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INSTITUTO SUPERIOR INTERCONTINENTAL DE LUANDA

(ISPIL)
LICENCIATURA EN ENFERMAGEM

3ºAno

DISCIPLINA

ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

A ÉTICA PARA OS DIAS DE HOJE

Ao longo do dia, diante de pessoas, coisas e situações, muitas avaliações


ou pré-conceitos são perpetrados constantemente. Desde que o mundo é
mundo é assim. O ser humano vive sob o maniqueísmo das coisas: o bem e o
mal, o certo e o errado, e o que diferencia cada um tem a ver com a boa índole
reflectida na boa conduta frente à sociedade, regida por regras de bem viver
que precisam ser respeitadas. Não deve ser confundida com as leis, mas está
relacionada com o sentimento de justiça social. Princípios ou valores morais,
como a ética são peças chave para a harmonização dos grupos, a fim de que
haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia
prejudicado. Pelo menos é o que diz a teoria. Nesse sentido, ética é um tema
recorrente, pois, está atrelada à vida, ao quotidiano do Homem.

Nos dias de hoje, muitos citam a palavra “ética”, mas, quando


perguntados, não conseguem explicá-la nem defini-la. Por isso, o objectivo
deste texto é abordar o conceito de ética de modo a tornar mais claro seu
entendimento a partir de uma reflexão sobre a mesma nos dias atuais. Em um
primeiro momento a ética nos remete a norma, liberdade e responsabilidade.
Falar em ética significa falar de liberdade, pois não há sentido falar de norma
ou de responsabilidade se não partimos da suposição de que o ser humano é
realmente livre para agir, ou pode sê-lo.

A norma nos diz como devemos agir. E, se devemos agir de tal modo, é
porque também podemos não agir deste modo. Isto é, se devemos obedecer, é
porque podemos desobedecer ou somos capazes de desobedecer à norma.
Também não haveria sentido falar de responsabilidade, se o condicionamento
ou o determinismo fosse tão completo a ponto de considerar a resposta como
mecânica ou automática.

Por outro lado se afirmarmos que o determinismo é total, não há o que


falar de Ética; pois a Ética refere-se às acções humanas, e, se elas são
totalmente determinadas de fora para dentro, não há espaço para a liberdade,
como autodeterminação e, consequentemente, não há espaço para a Ética.

Para falar sobre um dos ramos da filosofia dedicado aos assuntos


morais que norteiam um meio social, é necessário reflectir sobre os dilemas da
conduta dos indivíduos, na contemporaneidade, em todos os âmbitos sociais, a
começar na família, na escola, no trabalho e assim sucessivamente. Pensar
nos descaminhos dos seres humanos, reflectidos na violência, na exclusão, no
egoísmo e na indiferença pela sorte do semelhante e até mesmo da sociedade.

Na actualidade a ética abrange uma vasta área, podendo estar


relacionada com temas ligados ao ambiente familiar, escolar, profissional,
económico, social e político. Existem códigos de ética profissional que
indicam como o indivíduo deve se comportar no âmbito da sua profissão. Nos
dias atuais com um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, as
pessoas preocupam-se com a ética nos seus negócios mostrando-se cada vez
mais eficazes para competir com sucesso e obter resultados positivos.

Um outro exemplo a ser citado é na arena política onde a sociedade


tem exigido cada vez mais a moralidade de seus agentes e representantes e
cada vez mais “condenando” as acções que saqueiam os cofres públicos
tirando do povo o recurso que deveria ser empregados na prestação de
serviços a população (educação, saúde, segurança, infra-estrutura).

Na arena política vale destacar a importância que os conceitos


de democracia e direitos humanos assumiram que são também,
simultaneamente, de carácter moral: como por exemplo, a partir da discussão
em torno dos conceitos de liberdade, igualdade e justiça social. Mas o que é
certo, o que é errado? Existe uma série de discussões políticas relativas aos
direitos de grupos sociais as quais devem ser percebidas como questões
morais: a questão do aborto, por exemplo, que ocasiona grande polémica
quando posto em pauta, os direitos dos deficientes, a eutanásia, entre outras
questões. São temas complexos que perpassaram o tempo e hoje resultam em
discussões que esbarram no senso ético para a resolução de cada situação em
seu tempo.

Directamente relacionada ao aspecto político, a ética nos remete


também à noção de cidadania e a vida em comunidade com o objectivo da
realização das pessoas. A ética na cidadania busca reflectir sobre o
comportamento humano sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de
justo e injusto, abrangendo as normas morais e as normas jurídicas; a ética na
cidadania busca um meio em que as pessoas possam interagir na sociedade
obedecendo tais leis morais para um bom desempenho da comunidade
humana.

