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O CÓDIGO DE ÉTICA
PROFISSIONAL DO CORRETOR E
SUAS APLICAÇÕES
133 minutos
Aula 1 - O código de ética profissional do corretor
Aula 2 - Deveres e obrigações no código de ética profissional do
corretor
Aula 3 - Proibições aplicadas ao corretor com base no código de ética
profissional
Aula 4 - Penalidades aplicadas ao corretor com base no código de
ética profissional
Referências

Aula 1

O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CORRETOR


O código de ética representa, na verdade, algo mais do que um simples conjunto de parâmetros
de ação: trata-se de uma série de orientações que devem ser seguidas pelo profissional, para a
transparência nas suas ações e a eficiência de funcionamento do mercado.
33 minutos

INTRODUÇÃO
Neste momento, você poderá conhecer um pouco mais do código de ética profissional e suas implicações
objetivas para o cotidiano e as atividades profissionais do corretor. O código de ética representa, na verdade,
 algo mais do que um simples conjunto de parâmetros de ação: trata-se de uma série de orientações que devem
ser seguidas pelo profissional, para a transparência nas suas ações e a eficiência de funcionamento do
mercado.

Em suas rotinas como estudante, certamente você deve ter observado a importância da ação do corretor e a
abrangência de suas competências na realidade de mercado. Assim, nesta unidade, você deverá aprofundar
essas reflexões para compreender o papel do código de ética para a regulação das atividades profissionais do
corretor.

FUNDAMENTOS DO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL


Conceitos gerais

O uso da consciência pelo ser humano implica uma liberdade de ação; isto é, a pessoa é livre para agir de
acordo com sua própria vontade consciente, estando, porém, sujeita à responsabilidade moral e às instâncias
controladoras da sociedade. Ou seja, a existência de um grupo ou uma população implica o estabelecimento de
regras e normas que devem ser seguidas como parte de uma consciência moral, que organiza o
comportamento dos indivíduos em sociedade (CORSI et al., 2000).

Para o cumprimento de obrigações profissionais diversas, a ética se coloca como um conjunto de princípios que
devem ser observados e seguidos pelos agentes no exercício de suas atribuições e competências de trabalho.
Assim, ao discutir a ética profissional do corretor, destaca-se a importância de um comportamento moral que se
distingue de outras formas (nocivas) de ação em relação aos clientes, colegas de profissão e outras partes
interessadas.

O código de ética profissional do corretor

Diante do contexto apresentado, é importante perceber que a elaboração de um código de ética tem o objetivo
de organizar esses parâmetros comportamentais, que são regidos por conceitos morais e de responsabilidade
que incidem sobre os profissionais em seu cotidiano. O código de ética profissional do corretor, neste sentido, é
uma instância reguladora das ações dos corretores em seu ambiente e segmento de mercado, associando
competências que devem ser apresentadas por esses profissionais a um controle efetivo de resultados
(inclusive financeiros) a serem alcançados mediante o estabelecimento de diferentes negócios (COLTRO, 2011).

Figura 1 | Ética e a ação do corretor

Fonte: elaborada pelo autor.

O Código de Ética do corretor é um instrumento promulgado pela Resolução COFECI 326, de 25 de junho de
1992. Embora seu conteúdo preze pela apresentação dos deveres do corretor em um contexto profissional, há
também normas de conduta que definem aspectos comportamentais deste agente no contexto social: o artigo
3º, por exemplo, menciona que o corretor deve “zelar pela própria reputação mesmo fora do exercício
profissional” (COFECI, 1992, p. 2).

 O relacionamento com o cliente

A relação corretor-cliente conceitua o espaço em que as transações são realizadas, caracterizando uma
dinâmica financeira, contábil, patrimonial e comercial. Assim, essas diferentes dinâmicas influenciam
objetivamente as transações e os seus resultados, na forma de receitas e corretagens (COLTRO, 2011).

O corretor deve, neste sentido, observar preceitos éticos que definem a importância da transparência na
atuação profissional – apresentando detalhes e se inteirando das características do negócio com os clientes e
demais interessados. Dessa forma, a atuação do corretor não se caracteriza apenas por uma intermediação
comercial que gera porcentagens a serem distribuídas aos profissionais envolvidos: trata-se, na verdade, de
desempenhar tarefas para as quais ele esteja preparado e que sejam objetivamente enquadradas nas normas
de conduta definidas pelo código de ética (COFECI, 1992).

O código define, ainda, as qualificações e situações que configuram uma transgressão ética por parte do
corretor, especialmente nos artigos 3º, 4º e 6º; a observância do código, portanto, não é facultativa, e sim
obrigatória, para regulamentar a ação do profissional e regular suas competências no mercado.

IMPORTÂNCIA DO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CORRETOR


O papel dos conselhos regionais

O Código de Ética do corretor foi instituído pelo COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis), que
articula os diferentes Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECIs) nos estados brasileiros. A
abrangência do COFECI, portanto, permite centralizar a criação de mecanismos de supervisão e
acompanhamento do cotidiano dos profissionais corretores, embora esse acompanhamento seja, de fato,
realizado pelos Conselhos Regionais.

A relevância do código de ética, portanto, apresenta-se pela necessidade de manutenção, por parte do corretor,
de um relacionamento próximo com os seus órgãos representativos (os Conselhos Regional e Federal). Esse
relacionamento, de acordo com as determinações do COFECI, tem o intuito de aprimorar o trabalho dos
Conselhos Regionais e prestigiá-los em prol da coletividade, isto é, do profissional corretor e dos demais colegas
que atuam no exercício dessa profissão (COFECI, 1992).

Os Conselhos Regionais apresentam, desse modo, uma importante função reguladora, ao acompanhar de um
modo mais próximo as ações dos corretores, investigando transgressões que venham a ferir as normas do
Código de Ética.

A responsabilidade do corretor

O artigo 5o do Código de Ética do Corretor define, de um modo bastante objetivo, que “O corretor de imóveis
responde civil e penalmente por atos profissionais danosos ao cliente, a que tenha dado causa por imperícia,
imprudência, negligência ou infrações éticas” (COFECI, 1992, p. 2).

Logo, é importante considerar que o profissional corretor não pode alegar desconhecimento dos dispositivos
legais ao realizar alguma ação ou transgressão objetiva dos preceitos éticos da profissão: a responsabilidade do
profissional é definida nas alçadas cível e penal, ainda que tais ações tenham sido cometidas sob uma
justificativa que seja inicialmente plausível (coação ou pressão do cliente, por exemplo) ou sob um pressuposto
de boa-fé ou reta intenção.

