do saber e a pluralidade de
perspectivas se debruçam sobre o tema. Na Psicologia, um dos pioneiros no estudo do desenvolvimento moral foi Jean Piaget na década de
30. Mas foi outro autor que se dedicou exaustivamente aos estudos para a compreensão do desenvolvimento moral, propondo três níveis
subdivididos em dois cada um. Quem foi este autor?

(A) Kholenberg.
(B) Lawrence Kohlberg.
(C) Kurt Lewin.
(D) Kafka.
(B) Albert Bandura.

3-Quanto ao “choque de civilizações”, é bom lembrar a carta de uma menina americana de sete anos cujo pai era piloto na Guerra do
Afeganistão: ela escreveu que – embora amasse muito seu pai – estava pronta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu país. Quando o
presidente Bush citou suas palavras, elas foram entendidas como manifestação “normal” de patriotismo americano; vamos conduzir uma
experiência mental simples e imaginar uma menina árabe maometana pateticamente lendo para as câmeras as mesmas palavras a respeito do
pai que lutava pelo Talibã – não é necessário pensar muito sobre qual teria sido a nossa reação.ZIZEK. S. Bem-vindo ao deserto do real. São
Paulo: Bom Tempo. 2003.
A situação imaginária proposta pelo autor explicita o desafio cultural do(a)

(A)prática da diplomacia.
(B)exercício da alteridade.
(C)expansão da democracia.
(D)universalização do progresso.
(E)conquista da autodeterminação.
4-A maior garantia de uma conduta ética é a formação moral da pessoa e o nível atingido por um processo que leve a essa formação. Conforme
o modelo elaborado por Lawrence Kohlberg, existem três níveis de desenvolvimento moral que influenciam a pessoa na sua capacidade de
traduzir princípios e valores em comportamentos, sendo eles: o pré-convencional, o convencional e o pós-convencional. Assinale a alternativa
que corresponde a uma característica do nível convencional.

(A)O indivíduo acredita que o certo é determinado por princípios éticos de caráter universal.
(B)O indivíduo age apenas por algum interesse pessoal imediato.
(C)O indivíduo exibe comportamento ético apenas para evitar punições imediatas.
(D)O indivíduo respeita os princípios éticos mesmo que tenha de violar uma lei positiva.
(E)O indivíduo aprende a se conformar com as expectativas de bom comportamento que outros, como seus colegas, superiores e a sociedade,
demonstram.

5 - Emmanuel Lévinas foi um dos filósofos que desenvolveu uma ética marcada pelo compromisso e responsabilidade do EU em relação ao
outro. Sobre a ética da alteridade, proposta por Lévinas, é CORRETO afirmar que:
I. A ética elaborada por Lévinas se configura a partir de um fundamento ontológico, o Bem demonstrado racionalmente.
II. A alteridade, no sentido levinasiano, é a possibilidade de relação do ser separado e finito com o outrem, a partir do desejo metafísico.
III. A ética levinasiana é construída a partir da concepção heideggeriana, que concebe a solidão no interior de relação.
IV. A relação ético-metafísica, apresentada por Lévinas, instaura no tempo a possibilidade de uma relação para além da essência.
a) Somente I e II são verdadeiras.
b) Somente III e IV são verdadeiras.
c) Somente II e III são verdadeiras.
d) Somente I e III são verdadeiras.
e) Somente II e IV são verdadeiras.

6- Discorra sobre Ética da alteridade, baseando-se no pensamento de Emmanuel Lévinas.


Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
ALMEIDA, Guilherme Assis de; CHRISTMANM, Martha Ochsenhofer. Ética e Direito: Uma
Perspectiva Integrada, 3a edição. Rio de Janeiro: Atlas, 2009. E-book. ISBN
9788522467150.
ARANHA, Maria L.; MARTINS, M. H. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna,
1993.
______. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 2005.
AZEVEDO, Augusto. Empoderamento: o que significa esse termo?, Site Politize!, Publicado em: 18
jul. 2019. Disponível em: <https://www.politize.com.br/empoderamento-o-que-significa-esse-termo/>.
Acesso em: 16 jun. 2020.
HERRIGER, Norbert. Empowerment in der sozialen Arbeit: Eine Einführung. Stuttgart: Kohlhammer,
2006.

WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo jurídico: Fundamentos de uma nova cultura no Direito. São
Paulo: Alfa Omega, 2001.
OBRIGADA.

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