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INTRODUÇÃO À ÉTICA E AS
RELAÇÕES HUMANAS
100 minutos
Aula 1 - Noções de ética
Aula 2 - Código de ética profissional
Aula 3 - Noções de relações humanas
Aula 4 - Ética, cidadania e relações humanas
Referências

Aula 1

NOÇÕES DE ÉTICA
Jogar lixo na rua, ajudar quem precisa e furar fila são comportamentos que presenciamos em
nosso dia a dia, julgados por nós e pela sociedade como aceitáveis ou não.
25 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Seja bem vindo a aula de noções de ética!
Jogar lixo na rua, ajudar quem precisa e furar fila são comportamentos que presenciamos em nosso dia a dia,
julgados por nós e pela sociedade como aceitáveis ou não.

Esse julgamento acerca do que é certo ou errado advém da moral e da ética, princípios que norteiam nossos
costumes na vida familiar, profissional, escolar e social, entre outras estâncias.

Assim, ao longo desta aula, você conhecerá os conceitos da moral e da ética, bem como sua importância no
comportamento humano ao influenciar as decisões que tomaremos na vida.

Bons estudos! 

CONCEITO – NOÇÕES DE ÉTICA

Ética e Moral
Desde criança, aprendemos que não devemos jogar lixo na rua. Porém, ao observamos as pessoas em espaços
públicos (ruas, praças, parques e avenidas), é comum identificarmos essa prática, mesmo sendo um
comportamento não esperado pela sociedade e que vai contra as regras estipuladas em legislação.

A explicação dessa conduta – de certas pessoas ao jogarem lixo no chão em espaço público mesmo sabendo
que é “errado” – pode ser fundamentada pela ética e pela moral, que apesar de serem tratadas como
sinônimos por se referirem a um conjunto de normas e regras, apresentam diferenças sensíveis. Essa confusão
pode ser explicada por Taille (2007), ao afirmar que esses termos advêm de culturas antigas, e que mesmo
sendo uma latina (moral), e outra, grega (ética), refletem os costumes dos homens, sua validade e legitimidade.
Neste sentido, cabe esclarecer que o intuito, neste momento, não é trazer uma reflexão dos grandes
pensadores acerca desse assunto, mas a conduta do ser humano em uma comunidade.

Quanto às diferenças, uma rápida compreensão pode ser percebida ao observamos esses termos sob os
critérios individuais e coletivos. Isso porque a moral tem uma relação com os costumes, crenças, valores e
tabus, ou melhor, com aquilo que se consolidou como verdadeiro pela sociedade, formando um conjunto de
regras que são aplicadas no cotidiano, e que servirão como elementos norteadores dos julgamentos a respeito
do que é certo ou errado e os comportamentos que serão aceitos ou não pela sociedade (CHAUI, 2000). Por
exemplo:

Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar frutas e


pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas
dificuldades e que o roubo fará diferença para ele, mas também vê a miséria e a fome
da criança. Deve denunciá-la, julgando que, com isso, a criança não se tornará um
adulto ladrão e o proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá ficar em
silêncio, pois a criança pode correr o risco de receber punição excessiva, ser levada para
a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora revoltada, passar do furto ao
homicídio? O que fazer? 

— CHAUI (2000, p. 430)

Outro exemplo seria o sentimento de indignação, piedade ou injustiça quando uma pessoa morre de fome.

Essas situações, dramáticas ou não, trazem uma indagação do que devemos fazer, para justificar a nós mesmos
ou à sociedade nossas decisões já assumindo suas consequências, uma vez que colocam à prova nossa
consciência moral (CHAUI, 2000). 

Já a ética guia as ações das pessoas com base em seus valores morais, que auxiliarão na distinção entre o que é
certo e errado, entre o que fará o bem ou o mal, não obstante suas práticas culturais para uma convivência
satisfatória em sociedade. Em outras palavras, a ética regulamentará as ações humanas, pautadas em
princípios e normas, conhecimentos e teorias para servir à vontade humana, mesmo sendo complexo e dotado
de razões, com sentimentos e emoções para conviver em harmonia (CHAUI, 2000). 
Assim, podemos dizer que a moral se refere aos valores e julgamentos das práticas humanas em sociedade, e
que a ética envolve o comportamento dos seres humanos em diferentes situações existentes do cotidiano
 humano. 

Chegamos ao final deste bloco, no qual você pôde conhecer os conceitos de ética e moral, bem como seus
impactos nas decisões que tomamos. 

ÉTICA NO CONTEXTO ATUAL

Ética e a sociedade
Vimos que a ética influenciar diretamente nossas ações cotidianas, ou melhor, o comportamento humano na
sociedade. Essa sociedade, no olhar da sociologia, é um grupo de indivíduos que se relacionam para preservar
um interesse comum.

Sob essa perspectiva, podemos dizer que a ética pode ter objetivos comuns e especificidades quando
analisamos outras áreas de atuação diferentes da social, como a profissional, a escolar, a familiar, a econômica,
a social e a política.

Logo, na prática, a ética, ao ser inserida no âmbito profissional, por exemplo, orienta como o indivíduo deve se
comportar no exercício de sua profissão ou no ambiente corporativo, e o seu descumprimento estaria ligado a
práticas antiéticas.

Para exemplificar essa situação, vejamos um trecho do Código de Ética Profissional dos Corretores de Imóveis
que abrange não apenas práticas em relação ao exercício da profissão, mas também à classe, aos colegas e à
sua relação com o cliente. São elas:

- considerar a profissão como alto título de honra e não praticar nem permitir a prática
de atos que comprometam a sua dignidade;

 - exercer a profissão com zelo, discrição, lealdade e probidade, observando as


prescrições legais e regulamentares. 

— (CRECIN – RN, 2021, [s. p.])

