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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E GESTÃO

SALAS ANEXAS DE NAMAPA


CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO RECURSOS HUMANOS (GRH)
Cadeira de Ética e Deontologia Profissional
Texto de Apoio 2

PESSOA; SUJEITO MORAL.

Etimologia e conceito do termo ‘Pessoa’


A palavra Pessoa deriva do latim “Persona” (máscara usada pelos actores de teatro nos
anfiteatros) com a finalidade de fazer ouvir mais alto a voz – per sonare-, assim Pessoa
seria aquela que faz ouvir a sua voz, isto é, ser falante.

Perspectiva Clássica filosófica

Cícero – Pessoa é um ser de direito e deveres.


Boécio – Pessoa é uma substância individual de natureza racional (“naturaeracionalis
individua substantia”).
S. Tomás – Pessoa é um subsistente da natureza racional.

Boécio e S. Tomás, sustentam que começa-se por ser indivíduo subsistente, coeso, uno,
total e central. Porém, a ideia de Boécio quer destacar os caracteres de relação e de
interelação com os constitivos dinâmicos da pessoa humana;

Perspectiva Moderna Filosófica

i) Descartes(psicologia) a consciência é o distintivo da pessoa.


ii) Kant (ética) a liberdade é o constitutivo da pessoa.

Elaborado por: Ofane


Jacinto, Lic.
iii) Buber(social) a pessoa é um ser em relação a ele mesmo e aos outros.
A Pessoa é a unidade essencial humana do corpo e espírito, como ser individual que se
realiza possessão consciente, na livre disposição de si mesmo. Pessoa é a unidade
essencial pois é um indivíduo, um ser de valor (não só o tem, mas também o é); é de
corpo e espírito pois nunca se pode excluir um destes elementos porque deixa de ser
pessoa humana.

Relação corpo – espírito


O Corpo sem o Espírito não tem vida é uma simples carcaça, e o Espírito sem o Corpo
não é Pessoa. A Pessoa é um ser que se deve realizar, por isso, todo o homem “luta”,
esforça-se, trabalha, estuda para no fim ser “alguém”. A Pessoa é um ser que possui
consciência de se mesmo. Isto é, auto – domínio (domínio de nós mesmo), isto é, ser
senhor do seu destino (responsabilidade), ser um homem responsável nos seus actos, um
ser consciente do seu temperamento, sabendo controlar os seus comportamentos.
Pessoa é um ser que se dispõe livremente, não vive sozinha nem vive somente para si
mesmo, mas com os outros e para os outros. É um ser que ama e que quer ser amado; é
um ser que monologa e dialoga.

CONSCIÊNCIA

Etimologia e conceito do temo ‘Consciência’


A palavra Consciência deriva do latim Cum (Com) + scientia (Conhecimento/
Entendimento). Consciência significa saber conjuntamente; significa um conhecimento
comprovado, ou seja, um conhecimento que acompanha as nossas vivências, isto é,
entender juntos e ser livre um para com os outros.

Sentido moral
A Consciência é vista como o juiz do valor moral das nossas actividades: avaliando os
nossos actos, atribuindo-lhes méritos ou deméritos, julgando-os sob ponto de vista do
bem ou do mal indicando o dever a seguir. É a faculdade que a pessoa tem no seu
âmago (íntimo) de se entender a si mesmo em confrontação com Deus e com próximo.
A Consciência é aquela sensibilidade interior de a pessoa avaliar as coisas, de acordo
com a ‘voz própria’ (voz da consciência). Ela é saudável (sadia) quando a pessoa na sua

Elaborado por: Ofane


Jacinto, Lic.
totalidade (emoção, intelecto e vontade) funciona harmoniosamente na profundidade do
seu ser
Filosoficamente
A Consciência é o ‘lugar’ onde se faz o julgamento dos actos, se são bons ou não. É o
‘lugar’ mais íntimo da pessoa onde ele se encontra a dialogar sobre o bem e o mal. A
Consciência é aquele desejo tão íntimo para a inteireza e integridade.
Kant diz que: “a Consciência é o centro, a sede da moral” nela há um princípio moral
que tem um imperativo categórico: “faz o bem, evita o mal”.
O Bem, a Verdade e a Rectidão impõe-se obrigatoriamente, razão pela qual quando não
os praticamos, temos um julgamento imediato ou tardio (=remorsos, medo, desordem
interior e exterior). Portanto a pessoa sofre no seu total, quando surge uma brecha em
diversos Eu. - Eu verdadeiro (= que deseja o bem, a verdade e rectidão) e o dito Eu
fingido (=que procura uma mera imagem do bem).

Visão de Conjunto

I. Abertura para a verdade: não há paz da Consciência se o nosso ser interior não
aceita aquela aspiração do intelecto e da razão do ser de alguma coisa única, com a
verdade. Esse desejo requerer auto – entendimento e crescimento no saber o bem.

II. Fidelidade criadora: o juízo criador da consciência e a sua forte tendência para
viver na verdade e agir na verdade, depende de:
 Desejo inato para a inteireza e abertura;
 Firmeza e clareza na opção fundamental (desejo natural de fazer o bem);
 Força e energia para conviver na vigilância e na prudência (não se trata
das pessoas que nem fazem o bem e nem fazem o mal);
 Mutualidade ou Solidariedade no ambiente (criar um ambiente favorável
ao crescimento duma consciência sadia);
 Fidelidade actual (criatividade na procura da verdade) e uma prontidão
para a realizar.

