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RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de apresentar uma leitura interpretativa do filme
Blow-Up, de Michelangelo Antonioni, a partir de elementos surrealistas
manifestos em sua composição. Assim, evidenciaremos a ocorrência de acasos
objetivos a constituírem o maravilhoso na realidade de sua representação, por
meio da relação entre fotografia e cinematografia na obra. Desse modo, outros
aspectos se evidenciam e vêm a preencher o universo surreal a criar um sentido
comunicante entre partes e detalhes da película.
INTRODUÇÃO
1. AS MANIFESTAÇÕES SURREAIS
como na do filme), é que ele vai sacar as fotos que terão todo um conjunto de
consequências que farão o desenvolvimento do filme ocorrer. Um casal isolado
em um encontro romântico num dos campos do parque chama a atenção do
protagonista. Assim, ele os fotografa clandestinamente até ser descoberto pela
mulher do casal. Ela imediatamente vai atrás de Thomas e briga com ele pelo
material; mas ele se esquiva, dizendo que haveria um trabalho a ser feito antes
de entregar os negativos a ela. Porém mais tarde, anormal e excepcionalmente,
ela aparece na porta de seu estúdio (sabe-se lá como) para cobrar a entrega.
Após fazê-la entrar, e lá dentro ela tentar pegar sorrateiramente os negativos das
fotos, eles quase se relacionam amorosamente, mas em virtude de um acaso
objetivado a partir de uma cena anterior (da compra da hélice que nesse
momento era entregue na residência do fotógrafo), ela desiste e vai embora na
mesma pressa que chegou, deixando para Thomas um número de telefone falso.
A partir de então, começa a parte mais intrigante do filme: a revelação e a
ampliação das fotos.
Para além disso, dois aspectos muito relevantes das características que
também fazem do filme uma obra com requintes surrealistas é a outridade vivida
por Thomas em Bill e Jane, e o mistério e a devoção à figura da mulher, mais
uma em vez Jane. Pois Bill é aquele que Thomas almejar ser: um artista que
está sempre em processo de autodescoberta. E, como entendemos, foram as
palavras e atitudes artísticas de Bill que reverberaram na trama e nas ações
fotográficas de Thomas. Por sua vez, Jane, a mulher misteriosa do parque, é
uma personagem sem indício conclusivo de realidade factual e que fascina
Thomas, seja pelo suspense que traz consigo, seja pela postura de modelo ideal.
Nesse sentido, o fotógrafo os faz de meio subconsciente para se alcançar algo
em si mesmo, sua identidade mais verdadeira, a qual, não por acaso, se perfaz
na atitude artística e seu inerente modo de vida – são eles os outros que pautam
a trajetória de Thomas, suas heterogeneidades. Octavio Paz desenvolve a
função e o sentido da outridade no ser individual:
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
até seus desejos incarnados que o fundem a um real mais além na investigação
de si através de/do(s) outro(s).
REFERÊNCIAS