Contudo, em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo no qual a sociedade tem se tornado um
grande grupo que se inter-relaciona com diferentes países, povos e culturas ligados para distribuir bens de
consumo, temos a formação de uma cultura única que vai influenciar o comportamento das pessoas
pertencentes a esses ambientes. Por esse motivo, a ética se torna cada vez mais essencial no mundo
contemporâneo, não apenas para se ter uma consciência individual acerca do que está certo ou o que está
errado, ou fazer reflexões a respeito do assunto, mas para mudar conceitos e condutas individuais e da
sociedade global, a fim de que haja uma harmonia entre os diferentes povos que a compõem, por meio de
regras de convívio, as quais podemos denominar ética de mercado. 

Essa ética de mercado, apesar de aparentemente ser uma solução viável para um bom convívio por envolver as
empresas, a comunidade, a cidadania e a responsabilidade social, é complexa, pois seus valores morais
devem ser discutidos e analisados publicamente a fim de se evitar a degradação de valores, por exemplo, o fato
de os mais pobres constantemente serem injustiçados perante os mais ricos. Além disso, essa complexidade
nas relações humanas pode ser observada em grupos de discussões menores, entre amigos ou de trabalho, em
que a emoção sobrepõe os juízos morais, gerando sentimento de culpa, raiva e indignação.

A compreensão a respeito da importância da ética pelas pessoas que constituem uma sociedade tem levado
inúmeras pessoas a exigirem de outros uma postura mais ética e moralizada, como se observa no campo
político, em que os dirigentes eleitos ou indicados saqueiam os cofres públicos em vez de investirem em prol da
população nas áreas da saúde, segurança e educação, entre outras. 
Assim, atualmente é inegável a importância da ética para garantir a moralidade e para conduzir o
comportamento dos indivíduos na sociedade global, e, portanto, não deve ser perdida, a fim de se alcançar um
 bom convívio entre as pessoas de diferentes localidades. 

A ÉTICA E A RELAÇÃO COM O TRABALHO

Ético-moral
Vimos que a ética influencia diretamente nossas ações cotidianas. E em quais aspectos o trabalho pode ser
influenciado por ela? Ao longo deste bloco você conhecerá a relação existente entre ética e o trabalho. 

Para começar, traremos uma breve reflexão acerca da importância do trabalho para a vida do ser humano, que
vai muito além de satisfazer às nossas necessidades básicas. Para tal, citaremos Iamamoto (2001, p. 42), que
evidencia o trabalho como meio de conhecimento, ideias e opiniões para o mundo, ao afirmar que:

O ser que trabalha constrói para si, a partir de sua atividade, modos de agir e pensar.
Ao se relacionar com as circunstâncias objetivamente existentes, se apropria delas,
tendo em vista a consecução de fins propostos pelo sujeito na criação de objetos
capazes de desempenhar funções sociais, fazendo nascer o seu valor de uso. 

— (IAMAMOTO, 2001, p. 42)

Nessa perspectiva do trabalho trazida pela autora, o propósito é agregar valores para o desenvolvimento do
comportamento humano e para fins sociais, já que existe uma dimensão de conhecimento ético-moral.

Outra maneira de percebermos a importância do trabalho é considerar a profissão de um indivíduo comparada


a um raro momento de oportunidade e felicidade, constatada por Armand Cuvillier ao afirmar que:

• é pela profissão que o indivíduo se destaca e se realiza plenamente, provando sua


capacidade, habilidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade para
vencer obstáculos.

• através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral.

• é na profissão que o homem pode ser útil a sua comunidade e nela se eleva e destaca,
na prática dessa solidariedade orgânica. 

— (SÁ, 2019, p. 127)

Dessa forma, é inegável a importância do trabalho na vida do ser humano, seja para atender a uma necessidade
sua ou para cooperar para a sociedade. E onde entra a ética? Ou qual a sua importância? 

A ética, como vimos, reúne um conjunto de princípios, valores e normas de comportamento para orientar as
ações dos seres humanos, e no ambiente de trabalho vai ditar as regras que cada indivíduo ou grupo deve
seguir ao exercer qualquer atividade. Na prática, ter uma conduta ética é construir relações com as pessoas
que, de alguma forma, tenham relações internas e externas com a organização – como colegas, chefes e
subordinados –, que contribuirão para bom funcionamento das rotinas de trabalho e para a formação de uma
imagem positiva da instituição perante os públicos de interesse, tido como externo, como fornecedores,
acionistas, clientes e a sociedade em geral.

Além disso, existem outros aspectos importantes para a organização cujos trabalhadores são orientados pela
ética. Estamos nos referindo a elementos que vão para além da moral, mas por motivos econômicos e de
desenvolvimento social. Por exemplo, os profissionais que são orientados pela ética reduzem as possibilidades
de corrupção, que ocorrem em forma de suborno e fraudes internas, por exemplo.
Chegamos ao final deste tópico, e você pôde conhecer a importância do trabalho para os seres humanos, além
da relação existente entre ética e trabalho, sua importância para um bom relacionamento entre as pessoas que
 trabalham juntas, e suas práticas. 

VÍDEO RESUMO
Nesta videoaula, discutiremos como a ética e moral podem influenciar nossas ações cotidianas a partir de um
prévio julgamento do que é certo ou errado, para um bom convívio em sociedade. Mesmo sabendo o que é
certo e o que é errado, por que às vezes não seguimos as regras impostas pela sociedade? Será por influência
mundial ou pelos valores da sociedade contemporânea?

Para reforçar os conceitos discutidos, assista ao Vídeo Resumo e acesse o Saiba Mais.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
O filósofo e professor da Unicamp Leandro Karnal faz, nesta entrevista, uma reflexão acerca da
importância da ética no trabalho e sua influência nas ações dos funcionários.

Para saber mais a respeito da ética em ambientes profissionais, assista ao vídeo a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=pEXhGE7Fd6s. Acesso em 15 jun. 2022.

