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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

BACHAREL EM JORNALISMO

CAMILLY DA SILVA SOUZA

RESENHA CINEMATOGRÁFICA

CUIABÁ-MT
2023
CAMILLY DA SILVA SOUZA

RESENHA CINEMATOGRÁFICA

Resenha cinematográfica realizada em


cumprimento das exigências da disciplina
de fotojornalismo I, apresentada ao curso
de Jornalismo - Bacharelado, como
avaliação parcial dos trabalhos de 1º
semestre.

Orientador: Prof. Dr. Vinicius Guedes


Pereira de Souza

CUIABÁ-MT
2023
Este presente trabalho possui como finalidade escrever uma resenha do filme
“Blow up”, de Michelangelo Antonioni, refletindo sobre a pergunta: o que é
realidade e qual a diferença entre a realidade e a “realidade” fotográfica?

A obra cinematográfica italiana de 1966, “Blow up – Depois daquele beijo”,


dirigida por Michelangelo Antonioni, delineia, logo no início da trama, a contraposição
de eventos, simbolizando o dualismo do mundo das ideias com a própria realidade. O
filme em si, amplamente aclamado pela fotografia artística e estética, tem como
objetivo viabilizar a arte da representação de imagens.
A narrativa gira entorno de Thomas, um renomado fotógrafo de moda
londrina, o qual se vê desiludido com sua profissão, pois anseia capturar imagens
autênticas do cotidiano para experimentar uma vida mais plena. Apesar disso, sua
carreira o prende na promoção de modelos em meio ao auge dos anos 60. Esse
desprazer com a área comercial reflete a insatisfação do personagem, tornando-o
uma pessoa arrogante, orgulhosa e machista em diversas de suas ações.
No entanto, a rotina monótona do protagonista é revirada de cabeça para
baixo quando, em uma de suas fugas do seu ambiente laboral, fotografa casualmente
um casal de amantes no parque. Por conseguinte, a mulher retratada reage com
repulsa e exige que ele destrua os negativos, porém o fotógrafo revela suas fotos, fato
que, posteriormente, o levaria a crer em um suposto ilícito.
A Direção de arte é um dos ápices do longa-metragem, com cenários
únicos londrinos que captam perfeitamente a atmosfera existencial de Thomas,
trazendo em cada quadro o contraste entre o cenário urbano agitado com o vazio e a
solidão do protagonista. O uso de cores frias e dos ângulos da luz ressaltam o tom
sombrio da ficção, transportando o público para o interior do caso de assassinato e
para o universo metalinguístico do filme.
A trilha sonora envolvente intensifica as emoções, alternando entre
melodias suaves e momentos de tensão, acompanhando a jornada de descoberta do
fotógrafo de maneira excepcional, dando prioridade à imagem ao invés das falas dos
atores.
No centro do filme está o questionamento primordial: o homicídio
verdadeiramente ocorreu? Essa pergunta é indispensável para compreender o
propósito do filme, uma vez que provoca nos telespectadores a incerteza do
acontecimento em questão, fazendo-os revisitar para a cena da captura de fotos no
parque e procurar o assassino no meio dos arbustos, ou, então, relembrar o momento
em que o fotógrafo encontra o cadáver no local do crime. Ainda assim, mesmo
retornando a essas situações, a resposta continua incerta.
Michelangelo Antonioni concentra-se em construir uma mensagem que
evidencia a própria linguagem utilizada nela, ou seja explora a metalinguagem. À vista
disso, ao longo da obra, o diretor sugere que a verdade é subjetiva e que as imagens
podem ser ambíguas, enganosas e abertas a interpretações múltiplas. Entretanto,
esse ponto de vista cinematográfico pode ser decepcionante para certo público que
busca respostas concretas e não percebe a experiência instigante que o filme
proporciona.
Em suma, é indispensável assistir à produção de “Blow-up” e não
questionar sobre o contraste entre a realidade com a “realidade” fotográfica, visto que
a finalidade da narrativa é explorar as diversas singularidades, pouco refletidas pela
sociedade, da captura de imagens. Nesse sentido, percebe-se que o conceito de algo
real na trama é abstrato, pois a interpretação pode ser entendida de inúmeras
maneiras, e o que se julgava como conceitos contrários, na verdade, são
complementares, já que a fotografia atua como um recorte da realidade.
Assim, os retratos são uma performance da veracidade, dado que são uma
representação do momento e, ao serem contextualizado de formas diferentes, perdem
sua essência original. Em síntese, o longa italiano explora as diversas faces da
percepção humana e traz uma abordagem estética que continua a impressionar os
profissionais do ramo fotográfico.

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