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Introdução
Os conceitos de ética, de moral e de Direito relacionam-se intimamente, e marcam presença
em nosso dia a dia. Mais que isso, muitas vezes criam e resolvem problemas que nos passam
desapercebidos. E o fazem simplesmente porque podem e porque deixamos, pois são noções
que acontecem, que passam por nós, exatamente enquanto estamos envolvidos com “coisas
urgentes e importantes”. Como assim?
Nesta aula, veremos algumas concepções a respeito da ética e da moral, acrescentando sua
relação com a ideia de Direito. Buscaremos identificar os papéis da ética, da moral e do Direito na
sociedade de modo geral, como forma de alcançar seus objetivos de aprendizagem.
Objetivos de Aprendizagem
Ao final deste conteúdo, você será capaz de:
Bons estudos!
1.1 Ética
Como você já deve saber, a noção de ética varia com a forma pela qual o pensador vê o
mundo. Entretanto, podemos observar que alguns elementos parecem estar sempre presentes
quando se fala em ética.
É o caso da palavra reflexão e dos questionamentos quanto às formas e os meios de apro-
ximar o homem do bem e afastá-lo do mal. Por isso, concluímos que reflexão é uma espécie
de palavra-chave quando se fala de ética, assim como: justiça; virtude; esforço; e vontade para
discernir o que é bom do que é mau.
EXEMPLO
Podemos definir a ética, então, como as reflexões filosóficas ou científicas em torno de temas
considerados importantes para transformar o ser humano na melhor versão de si e para com o próximo.
FIQUE ATENTO!
Quando afirmamos que reflexão é uma palavra-chave associada à ideia de ética, você deve
se lembrar igualmente de alguns sinônimos, como meditar, refletir, estudar, pensar etc.
Ao se concentrarem intensivamente no dilema entre o bem e o mal, entre o que é bom e o que
mau, os estudos da ética contribuem para a melhoria das sociedades humanas. Fazem isso na medida
em que, com base em meditações éticas, o ser humano desenvolve uma série de valores positivos que
passa a utilizar para nortear sua vida e seus relacionamentos interpessoais, profissionais e sociais.
SAIBA MAIS!
O livro Pensar o Ambiente: bases filosóficas para a Educação Ambiental, rico
em informações de cunho ético e moral, é o 26° volume da Coleção Educação
para Todos, lançada pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Está disponível
integralmente para download no portal MEC, através do link: <http://portal.mec.gov.
br/dmdocuments/publicacao4.pdf>.
Nesse sentido, incluem-se entre os interesses de cunho ético a preocupação quanto ao poten-
cial contemporâneo das ações humanas para destruírem tanto a natureza quanto a própria raça
humana, a intervenção tecnológica sobre a natureza, muitas vezes com prejuízo à vida, a busca
desequilibrada por lucros econômicos. Também podemos citar as formas de evitar e controlar a
violência e a agressividade, a corrupção das instituições públicas e privadas etc.
Vamos agora conceituar moral!
1.2 Moral
Assim como no caso da ética, existem variações quanto à noção de moral. Podemos dizer
que há, também, certa confusão entre os conceitos de ética e de moral, além de autores que os
consideram sinônimos, inclusive alguns dicionários (LA TAILE, 2010).
Entretanto, a ideia de moral tem sido aceita como uma espécie de código de valores, conjunto de
normas, não necessariamente escritas, que regulamentam o comportamento do homem em sociedade.
A moral, portanto, está associada ao que é certo ou errado, justo ou não, reprovável ou não, em
termos de consciência humana, de costumes, de regras sociais. Passaremos, agora, à noção de Direito.
1.3 Direito
No sentido subjetivo, afirmamos que direito é a faculdade de exigir, realizar, possuir ou fazer
algo que esteja de acordo com a lei. Já no sentido objetivo, o Direito é o conjunto de leis que dirige
o homem, indicando o que ele pode e deve fazer, ou não (SANTOS, 1959).
Figura 3 – O Direito.
Fonte: Mariusz Szczygiel/Shutterstock.com
Diferentemente das leis morais, as leis e normas jurídicas são, por regra, escritas,
registradas por meio dos agentes públicos que detém autoridade para criá-las.