Aula 2

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL


No universo corporativo, o desrespeito ao cliente, os casos de deslealdade e as fraudes são
exemplos de práticas cometidas por profissionais ou por empresas.
24 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Seja bem-vindo a aula de código de ética profissional!

No universo corporativo, o desrespeito ao cliente, os casos de deslealdade e as fraudes são exemplos de


práticas cometidas por profissionais ou por empresas, que poderiam ser menos recorrentes em nosso dia a dia
caso houvesse ética e ela fosse rigorosamente exercida em todas as organizações e pelos profissionais de
classe, sejam eles médicos, contadores, advogados etc.

Isso quer dizer que a ética, de alguma forma, interfere nas ações das pessoas e no ambiente corporativo,
tornando-o mais justo, honesto e respeitoso para um bom convívio em sociedade.

Ao longo desta aula, você conhecerá a importância da ética no ambiente de trabalho e no exercício da profissão,
bem como seus impactos e características.

Bons estudos!

PRINCÍPIOS ÉTICOS NO AMBIENTE DE TRABALHO

Conhecendo pessoas e valores


O entendimento acerca dos princípios da ética no trabalho parte da premissa de que uma empresa é
constituída por pessoas que têm valores, sejam eles religiosos, humanos, sociais, éticos ou familiares, entre
outros, que as caracterizam ou ao seu grupo pertencente quanto à sua forma de interação com outras pessoas
e com o meio ambiente.
Se olharmos especificamente para os valores humanos, percebemos que eles orientam a conduta das pessoas
com base em princípios morais, ou melhor, por um conjunto de regras e normas estabelecidas para sua
 interação na sociedade, a fim de garantir seu bom funcionamento. Entre os princípios morais podemos citar
respeito, honestidade, empatia, educação e solidariedade, por exemplo.

Se trouxermos a caracterização dos valores para o ambiente corporativo, temos elementos que formam os
alicerces da sua identidade, o que ela valoriza e seus princípios, que podem ser expressos como normas e
regras os quais serão reunidos em um documento conhecido como código de ética empresarial, que é único,
portanto, para orientar a conduta de todas as pessoas no ambiente de trabalho, das funções mais simples até
os membros da diretoria. Com isso, espera-se que todos os profissionais dessa empresa utilizem os mesmos
princípios éticos – mesmo que eles tenham valores próprios – enquanto estiverem na empresa (SILVEIRA, 2018).

A importância do código de ética empresarial, na prática, pode ser observada quando você zela pelo princípio
de respeito ao cliente na empresa sem precisar assinar um contrato de responsabilidades, ou quando cumpre
prazos estabelecidos sem a necessidade de um contrato firmado entre as partes.

Contudo, de nada adianta uma empresa ter um código de ética empresarial se os líderes não acreditam no valor
da integridade, conforme explica Silveira (2018), ao descrever a influência dos líderes sobre os ambientes, já que
não há empresa ética com lideranças cujo único valor é o resultado financeiro, a cegueira ética não prosperará
em ambientes cujos líderes exibem um comportamento íntegro”.

Além disso, Silveira (2018) destaca que práticas não éticas podem ser exercidas pelos funcionários mesmo
existindo um código de ética profissional, quando metas irrealistas e uma cultura organizacional voltada para a
competitividade fazem parte do cotidiano da empresa. O autor exemplifica:

Metas irrealistas ou unidimensionais, que levam as pessoas ao limite do ponto de vista


ético para alcançá-las e a adotar uma “visão de túnel” sobre seu papel;

Competição interna excessiva reforçada por um sistema de avaliação de desempenho


no qual “o vencedor leva tudo”, que leva as pessoas a fazer tudo o que for necessário
para sobreviver e não serem consideradas fracassadas pela organização […]. 

— SILVEIRA (2018, p. 71)

Perceba que o código de ética empresarial é um instrumento valioso para que haja um alinhamento entre todos
os funcionários da empresa quanto à conduta no ambiente de trabalho – porém, é necessário o envolvimento
dos líderes, e estratégias que vão ao encontro dos princípios da ética no trabalho.

FUNDAMENTOS DO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL

Código de ética empresarial x código de ética profissional


Vimos que a ética empresarial é responsável por orientar todos os funcionários de uma empresa quanto à
conduta no ambiente profissional para o bom relacionamento das partes envolvidas, seja entre clientes e
funcionários da empresa, funcionários da empresa entre si, funcionários da empresa e fornecedores etc.

Porém, os profissionais têm que ficar atentos para condutas previstas no código de ética empresarial, por
mais que sejam raríssimos esses casos, ou infringirem o código de ética profissional, que por mais que muitas
pessoas acreditem serem sinônimos os termos possuem diferenças significativas. 

O código de ética profissional reúne normas de conduta para os profissionais de uma determinada classe,
inclusive no âmbito do ensino, da pesquisa e da gestão, seja para estabelecer deveres e valores como para
apresentar para a sociedade o que se espera desse profissional. A necessidade deste código emerge, segundo
Sá (2001), pela individualidade do profissional ao realizar o seu trabalho, somada a sua conduta em relação ao
seu comportamento de trabalhar com os seus semelhantes.
Por exemplo, um médico, segundo o código de ética profissional da medicina em seu capítulo III, art. 2º, é
proibido de delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivas da profissão médica.

Dessa forma, por mais que esteja previsto no código de ética empresarial que delegar é um dos princípios
aceitos, incentivados e respeitados por uma empresa, o médico jamais poderá fazê-lo por ir de encontro ao
código de ética profissional. 

Especificamente para os corretores de imóveis, o código de ética foi elaborado e aprovado pelo COFECI
(Conselho Federal dos Corretores de Imóveis), segundo a Resolução COFECI 326/92, para conduzir às práticas
do Corretor de Imóveis, quando no exercício profissional (CRECI-RN, 2022). 

Quanto à sua estrutura, de forma geral, o código de ética profissional é composto por artigos, que são
desdobrados em incisos, abordando temas voltados a vedações (proibições), sanções (pena pelo
descumprimento dos incisos), direitos, deveres e obrigações. 