Desse modo, a imprudência, a negligência e o erro de julgamento podem conduzir a avaliações errôneas de um
determinado cenário, levando a falhas de gestão (conscientes ou inconscientes) que lesam clientes, alteram os
resultados e afetam a reputação do profissional no mercado (COLTRO, 2011).

Competências e condutas profissionais


O Código de Ética define a relevância da formação e aptidão do profissional corretor para a realização de tarefas
eficazes (para a busca de resultados) e eficientes (evitando o desperdício e a perda de controle das despesas


envolvidas nas transações). Neste sentido, é essencial que esse corretor esteja capacitado a realizar
efetivamente as tarefas a ele solicitadas, de acordo com as disposições legais em vigor, mantendo, ainda, um
vínculo associativo com outros profissionais para o caso de negócios realizados com a participação de outros
corretores (COFECI, 1992).

Figura 2 | Composição de elementos de ineficiência na ação do corretor

Fonte: elaborada pelo autor.

É importante observar que a conduta desse profissional é supervisionada pelos Conselhos Regionais, porém, é
exercida no ambiente de mercado. Essa conduta se torna viável apenas por meio de uma capacitação, que seja
capaz de eliminar o comportamento fraudulento, culposo ou doloso, evitando que o cliente seja espoliado com
desembolsos que vão além do legalmente estabelecido, arcando com honorários que não são correspondentes
aos serviços prestados (CORDEIRO FILHO, 2009).

A RELAÇÃO ENTRE O COFECI E O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO


CORRETOR
Os órgãos federativos e o Código de Ética

De acordo com o que você observou anteriormente, a importância do COFECI se atesta pelo fato deste órgão
congregar os Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis, elaborando, assim, um conjunto de políticas
integradas que se prestam a desenvolver não apenas as competências necessárias ao trabalho cotidiano do
corretor, mas, também, a sua capacidade representativa e profissional perante as necessidades do mercado e
da sociedade.

Assim, o COFECI é um órgão federativo, e o código de ética elaborado por essa instituição procura oferecer
credibilidade para os trabalhos dessa instituição, dos órgãos regionais a ela ligados e a todos os profissionais
que desempenham os trabalhos de intermediação de transações imobiliárias diversas.

A relevância de um órgão federativo se estabelece, vale dizer, por conta de sua capacidade de representação
em relação ao poder público e suas instâncias (poderes constituídos, autarquias, agências de regulação etc.); ao
mesmo tempo, o COFECI se configura como um órgão fiscalizador em âmbito federal, acompanhando as
centenas de milhares de corretores que atuam no país (CORDEIRO FILHO, 2009).

O sistema COFECI-CRECI

Os CRECIs apresentam comissões específicas, que zelam pela aplicação e supervisão constante das normas
previstas no Código de Ética do corretor. Essas atribuições apresentam uma dimensão administrativa e
disciplinar, ao regular as ações dos corretores por meio de processos administrativos, quando estes se fazem
necessários em vista de alguma denúncia ou transgressão cometida pelo profissional (CORDEIRO FILHO, 2009).

A Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978, apresenta com maior detalhe as sanções disciplinares que podem ser
aplicadas ao corretor, de acordo com os contextos e situações relativas a uma transgressão a ser apurada.
Dentre essas sanções, incluem-se a advertência verbal, a censura, o pagamento de multas em espécie, a
suspensão e o cancelamento da inscrição no Conselho Regional competente; no caso de cancelamento, a
penalidade pode ser aplicada pelo Conselho Federal.

Da ética a ação profissional: fiscalização e supervisão


Há vários tipos de infração que geram penalidades específicas, definidas como leves ou graves. Uma infração
leve diz respeito, especialmente, a transgressões e omissões relativas aos padrões de conduta esperados do


profissional corretor em diferentes circunstâncias. Dentre essas infrações, destacam-se por exemplo a ausência
de apoio às iniciativas dos Conselhos e seus mandatos e encargos, e a ausência de pagamento da contribuição
correspondente ao Conselho Regional (anuidade).

As infrações graves, por sua vez, remetem diretamente à alçada de obrigações e tarefas que são assumidas por
esses profissionais e que podem gerar falhas de mercado, fraudes e concorrência desleal. Dentre essas
infrações, incluem-se o abandono dos negócios confiados ao corretor, ou o recebimento de favores em troca de
algum tipo de concessão ilícita (BRASIL, 1978).

VIDEOAULA
Neste vídeo, você aprenderá um pouco mais a respeito da importância do código de ética como parte de um
conjunto de atribuições fundamentais à profissão do corretor. Por meio de uma perspectiva comparada, você
poderá avaliar de que modo a ética é compreendida em diferentes segmentos profissionais, articulando
conceitos que repercutem diretamente em seu cotidiano e em suas ações no mercado, com diferentes clientes.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Para contextualizar sua aprendizagem e aprofundar seu conhecimento a respeito do código de ética do
corretor e as suas principais atribuições, você pode acessar o vídeo “Principais pontos do Código de Ética
dos corretores de imóveis”, no canal do CRECI-SP no YouTube. Neste vídeo, a advogada Raquel Rogano de
Carvalho, especializada em Direito Imobiliário, observa os efeitos objetivos de diferentes situações que
configuram transgressão aos protocolos éticos do corretor em sua dinâmica de mercado.

PRINCIPAIS pontos do Código de Ética dos corretores de imóveis – Raquel Rogano de Carvalho. [S. l.], 18
nov. 2021. 1 vídeo (55 m 30 s). Publicado pelo canal TV CRECI. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=tis-CjYN854. Acesso em: 24 mar. 2022.’

Aula 2

DEVERES E OBRIGAÇÕES NO CÓDIGO DE ÉTICA


PROFISSIONAL DO CORRETOR
Neste momento, você vai aprofundar e complementar seus conhecimentos a respeito do Código
de Ética do corretor, analisando seus artigos e compreendendo-os em uma perspectiva prática e
aplicada.

27 minutos

INTRODUÇÃO
Neste momento, você vai aprofundar e complementar seus conhecimentos a respeito do Código de Ética do
corretor, analisando seus artigos e compreendendo-os em uma perspectiva prática e aplicada. Assim, será
possível avaliar de que modo os parâmetros éticos, descritos no código como parte de um comportamento a
ser seguido, devem determinar as ações e posicionamentos desse profissional na realidade de mercado. 