Sobre a relação entre ética, moral e Direito podemos elencar semelhanças e diferenças.
Moral e Direito se assemelham pois, diferentemente da ética, ambas se baseiam na coerção
das normas. Por outro lado, moral e Direito também se diferenciam na medida em que as leis
do Direito são limitadas territorialmente pelo Estado, a cujo poder estão vinculadas, enquanto
que as regras morais são pessoais e sociais, grafadas na consciência, como se costuma dizer
popularmente, sem fronteiras geográficas.
A ética, por sua vez, não diz respeito a leis, regras ou normas. A noção de ética está relacio-
nada ao estudo, à reflexão em torno do que é bom e do que é mau, e representa uma busca volun-
tária, uma virtude, uma vontade e esforço pela melhoria do ser humano.
Veremos agora o papel que cada um desses conceitos desempenha!
2 Os papéis de cada um
O papel da moral na sociedade se evidencia na exigência de valores morais para mediar as
relações sociais. Honestidade, solidariedade, decência, respeito mútuo, entre outros, são aspira-
ções morais contínuas da coletividades na qual estamos imersos.
O Direito fala por si só. Confiamos nos operadores do Direito (juízes, advogados, promotores,
delegados), porém a sociedade, não raras vezes, ressente-se com os legisladores pela criação de
leis que parecem muito mais defender interesses privados do que públicos.
FIQUE ATENTO!
Quando nos referimos ao Direito, envolvemos obrigatoriamente estruturas do Po-
der Legislativo (que cria as leis), do Poder Executivo (que cobra o cumprimento
das normas jurídicas) e do Poder Judiciário (que julga as desavenças em torno do
cumprimento dessas regras).
O papel da ética, portanto, está em contribuir com suas reflexões, isoladamente ou em con-
junto com a moral e o Direito. Os estudos éticos devem ser aproveitados na elaboração de leis e
códigos com maior capacidade de sanear as ações tanto do homem comum, quanto daqueles
operadores do Direito e agentes políticos que tomam decisões pela sociedade.
Figura 4 – Valores para um mundo melhor.
Fonte: maxstockphoto/Shutterstock.com
EXEMPLO
A redução da maioridade penal tem sido discutida intensivamente na sociedade
brasileira e a polêmica que o assunto levante envolve questionamentos de ordem
ética, pois invariavelmente deixa no ar a dúvida sobre julgar como adulto um ado-
lescente de 16 anos. Por outro lado, questiona-se se estaria certo não fazê-lo, per-
mitindo a possibilidade de alguém ser vítima desse hipotético jovem. Não se pode
deixar em branco um outro questionamento quanto ao fato de que aquela mesma
pessoa/criança/adolescente/jovem possa ser não um algoz, mas ele mesmo uma
vítima da sociedade e do governo que o abandonou, desvalorizando sua vida. Ob-
serve que são inúmeras as questões éticas, pautadas em valores morais, que in-
fluenciarão em determinado momento a definição do Direito em nossa sociedade.
Em relação às reações emocionais de cunho moral, às vezes com influência religiosa, que
costumamos atribuir à nossa consciência moral, apresentamos o entendimento de Chauí (2010),
segundo o qual tais momentos nada mais representam do que a manifestação de sentimentos
provocados por valores como justiça, generosidade, honradez etc.
Nessas situações, fica evidente o papel da ética, pois esses valores que guiam nossas deci-
sões são fortemente influenciadas por ela. Podemos concluir que as reflexões éticas nos permi-
tem desenvolver valores morais positivos, capacitando-nos como indivíduos e como sociedade.
Fechamento
Concluímos esta aula. Ao longo dela, você teve a oportunidade de:
Referências
BARROSO, Luis Roberto. Discurso do Patrono da Turma Luis Roberto Barroso, 2005. Disponível
em: <http://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-content/themes/LRB/pdf/etica_sucesso_e_felici-
dade.pdf >. Acesso em: 12 jul. 2016.
LA TAILE, Yves de. Moral e ética: uma leitura psicológica. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 2010, v. 26,
n. especial, pp. 105-114.
SANTOS, Mário Santos Ferreira dos. Sociologia fundamental e ética fundamental. 2. ed. São
Paulo: Logos, 1959.