Para ilustrar os temas presentes em um código de ética profissional, traremos a seguir trechos específicas do
Código de Ética do Corretor de Imóveis, extraídos de CRECI- RN (2022). São eles:

• o artigo 6º, que abrange as vedações, traz, no inciso X, a proibição de práticas que sejam de concorrência
desleal aos colegas de profissão.

• no artigo 4º, inciso III, que aborda o dever do corretor de imóveis em relação ao cliente, temos a situação de
recusar a transação que ele saiba ser injusto ou ilegal.

a defesa dos direitos dos profissionais que exercem legalmente a profissão de corretores de imóveis, bem
como, sua reputação.

Por fim, cabe destacar que as normas e regras previstas no código de ética do profissional do Corretor de
Imóveis só é aplicável aos profissionais que estejam devidamente inscritos no Conselho Regional do Corretor de
Imóveis – CRECI.

Neste tópico, pudemos conhecer os princípios básicos do código de ética profissional, sua importância e seus
impactos no exercício legal da profissão de um corretor de imóveis.

ÉTICA E CIDADANIA

Direitos e deveres
É inegável a importância da ética, tanto no exercício da profissão como na interação entre pessoas que
trabalham em uma empresa, para garantir um bom convívio. Entretanto, queremos trazer neste tópico outro
elemento que contribui positivamente para essa harmonia: a chamada cidadania. 

Entende-se por cidadania, segundo Costa e Ianni (2018, p. 47), o “um status de membros de uma comunidade e
que por ela são reconhecidos e, também, por um conjunto de direitos e deveres que um indivíduo tem diante
da sociedade da qual faz parte”. Esses direitos e deveres em uma sociedade visam garantir seu bom
funcionamento a partir da parcela de participação de todos os cidadãos que nela são pertencentes. 

Os direitos correspondem à toda liberdade conquistada pelos cidadãos, e os deveres, às obrigações que os
cidadãos têm com o Estado, que são garantidas pela Constituição Federal de 1988. É importante esclarecer que
ninguém nasce cidadão simplesmente por ter nascido em território brasileiro, mas se torna um à medida que é
educado. Por esse motivo, um estrangeiro pode se tornar um cidadão brasileiro, e um dos critérios é aprender e
pôr em prática os direitos e deveres previstos na Constituição Federal de 1988. 

Quanto aos direitos, eles podem ser sociais, políticos e civis, de acordo com a classificação do sociólogo
britânico Marshall (1967). Os direitos sociais são aqueles associados ao bem-estar social, como educação,
saúde, moradia e lazer, e que vão garantir a construção de uma vida digna para o cidadão. Já os direitos
políticos são aqueles que garantem a participação nas relações de poder da sociedade, seja pelo voto para a
escolha de um representante, seja para se tornar um, ao se candidatar, ou ainda de se organizar politicamente
por meio de partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais. Por fim, os direitos civis garantem o ir e vir, a
locomoção, o pensar e o se expressar etc. (COSTA; IANNI, 2018). 
Perceba que, independentemente do tipo de direto, a cidadania está atrelada ao Estado, pois cabe a ele prover
aos cidadãos tais direitos, seja por órgãos ou instituições nacionais. É o que ocorre, por exemplo, com o direito
 da educação, em que a escola desempenha esse papel.

E existe uma relação entre cidadania e a ética?


A resposta é sim, pois a cidadania e a ética tendem ao mesmo sentido de relacionamentos entre si, seja com o
Estado, traduzida em direitos e deveres, ou com pessoas, respectivamente. Além disso, não existe a cidadania
sem a ética, pois a verdadeira cidadania só existe se for exercida com ética, já que um indivíduo que se
responsabiliza por algo precisa antes questionar o seu modo de agir.

Chegamos ao final desta aula, e pudemos conhecer a cidadania, seus tipos e sua importância para os
indivíduos, por se tratar de direitos e obrigações perante o Estado. Além disso, vimos que existe relação entre
cidadania e ética

VÍDEO RESUMO
Nesta aula, nós discutimos os principais aspectos do código de ética empresarial e do código de ética
profissional, e seus impactos na sociedade como um todo. Além disso, conhecemos a importância da cidadania.

Para reforçar os conceitos discutidos, assista ao Vídeo Resumo e acesse o Saiba Mais.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Neste vídeo, saiba mais acerca do código de ética dos corretores de imóveis quanto à estrutura, direitos e
responsabilidades dessa classe profissional.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=k715S_-iPEc. Acesso em: 20 abr. 2022.

Neste vídeo, o professor e filósofo Luiz Felipe Pondé traz uma reflexão a respeito da cidadania quanto ao
seu conceito e como tem se comportado nos dias de hoje.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Jj_jKxP8Ay8. Acesso em: 20 abr. 2022

Aula 3

NOÇÕES DE RELAÇÕES HUMANAS


Você já pensou que, independentemente do ambiente em que estejamos – em família, no
trabalho, no lazer ou na igreja, por exemplo –, a todo momento temos interações com uma ou
mais pessoas?
23 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Seja bem-vindo a aula de noções de relações humanas!

Você já pensou que, independentemente do ambiente em que estejamos – em família, no trabalho, no lazer ou
na igreja, por exemplo –, a todo momento temos interações com uma ou mais pessoas? E que essas interações
ocorrem com o propósito de manter um bom convívio entre indivíduos pertencentes a esse grupo, ou, ainda,
para você se desenvolver intelectualmente?

Esses e outros questionamentos ao longo desta aula serão respondidos ao abordarmos o tema relações
humanas sob diferentes aspectos, e os seus elementos que a compõem.
Além disso, você conhecerá os elementos que influenciam a estrutura de um grupo, bem como as ferramentas
essenciais das relações humanas que podem auxiliar na permanência desses mesmos elementos na sociedade.

