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I Introdução

Querido leitor, o convidamos a introduzir-se em uma prática antiquíssima:


conhecer-se. A partir desta lição, você poderá não só estudar sua própria
constituição interna, mas também poderá ir comprovando o incrível mundo
que encerram aquelas palavras sagradas inscritas no Oráculo de Delfos, na
Grécia, que diziam: “Oh, Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e
os Deuses!”. Esta conferência também é de vital importância para o entendimento
das seguintes. Quando vivemos o objetivo traçado por este conhecimento,
aprendemos a observar e distinguir cada um de nossos atos e como se rela-
cionam com nosso mundo interior. Também aprendemos a comprovar quando
se está manifestando o Falso, o Ego e quando é a Consciência; assim chegamos
a conhecer nossa forma de expressão no mundo, ou seja, nossa Personalidade.

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P Personalidade, Essência e Ego
De acordo com a Psicologia Gnóstica, são três os aspectos ou fatores que
se manifestam ou expressam na pessoa: a Essência, a Personalidade e o Ego.
Necessitamos saber compreender e diferenciar cada um deles.
“O tempo é circular e a vida da personalidade humana é uma curva fechada”.
V. M. Samael Aun Weor.

A A Essência
A Essência é uma fração de Alma em nós, que representa o Divino, o nato,
o próprio. É aquilo que tem autêntica realidade; no Budismo Zen se denomina
Buddhata.
Devemos compreender que o ser humano atual não tem dentro uma Alma
como nos é dito, senão que tem uma chispa de Alma que se chama Essência
e que, traduzida em fatos, é Consciência. Se tivéssemos uma Alma integrada
seríamos incapazes de cometer tantos erros e violações da Lei Divina. A Alma é
uma parte do Deus Interno.
O corpo físico (nosso corpo de carne e osso) só é criado com o propósito
de que a Essência se manifeste e adquira a experiência indispensável para seu
desenvolvimento.
Na Essência está a sabedoria e todos os dados que necessitamos para a
Autorrealização.
A Essência livre nos confere beleza íntima, de tal beleza emanam felicidade
perfeita e verdadeiro Amor. A Essência possui múltiplos sentidos de perfeição
e extraordinários poderes naturais. Com o Despertar da Consciência podemos
conhecer os Mistérios da Vida e da Morte e experimentar isso que não é do
tempo, isso que é a Verdade.
A Essência é o verdadeiro, o real, o imortal em cada um de nós, é a única
coisa que realmente vale a pena. Nossa Essência é imortal em cem por cento,
mas se encontra dividida em duas partes: uma que é livre e autoconsciente, que
na grande maioria da humanidade é de apenas uns 3%; e outra parte (97%) que
está presa em cada eu psicológico que em conjunto constituem o Ego.

A A Personalidade
O ser humano nasce com a Essência, mas não nasce com a Personalidade,
esta última é necessário criar.

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A Personalidade é um veículo de expressão psicológica, um instrumento de
ação e manifestação, criado pelo indivíduo para relacionar-se com o meio onde
se desenvolve. A personalidade é energética, se forma durante os primeiros
sete anos da infância e posteriormente se robustece e fortifica com todas as
experiências da vida prática.
A vida da personalidade humana se desenvolve em seu tempo, nasce e morre
em seu tempo, jamais pode existir mais além. O tempo é circular. Cada dia é uma
onda do tempo, cada mês é outra onda e todas estas ondas encadeadas em seu
conjunto constituem a Grande Onda da Vida.
A formação da pessoa se realiza durante os primeiros sete anos de vida. O
ambiente da família, a vida na rua, a escola, dão à personalidade humana tais
ou quais características; o exemplo que dão os mais velhos é definitivo neste
caso. É triste ver que alguns pais discutem violentamente em suas casas sem
sequer reparar se seus filhos estão presentes, causando lhes traumas de violência,
grosseria, rancor, ódio, inferioridade, etc.

