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TESTAMENTO
Natureza
Pode-se afirmar que a ideia de sucessão testamentária surgiu cedo na vida civil, claro que
com aparência bem diversa daquela que visualizada actualmente.
Primitivamente o testamento não era conhecido. O princípio, nas civilizações antigas, era
de que toda propriedade estava ligada ontologicamente à família e, por meio da religião,
não se podia afastar dela. Na própria Roma, antes da Lei das XII Tábuas, a questão
apresentava-se obscura.
A transmissão causa mortis no início por estar fortemente vinculada à religião, juntamente
com as noções de propriedade e de família, caracterizava-se pela passagem dos bens aos
herdeiros por consequência natural, vigorando nesse período somente a sucessão legal.
Assim, pode-se dizer que a sucessão foi primeiro ab intestado, a morte do chefe impunha a
transmissão dos bens, que derivava das crenças e justificava a transmissão ao filho. Herda
ele, então, não pela vontade do pai, mas por imposição dos deuses e dos homens. Sucede
sem a liberdade de se esquivar.
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Com o tempo e com o progresso da civilização romana, a sucessão testamentária tomou
corpo e ganhou importância, tanto na vida civil quanto na vida política.
Evolução Histórica
Em Roma, o testamento foi conhecido muito cedo e assumiu feições de tal importância,
que Cícero o proclamou o mais grave ato da vida do cidadão.
O testamentum calatis comittiis era feito por ocasião dos comícios, duas vezes por ano, em
épocas especiais, sob a presidência do pontífice máximo, ocasião em que, com o povo por
testemunha, cada pai de família podia manifestar sua última vontade. Essa forma era
utilizada para os tempos de paz e caiu em desuso no século II a. C.
Esta aprovação pelas cúrias restringia aos patrícios a sucessão testamentária, uma vez que,
os plebeus não tinham assento nos comitia curiata. A eles, todavia, era admitido testar sob
outra forma, que já traduz um momento novo da evolução testamentária: por um lado,
criou-se o testamento in procinctu, feito perante o exército posto em ordem de combate,
caiu em desuso no século I a. C, e os testamentum per aes et libram, fundado na ideia de
mancipatio, que simbolizava uma espécie de venda, na qual apareciam o familiae venditor
(testador) e o familiae emptor (aceitante da herança), com a interveniência do libripens
(representando o estado), em presença de cinco testemunhas. A cerimônia, complexa e
formal, terminava com uma declaração verbal do testador (nuncapatio), pela qual ratificava
o que se fizera, como ato de sua vontade.
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Entre os testamentos particulares, incluem-se o nuncupativo (à beira da morte), o hológrafo
(particular) e o tripertitum, assim denominado porque decorre da fusão do direito civil
antigo, do direito pretoriano e das constituições imperiais.
Entre os testamentos públicos, temos então o principi oblatum, pelo qual o testador
apresentava ao príncipe seu ato de última vontade, que era confiado ao poder público para
arquivá-lo, e o apud acta conditum, que nada mais era do que a declaração de última
vontade do testador ao juiz ou autoridade municipal, que reduzia a termo. Delineiam-se,
pois, nessa fase, as formas de testamento utilizadas até hoje.
Não foi, entretanto, o testamento romano recebido na forma originária pelas legislações
modernas.
Na Idade Média, inclusive, sua função achava-se praticamente extinta, servindo apenas
para fazer legados pios pro bono et remédio animae. Tornou-se costume deixar sempre
algo para a Igreja. O falecido que disso se olvidava era logo socorrido pelos herdeiros, que
supriam “a falta”. Esse costume, contudo, teve o eficaz resultado de fazer os povos
bárbaros assimilarem a noção de testamento, à qual eram totalmente avessos.
O direito germânico antigo não conheceu o testamento propriamente dito. Não lhe foi
estranha, todavia, uma instituição próxima – a affatomia, da lei sálica – pela qual era
escolhido um amigo por aquele que não tinha herdeiros, para suceder nos seus bens;
entregava-se lhe uma festuca (ramo simbólico ou lança) e a sua restituição ao disponente
representava o fato de vir somente pela morte deste a receber-lhe o património.
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O testamento, por razões que se prendem com complexa conformação deste negócio
jurídico e com as particularidades da sua celebração, pode revestir múltiplas modalidades.
Estas acabam por se projectar na forma que o negócio deve revestir, para ser válido alias, a
respeito da forma do testamento, que o código civil se ocupa dessas modalidades.
Em rigor, e sem por em causa esta conexão estabelecida pelo direito positivo, deve
entender-se que estão aqui presentes duas questões diversas que, por isso, serão tratadas
em momentos distintos. É que a Destrinça das várias modalidades que o testamento pode
revestir, se também se projecta nas formalidades que na sua celebração devem ser
observadas, ultrapassa em muito tal matéria. Essa destrinça interessa diversos factores
relevantes, que são alheio as rezões determinantes da forma do negócio, como sejam as
qualidades inerentes a pessoa do testador e as circunstâncias em que esse se encontra no
momento da feitura do testamento.
Em suma, adequado se torna, nestas matérias, que, em qualquer caso, não deixam de
manter clara ligação, dar primazia as modalidades do testamento.
Transpondo para a matéria agora tratada qualificativo usados pela lei em sede de forma de
testamento é lícito estabelecer uma distinção primária entre as modalidades:
Comuns
Especiais
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Modalidades comuns
A modalidade mais corrente do testamento, na realidade das relações sociais, é o público.