Bons estudos! 

NOÇÕES DE RELAÇÕES HUMANAS


Você já parou para pensar que independentemente do ambiente que estejamos, em família, no trabalho, no
lazer ou na igreja, por exemplo, a todo momento nós realizamos interações entre uma ou mais pessoas? E que
essas interações ocorrem com o propósito de manter um bom convívio entre indivíduos pertencentes a esse
grupo, ou, ainda, para você se desenvolver intelectualmente? 

Esses questionamentos nos levam a perceber que as pessoas tendem a se relacionar umas com as outras,
estando próximas, por meio de interações, seja na vida pessoal ou na vida profissional, a fim de se obter o bom
convívio do grupo. Além disso, essas interações são importantes para as pessoas e, portanto, necessárias para o
desenvolvimento intelectual e individual.

De forma geral, essas interações ocorrem por meio da comunicação entre indivíduos, de forma presencial ou
por intermédio de um algum dispositivo – telefone ou computador, por exemplo – nas sociedades em que estão
inseridas.

É fácil perceber essas interações ao observarmos alguns dos meios existentes, descritos a seguir:

• uma pessoa e outra: marido e mulher, pai e filho, chefe e um funcionário, um vendedor de imóveis e seus
clientes.

• uma pessoa e um grupo: um professor e seus alunos, gerente e os funcionários de um setor.

• entre grupos em uma organização: setor de recursos humanos e setor financeiro, setor logístico e
fornecedor.

Essas interações, no entanto, nem sempre geram experiências positivas de harmonia ou satisfação entre as
pessoas, acarretando muitas vezes conflitos que afetam a estabilidade do grupo, principalmente nas
organizações. O motivo dessa experiência negativa parte da reação comportamental iniciada pela interação; por
isso, torna-se fundamental o estudo dessa temática para compreendê-la e ser capaz de lidar com as pessoas e o
comportamento interpessoal (MINICUTTI, 2013).

O conjunto dessas interações denominamos relações humanas, em razão de um estudo feito por uma equipe
de pesquisadores de Harvard, liderados pelo médico Elton Mayo, que resultou na Teoria das Relações
Humanas. Em seu estudo, Mayo avaliou como as mudanças no ambiente de trabalho afetariam a produtividade
dos trabalhadores, tornando as relações humanas um campo de estudo do comportamento humano nas áreas
da psicologia, sociologia e administração, entre outras.

Quanto à classificação das relações humanas, há dois tipos, segundo Minicucci (2013):

• interpessoal: é o fruto das vivências em cotidiano, as quais formam nossa personalidade características a
partir das relações que temos com as pessoas ao interagirmos em eventos, na empresa, na escola, na igreja e
em outros locais.

• intrapessoal: é uma relação que construímos sozinhos, internamente, em que há uma comunicação interna
com nossos sentimentos e emoções, para gerar conhecimento a respeito de nós mesmos.

Ao final desta aula, conhecemos as principais características das relações humanas, seus tipos e sua
importância para conviver com as pessoas que estão ao nosso redor, e que de alguma forma pertencem ao
mesmo grupo. 

FERRAMENTAS ESSENCIAIS NAS RELAÇÕES HUMANAS


É fato que todos vivemos em grupo, seja ele religioso ou familiar, entre outros, e nos desenvolvemos
intelectualmente e de forma pessoal. Por esse motivo, um bom convívio entre as pessoas pertencentes ao

mesmo grupo é necessário, cabendo muitas vezes o uso de ferramentas essenciais das relações humanas.
Contudo, antes de conhecermos essas ferramentas, compete-nos abordar os elementos dos grupos e seus
impactos nas relações humanas para conhecer as situações que esses instrumentos melhores são aplicados.
Vamos lá? 

A respeito dos elementos dos grupos, Minicucci (2013) explica que a interação só existe quando uma das
pessoas reage ante o comportamento de outras pessoas. Isso significa que a simples reunião das pessoas não
forma grupos, por não existir uma interação. É o que ocorre em uma sala de aula, quando os alunos se sentam
nas carteiras. O simples fato de estarem próximos não forma um grupo, mas apenas quando realizam uma
tarefa em grupo ou praticam esportes coletivos constitui-se uma interação. Assim, a interação precisa de uma
razão, da formação de uma estrutura, da elaboração de normas para os pertencentes de um grupo e valores,
entre outros elementos. 

A estrutura nos orienta quanto à sua formação, seja por motivos de tamanho, cabendo a sua divisão, ou na
relação entre os membros dos grupos, normas e padrões adotados. Já a coesão se forma à medida que os
grupos se tornam mais fortes, por meio dos diferentes recursos de comunicação e pela atração das atividades
desempenhadas pelo grupo, tornando os membros mais unidos. Por exemplo: o surgimento de brasões e trajes
no grupo. 

Essas atitudes que fortalecem o grupo, identificadas com a coesão, também podem ser responsáveis por guiar
as pessoas às normas, para garantir que não haja distorções de atitudes quanto aos seus comportamentos. É o
que vemos, por exemplo, quando um indivíduo é pressionado a seguir certos comportamentos para que não
seja denunciado aos seus superiores, ou ainda para que não sofra sanções pelo descumprimento das normas. 

Por fim, temos os motivos e metas comuns, que podem ser interpretados como qualidades essenciais para
que o grupo exista, e que orientarão o comportamento das pessoas de forma a satisfazer às suas necessidades
pessoais, desejos e aspirações. 

Perceba, portanto, que os elementos da interação são interligados de forma dependente, para que os grupos
existam a partir dos critérios de sua formação. Nesse sentido, o uso de ferramentas essenciais das relações
humanas importa para garantir a manutenção desses grupos. Essas ferramentas surgem com a Teoria das
Relações Humanas e, por esse motivo, são mais aplicáveis nas empresas, em geral pelo responsável pela
manutenção do grupo, o setor de recursos humanos. Algumas delas são: 

Feedback: é uma ferramenta que oferece ao funcionário a apresentação daquilo que precisa ser melhorado,
além de permitir ao gestor reconhecer os profissionais ligados a ele por sua efetiva realização do trabalho. Sua
aplicação deve ser objetiva e de forma clara. 