Os conceitos a serem apresentados neste momento apresentam uma ressonância importante em todos os
contextos e momentos de sua inserção profissional: a ação de acordo com os parâmetros éticos deve nortear
todas as transações e procedimentos a serem adotados em relação a clientes, outros profissionais e demais
partes interessadas.
CONCEITO – ARTIGOS 1º AO 3º DO CÓDIGO DE ÉTICA DO CORRETOR DE

IMÓVEIS
Artigo primeiro e Artigo segundo: objetivos e deveres

Ao pensar nas principais características e atribuições de um código de ética profissional, é necessário observar a
importância de um conjunto de deveres, posturas e posicionamentos que devem ser observados por esse
agente no exercício de suas funções. Essa determinação é bastante objetiva para o caso do Código de Ética do
corretor de imóveis, que determina a finalidade principal desse conjunto de prescrições: “Art. 1º: Este Código de
Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se deve conduzir o Corretor de Imóveis, quando no
exercício profissional” (COFECI, 1992, p. 1).

Observe, portanto, que o código atua objetivamente no cotidiano do profissional, o qual deverá observar
integralmente os dispositivos contidos no código, fazendo-os cumprir dentro de um espírito corporativista, isto
é, de apoio às atividades dos profissionais corretores em diferentes situações: “Art. 2º: Os deveres do Corretor
de Imóveis compreendem, além da defesa do interesse que lhe é confiado, o zelo do prestígio de sua classe e o
aperfeiçoamento da técnica das transações imobiliárias” (COFECI, 1992, p. 1)

Ou seja, o artigo segundo enfatiza que a ação do corretor não é isolada em seu espaço de atuação: esse
profissional faz parte de uma classe, e seus órgãos reguladores devem zelar, tanto quanto possível, pela boa
reputação desses agentes.

Artigo terceiro: finalidades da ação do corretor

O artigo terceiro do Código de Ética apresenta doze contextos que representam atitudes e posicionamentos a
serem adotados pelo corretor durante suas funções profissionais. A importância desse profissional como parte
de uma classe é ressaltada, bem como a necessidade de apoiar as iniciativas do Conselho Federal e dos
conselhos regionais:
Art. 3º – Cumpre ao Corretor de Imóveis, em relação ao exercício da profissão, à classe e
aos colegas:

I – considerar a profissão como alto título de honra e não praticar nem permitir a
prática de atos que comprometam a sua dignidade;

II – prestigiar as entidades de classe, contribuindo sempre que solicitado, para o


sucesso de suas iniciativas em proveito da profissão, dos profissionais e da coletividade;

III – manter constante contato com o Conselho Regional respectivo, procurando


aprimorar o trabalho desse órgão;

IV – zelar pela existência, fins e prestígio dos Conselhos Federal e Regionais, aceitando
mandatos e encargos que lhes forem confiados e cooperar com os que forem
investidos em tais mandatos e encargos;

V – observar os postulados impostos por este Código, exercendo seu mister com
dignidade;

VI – exercer a profissão com zelo, discrição, lealdade e probidade, observando as


prescrições legais e regulamentares;

VII – defender os direitos e prerrogativas profissionais e a reputação da classe;

VIII – zelar pela própria reputação mesmo fora do exercício profissional;

IX – auxiliar a fiscalização do exercício profissional, cuidando do cumprimento deste


Código, comunicando, com discrição e fundamentadamente, aos órgãos competentes,
as infrações de que tiver ciência;

X – não se referir desairosamente sobre seus colegas;

XI – relacionar-se com os colegas, dentro dos princípios de consideração, respeito e


solidariedade, em consonância com os preceitos de harmonia da classe;

XII – colocar-se a par da legislação vigente e procurar difundi-la a fim de que seja
prestigiado e definido o legítimo exercício da profissão. 
— (COFECI, 1992, p. 1 e 2)

Deste modo, você pode perceber que o Código de Ética do corretor é elaborado com o propósito de associar
comportamentos individuais e coletivos que assegurem a prevenção a posturas que reduzam a credibilidade do
setor e afugentem clientes efetivos ou potenciais (COLTRO, 2011).

ARTIGO 4º DO CÓDIGO DE ÉTICA DO CORRETOR DE IMÓVEIS


Ações e ética do corretor

Como você pode observar, o Código de Ética do corretor não corresponde apenas a um conteúdo pro forma,
isto é, como um material que só é elaborado com propósitos estéticos ou para cumprir um protocolo: trata-se,
com efeito, de uma resolução assumida por um órgão representativo (o COFECI) e suas instituições coligadas
(Conselhos Regionais) para regulamentar as atividades do corretor de imóveis no ambiente de mercado
(CORDEIRO FILHO, 2009).

Figura 1 | Preceitos do Código de Ética do Corretor


Fonte: elaborada pelo autor.

No artigo quarto deste Código, há dez ações que devem ser tomadas pelo corretor nas suas atividades
cotidianas, como parte de um comportamento a ser observado sob os preceitos éticos da profissão. Observe
algumas dessas ações, como se segue:

Art. 4º – Cumpre ao Corretor de Imóveis, em relação aos clientes:

I – inteirar-se de todas as circunstâncias do negócio, antes de oferecê-lo;

II – apresentar ao oferecer um negócio, dados rigorosamente certos, nunca omitindo


detalhes que o depreciem, informando o cliente dos riscos e demais circunstâncias que
possam comprometer o negócio;

III – recusar a transação que saiba ilegal, injusta ou imoral;

IV – comunicar, imediatamente, ao cliente o recebimento de valores ou documentos a


ele destinados;

V – prestar ao cliente, quando este as solicite ou logo que concluído o negócio, contas
pormenorizadas

— (COFECI, 1992, p. 2)

Aspectos financeiros e contábeis e a ética profissional

Os dispositivos do artigo quarto do Código de Ética do corretor enfatizam não apenas o trato humano, isto é, o
conjunto de preceitos e ações éticas que devem ser assumidas no relacionamento entre esse profissional e
outros agentes inseridos em seu segmento de mercado. Efetivamente, as rotinas do corretor envolvem o uso de
recursos financeiros de seus clientes, além de uma série de informações sensíveis (renda e patrimônio) que
devem ser geridas sob sigilo, de acordo com os dispositivos legais vigentes, sobretudo a Lei Geral de Proteção
de Dados (LGPD).

Assim, o Código de Ética também apresenta algumas obrigações a serem assumidas pelo corretor em relação a
estes ativos:
VI – zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica do negócio, reservando
ao cliente a decisão do que lhe interessar pessoalmente;

VII – restituir ao cliente os papéis de que não mais necessite;

VIII – dar recibo das quantias que o cliente pague ou entregue a qualquer título;

IX – contratar por escrito e previamente, a prestação dos seus serviços profissionais;

X – receber, somente de uma única parte, comissões ou compensações pelo mesmo


serviço prestado, salvo se, para proceder de modo diverso, tiver havido consentimento
de todos os interessados, ou for praxe usual na jurisdição.