O O Ego
Assim como a água se compõe de muitas gotas, assim como a chama
se compõe de muitas partículas ígneas, assim o Ego se compõe de muitos
Eus ou Agregados Psíquicos. Os agregados psicológicos são paixões, desejos,
temores, ódios, egoísmos, inveja, orgulho, gula, preguiça, ira, apegos, sen-
timentalismos, etc. O Ego é múltiplo, pluralizado, é por isso que o humano
atual não tem continuidade de propósitos, porque não tem um centro de
gravidade permanente. Negar a multiplicidade de Eus é negar as íntimas
contradições, as inumeráveis mudanças psicológicas que se sucedem em
nosso interior.
O Ego se divide em sete grupos principais que são: Preguiça, Inveja, Luxúria,
Ira, Gula, Cobiça e Orgulho; estes à sua vez se dividem até converterem-se em
um verdadeiro exército de Eus psicológicos ou defeitos.
Cada ideia, cada sentimento, cada movimento, qualquer sensação, desejo,
etc., são simples manifestações psicológicas de Eus distintos que nunca estão
ligados entre si, nem coordenados em modo algum. Tal eu segue mecanica-
mente a tal outro e alguns até se dão ao luxo de aparecer acompanhados, mas
sem ordem nem sistemas.
A Essência se encontra enfrascada entre os múltiplos Agregados Psicológicos,
viva personificação de nossos defeitos.
O Ego é subjetivo e infra-humano. As percepções que a Essência tenha
através dos sentidos manejados pelo Ego resultam deformadas e absurdas.
O Eu é a causa da dor. A dor é o resultado de nossos próprios erros. O Ego
comete muitos erros e colhe o fruto desses erros. Os Eus começam a intervir na
pessoa a medida que a personalidade vai se criando. Durante os três primeiros

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anos de vida se manifesta na criança a beleza da Essência, então a criança é
terna, doce, formosa em todos seus aspectos psicológicos.

O Eu Pluralizado

R Relações que falseiam o “trabalho harmonioso”


entre a personalidade e a essência
Personalidade e Essência devem desenvolver-se de forma harmoniosa
e equilibrada.
Da observação e experiência demonstram que quando a essência se
desenvolve totalmente sem atender no mais mínimo o cultivo harmonioso da
personalidade, o resultado é um místico sem intelecto, sem personalidade,
nobre de coração, mas inadaptado à vida e incapaz.
O desenvolvimento harmonioso de personalidade e essência dá por
resultado homens e mulheres geniais.
A qualidade de nossa personalidade depende do tipo de material psicológico
com o qual foi criada e alimentada. Tal criação depende do lar, da escola, de
onde cresceu a criança.
Na essência temos tudo o que é próprio, na personalidade tudo o que é

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emprestado. Na essência temos nossas qualidades natas, na personalidade
temos o exemplo dos mais velhos, o que aprendemos na rua, no lar, na escola.
Um perfeito equilíbrio entre personalidade e essência, um desenvolvimento
harmonioso do pensamento, emoção e movimento, ética, constituem as bases
da educação fundamental.

O O ego como a causa da consciência adormecida


A Consciência é a expressão da essência, a expressão do mais sutil e divinal
que em nós carregamos. Nossa consciência não pode expressar-se porque
somos vítimas das circunstâncias, marionetes do ego, eus, ou defeitos.
O cérebro é um órgão transmissor, este recebe as ordens e as distribui ao
corpo segundo o defeito que domine nossa mente nesse momento. O cérebro
é o centro que controla o corpo físico.
Na essência, na consciência, se depositaram os dados indispensáveis para
a regeneração, para a Autorrealização íntima, para a vivência completa e a
verificação direta das coisas.
Se neste elemento primário se encontram os princípios básicos da regene-
ração, obviamente a primeira coisa que devemos fazer é destruir, aniquilar essa
segunda natureza dentro da qual se aprisionou a essência.
Ao liberar a essência, ao despertá-la, teremos várias vantagens:
Primeiro: ela tem a capacidade de orientar-nos e dirigir
sabiamente nossos passos pela Senda que há de conduzir-nos
até a liberação final.
Segundo: nos permite viver experiências diretas,
iluminação íntegra, vivência luminosa, confir-
mação prática.
A consciência só pode ser despertada
mediante trabalhos conscientes e retos
esforços. Os fenômenos naturais de
modo algum coincidem exatamente
com os conceitos formulados pela
mente. A vida se desenrola de instante
em instante e quando a capturamos
para analisá-la, a matamos.
Quando tentamos inferir conceitos ao
observar tal ou qual fenômeno natural,
deixamos de perceber a realidade do
fenômeno e só vemos nele o reflexo das
teorias e conceitos que nada têm a ver
com o fato observado.
É necessário experimentar de