Pesquisa de clima: seu objetivo é identificar questões de relacionamento entre os colaboradores antes que
todo o grupo seja afetado. 

Neste bloco pudemos conhecer os elementos dos grupos e seus impactos nas relações humanas, além de
algumas das ferramentas essenciais das relações humanas para garantir a harmonia e a manutenção de um
grupo.

RELAÇÃO HUMANAS NO CONTEXTO ATUAL


Vimos que as relações humanas são vínculos desenvolvidos ao longo da vida, tanto na área pessoal quanto na
profissional, e que influenciam de alguma forma o nosso convívio em grupos. 

No ambiente do trabalho, é notória a importância das relações humanas para que a interação entre clientes e
corretores de imóveis existam e, assim, o processo de compra e venda de um imóvel seja concretizado. Ou,
ainda, nas relações entre diferentes graus de hierarquia – entre gerentes, gerentes e funcionários operacionais,
ou diretores – para o bom funcionamento de uma organização. 
Já na vida social, a interação entre os membros da família é necessária, por exemplo, para a participação dos
pais no desenvolvimento escolar dos filhos, ou ainda com as pessoas com quem de alguma forma passamos os
 momentos de lazer, como viagens, prática de esportes e confraternizações. 

Será que atualmente, com a internet – em especial com o surgimento das redes sociais –, as relações humanas
foram impactadas? 

Primeiramente, temos que compreender que a internet é uma das ferramentas que facilitam a comunicação,
oferecendo acesso a inúmeras informações e auxiliando a conexão entre duas pessoas ou de grupos, com
aplicativos como WhatsApp, redes sociais, Zoom e Google Meet. Assim, esse espaço virtual se tornou um local
em que as pessoas são capazes de interagir e se relacionar o tempo todo, entre si e com outros grupos, como
fazem as marcas de produtos e serviços que criam uma sociedade hiperconectada, a qual permanece cada vez
mais on-line (MARQUES, 2020).

Além da mudança comportamental dessa sociedade denominada hiperconectada, por permanecer interagindo
a todo momento, percebe-se uma interferência nas relações interpessoais, explicitamente quando nos
referimos à linguagem utilizada na comunicação. Por

exemplo, em conversas no WhatsApp podemos ver, nos diálogos, as seguintes expressões:

Vc: você.

Tmj (tamo junto): demonstra o apoio a alguém.

Rs ou kkkk: risos.

Fds: final de semana.

Pprt (papo reto): usado em situações em que vai direto ao assunto, sem rodeios.

Barbosa et al. (2014) destacam os impactos das redes sociais na sociedade, que marcam um novo espaço de
relações humanas (sejam elas educativas, profissionais, científicas, familiares e afetivas) e promovem ações que
geram interações e vínculos entre as pessoas, estando elas próximas ou distantes, ou, ainda, possibilitando a
essas pessoas interagirem de forma independente da outra parte.

Por isso, é possível afirmar que essa sociedade digital carrega consigo a necessidade de adaptabilidade das
pessoas a diversas situações do universo tecnológico, para lidar com reformulações sobretudo nas relações
estabelecidas por esse meio, que costuma ser baseado em interesses, pensamentos e ideias em comum.

Assim, podemos dizer que a internet liberou as pessoas das relações pessoais ao permitir romper barreiras
geográficas e distâncias, espaço e tempo, mesmo não sendo capaz de substituir as relações presenciais.

Chegamos ao final desta aula, e pudemos ver o quanto a internet e as redes sociais têm influenciado as relações
humanas, tanto na vida pessoal quanto profissional. 

VÍDEO RESUMO
Nesta aula, nós discutimos os principais aspectos das relações humanas na vida pessoal e profissional, a partir
de seus elementos e seus impactos.

Para reforçar os conceitos discutidos, assista ao Vídeo Resumo e acesse o Saiba Mais.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
É inegável a importância do estudo dos indivíduos nas empresas. O principal estudo desse tema foi feito
por Elton Mayo, que realizou uma experiência conhecida como HawThorne, concretizando a Teoria das

Relações Humanas.

Para saber mais acerca da Teoria das Relações Humanas e a experiência que a concretizou, assista aos
vídeos a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=t8nKSu9RhGs.

https://www.youtube.com/watch?v=yzuSRzoxW8A.

Aula 4

ÉTICA, CIDADANIA E RELAÇÕES HUMANAS


Você já pensou que a todo momento temos a necessidade de interagir com outras pessoas? E
que essa interação ocorre por meio da comunicação?
21 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

Você já pensou que a todo momento temos a necessidade de interagir com outras pessoas? E que essa
interação ocorre por meio da comunicação? Quais os impactos que essa interação pode causar no ambiente de
trabalho de um corretor de imóveis? 

Ao longo desta aula, você conhecerá a resposta para esses questionamentos, bem como a relação existente (e
muitas vezes não perceptível) entre as relações humanas e a ética – de forma geral, da ética profissional, da
cidadania, sua importância e seus impactos no exercício profissional do corretor de imóveis.

Além disso, você conhecerá a importância da comunicação na interação entre os seres humanos.

Bons estudos! 

RELAÇÃO HUMANAS E ÉTICA PROFISSIONAL


Você já pensou que a sua conduta ética pode espelhar sua imagem profissional? Ou melhor, que a sua conduta
ética profissional pode remeter à lembrança de suas qualidades profissionais? E mesmo que não haja um
código específico para o desempenho das atividades profissionais, será que há um impacto na carreira
profissional?