— (COFECI, 1992, p. 2)

Desse modo, o Código de Ética torna-se um instrumento regulador, sob competência de órgãos de
representação que viabilizam autonomia de ação aos profissionais corretores, porém dentro de limites éticos
estritamente determinados que geram deveres e obrigações a serem obedecidos em diferentes circunstâncias
práticas, de acordo com o conteúdo a ser destacado no próximo bloco. 

 SITUAÇÕES PRÁTICAS QUE ENVOLVAM DEVERES E OBRIGAÇÕES


O Código de Ética no cotidiano do corretor

Os dispositivos do Código de Ética profissional do corretor são desenvolvidos com um propósito bastante
objetivo: orientar posturas que devem ser assumidas no dia a dia desse profissional, em diferentes
modalidades de transação que envolvem, como destacado anteriormente, o uso de ativos financeiros e
informações sensíveis de diferentes agentes.

Logo, é imprescindível considerar uma série de contextos nos quais esse posicionamento ético torna-se uma
condição sine qua non, ou seja, uma condição a ser seguida independentemente das circunstâncias. A
transgressão aos preceitos éticos, em geral, conceitua uma falta ou omissão importante que pode gerar
consequências e sanções relevantes à ação desse profissional.

Código de ética em uma situação objetiva: a locação

Por exemplo, ao elaborar um contrato de locação de um imóvel residencial, é comum solicitar a apresentação
de um fiador. Nesse caso, o agente deverá apresentar documentos que comprovem um montante de renda
compatível com as exigências da fiança, e uma estrutura patrimonial compatível com eventuais multas,
encargos e penhoras em caso de inadimplência.

Nessas circunstâncias, os preceitos do Código de Ética se fazem evidentes: o inciso quarto do Artigo quarto
menciona que “O corretor deve comunicar, imediatamente, ao cliente o recebimento de valores ou documentos
a ele destinados” (COFECI, 1992, p. 2). Assim, o proprietário do imóvel (locador) deverá ter ciência da
apresentação de tais garantias, seu montante e condições de cobrança, caso o locatário se torne inadimplente
por quaisquer motivações.

Da mesma forma, o corretor deve zelar pela indicação segura e eficiente de negócios a serem realizados com
esse mesmo agente locador: ao definir, no inciso sexto, que cabe ao corretor “zelar pela sua competência
exclusiva na orientação técnica do negócio, reservando ao cliente a decisão do que lhe interessar pessoalmente”
(COFECI, 1992, p. 2), tem-se que ele deve respeitar a decisão do cliente/locador em relação aos aspectos que ele
considerar mais relevantes (valor de aluguel, duração de contrato etc.). Assim, um comportamento agressivo,
que procure persuadir o cliente a fechar um negócio ou assumir um determinado preço para seu ativo, constitui
uma transgressão aos limites deste inciso, caracterizando falta de ética profissional (COFECI, 1992).

Ética e as operações de compra e venda


As transações de compra e venda caracterizam ainda mais objetivamente a presença de ativos financeiros que
demandam particularmente uma relação de confiança entre o corretor e os clientes. A presença do corretor não


ocorre apenas para intermediar uma negociação, mas para garantir o seu êxito mediante o exame da
documentação necessária e a conciliação das partes interessadas (CORDEIRO FILHO, 2009).

Dessa forma, mais do que avaliar apenas a incidência de valores de corretagem a serem recebidos, cabe ao
profissional corretor indicar as eventuais lacunas e/ou pontos a serem devidamente esclarecidos na transação,
evitando contratempos importantes com o poder público (Estado e prefeituras, autarquias, serviços de
fornecimento etc.), cartórios e outras instituições reguladoras.

Da mesma maneira, é imprescindível que o corretor observe se o negócio a ser celebrado atende
suficientemente aos requisitos patrimoniais e à legislação vigente, evitando, por exemplo, a aquisição de
terrenos irregulares e/ou condomínios ilegais, ou uma negociação extremamente difícil e morosa em relação a
imóveis sob inventário que eventualmente careçam de divisão entre diferentes herdeiros. Essas situações são
comuns à agenda do profissional corretor, e devem ser manobradas com atenção estratégica aos preceitos e
requisitos técnicos da profissão (COLTRO, 2011).

VIDEOAULA
Neste vídeo, você poderá obter maiores informações a respeito da relação entre o Código de Ética do corretor e
o cotidiano de sua profissão. Assim, serão ressaltadas outras situações objetivas, que evidenciam a importância
da ética, destacando, em particular, o conceito de “Triângulo da Fraude”, que complementa as reflexões desta
aula em relação às normas que devem ser obedecidas em prol de uma transparência efetiva no ambiente de
mercado.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
O vídeo ‘Combate à corrupção – Triângulo da fraude’, do canal do Tribunal de Contas da União (TCU),
apresenta objetivamente as características principais para a formação de comportamentos ilícitos e
eticamente impróprios em um ambiente de mercado.

2 – COMBATE à corrupção – Triângulo da fraude. [S. l.], [s. d.]. 1 vídeo (30 s). Publicado pelo canal Tribunal
de Contas da União. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V1Vsjbs-bJc. Acesso em: 31 mar.
2022.

Aula 3

PROIBIÇÕES APLICADAS AO CORRETOR COM BASE NO


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL
Você poderá conhecer um pouco mais a respeito das atividades que são costumeiramente
proibidas ao profissional corretor, a partir dos pressupostos do Código de Ética Profissional.

30 minutos

INTRODUÇÃO
Neste momento, você poderá conhecer um pouco mais a respeito das atividades que são costumeiramente
proibidas ao profissional corretor, a partir dos pressupostos do Código de Ética Profissional. Essas proibições,
como você poderá observar, orientam o comportamento do corretor em seu ambiente de atuação, devendo ser
compreendidas não apenas a partir de sua dimensão objetiva, isto é, acerca do que não pode ser feito. Na
verdade, é importante que você perceba que esses dispositivos demonstram categoricamente o que o
profissional deve fazer para que não incorra em abusos à sua atuação, com o risco de aplicação das


consequentes penalidades ao seu exercício profissional.

ÉTICA, PROIBIÇÕES E PENALIDADES


Conceitos gerais

Ao observar os dispositivos do Código de Ética do Corretor de Imóveis, de acordo com a Resolução 326 do
COFECI, de junho de 1992, é possível verificar a existência de uma série de parágrafos que apresentam,
objetivamente, as posturas que devem ser assumidas pelo profissional corretor, e as ações que devem ser
evitadas para que ele não incorra em penalidades específicas (COFECI, 1992).