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forma direta tudo o que nos ensinam. A Experiência do real é vital para a
Compreensão.

A A criança
O exemplo dos mais velhos é definitivo para a personalidade infantil. A
criança aprende mais com o exemplo que com o preceito. A forma equivocada
de viver, o exemplo absurdo, os costumes degenerados dos mais velhos, dão à
personalidade da criança esse tom peculiar da época em que vivemos.
Nestes tempos modernos o adultério tem sido comum e, como é lógico, isto
origina cenas espantosas dentro dos lares.
É claro que dessa forma a persona-
lidade da criança se desenvolve dentro
do marco da dor, do rancor e do ódio. As
brigas entre o pai e a mãe por questões
de ciúmes, o choro e as lamentações da
mãe afligida e o pai oprimido, arruinado
e desesperado, deixam na personalidade
da criança uma marca indelével de
profunda dor e melancolia que jamais
se esquece durante toda a vida.
Nas casas elegantes, as orgulhosas
senhoras maltratam as suas criadas
quando estas vão ao salão de beleza ou
se pintam. O orgulho das senhoras se
sente mortalmente ferido.
A criança que vê todas estas cenas
de infâmia se sente machucada pro-
A criança expressando sua essência orando fundamente. O resultado geralmente é
catastrófico para a personalidade infantil.
Desde que se inventou a televisão se perdeu a unidade da família. Dentro
dos lares modernos o pai, a mãe, os filhos, parecem robôs inconscientes ante
a tela da TV.
Os filhos criados neste novo tipo de lar moderno só pensam em: armas,
pistolas, metralhadoras de brinquedo para imitar e viver a seu modo todas as
cenas viu na tela da TV ou em jogos de videogame.
Lamentavelmente esse invento da TV é utilizado com propósitos destrutivos.
Se a humanidade utilizasse este invento de forma dignificante, para estudar
as ciências naturais, para ensinar a verdadeira Arte Régia da Mãe Natureza, ou
para dar ensinamentos sublimes às pessoas, então poderia utilizar-se inteli-
gentemente para cultivar a personalidade humana.
É absurdo nutrir a personalidade infantil com música desarmônica, vulgar,

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etc. É terrível nutrir a personalidade da criança com cenas de vício e prostituição,
dramas de adultério, cenas de pornografia, etc. O resultado de semelhante
proceder pode ser visto nos rebeldes sem causa, nos assassinos prematuros, etc.
É lamentável que as mães batam nas crianças, lhes insultem com vocábulos
grosseiros ou cruéis. O resultado de semelhante conduta é o ressentimento, o
ódio, a perda do amor, etc. Na prática pudemos ver como as crianças criadas
entre látegos e gritos, se convertem em pessoas vulgares cheias de grosseria e
falta de todo sentido de respeito e veneração.
O pai personifica a sabedoria, a mãe personifica o amor. Sabedoria e amor se
equilibram mutualmente nos dois pratos da balança. Os pais e mães de família
devem equilibrar-se mutualmente para o bem dos lares.
É urgente, é necessário, que os pais e mães de família compreendam a
necessidade de plantar na mente infantil os valores eternos do Espírito. Quando
o Ego começa a controlar a tenra personalidade da criança, toda essa beleza
da Essência vai desaparecendo e em seu lugar afloram então todos os defeitos
psicológicos próprios de todo ser humano.
Assim é como devemos fazer distinção entre Ego e Essência, também é
necessário distinguir entre Personalidade e Essência.