Essas reflexões nos levam a pensar acerca da ética profissional e sua relação com o comportamento e atitudes
desempenhadas nas atividades profissionais, corroboradas por Camargo (1999, p. 31-32) ao afirmar que:

A ética profissional é a aplicação da ética geral no campo das atitudes profissionais; a


pessoa tem estar imbuída de certos princípios ou valores do ser humano para vivê-los
nas suas atividades de trabalho de um lado, ela exige a deontologia, isto é, o estudo dos
deveres específicos que orientam agir humano no seu campo de trabalho; de outro
lado, exige a diciologia, isto é, o estudo dos direitos que pessoas têm ao exercer suas
atividades. 

— (CAMARGO, 1999, p. 31-32)

Dessa forma, percebe-se que o comportamento e as atitudes desempenhadas pelos indivíduos em suas
atividades profissionais – mesmo que de forma ética, orientados por normas, regras e princípios determinados
pelo seu grupo de trabalho – devem representar padrões esperados pela sociedade, e por isso são uma
preocupação constante pelos profissionais no trabalho.

Porém, essas atitudes e comportamentos no ambiente profissional – já que estamos nos referindo à ética

profissional – não afetam apenas nós mesmos, mas, de forma direta ou indireta, outras pessoas, criando uma
instabilidade no grupo profissional em que estamos inseridos, as relações interpessoais existentes em uma
empresa ou nas relações comerciais.

Por outro lado, não podemos simplesmente abandonar essas relações humanas no trabalho, mesmo não
concordando com algumas condutas éticas profissionais, porque elas fazem parte da natureza humana.

Essas relações humanas ocorrem por intermédio da comunicação, que é um fator fundamental para a profissão
de corretor de imóveis, já que de forma positiva é um requisito para a captação da intenção de um cliente,
influenciando-o a fechar um bom negócio.

A um profissional de corretor de imóveis compete, portanto, influenciar a intenção do cliente para gerar uma
mudança do comportamento desse cliente, considerando que seu grande desafio está na adoção de práticas
condizentes com a ética profissional, porque desvios serão vistos pela sociedade como negativos e, assim,
podem manchar a imagem profissional do corretor.

Conhecemos, neste bloco, um pouco mais acerca da ética profissional e das relações humanas, e seus impactos
na imagem profissional.

ÉTICA, CIDADANIA E RELAÇÕES HUMANAS


Vimos que não existe cidadania sem a ética, já que a cidadania – em que os direitos e deveres, sejam sociais,
políticos ou civis, estão relacionados, tanto das pessoas entre si quanto das pessoas com o Estado – só se torna
verdadeira se exercida com ética, uma vez que um indivíduo, para se responsabilizar por algo, precisa antes
questionar o seu modo de agir e verificar como e em que proporção ele tem contribuído para o bem social e do
Estado como um todo.

Não se trata, portanto, do exercício do seu direito ao voto ou de ser votado e, ao mesmo tempo, o seu dever de
escolher um representante no poder executivo ou legislativo. Mas, sim, do gozo de outros direitos e deveres,
além dos políticos, que abrangem saúde, educação, transporte e lazer, entre outros, com consciência a respeito
do que está fazendo, causas e fins de sua ação. 

Chaui (2000) explica a importância da atitude consciente do indivíduo ao cobrar o Estado, e desse
comportamento ser estabelecido com regras e leis, ao afirmar que um sujeito ético traz um significado de suas
intenções e de suas atitudes, é a essência dos valores morais que são esperados pela sociedade no cotidiano.
Ademais, existe a vontade humana – mesmo que complexa e que parta de princípios e normas – que carrega
em si emoções, a fim de cumprir sua idealização de convivência.

Essa vontade de convivência parte da necessidade humana de interagir, consigo e com outros, em diferentes
ambientes, por motivos pessoais ou profissionais, e para se desenvolver intelectualmente, quando há outro ser
humano. Contudo, esse convívio entre pessoas não é simples e acaba gerando conflitos e problemas éticos,
porque a conduta ética de um indivíduo, mesmo pautada de princípios, exerce uma forte influência na forma
como agimos, mas não é capaz, de forma determinante, de garantir a ação final realizada. Ou seja, mesmo que
existam expectativas para que um indivíduo aja de maneira ética perante a sociedade em situações e relações
cotidianas, nem sempre esse princípio pode ser identificado em suas ações, já que decisões podem ser
antiéticas diante de um determinado fato ou situação (SÁ, 2000).

É o que ocorre quando um indivíduo concorda com princípios morais, que sustentam uma conduta ética, de
justiça, de dignidade da pessoa humana e igualdade de direitos, o que conduziria, de forma previsível, à
possibilidade da prática. Contudo, nem todos os princípios morais são cumpridos, levando a uma conduta
antiética. 

Assim, perceba que a ética exerce uma grande influência sobre as relações humanas e a cidadania, mas, por
mais que seja composta por regras e normas, não é capaz de garantir as ações finais dos indivíduos. 
ÉTICA NAS RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

 Vimos que as regras e normas carregadas pela ética, seja no ambiente profissional ou no convívio em
comunidade, objetivam garantir o equilíbrio das práticas humanas em coletividade ou de forma individual. Com
isso, espera-se que a ética seja capaz de orientar a conduta das pessoas, a fim de garantir um ambiente de
trabalho agradável, ao diferenciar o certo do errado.

Especificamente no ambiente de trabalho, compete à ética, em prol do bem comum de todos que comporão as
relações de trabalho, analisar o desempenho do colaborador voltado ao pessoal, seguindo as regras e às
normas comportamentais. Mesmo com a dinâmica organizacional em que as empresas são obrigadas a se
reformar, modificar e transformar para atender às novas exigências do mercado e às novas necessidades dos
consumidores, cabe à ética desempenhar esse importante papel de garantir com os profissionais o
comprometimento, a responsabilidade e o respeito, por exemplo, por meio de regras e normas organizacionais
que mostrem ao indivíduo ações morais, pela razão ligada ao indivíduo nas relações de trabalho (LUNA;
MENDES, 2022). 