Crise moral da humanidade

Se nós partirmos do princípio de que ninguém nasce com preceitos


morais internalizados, temos que admitir que é pela educação que o indivíduo
tem a chance de construir sua personalidade moral E em uma sociedade
competitiva e individualista como a que vivemos, pode parecer utopia aspirar
por valores como a justiça, baseados na reciprocidade e no compromisso
pessoal. Assistimos todos os dias ao retrato de um país que esqueceu esse
“princípio da vida”. Nem é preciso dizer quem mais sofre com esse
descompromisso. Nesse descompasso, patologias sociais como as
desigualdades e a corrupção se proliferam ficando cada vez mais aguçando a
crise dos valores morais e sociais. E isso atinge a humanidade, de modo geral.

A ética supõe-se a necessidade da reflexão sobre valores sociais em


meio a crise estabelecida reduzida ao individualismo e à competitividade, por
isso, se torna necessário, mais do que nunca, uma preocupação com o social.
Sim, porque a crise da Humanidade é uma crise moral. Evidencia-se aqui, a
falta de ética nos vários âmbitos. A discussão sobre a justiça social é também
uma discussão moral, admitindo que os valores das acções sociais estejam
deturpados devido à lógica do sistema vigente. Bem e mal, certo e errado, justo
e injusto cederam lugar ao sentimento de sobrevivência, do “salva-se quem
puder” ou do interesse pessoal e particular numa sociedade exploradora, que
mascara a liberdade, condição fundamental para a realização de acções
morais.

Ademais, vivemos em uma sociedade globalizada, onde o mundo se


tornou uma grande aldeia global. Em época alguma se atingiu um nível de
inter-relacionamento que nos permitisse falar em um mercado mundial que
determina a produção, a distribuição e o consumo de bens, e em uma cultura
da virtualidade real, que liga todos os pontos do globo e influencia
comportamentos. E em meio a esse processo fala-se ainda de uma “ética do
mercado”.

Em meio a todos estes aspectos sociais e globais, faz-se necessário


que cada ser humano esteja consciente de que não bastam as reflexões, é
preciso mudar conceitos, ter condutas condizentes com o que harmoniza a
sociedade em todos os seus segmentos. Não se pode desconsiderar que, tanto
no âmbito das relações humanas, quanto no político, económico, enfim, social,
constantemente são feitos julgamentos de forma moral. Basta observar que um
grande espaço nas discussões entre amigos, na família ou no trabalho abrange
aqueles sentimentos que pressupõem juízos morais: indignação, rancor,
sentimentos de culpa e vergonha. Também no domínio político julga-se
moralmente de forma contínua, e valeria a pena considerar que aparência teria
uma disputa política não conduzida pelo menos por categorias morais.

Contudo, não há receitas para o agir bem: o compromisso consigo, com


os outros, com as novas gerações exige um estado de alerta constante. Viver
sob os moldes da moral não é tarefa simples nem fácil, mas há a possibilidade
de participar de um mundo moral. E o que podemos tirar de lição é que os
problemas éticos presenciados na actualidade não vão se resolver apenas por
tentativas isoladas de educação ou instrução ética dos indivíduos. É preciso
vontade individual e política de alterar as condições sociais geradores das
mazelas sociais como a violência, a corrupção, a exploração, vicissitudes dos
que estão à margem da sociedade. Em outras palavras: não basta “reformar o
indivíduo” para “reformar a sociedade”; é preciso reformar a ambos. Um
projecto moral desligado de um projecto político sucumbiria ao fracasso. Os
dois processos caminham juntos, pois formar o ser humano plenamente moral,
ético, só é possível na sociedade que também se esforça para ser justa e
democrática, com direitos igualitários a todos, sem excepção.

E sendo a ética a ciência que estuda o comportamento humano (como


o entedia o filósofo grego Aristóteles) com ênfase tantos nos valores
individuais como nos valores do individuo perante a comunidade a qual
pertence, faz-se mister exigir de cada um e da sociedade seriedade e
dignidade nos seus actos sejam eles políticos, sociais, culturais, religiosos ou
morais. É sempre importante fazer uma análise de como a ética se faz
presente em nossa vida, nos dias atuais, pois se observa que certos valores
que cada indivíduo assimila no decorrer de sua formação como pessoa, muitas
vezes adquiridos em sua família, escola, enfim, tais valores procuram nos
guiar através de nossas escolhas, entre o certo e o errado, o bem e o mal,
possuímos uma liberdade de escolha que nos faz mais responsáveis por
nossas acções e que vem a nos incentivar a colocar em prática nosso respeito
e dignidade, levando em conta o bem comum de todos a nossa volta.

Luanda aos 18/ Março/ 2024

ESTUDANTE

MOHAMED KINANVUIDI NTITI

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