A partir dessa contextualização, há uma série de artigos bastante descritivos para apresentar essas posturas e
ações, paralelamente a outros artigos bastante sintéticos, que destacam pontualmente uma penalidade ou
consequência direta de alguma infringência aos dispositivos desse código. Nesta aula, você terá acesso, de um
modo mais direto, aos elementos dispostos nos artigos 5º e 6º do Código de Ética, a fim de compreender de que
modo uma ação que transgrida os limites da ação ética do corretor pode ser punida, em diferentes
circunstâncias e situações que remetem à realidade de mercado.

Artigo 5º e a responsabilidade do corretor

O artigo quinto do Código de Ética apresenta, de uma forma sucinta, o seguinte texto:

“O corretor de imóveis responde civil e penalmente por atos profissionais danosos ao


cliente, a que tenha dado causa por imperícia, imprudência, negligência ou infrações
éticas”
— (COFECI, 1992, p. 2).

Neste artigo, você pode verificar a importância do corretor não apenas como um profissional associado a
transações comuns ao regime de mercado, mas como uma pessoa pública, a qual deve zelar pela sua reputação
e, consequentemente, de toda a classe, ao assumir a responsabilidade cível e criminal pelos atos praticados no
interesse da profissão e a partir das necessidades do cliente (BONADIO, 2000).

Proibições ao corretor de imóveis

No artigo sexto do Código de Ética do corretor, são elencadas diferentes ações que consistem, na verdade, em
proibições objetivas a posturas e procedimentos lesivos aos clientes e à sociedade. Assim, ao apresentar a
expressão “É vedado ao corretor” (COFECI, 1992, p. 2), é preciso perceber que o artigo não traz apenas as
ações que devem ser evitadas, mas sim, o comportamento que se espera que o profissional mantenha no
mercado, como agente responsável por intermediar ações e contratos que envolvem outros agentes, físicos e
jurídicos.

Essa nuance revela, portanto, um aspecto de governança fundamental para reger um mercado altamente
dinâmico no qual atua o profissional corretor: a governança implica o desenvolvimento de protocolos e normas
que definem o que o agente deve fazer, paralelamente ao que ele não deveria fazer, para que não incorra em
sanções e penalidades específicas (BONADIO, 2000)

Instâncias de responsabilidade do profissional corretor

COMPORTAMENTO 

• Ações em um ambiente de mercado

• Interesses próprios
ÉTICA 

• Conceitos a serem seguidos


• Ações a serem evitadas

RESPONSABILIDADE 

• Civil

• Criminal

• Sanções específicas

Fonte: elaborada pelo autor.

Evidentemente, o profissional tem liberdade de ação para agir conforme o seu interesse, contudo, esse
interesse é subordinado a uma ética profissional que define limites e responsabilidades. No próximo bloco, será
realizada uma interpretação mais abrangente dessas instâncias de responsabilidade e suas características.

CÓDIGO DE ÉTICA E PROIBIÇÕES NA ATUAÇÃO DO CORRETOR


A responsabilidade na ação do profissional corretor

Para discutir a importância da responsabilidade como efeito direto da ação ética do corretor em seu ambiente
de trabalho, é necessário resgatar os dispositivos do artigo quinto do Código de Ética, discutindo-os mais
detalhadamente a fim de obter um referencial de posicionamentos e ações que geram efeitos potencialmente
deletérios (negativos) aos clientes, comprometendo o segmento como um todo, a partir da transgressão às
normas éticas relevantes (COLTRO, 2011).

Observe o conteúdo apresentado no artigo quinto, para realizar uma breve síntese interpretativa:

“O corretor de imóveis responde civil e penalmente por atos profissionais danosos ao


cliente, a que tenha dado causa por imperícia, imprudência, negligência ou infrações
éticas”
—  (COFECI, 1992, p. 2).

A responsabilidade civil e penal (criminal) se coloca, portanto, no momento que o corretor transgride os
pressupostos éticos da profissão paralelamente ao marco legal que está em vigência no país (BONADIO, 2000).

Atos danosos e seus aspectos gerais

Assim, é importante observar as características dessas categorias mencionadas no artigo quinto, quais sejam
(MP-PR, 2011):

• Imperícia: resulta da falta de experiência e desqualificação para a atuação profissional, levando a prejuízos
decorrentes dessa ignorância de protocolos a serem obedecidos.

• Imprudência: caracteriza uma situação na qual o agente atuou de forma precipitada e/ou arrojada, sem
tomar as cautelas necessárias para o desempenho de seu trabalho. Neste caso, os resultados podem ser
corretos, embora haja um descuido importante em relação a outros aspectos da ação profissional.

• Negligência: reflete uma postura de desatenção ou eventual indiferença; isto é, a ação adotada é diferente
e/ou insuficiente em relação às condutas que seriam esperadas desse profissional.

Aspectos de atos danosos ao cliente


IMPERÍCIA 

• Incúria e desqualificação

• Prejuízos por ignorância

IMPRUDÊNCIA 

• Ação precipitada, intempestiva

• Descuido de protocolos

NEGLIGÊNCIA 

• Indiferença aos protocolos

• Condutas insuficientes

Fonte: elaborada pelo autor.

Logo, é sempre conveniente recordar que nenhuma das causas apresentadas, como a imperícia, imprudência
ou negligência, pode ser categorizada como resultante da falta de conhecimento: o profissional não pode alegar
desconhecimento da lei ao ser penalizado por alguma ação realizada fora dos limites de sua atuação (BONADIO,
2011)

Proibições e limites ao corretor no artigo sexto

Há vinte dispositivos, no artigo sexto do código de ética, que regulamentam a ação do corretor no cotidiano de
suas atribuições, na forma de proibições ou ações que não devem ser realizadas, balizando os limites da ação
profissional (COFECI, 1992).

É possível interpretar esses dispositivos a partir de algumas finalidades gerais, quais sejam:

• Coibir a ação pautada pela negligência, imperícia ou fraude.

• Vedar a possibilidade de ganhos extraordinários que se verifiquem mediante prejuízo do cliente.

• Limitar a concorrência desleal.

• Evitar ações que revelem corrupção ativa/passiva e outras vantagens pessoais por parte do profissional.

• Coibir ações que gerem reserva de mercado.

Esse conjunto de objetivos define, de um modo abrangente, as proibições que são apresentadas no artigo sexto
do Código de Ética. Cabe, no entanto, discuti-las a partir de situações práticas que remetem ao cotidiano do
profissional corretor; tal abordagem será realizada no próximo bloco.

