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Mas o carácter contratual das cartas de povoaço tem sido impugnado nos nossos
dias.
Peréz-Prendes contesta, implicitamente, a natureza contratual delas, ao escrever que
«são comparáveis com as leges dictae romanas».
Deve-se reconhecer que, em geral, a carta de povoaço constitui acto unilateral
ou outorgado unilateralmente e apenas, raramente, assume, à partida, carácter
de pacto; deve-se reconhecer, igualmente, que a carta de povoação contém regras
para o futuro; e, por último, é de reconhecer que as cartas de povoaço entram no
domínio da disciplina senhorial.
Porém, tudo isso não obsta à sua natureza contratual e assim que se possa falar
de uma relação pactuada (Martim de Albuquerque e Ruy de Albuquerque).
As cartas de povoaço assumem a natureza de contratos de adesão e,
simultaneamente, de contratos normativos.
Não se trata de um critério exacto, pois, realmente, certos municípios existiam antes
das cartas de foral e, algumas vezes, foram outorgadas a localidades que nunca
chegaram a ter existência jurídica como municípios.
As várias normas que integram os forais têm, ou podem ter, origens muito
heterogéneas: nas cartas de povoação e outras cartas de privilégio, nos costumes e
no direito judicial, nos foros de outras localidades, no direito comum, no direito
prudencial
Outra classificaço dada aos forais é pelo respectivo molde ou matriz. Este critério
toma em linha de conta a circunstância de existirem famílias de forais, resultantes
de alguns terem servido de padrão ou tipo. Os outorgantes, muitas vezes por
simplicidade, pela força de condicionalismos de v ria ordem (política, social,
económica ), por deliberada intenço unificativa, limitavam-se a dar a uma terra o
foral de outra. Desta forma, são frequentes os forais tipo Santarém, Salamanca e
Évora.
Com efeito, para compensar a escassez das leis régias, são abundantes nessa
época as fontes de direito local. Durante os primeiros reinados, sobretudo,
concederam-se muitos forais e cartas de povoaço.
Também surgiram mais tarde do que os forais, pois foi a partir do século XII
e principalmente durante os séculos XIII e XIV que se produziu esse grande
movimento de redução a escrito do direito consuetudinário local.
Mas se a compilação dos estatutos apenas se verifica nessa época (sec. XIII e
XIV), neles se registaram normas muito anteriores. Afloram nos foros
municipais reminiscências e prolongamentos dos antigos ordenamentos que se
sucederam ou sobrepuseram na Península e, em particular, no território português:
de direito romano, de direito germ nico, de direito mu ulmano