A Autoconsciência infantil
O Ser humano atual possui aproximadamente 97% de Subconsciência e 3%
de Consciência.
Qualquer Eu destruído libera determinada porcentagem de Consciência, a
liberação da Essência seria impossível sem a desintegração de cada Eu.
Quanto menor quantidade de Eus maior Autoconsciência. Quanto maior
quantidade de Eus, menor porcentagem de Consciência Livre.
Na Prática verificamos que quando a personalidade se desenvolve
exageradamente, em detrimento da essência, o resultado é uma pessoa
cínica, manipuladora.
Enquanto a Essência ou Consciência está embutida em cada um dos Eus
que carregamos em nosso interior, se encontra
adormecida, em estado subconsciente. É urgente
transformar o subconsciente em consciente e isto
só é possível eliminando os Eus. A isto chamamos
Morte Psicológica.
Essa porcentagem de Essência livre reincorpo-
rada no organismo das crianças recém-nascidas é
a plena autoconsciência, lucidez.
Os adultos veem o recém-nascido com piedade,
pensam que a criatura se encontra inconsciente,
mas se equivocam. O recém-nascido vê o adulto

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tal como em realidade é, inconsciente, cruel, perverso, etc.
À medida que a nova personalidade vai se formando, os Eus vão penetrando
pouco a pouco no novo corpo. Quando já a totalidade dos Eus se reincorporou,
aparecemos no mundo com a feiura interior que nos caracteriza, então andamos
como sonâmbulos por todas as partes, sempre inconscientes.

p Prática para o autoconhecimento


Observador e Observado
Prática dirigida para o autoconhecimento, onde a atenção é dinâmica e
dirigida pela consciência. O observador é a consciência e o observado é o eu.
Este exercício se refere a aspectos físicos; saber observar como se senta,
observar sua maneira de caminhar, observar os gestos que faz quando fala,
observar sua imagem no espelho, perceber o que transmite, etc., com o
objetivo de descobrir elementos psicológicos que se expressam através da per-
sonalidade.
Como alguém muda se não conhece a si mesmo?
Como conhecer a si mesmo alguém que nunca se observou?
Como alguém pode se observar sem dividir-se em observador-observado?

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E Epílogo
Querido leitor, aqui finaliza a presente lição. Como vimos, dentro de nós está
latente uma realidade objetiva e verdadeira, a Essência, e uma realidade relativa
e falsa, o Ego: este representa todos os agregados psicológicos (Eus) represen-
tados nos sete pecados capitais, os quais se assentam em nosso subconsciente
e governam nossa vida de uma forma imperceptível, ocasionando-nos dor e
sofrimento.
Nas próximas duas conferências serão ensinadas técnicas e práticas para o
Despertar da Consciência e para a eliminação dos Eus-Defeitos.
Por agora, recomendamos que pratique intensamente a chave do Observador
e Observado. Recordem que o primeiro passo até a sabedoria e a felicidade
verdadeira é o autoconhecimento.

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Ciclo de Conferências

Primeira Câmara
As lições da Primeira Câmara vão nesta ordem de desenvolvimento:

01. O que é Gnosis


02. Personalidade, Essência e Ego
03. O Despertar da Consciência
04. O Eu Psicológico
05. Luz, Calor e Som
06. A Máquina Humana
07. O Mundo das Relações
08. O Caminho e a Vida
09. O Nível do Ser
10. O Decálogo
11. Educação Fundamental
12. A Árvore Genealógica das Religiões
13. Evolução, Involução e Revolução.
14. O Raio da Morte
15. Reencarnação, Retorno e Recorrência.
16. A Balança da Justiça
17. Os Quatro Caminhos
18. Diagrama Interno do Homem
19. Transformação da Energia
20. Os Elementais.
21. Os Quatro Estados de Consciência
22. A Iniciação

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