SITUAÇÕES PRÁTICAS QUE ENVOLVAM PROIBIÇÕES E PENALIDADES


Artigo quinto e os elementos da responsabilidade

A responsabilidade civil e criminal atinge o profissional corretor de uma forma objetiva ao lesar o cliente nos
seus interesses primordiais. Por exemplo, ao realizar a intermediação do processo de compra de um lote em
uma área de manancial, ou um loteamento clandestino, o corretor estará certamente agindo com imperícia – ao
ignorar as características do negócio – e com negligência, ao não observar requisitos mínimos ao seu trabalho,
como a consulta das matrículas dessa área, a documentação disponível etc.

Assim, ao viabilizar a transação, o corretor estará, na verdade, realizando a facilitação de um ato


administrativamente ilícito, podendo incorrer em prejuízos ao cliente que podem se desdobrar em penalidades
cíveis (processos administrativos, de Conselho de Ética, reparações ao cliente lesado) e mesmo criminais,
caracterizando crime contra o consumidor e/ou prática de estelionato – a ação fraudulenta que induz uma
pessoa ao erro para a obtenção de vantagens ilícitas (COLTRO, 2011).

 Proibições e penalidades do artigo sexto

O Código de Ética apresenta as ações que são vedadas ao corretor, dividindo essas transgressões éticas em
leves e graves. No artigo sexto, há quatorze ações que revelam transgressões graves, e outras seis leves. É
oportuno destacar seus aspectos principais de uma forma aplicada.

As transgressões graves abrangem, por exemplo, os seguintes incisos (COFECI, 1992):

III – Intermediação com preços abusivos, além das margens de mercado e das tabelas de honorários dos CRECIs
(over-price).

VII – Desviar clientes de outro corretor de imóveis, por exemplo, mediante o oferecimento de honorários
menores ou vantagens ilícitas.

IX – Trabalhar de forma cúmplice com pessoas que exercem a atividade de corretagem de maneira ilegal, por
exemplo, ao assinar contratos intermediados por essas pessoas, dando aparência de legitimidade.

XI – Promover transações contrárias aos dispositivos legais, como o caso mencionado da venda em loteamentos
clandestinos, áreas de preservação e locais públicos, entre outras.

XIII – Receber favores por concessões ilícitas, como valores de origem escusa para a assinatura de contratos de
pessoas que atuem clandestinamente na ação de corretagem.

XIX – Obter vantagens pessoais no exercício de função em entidades representativas – como ocorreria, por
exemplo, ao reter informações a respeito de um interesse de compra de terreno pertencente a um Conselho
Regional, a fim de cobrar valores antecipados em nome do cargo diretivo para intermediar a venda.

Outras infrações, ainda que de natureza leve, também fazem parte de ações que são passíveis de punição a
partir do Código de ética, como o inciso XVIII (reter negócio quando não há possibilidade de realizá-lo, criando
uma reserva de mercado), ou os incisos XV e XVI, que falam da concorrência desleal ao aceitar incumbências de
transação anteriormente atribuída a outro profissional, sem dar-lhe o devido conhecimento (COFECI, 1992).

Figura 1 | Mapa mental relativo às infrações do Artigo sexto

Fonte: elaborada pelo autor.

Você pode avaliar, portanto, que o Código de Ética apresenta um encadeamento importante de informações: há
uma série de fatores que induzem ao erro e são passíveis de responsabilidade (Artigo quinto), e um conjunto de
ações que se desdobram desses fatores, no artigo sexto. Cabe, assim, observar esses preceitos para evitar que
o profissional incorra em prejuízos que afetam não apenas a sua reputação e as suas finanças, mas a
credibilidade de toda a classe.
VIDEOAULA
Neste vídeo, você aprofundará seus conhecimentos a respeito das proibições que estão apresentadas no

Código de Ética do Corretor, destacando, mais objetivamente, uma série de situações práticas que caracterizam
quebra de padrões de comportamento ético que repercutem diretamente na relação do profissional, com
outros agentes em seu segmento de mercado.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
No vídeo “Código de Ética Profissional”, que corresponde ao episódio 39 da série “Mala Direta” do canal
do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Rio de Janeiro (CRECI-RIO), você poderá acompanhar as
abordagens do Sr. Carlos Samuel de Freitas (especialista em transações imobiliárias) a respeito da temática
apresentada nesta aula.

Será possível verificar, com os conceitos apresentados pelo especialista, que as ações geradoras de ganhos
injustificados podem incorrer não apenas em sanções do ponto de vista ético, mas em desdobramentos
jurídicos relevantes, caracterizando, inclusive, a prática de estelionato, com as suas consequentes
penalidades legais.

MALA Direta 39 – Código de Ética Profissional. [S. l.], 7. abr. 2016. Publicado pelo canal TV CRECI RIO.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XTFWyVlEfZ0. Acesso em: 27 abr. 2022.

Aula 4

PENALIDADES APLICADAS AO CORRETOR COM BASE NO


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL
Avaliando as penalidades previstas no Código para as transgressões e infrações que se
constituem pelas falhas (intencionais ou não) à ação do corretor no mercado e em relação aos
seus clientes.

28 minutos

INTRODUÇÃO
Nesta aula, você conhecerá um pouco mais a respeito dos elementos contidos no Código de Ética do Corretor,
avaliando as penalidades previstas no Código para as transgressões e infrações que se constituem pelas falhas
(intencionais ou não) à ação do corretor no mercado e em relação aos seus clientes. 

Essas penalidades são destacadas nos artigos 7º ao 10º do referido Código, que destacam a sua importância
como instrumento de controle operacional e supervisão das ações dos profissionais corretores em relação às
transações imobiliárias. Dessa forma, você poderá observar que esse Código se integra a outros dispositivos
legais na aplicação de penalidades e sanções aos profissionais, de modo a disciplinar suas ações e corrigir erros
que podem abalar a credibilidade do setor.

INFRAÇÕES E PENALIDADES
Conceitos gerais

Ao longo desta unidade, você pôde observar como a legislação em vigor trata as infrações éticas que
eventualmente podem ser cometidas pelo corretor de imóveis no exercício de sua profissão e de suas
atribuições. Essas infrações constituem-se, na verdade, ações lesivas aos clientes, ao mercado e à credibilidade
da classe, ao gerar prejuízos, de forma dolosa ou culposa, ao cliente e aos demais agentes interessados no
desenvolvimento e consecução efetiva e segura das transações imobiliárias (COLTRO, 2011).

