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A PESSOA HUMANA

A pessoa humana possui as seguintes dimensões: racional, afetiva, física (instintiva) e


sobrenatural (transcendente).
Somos seres racionais ou espirituais porque possuímos inteligência e vontade.
Somos seres físicos ou instintivos porque possuímos instintos.
Somos seres afetivos porque possuímos sentimentos, emoções e paixões.
Enfim, somos seres sobrenaturais porque possuímos alma que recebe a vida divina ou
sobrenatural.

Quais as ações que realizam essas facetas (chamemo-las assim) das quatro dimensões?

1. Comecemos pela inteligência. Quais as ações que ela realiza?


As ações da inteligência são: pensar, refletir, raciocinar, discernir.

Que ações realiza a nossa vontade?


As ações próprias da vontade são: escolher, optar, decidir.

2. Que ações realizam nossos instintos?


Os instintos nos levam a agir, a reagir e a buscar objetivos.
O que seria do ser humano sem essas forças ou tendências fundamentais da nossa natureza?
O que seria do ser humano...
...se não tivesse o instinto de autoconservação?
...se não tivesse o instinto de sociabilidade?
...se não tivesse o instinto sexual?

3. O que os sentimentos, emoções e paixões nos possibilitam?


Os sentimentos, emoções e as paixões nos fazem sentir.
O que são sentimentos, emoções e paixões?
- Sentimentos. São estados afetivos, agradáveis ou desagradáveis pouco intensos, porém,
mais profundos e duradouros.
- Emoções. São estados afetivos, agradáveis ou desagradáveis, imprevistos, intensos, porém,
de curta duração.
- Paixões. São estados afetivos intensos, violentos e, ao mesmo tempo profundos e
duradouros.
Como surgem os sentimentos, emoções e paixões?
Tomemos como exemplo um fato simples: a criança, ao ver o pai chegar em casa, após o seu
trabalho, sente uma EMOÇÃO; logo nasce um SENTIMENTO de alegria e, à medida em que esse
filho cresce admirando seu pai, através de um relacionamento positivo, desperta-se nele uma
PAIXÃO por esta pessoa que lhe é tão cara.
Surgem quando uma necessidade é ou não satisfeita.
Exemplo: raiva ou mágoa podem surgir quando, numa pessoa, a necessidade de afeto ou de
respeito não é satisfeita, ou quando ela não se sente amada como desejaria ou precisaria. Ao
contrário, quando a necessidade é satisfeita, nasce o sentimento de alegria.

4. O que a alma nos possibilita?


A alma nos possibilita viver. Viver não só neste mundo, mas para sempre, por toda a
eternidade.

Quais as capacidades que o ser humano possui graças a essas ações e possibilidades desenvolvidas
pelas diversas facetas das nossas quatro dimensões?
Com a atividade intelectual (pensar, refletir, raciocinar) temos a capacidade de
CONHECER.
Porque podemos escolher, optar e decidir temos a capacidade de QUERER. Essas ações
traduzem essa capacidade.
Porque podemos sentir, temos a capacidade de SENTIR.
Porque vivemos, temos a capacidade de ASPIRAR AO INFINITO, de TRANSCENDER, de
RECONHECER O SOBRENATURAL. E por meio de que se expressa essa capacidade? Por meio
da fé, da esperança e do amor ou do amor sobrenatural.
- Por meio da fé. O que a fé nos diz? A que nos leva a fé? Leva-nos a crer. Cremos em
Alguém muito superior a nós... Alguém que criou tudo, especialmente o ser humano. Uma realidade
que é a causa primeira e o fim último de tudo, e que todos chama DEUS.
Esse Deus é alguém que nos ama com amor imenso, porque nos deu e nos dá tudo por amor,
com amor e para o amor, isto é, para que possamos amar e amar sempre mais.
- Por meio da esperança. O que faz a esperança em nós? Ela nos faz esperar que tudo o que
Jesus Cristo ensinou e disse que iria acontecer, nesta vida e na eternidade, irá igualmente acontecer.
Em outros termos, “nos faz aguardar com firme confiança que Deus realizará todas as suas
promessas” (Amaral, 1995, p.57). assim, esperamos a glória do céu, prometida por Deus aos que o
amam e fazem a sua vontade.
- Por meio do amor. O que é o amor, ou o amor sobrenatural? “É a virtude pela qual
amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor a
Deus” (CIC 1822).

O que busca o ser humano por meio de cada uma dessas suas capacidades?

1. O que busca o ser humano por meio da capacidade de CONHECER?


A nossa inteligência busca a verdade, conhecer a verdade.
Na escola por exemplo, em cada disciplina, busca-se as verdades correspondentes a cada
ciência: verdades matemáticas, físicas, biológicas, históricas...
Essa é a finalidade da inteligência. Ela foi feita para isso, para buscar a verdade, conhecer ou
descobrir a verdade em todos os campos e realidades da vida e do universo.
A busca da verdade, porém, exige formação da inteligência, orientação correta, critérios
adequados, métodos correspondentes a cada disciplina ou ciência.
É importante destacar a verdade como um valor, um valor de suma importância, a ser
buscado pelos estudantes com a ajuda de alguém: pais, educadores, orientadores.

O que busca o ser humano por meio da capacidade de QUERER?


A nossa capacidade de querer busca o bem. Ela quer o bem. Por isso, o ser humano, ao
exercer a sua vontade, quer alcançar e realizar o bem.