Caracteriza-se este, como decorre do artigo, por ser escrito pelo notário, livros próprios,
muito embora esse funcionário público deva seguir na elaboração do testamento, a vontade
que, no acto, lhe seja manifestada pelo testador.
Admite-se, porém desde há muito tempo que o testamento seja escrito e assinado pelo
testador, ou escrito por outra pessoa a rogo do testador e por este assinado. É o que se
chama testamento cerrado (artigo 2206⁰).
A garantia de autenticidade, que, como é natural, deve acompanhar um acto da relevância
do testamento, impõe, porem, que, para ser valido, o testamento cerrado seja aprovado pelo
notário, segundo o regime que se contem fundamentalmente no código de notariado.
Porem o que mais nos importa e segundo o tema que nos foi atribuído é a modalidade
especial;
Modalidade de Testamentos Especiais
Uma das modalidades do testamento especial é o militar que, por seu turno, pode ainda
revestir duas submodalidades e ser público ou cerrado.
Em qualquer destes dois casos o testamento militar não se caracteriza apenas em função da
qualidade das pessoas que a ela podem recorrer, mas ainda pelas circunstâncias em que
elas se encontram.
Quanto ao primeiro ponto, como resulta o artigo, podem de facto usar desta modalidade
testamentos militares; mas também são admitidos a fazê-lo os civis que se encontram ao
serviço das forças armadas.
Quaisquer destas pessoas só podem, porem fazer testamento militar se ocorrer uma das
seguintes circunstâncias que afectam a possibilidade de recorrer aos meios comuns de
testar:
A) Encontrarem-se em campanha ou aquartelado fora do país
B) Encontrarem-se em campanha ou aquartelado no pais, e, lugar com os quais
estejam interrompidas as comunicações e onde não existam notários.
C) Encontrarem-se prisioneiros do inimigo.
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Testamento marítimo
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(art.2214.⁰). Podem ser autores de tal testamento quaisquer pessoas que se encontrem a
bordo.
Por remissão expressa do art.º. 2215.⁰. O testamento marítimo pode também ser público ou
cerrado, aplicando-se, correspondentemente, as disposições dos art.º. 2211. ⁰ E 2212. ⁰. As
funções nestes preceitos atribuídas ao comandante da unidade militar cabem, no testamento
marítimo, ao comandante do navio ou aquém deva substitui-lo.
Não se tornam, por isso, necessários, quanto este ponto, mais desenvolvimentos.
Já o mesmo se não pode dizer de outras formalidades que acompanham esta modalidade de
testamento.
Por força do art. 2216.⁰. Deve ele ser elaborado em duplicado. Para além disso, dadas as
circunstâncias particulares em que é feito, deve ser registado no diário de navegação e
guardado juntamente com os documentos de bordo.
Testamento Aeronáutico
O testamento abordo de aeronave, como a sua própria designação indica, é o feito por
quaisquer pessoas que se encontrem a bordo de uma aeronave em viagem.
Da remissão genérica contida no art.º 2219.⁰ Resulta que são aplicáveis à feitura desta
modalidade de testamento e quanto à sua conservação e registo as disposições que regem o
testamento marítimo; logo, por via indirecta, também algumas das que regulam o
testamento militar.
Por conta disto, uma vez decorridos dois meses sobre a cessão da causa das circunstâncias
particulares que determinam a sua celebração, os testamentos de qualquer destas
modalidades perdem eficácia.
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Dada a relevância desta limitação, a entidade que intervier em qualquer das referidas
modalidades especiais do testamento deve informar o testador da eficácia temporária do
testamento e consignar o cumprimento deste dever no testamento. A omissão de qualquer
destas formalidades não é, porém causa de invalidade do testamento. Assim dispõe o n. 3
do art.º 2222.⁰
Qualquer pessoa pode fazer testamento a bordo de navio de guerra ou de navio mercante,
em viagem por mar.
O testamento feito a bordo de navio deve obedecer ao preceituado nos artigos 2211.º ou
2212.º, competindo ao comandante do navio a função que neles é atribuída ao comandante
da unidade independente ou força isolada.
(Entrega do testamento)
1. A autoridade consular ou militar lavrará termo de entrega do testamento, logo que esta
lhe seja feita, e fá-lo-á depositar na repartição ou em alguma das repartições notariais do
lugar do domicílio ou da última residência do testador.
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(Testamento feito a bordo de aeronave)
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CONCLUSÃO
Do presente trabalhos o colectivo do grupo n⁰4 chegou na seguinte conclusão;
O Registro deste testamento será feito no livro de bordo, desta forma o comandante fará às
vezes de oficial público, seguindo as formalidades específicas de cada testamento, seja ele
público ou cerrado. Ademais, este testamento somente possuirá eficácia quando realizado
no curso de uma viagem, não se admitindo casos em que o navio esteja atracado em porto
momento este que é possível o desembarque do testador, possibilitando-o testar em forma
ordinária.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lições-de-Direito-Das-Sucessões-3ᵃ/Luís-A.-Carvalho-Fernandes-pags461-467.
http://www.servicos.minjusdh.gov.ao/outros-servicos-ao-cidadao/42/notariado?
page=5
Dicionario-jurídico-5ᵃed./Ana-Prata-págs. 1413-1414.
Código civil angolano arts.2214⁰ até 2219⁰
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