 Assim, é fundamental observar de que modo essas infrações são penalizadas pelo Código de Ética e demais
dispositivos legais que regem o mesmo assunto. Vale dizer que a infração cometida pelo corretor pode ser
objeto de sanções administrativas e processos na área cível e criminal, com penas que variam de multas até a
reclusão. É fundamental perceber a importância do Código de Ética não apenas como um aparato que
apresenta o que se deve ou não se pode fazer, mas também como um instrumento que regulamenta as
competências e atividades do corretor, e determina níveis de gravidade para diferentes ações e infrações
(BONADIO, 2000).

Cabe, portanto, observar de que modo essas penalidades são julgadas e aplicadas a partir de um procedimento
juridicamente estabelecido.

Definição de competências

O artigo sétimo do Código de Ética destaca objetivamente a competência dos Conselhos Regionais (CRECIs) na
apuração das denúncias de infrações realizadas pelos profissionais corretores no decorrer de sua atuação. No
texto apresentado no Código, você pode observar o seguinte dispositivo:

“Art. 7º: Compete ao CRECI, em cuja jurisdição se encontrar inscrito o Corretor de Imóveis, a apuração das faltas
que cometer contra este Código, e a aplicação das penalidades previstas na legislação em vigor” (COFECI, 1992,
p. 3).

Logo, é possível perceber a relevância dos CRECIs como órgãos regulamentadores: eles normatizam as rotinas
da profissão e acompanham o trabalho dos profissionais, de modo a aplicar as punições (penalidades) previstas
em lei, as quais seguem os limites de atuação do CRECI, desde a advertência verbal até o cancelamento da
inscrição do profissional no Conselho competente, de acordo com o Decreto nº 81.871, de 29 de junho de 1978
(BONADIO, 2000).

A dimensão do federalismo no Código de Ética

Observando um pouco mais a dinâmica do relacionamento entre os CRECIs (que investigam, analisam e julgam)
e o COFECI (que regulamenta a profissão a partir da promulgação do Código de Ética), você pode verificar que
ocorre um relacionamento de natureza federativa entre essas entidades: como órgão superior, o COFECI acolhe
recursos em relação a processos julgados nos CRECIs e avalia a implementação de dispositivos complementares
à legislação em vigor, com o Código analisado nesta unidade. Assim, o COFECI implica aos CRECIs a observância
desses preceitos, conforme destacado no artigo nono: “As regras de Código obrigam aos profissionais inscritos
nos Conselhos Regionais” (COFECI, 1992, p. 3). Essa dinâmica relacionada à relação entre CRECIs e o COFECI será
mais bem estruturada no próximo bloco.

INFRAÇÕES ÉTICAS E SUA PENALIDADE


A responsabilidade dos Conselhos Regionais

A existência de um Conselho Regional como o CRECI não se estabelece apenas como uma forma de
regionalização de decisões ou descentralização de autoridade: a existência desses órgãos presta-se, na verdade,
a disciplinar e fiscalizar as atribuições relativas à atividade do corretor, com personalidade jurídica própria e
autonomia administrativa (BRASIL, 1978).

Desse modo, os CRECIs se integram ao COFECI por meio de diferentes dispositivos, de natureza administrativa
(o Conselho Federal é composto por dois representantes de cada Conselho Regional), e por meio dos Conselhos
que são internos ao COFECI, como o seu Conselho Fiscal.

A Lei nº 6.530 (BRASIL, 1978, [s. p.]) destaca, ainda, a competência do Conselho Federal em relação ao
comportamento profissional dos membros associados aos Conselhos Regionais; os incisos V e VII do Artigo 16
enfatiza:
Compete ao Conselho Federal: 


V – Baixar normas de ética profissional;

VII – Fixar as multas, anuidades e emolumentos devidos aos Conselhos Regionais

Infrações disciplinares e suas penalidades

No contexto da legislação brasileira e dos dispositivos subsidiários que regulamentam a atividade do corretor,
pode-se verificar que as infrações disciplinares, previstas no Código de Ética com penalidades competentes
conforme a legislação em vigor, são apresentadas objetivamente no Decreto nº 81.871 (BRASIL, 1978ª, [s. p.]). O
artigo 39º destaca o seguinte conteúdo:

Art. 39. As sanções disciplinares consistem em:

I - advertência verbal;

II - censura;

III - multa;

IV - suspensão da inscrição, até 90 (noventa) dias;

V - cancelamento da inscrição, com apreensão da carteira profissional.

Você pode perceber que as penalidades vão se acumulando em função de sua gravidade, de modo que o
Conselho deve se orientar com os fatos e circunstâncias relativos a cada caso/infração, a fim de verificar, de
acordo com o Código de Ética, se a referida infração é leve ou grave. Da mesma forma, uma reincidência na falta
implica a agravação da penalidade, com acúmulo da sanção e/ou aumento de encargos (no caso de multa).

Figura 1 | Penalidades previstas para a atuação do corretor

Fonte: elaborada pelo autor.

O parágrafo 5º do Artigo 39º do Decreto nº 81.871 determina que as penas de advertência verbal, censura e
multa devem ser comunicadas sigilosamente, por ofício reservado, e não constam nos registros do profissional
que recebeu a penalidade, a não ser que se trate de ação reincidente. A essas penalidades, inclusive cabe
recurso a ser encaminhado ao Conselho Federal, com efeitos suspensivos sobre a sanção aplicada (BRASIL,
1978a).

A responsabilidade do corretor é um fator-chave na definição de sanções e penalidades: se a responsabilidade é


objetiva, não há necessidade de comprovar a culpa do profissional e sua participação na infração cometida.
Essa comprovação, por sua vez, é necessária se a responsabilidade atribuída é subjetiva, devendo-se sempre
reparar os danos causados pela transgressão cometida (COLTRO, 2011).

SITUAÇÕES PRÁTICAS QUE ENVOLVAM TRANSGRESSÕES ÉTICAS


Responsabilidades e aplicações do Código de Ética

O artigo nono do Código de Ética do corretor destaca: As regras deste Código obrigam aos profissionais inscritos
nos Conselhos Regionais. O artigo décimo, por sua vez, observa que:
 “As diretorias dos Conselhos Federal e Regionais promoverão a ampla divulgação deste
Código de Ética” 

— (COFECI, 1992, p. 3)

A coordenadoria de Ética e Disciplina (COEDI) fica encarregada da tramitação dos processos disciplinares que
constituem a finalidade básica do Comitê de Ética. Está sob responsabilidade da COEDI, portanto, a condução
das seguintes fases que constituem o processo (BONADIO, 2000):

1.  Protocolo de denúncia.

2.  Lavratura do auto de infração.

3.  Admissibilidade do processo.

4.  Autuação do(s) envolvido(s).

5.  Instrução e Julgamento.

6.  Fase recursal (para instância superior).

Figura 2 | Etapas processuais no âmbito da COEDI

Fonte: elaborada pelo autor.