Classificação da Consciência

Elaborado por: Ofane


Jacinto, Lic.
 Consciência antecedente: quando antes de agir, a pessoa faz planos, avalia
primeiro aquilo que está; e para fazer.
 Consciência consequente: quando é fruto da avaliação daquilo que
aconteceu ou do que deveria ter acontecido.

Tipos de consciência

i) Consciência Recta: a pessoa age conforme a sua autenticidade, coerente


consigo mesma no pensamento e no falar. Busca a verdade duma forma
sincera, e age conforme a lei moral.
ii) Consciência Errónea: a pessoa age contra a lei moral, a pessoa age no erro.
Esta consciência pode ser:
 Vencível ou Culpável: quando a pessoa tendo a obrigação, a
necessidade e oportunidade de saber, não o soube e cai no
erro, isto é, não preveniu o erro.
 Invencível ou Não culpável: (esta não é a 100% uma
consciência errónea). Considerando de erro por ignorância,
quando a pessoa não teve a oportunidade de saber se é ou não
erro, não lhe foi possível superar.

iii) Consciência Certa: é comportar-se ou agir com a certeza moral, sem ter
medo. Agir sabendo que o que faz ou diz é moralmente certo.

iv) Consciência Laxa: é quando a pessoa vive numa vida de ‘deixa andar’, se é
bem ou mal, não interessa, todo mundo vive assim. Não faz mal. O bem e o
mal é a mesma coisa, por isso tanto faz (laxismo).

v) Consciência Duvidosa: é agir ou falar com receio, não saber se o que faz ou
diz é moralmente certo. Neste tipo de consciência, quando a pessoa é
chamada a tomar uma decisão e tem de agir de uma ou de outra maneira
entre dois males, a lei moral aconselha por optar pelo mal menor e o mais
provável que seja certo.

Elaborado por: Ofane


Jacinto, Lic.
vi) Consciência Escrupulosa: a pessoa questiona-se e duvida de tudo o que faz,
sempre com um olhar negativo. “Será ou não será pecado?”. É uma
consciência não saudável, daí que as pessoas com este tipo de consciência
pedem desculpas tantas vezes sobre o mesmo erro. É necessário que as
religiões tomem cuidado no âmbito da educação, pois seria bom formar a
consciência dos fiéis para que seja viva, livre e saudável. Deve-se cuidar
para não deformar a consciência com a tonalidade exagerada de: tudo é mal,
tudo é pecado.

vii) Consciência de Classes (de Complexos): está baseada no status social; por
exemplo: ‘Eu sou director e só devo conviver com meus colegas directores’;
‘Eu sou da cidade e só devo conviver com os da cidade e não com os do
campo’ – o perigo aqui, tem sido o do complexo de superioridade para uns e
o de inferioridade para outros. Tanto um como outro destes complexos são
negativos, porque o complexo de superioridade faz sofrer a si mesmo,
enchendo – se de orgulho e faz sofrer aos outros espezinhando-os, e o
complexo de inferioridade faz sofrer a si mesmo sentindo-se pequeno,
humilhado, inferior e com medo dos outros.

Necessidade de Formação da Consciência

Formar a Consciência é uma necessidade vital, esta requer habituá-la a aplicar


correctamente a conduta da nossa própria vida, é tarefa pessoal.
Ajudar os filhos na educação moral e na formação de uma consciência saudável, é
tarefa dos pais.
Criar condições para que haja uma boa educação que abrange a dimensão
humana sobre os valores universalmente aceites, é tarefa das escolas e do Estado.
Promover palestras criticando o ensino que não ajude o crescimento dos indivíduos para
a responsabilidade, é tarefa da sociedade.

Elaborado por: Ofane


Jacinto, Lic.
Formar não só espiritualmente mas também humanamente, é tarefa das
instituições religiosas.
O facto de muitos jovens divertirem-se até altas horas da noite, não
significa civilização. Não se deve considerar como liberdade e não é um
valor, tanto para a própria pessoa como para a sociedade, porque isso gera
vícios e criminalidade.
A formação da Consciência exige o esforço por viver coerente consigo mesmo e
com os outros. É possível formar a Consciência nas boas maneiras de pensar, de agir, de
falar, de comportar-se, de viver e de ser.

Erros possíveis na Formação da Consciência

a) Enfatizar o intelecto humano: (Razão), como algo que dá ao homem directrizes


para as suas decisões. O chamado ‘Habito Natural’ (= princípios supremos
implantados em nós, como: “faz o bem e evite o mal”; “Direito à Vida”;
“Preservação da Vida própria”; “Direito à informação e Educação”; “Tomar
decisões livremente e responsavelmente”- que estão fundamentalmente ligados a
Lei Moral).
b) Ênfase na disposição inata: trata-se do deseja para o amor e para o bem, trata-
se do amor ardente que impele o ser mais íntimo para o bem.
c) Reduzismo Psicológico – social:
 Aspecto Sociológico: trata-se duma formação ou educação que dá maior
atenção a consciência pessoal, mas procura treinar para uma conduta
socialmente aceitável. Prepara-se o indivíduo tendo em vista o bem da
sociedade, lealdade prática, o ensino é praticamente de nível lógico.
 Aspecto Psicológico: a formação do indivíduo enfatiza o super – ego
(dimensão social- Freud), através do qual a pessoa fica dependente dos pais e
do ambiente. Esta formação não aceita a Consciência individual e sublinha o
que é aceitável para o ambiente da vida social com medo das autoridades.

Elaborado por: Ofane


Jacinto, Lic.

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