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A casa edificada sobre a

rocha
O sentimento cria a ideia.
A ideia gera o desejo.
O desejo acalentado forma a palavra.
A palavra orienta a ação.
A ação detona resultados.
Os resultados nos traçam o caminho nas áreas infinitas do tempo.
Cada criatura permanece na estrada que construiu para si mesma.
A escolha é sempre nossa.
• Qualquer que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as observa, eu
vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que
edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces
sobre rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente
naquela casa e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre
rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que
edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com
ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.
(Lc 6:47-49)
• A frase evangélica: “Qualquer um que vem a mim, e ouve as minhas
palavras, e as observa [...]’’ está dirigida a quem ouve com atenção,
que se esforça em entender ou assimilar a lição para, em seguida,
colocá-la em prática. A vontade de se transformar em pessoa de bem
é o primeiro passo, em continuidade, é necessário vivenciar esse
propósito.
Os aspectos da Casa
• Essa casa corresponde a 3 aspectos:
Casa mental
Casa Sentimental
Casa dos desejos
Casa mental
• “É pelo pensamento que o homem desfruta de uma liberdade sem
limites, porque o pensamento desconhece obstáculos...” LE 833
• “O pensamento é força viva e atuante, porque procede da mente, que
tem a sua sede no ser espiritual...” Joana de Ângelis
• “Não há assunto mais importante que o estudo do pensamento...
é a causa inicial de nossa elevação ou de nosso rebaixamento; prepara
todas as descobertas da ciência, todas as maravilhas da arte, mas
também todas as misérias e todas as vergonhas da humanidade.” Léon
Denis
Casa Sentimental
• Costumamos confundir emoção e sentimento. Muitos até
pensam que as duas coisas são iguais, porém, a diferença é
bem grande. A emoção é uma reação instintiva; é uma resposta
neural a um estímulo externo, e está ligada ao corpo, enquanto
o sentimento é o efeito da emoção, podendo ser duradouro, e
muitas vezes fácil de esconder, pois está dentro de nós e tem a
ver com a nossa mente.
Casa Sentimental
• Sentimento, do latim sentimentum, é a maneira como
interpretamos a emoção. São encontrados 17 tipos de
sentimentos no ser humano, que podem ser divididos em
negativos (tristeza, medo, hostilidade, frustração, raiva,
desespero, culpa, ciúmes), positivos (felicidade, humor, alegria,
amor, gratidão, esperança) e neutros (compaixão, surpresa).
Casa Sentimental
• Sentimento, do latim sentimentum, é a maneira como
interpretamos a emoção. São encontrados 17 tipos de
sentimentos no ser humano, que podem ser divididos em
negativos (tristeza, medo, hostilidade, frustração, raiva,
desespero, culpa, ciúmes), positivos (felicidade, humor, alegria,
amor, gratidão, esperança) e neutros (compaixão, surpresa).
Casa Sentimental
• Sentimento é a forma como fixamos nossa habilidade de
“sentir” qualquer coisa. Seria como a vivência das emoções
milenares sedimentadas no solo profundo e sagrado do
espírito humano.
• Portanto mudar sentimento não é um processo rápido e sim a
custa de vivências múltiplas na esteira do tempo, onde através
das escolhas a criatura incorpora aquilo que lhe interessa.
Casa Sentimental
• Sentimentos negativos como inveja, luxúria, ódio, ou outro
qualquer foram cultivados e incorporados no íntimo da alma e
portanto necessitam de reeducação moral através de novas
escolhas e profunda racionalização.
Casa Sentimental
• Quando falamos em sentimentos, é necessário que falemos
sobre o amor, que é o sentimento mais delicado de todos, pois
o amor levado ao âmbito do amor pelo próximo, e não apenas
do amor por aqueles que são nossos amigos ou entes queridos,
nos mostra que somos todos irmãos, e que quando
aprendermos a agir desse modo todas as misérias morais e
materiais começarão a ser solucionadas, pois o amor é luz que
pode iluminar qualquer escuridão, sendo capaz de desencadear
virtudes oriundas desse sentimento, como caridade,
humildade, paciência, devotamento, abnegação, resignação e
sacrifício. Quando João, o Evangelista, não mais pode pregar
devido à saúde precária, repetia apenas:
Casa Sentimental
“Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros”, repetindo o que dizia Jesus,
que nos ensinou também a que nos amassemos uns aos outros assim
como Ele nos amou.
“Amai-vos e vereis a Terra em breve transformada em um Paraíso onde
as almas dos justos virão repousar.”
Fénelon (Bordeaux, 1861)
- O Evangelho Segundo o Espiritismo
Casa dos desejos
• “Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança,
pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus
desejos!”

• O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo 5 - Item 4


Casa dos desejos
• Quando desejamos o bem, sentimos o amor, a compaixão e a fraternidade pelo outro.

• Quando desejamos o mal, sentimos o ódio, a raiva e a indiferença pelo outro.

• Quando desejamos estagnar, sentimos a preguiça, o pessimismo e a descrença.

• Quando desejamos o progresso, sentimos o idealismo, o otimismo e a fé.

• Entre nós é muito conhecido o enunciado “Desejando, sentes. Sentindo, mentalizas.