Ou seja, a esses conselhos não cabe apenas a função de “vigiar e punir” conforme os seus objetivos, mas, ainda,
devem esses Conselhos empenhar-se na observância dos elementos contidos no Código de Ética, dando-lhes
visibilidade contínua e fazendo-os valer por meio de denúncias que podem ser encaminhadas a fim de gerar
processos relativos a esses autos de infração (BONADIO, 2000).

Situações práticas e suas penalidades

Tendo observado as etapas processuais que constituem o rito de análise e julgamento de uma infração ética, é
importante observar de que modo as eventuais penalidades se estabelecem, verificando ainda suas
repercussões em relação às atividades do profissional corretor.

As faltas apresentadas no Conselho de Ética dividem-se em leves e graves. As faltas graves comportam
penalidades mais importantes, como suspensões e cassação do registro profissional; as faltas leves, por sua vez,
são penalizadas com advertências, censuras e/ou multas.

Por exemplo, se uma denúncia foi recebida pelo CRECI e encaminhada à Coordenadoria competente, caberá a
esse órgão intimar o corretor para prestar os esclarecimentos necessários e sujeitar-se às ações de fiscalização.
Essa intimação deve ser respondida diligentemente pelo profissional, sob pena de incorrer no Inciso VIII do art.
6º Código de Ética, que determina como uma transgressão grave o ato de “deixar de atender às notificações
para esclarecimento à fiscalização ou intimações para instrução de processos” (COFECI, 1992, p. 3).
Trata-se de uma falta que expõe o órgão de classe a uma situação comprometedora, à medida que configura
negligência e desprezo do profissional em sanear as dúvidas levantadas contra a sua atuação e, no limite, à sua


própria idoneidade. Assim, essa transgressão ética é definida como de maior gravidade.

Outra situação envolve a negligência do profissional em relação à possibilidade de deixar de cumprir uma
determinação emanada do seu órgão de classe dentro de um prazo estabelecido – por exemplo, o
descumprimento de uma instrução normativa ou ordem igualmente competente. Essa transgressão é
considerada leve, e pode ser penalizada sem prejuízo aos registros profissionais, com exceção do momento em
que o corretor incorre em reincidência, como destacado anteriormente.

VIDEOAULA
Neste vídeo, serão destacados alguns contextos e situações aplicadas ao Código de Ética, destacando alguns
julgamentos do órgão competente – o Tribunal de Ética do CRECI – que podem auxiliá-lo a compreender de que
modo os Conselhos Regionais atuam em relação às denúncias e constatações de infrações cometidas por
corretores em suas atividades de mercado.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
No canal da TV CRECI, pertencente ao Conselho Regional dos Corretores de Imóveis – São Paulo (CRECI-SP),
você poderá acompanhar os vídeos da série “CRECI esclarece”, observando particularmente os vídeos nº 23
e 24. Nesses vídeos é realizada uma análise aplicada e abrangente dos dispositivos relacionados aos
artigos 7º e 8º do Código de Ética, explicitando suas características e aplicações no contexto do mercado
imobiliário.

CRECI Esclarece 23 – Código de Ética – Artigo 7º. [S. l.], 2 set. 2011. 1 vídeo (30 m 54 s). Publicado pelo canal
TV CRECI. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PAJzi5tuaqs. Acesso em: 4 maio 2022.

CRECI Esclarece 24 – Código de Ética – Artigo 8º. [S. l.], 2 set. 2011. 1 vídeo (24 m). Publicado pelo canal TV
CRECI. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=e9i1myjNOBg. Acesso em: 4 maio 2022.

REFERÊNCIAS
15 minutos

Aula 1
BRASIL. Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos
Jurídicos. Brasília/DF, 1978. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6530.htm. Acesso em: 25
mar. 2022.

COLTRO, A. C. M. Contrato de Corretagem Imobiliária. Doutrina, jurisprudência e regulamentação legal e


administrativa. São Paulo: Atlas, 2011.

CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS – COFECI. Código de ética. Disponível em:


https://www.cofeci.gov.br/codigo-de-etica. Brasília/DF: COFECI, 1992.

CORDEIRO FILHO, A. Empreendedorismo no Mercado Imobiliário Habitacional. São Paulo: Atlas, 2009.

CORDI, C. et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

PRINCIPAIS pontos do Código de Ética dos corretores de imóveis – Raquel Rogano de Carvalho. [S. l.], 18 nov.
2021. 1 vídeo (55 m 30 s). Publicado pelo canal TV CRECI. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tis-
CjYN854. Acesso em: 24 mar. 2022.
Aula 2
2 – COMBATE à corrupção – Triângulo da fraude. [S. l.], [s. d.]. 1 vídeo (30 s). Publicado pelo canal Tribunal de

Contas da União. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V1Vsjbs-bJc. Acesso em: 31 mar. 2022.

COLTRO, A. C. M. Contrato de Corretagem Imobiliária. Doutrina, jurisprudência e regulamentação legal e


administrativa. São Paulo: Atlas, 2011.

CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS – COFECI. Código de ética. Disponível em:


https://www.cofeci.gov.br/codigo-de-etica. Brasília/DF: COFECI, 1992.

CORDEIRO FILHO, A. Empreendedorismo no Mercado Imobiliário Habitacional. São Paulo: Atlas, 2009.

Aula 3
BONADIO, J. B. Ética e disciplina do corretor de imóveis. [S. l.]: Edição do autor, 2000.

BRASIL. Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos
Jurídicos. Brasília/DF, 1978. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6530.htm. Acesso em: 25
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COLTRO, A. C. M. Contrato de Corretagem Imobiliária. Doutrina, jurisprudência e regulamentação legal e


administrativa. São Paulo: Atlas, 2011.

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https://www.cofeci.gov.br/codigo-de-etica. Brasília/DF: COFECI, 1992.

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MALA Direta 39 – Código de Ética Profissional. [S. l.], 7. abr. 2016. Publicado pelo canal TV CRECI RIO. Disponível
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Direito, 31 maio 2021. Disponível em https://comunicacao.mppr.mp.br/2021/05/21553/Negligencia-
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Aula 4
BONADIO, J. B. Ética e disciplina do corretor de imóveis. [S. l.]: Edição do autor, 2000.

BRASIL. Decreto nº 81.871, de 29 de junho de 1978. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para
Assuntos Jurídicos. Brasília/DF, 1978a. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d81871.htm. Acesso em : 4 maio 2022.

BRASIL. Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos
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