2. O que busca o ser humano por meio da sua capacidade de AGIR SEGUNDO UM OBJETIVO?
Para que os instintos foram colocados em nossa natureza?
O que buscamos com o uso dessas forças?
Mediante os instintos, buscamos a nossa realização.

3. O que busca o ser humano por meio de sua AFETIVIDADE?


O que queremos, por meio de nossas emoções, sentimentos e paixões?
Queremos ser felizes, buscamos a felicidade.

4. O que busca o ser humano, por meio DA FÉ, DA ESPERANÇA E DO AMOR OU DO AMOR
SOBRENATURAL?
Como seres transcendentes, exercendo a nossa capacidade de reconhecer o sobrenatural e de
aspirar a ele, queremos chegar à eternidade.
A eternidade é a nossa aspiração. Nossa alma anseia voltar para o lugar da sua origem. Essa
realidade foi expressa, de forma clássica, pelo filósofo-teólogo Agostinho de Hipona (As
Confissões, I, 1,1):
“Fecisti nos, Domine, ad Te et inquietum est cor nostrum donec requiescat in Te”: “Fizeste-
nos, Senhor, para Ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em Ti”.

Lembremos, agora, a verdade a respeito do amor.


O que é amor, ou o que é amar?
Amar é querer o bem do outro. Amar é ajudar o outro a construir-se, a realizar-se, a ser
feliz... em todas as suas dimensões.
Onde é a sede do amor?
Concentrar a atenção na frase: querer o bem do outro. Se devo querer, consequentemente,
depende da minha vontade. Logo, a sede do verdadeiro amor está na vontade.
“O amor autêntico é um ato livre da vontade” (Quintás, 1995, p.190).
Examinemos o que segue o verbo: querer o bem.
Bem é tudo o que realiza, ajuda a crescer, constrói a pessoa.
Eu me realizo, cresço, me construo em todas as dimensões do meu ser à medida em que
busco o bem de cada uma delas.
O outro se realiza, cresce, se constrói em todas as dimensões do seu ser à medida em que
busca o bem de cada uma delas.
Como posso ajudar o outro a realizar-se, a crescer ou a construir-se, por exemplo, na
dimensão racional?
Ajudando-o a conhecer ou a descobrir a verdade. A verdade sobre ele mesmo: suas
qualidades ou seus dons e como desenvolvê-los, bem como suas deficiências e como superá-las; a
verdade sobre a vida aqui na terra e a vida eterna. Em resumo, ajudando a escolher sempre o bem e
a decidir-se por ele.
Precisamos, aqui, referir-nos, necessariamente, à nossa dimensão instintiva, lembrando que
os instintos são forças que existem em nós independentes de nossa razão. Eles nascem
independentes, mas devem ser comandados pela nossa inteligência e vontade.
Os instintos são egoístas por sua essência, são fechados sobre si mesmos. Por exemplo, com
relação ao instinto de autoconservação: chegou a hora do estudo e eu digo ao meu colega: “Hoje
não vamos estudar. Vamos ver um filme. Eu tenho lá em casa um...”. Neste momento, estou
desejando o bem do outro? O estudo é um bem para ele, para nós?
Embora o instinto peça que não se estude, porque é bom ver um filme, eu devo, com minha
razão, pensar, refletir, raciocinar e concluir: “Não! Eu não vou ceder ao que o meu instinto sugere e
pede, porque isso não é um bem para mim e para o meu colega, ainda que seja bom. Eu quero o
meu bem e o bem do meu colega. Por isso, vou estimulá-lo a estudar”.
Com essa decisão e atitude, provo o meu amor para comigo mesmo e para com o meu
colega.
Em síntese, que o nosso agir não seja guiado apenas por aquilo que os nossos instintos
reclamam e tendem a nos impor, porque eles, em muitas situações, nos incitam a buscar o bom que,
nem sempre, é o bem ou corresponde ao bem.
Deveríamos, pois, consultar sempre a razão – para isso, ela precisa estar bem orientada –
perguntar-nos:
O que é o bem para mim e para o outro, neste e naquele aspecto, nesta e naquela situação?
É preciso ressaltar a diferença entre bem e bom e a necessidade de optar sempre pelo bem
quando não é possível conciliá-los.

Concluindo, a verdade, o bem, a felicidade, a realização e a eternidade são os valores mais


importantes para nós e para todo ser humano. Na busca e na conquista desses valores, deveríamos
dedicar a nossa existência, construindo, por meio do amor, a nossa própria personalidade.
AMARAL, Luciano do. Virtudes. Caminho para a Santificação. São Paulo, Loyola, 1995.

QUINTÁS, Alfonso López. O Amor Humano. Petrópolis, Vozes, 1995.

SER QUE AMA

SER QUE AMA, COMO HOMEM E MULHER, DESENVOLVENDO-SE CONFORME A SUA


SEXUALIDADE.

SER QUE BUSCA TORNAR-SE UMA PERSONALIDADE.

SER QUE AMA AFETIVAMENTE.

SER QUE AMA RACIONALMENTE.

SER QUE AMA FISICAMENTE.

SER QUE AMA SOBRENATURALMENTE.


SER QUE BUSCA COMPLEMENTAÇÃO – O NAMORO.

CHAMADA A VIVER O AMOR POR MEIO DE UMA VOCAÇÃO.

CHAMADA A VIVER O AMOR NO MATRIMÔNIO.

CHAMADA A VIVER O AMOR NA PATERNIDADE E NA MATERNIDADE.

O SER HUMANO INTEGRAL.

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