Mentalizando, ages” (1), que estabelece uma realidade quase geral sobre a rotina da mente.
Casa dos desejos
• Desejo, fenômeno da vida mental inconsciente, conquista
evolutiva de valor na formação da consciência. Podemos
classificá-­lo como uma inteligência instintiva, ampliando o
horizonte das pesquisas modernas sobre a multiplicidade das
inteligências.
Casa dos desejos
• Desejo, fenômeno da vida mental inconsciente, conquista evolutiva de
valor na formação da consciência. Podemos classificá-­lo como uma
inteligência instintiva, ampliando o horizonte das pesquisas modernas
sobre a multiplicidade das inteligências.

• Temos o desejo de viver, desejo dos sentidos, desejo de amar, desejo de


pensar, desejo de raciocinar, desejo de gratificação, todos consolidados
no que vamos nomear como inteligência primária automatizada,
guardando vínculos estreitos com as memórias estratificadas do
psiquismo na evolução hominal. É dessa inteligência que é determinado
o impulso do sentir conforme o desejo central, desejo esse que mais
não é senão o reflexo indutor da rotina mental na vida do homem.
Casa dos desejos
• Intensificando ainda mais essas forças impulsivas do desejo
central, encontramos os estímulos sociais da atualidade
delineando novos hábitos e atitudes, no fortalecimento de
velhas bagagens morais da alma por meio do instinto de posse,
degenerando em apego lamentável no rumo das apropriações
desrespeitosas entre os homens.

• Na convivência, a intromissão desse hábito de posse


estabelece o ciúme, a inveja, a dependência e a dor em
complexas relações.
Casa dos desejos
• O afeto, como expressão do sentimento humano, carreia, em
muitos lances da experiência relacional, um conglomerado de
desejos. Entre eles se encontram aqueles que nos mantém na
retaguarda espiritual, carecendo de educação a fim de não
fazer da vida interpessoal um colapso de energias, em
circuitos delicados de conflitos e atitudes desajustadas do
bem, provenientes de ligações malsucedidas e possessivas.
• O afeto que temos é somente aquele que damos, porque o
experimentamos nas nascentes do coração, irradiando de nós.
E porque é nosso podemos dar, gratificando-nos mais cedê-­lo
ao outro do que criar vínculos doentios por exigi-­lo de outrem,
em aprisionamentos velados ou declarados. Em verdade, esse
possuir afetivo é a nossa busca de completude, entretanto, a
verdadeira complementaridade gera autonomia, liberdade e
crescimento, enquanto a possessividade gera escravidão,
desrespeito e desequilíbrio.
• Quando se trata do tema transformação íntima na vitória sobre
nós mesmos, estamos nos referindo, sobretudo, a esses
impulsos-­matizes de sentimentos que são originados nas
pulsões dos desejos. Graças aos desejos centrais que
costumeiramente se assenhoreiam da nossa rotina mental,
constata-­se uma separação entre pensar, sentir e fazer.
Exemplo comum disso é o ideal de espiritualização
que esposamos.
• Temos consciência da urgência de nos unirmos, amarmos, somar
esforços, crescer e melhorar, porém, nem sempre é assim que
sentimos em relação àquilo que já conhecemos. Fortes
interferências no sentir causam solavancos e acidentes nos
percursos da mudança interior. Falamos, pensamos e até agimos
no bem em muitas ocasiões, mas nem sempre sentimos o bem
que advogamos, estabelecendo “hiatos de afeto” no
comprometimento com a causa, atraindo desmotivação, dúvida,
preguiça, perturbação e ausência de identificação com as
responsabilidades assumidas. Tudo isso coadjuvado por
interferências de adversários espirituais, nos quadros da obsessão
em variados níveis.
• É assim que nossos sentimentos sofrem a carga psico­afetiva
milenar dos desejos exclusivistas e inferiores, que ainda
caracterizam a rotina induzida nos campos da mentalização.

• E como instaurar matrizes novas no psiquismo de profundidade


em favor da renovação de nossos sentimentos? Como renovar
esse coração milenar pulsando independentemente da
vontade?
• A disciplina dos desejos tem duas operações mentais principais, que são a
contenção e a repetição, para que essa disciplina alcance o patamar de
fator de educação emocional.

Na contenção é utilizado todo o potencial da vontade ativa e esclarecida,
com a finalidade de assumir o controle sobre as fontes energéticas de
teores primários e suscetíveis de causar danos aos novéis propósitos que
acalentamos.

• Já a repetição é a força que coopera na dinamização dos exercícios


formadores de hábitos novos, com os quais desenvolvemos os valores divinos
depositados na intimidade do ser desde a criação.
• A primeira condição de transformação, porém, é entendê-­lo e
aceitá-­lo, por isso mergulhemos na vida interior e descubramos,
por meio de nossos sentimentos, aquilo que desejamos,
trabalhando pelo autodescobrimento.
• Conhecendo-­nos melhor, laboraremos com mais acerto o
autoaperfeiçoamento. Enquanto isso, até decifrarmos com maior
lucidez os códigos dos desejos, empenhemo-nos na contenção
com amor a nós mesmos e na repetição perseverante dos anseios
de libertação que nutrimos no dia a dia.
FIM

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