Em algumas empresas, o relacionamento com a ética é tão sério que, atualmente, muitas delas têm adotado um
constante monitoramento do comportamento ético dos funcionários, por meio de uma ferramenta de
compliance. 

A explicação para essa prática é descrita por Carvalho et al., (2001, p. 18) ao explanarem sobre sua função:

[…] a função de compliance no setor privado, entendida como exigência de


conformidade com as normas aplicáveis, com as políticas internas de cada companhia e
com as exigências da ética empresarial, é uma decisão de gestão. Porém, também pode
ser considerada como integrante de um dos custos para evitar conflitos de agência e
monitorar as ações dos agentes, como destacado por Jensen e Meckling3, ou, ainda,
como um mecanismo de proteção do board mitigando riscos pelo não atendimento ou
atendimento inadequado de normas, políticas internas e exigência de ética empresarial.

— (CARVALHO et al., 2001 p. 18)

Dessa forma, percebe-se que essa ferramenta, por mais que gere custos, traz benefícios imediatos e
perceptíveis, ao trazer credibilidade não apenas às relações existentes entre os funcionários de uma empresa,
mas também às relações existentes entre clientes e funcionários da empresa, fornecedores e funcionários da
empresa e investidores e funcionários da empresa, ao alinhar as normas internas às normas externas, obedecer
a todas as políticas e diretrizes, e a qualquer prática da vida dos negócios ou imposições dos órgãos de
regulamentação do segmento empresarial (LUNA; MENDES, 2022).

Chegamos ao final deste tópico, e você conheceu o papel da ética nas relações humanas no trabalho e a
ferramenta compliance, um instrumento que auxilia no monitoramento das condutas éticas para garantir o
bom relacionamento humano no trabalho.

VÍDEO RESUMO
Nesta aula, nós discutimos os relacionamentos interpessoais e suas relações com a ética, a ética profissional e a
cidadania, bem como seus impactos na imagem profissional e na sociedade como um todo. 

Para reforçar os conceitos discutidos, assista ao Vídeo Resumo e acesse o Saiba Mais.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Vimos que a comunicação é um dos principais elementos responsáveis pela interação humana. Neste
vídeo, o professor Marcus Garcia de Almeida aprofunda esse tema, em razão da sua importância.

https://www.youtube.com/watch?v=ua3ptWTQTXs.

REFERÊNCIAS
7 minutos

Aula 1
CHAUI, M. Convite à filosofia. 10. ed. São Paulo: Ática, 2000.

CONSELHO NACIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS – CRECI-RN. Código de ética. CRECI-RN: Brasília, 1992.
Disponível em: https://crecirn.gov.br/codigo-de-etica/. Acesso em: 10 mar. 2022.

IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo:


Cortez, 2001.

LEANDRO Karnal fala sobre ética em ambientes profissionais. [S. l.], 23 nov. 2018. 1 vídeo (9 m 28 s). Publicado
pelo canal Tribunal Superior do Trabalho. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pEXhGE7Fd6s.
Acesso em: 10 mar. 2022.

SÁ, A. L. de. Ética profissional. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

SILVA, D. A diferença entre ética e moral. Estudo Prático, 2016. Disponível em: 
https://www.estudopratico.com.br/qual-diferenca-entre-etica-e-moral/. Acesso em: 10 mar. 2022

TAILLE, Y. de L. Moral e ética. Dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2007.

Aula 2
CÓDIGO de Ética do Corretor de Imóveis. [S. l.], [s. d.]. 1 vídeo (4 m 20 s). Publicado pelo canal Studio 360.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wfMaPshAqA8. Acesso em: 20 abr. 2022

COSTA, M. I. S.; IANNI, A. M. Z. Individualização, cidadania e inclusão na sociedade contemporânea: uma


análise teórica [online]. São Bernardo do Campo, SP: Editora UFABC, 2018. ISBN: 978-85-68576-95-3. Disponível
em: https://doi.org/10.7476/9788568576953.0003. Acesso em: 25 maio 2022.

CONSELHO NACIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS – CRECI-RN. Código de ética. CRECI-RN: Brasília, 1992.
Disponível em: https://crecirn.gov.br/codigo-de-etica/. Acesso em: 10 mar. 2022.

O QUE É cidadania? | Luiz Felipe Pondé. [S. l.], [s. d.]. 1 vídeo (2 m 4 s). Publicado pelo canal IREETV. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=Jj_jKxP8Ay8. Acesso em: 20 abr. 2022.

SÁ, A. L. de. Ética Profissional. São Paulo: Atlas, 2001.

SILVEIRA, A. Di M. da. Ética empresarial na prática. Soluções para gestão e governança no século XXI. São
Paulo: Alta Books, 2018.

Aula 3
BARBOSA, A. S. et al. Relações Humanas e Privacidade na Internet: implicações Bioéticas. Revista de Bioética y
Derecho, Barcelona, n. 30, 2014. Disponível em: https://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1886-
58872014000100008. Acesso em: 10 abr. 2022.

MARQUES, V. Redes Sociais 360: como se comunicar online. Lisboa: Conjuctura Actual, 2020.

MINICUCCI, A. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
Aula 4

 CAMARGO, M. Fundamentos da ética geral e profissional. 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

CARVALHO, A. C. et al. Manual do compliance. Rio de Janeiro: Forense, 2021.

CHAUI, M. Convite à filosofia. 10. ed. São Paulo: Ática, 2000.

LUNA, N. L. S.; MENDES, S. da S. A importância da ética nas relações de trabalho.


Disponível:https://bdtcc.unipe.edu.br/wp-content/uploads/2019/01/Artigo-.-A-IMPORT%C3%82NCIA-DA-
%C3%89TICA-NAS-RELA%C3%87%C3%95ES-DE-TRABALHO.pdf. Acesso: 15 de junho 2022.

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