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Resenha sobre: Capítulos 1 e 2 do

livro “A linguagem cinematográfica”

Aluno: Pedro Gabriel Duarte Silva.

Curso: Quarto período de Licenciatura em História.

Disciplina: Estética do Cinema.

Data: 02/04/2024

MARTIN, Marcel. Os caracteres fundamentais da imagem fílmica e o


papel criador da câmara. In: A Linguagem Cinematográfica.
Tradução: Lauro Antônio; Tradução: Maria Eduarda Colares.
Dinalivro

O capítulo inicial, Os caracteres fundamentais da imagem fílmica, dedica-se a


introduzir logo de início como articula-se a linguagem cinematográfica, como o processo da
produção do cinema, o processo de criação é ambivalente, é gerada por uma câmera e todo
o processo técnico do cinema, mas ao mesmo tempo é direcionada e coordenada pelo
diretor, um escrito da linguagem cinematográfica.

Para tratar dos assuntos do capítulo, Marcel Martin dividiu em tópicos, quase que
subcapítulos. O primeiro tópico que discorre é “Uma Realidade Material de Valor Figurativo”,
aqui o autor trata de discutir a imagem fílmica como um produto bruto de um aparelho de
registo mecânico, destacando sua objetividade reprodutora inquestionável.

A imagem cinematográfica para Marcel Martin é como uma percepção objetiva que
restitui fielmente o que é capturado pela câmara, sendo comparada a um documento
fotográfico ou filmado. Dessa forma a imagem fílmica é a matéria-prima da linguagem
cinematográfica, sendo uma complexa realidade, marcada por uma dualidade significativa.
A origem da imagem fílmica situa-se na interação entre a atividade automática, de uma
câmera, e a direção dos produtores de uma obra, o resultado se divide em vários níveis de
realidade. Martin chega a ressaltar ainda mais a ambiguidade da imagem fílmica, uma vez
que é tanto um produto objetivo da tecnologia quanto uma expressão artística subjetiva
moldada pela intenção do diretor, ou mesmo os outros realizadores do projeto. Portanto a
imagem fílmica é o âmago da linguagem cinematográfica, dotada de uma complexidade
oriunda da transição entre objetividade e subjetividade existente no processo, uma zona de
tons cinzas entre a realidade e representações artísticas.

Em seguida, o autor passa a discutir o valor afetivo da imagem fílmica e como uma
realidade que vai além da mera reprodução objetiva do real, ele evidencia a capacidade da
linguagem cinematográfica de gerar emoções, manipulá-las, no espectador. Ademais
Marcel enfatiza a estética da imagem cinematográfica, considerando os tratamentos
purificadores e intensificadores que a câmara pode aplicar ao real em estado bruto.
Levando em considerações diversos fatores que podem construir ou conduzir as emoções
do espectador, como a mudez do cinema antigo, a música, os enquadramentos, os
movimentos de câmara, etc.

A imagem fílmica alimenta a imaginação e permite uma conjunção com as próprias


concepções de mundo do espectador, para gerar uma experiência individual. A relação
entre o real material e a estética expressiva da imagem fílmica é explorada por Marcel
Martin nessa discussão sobre o valor afetivo da imagem fílmica, fica evidente que a
linguagem cinematográfica pode provocar uma resposta afetiva e sensorial no espectador,
escapando de uma simples reprodução do real para alcançar um valor emocional e artístico
significativo.

Posteriormente o autor discute a capacidade da imagem fílmica de transmitir


significados e mensagens para além da simples reprodução dos acontecimentos filmados.
Apesar de reproduzir fielmente os eventos capturados pela câmera, a imagem
cinematográfica por si só não fornece indicações claras sobre o significado profundo desses
eventos. Ela afirma a materialidade dos fatos reproduzidos, mas não os interpreta ou
demonstra seu significado intrínseco. A fotogenia e a magia são mencionadas por Martin
como elementos que conferem à imagem fílmica um valor mais profundo do que a simples
reprodução, adicionando camadas de significado e interpretação que vão além da realidade
objetiva.

A atitude estética se refere a percepção cinematográfica como um complexo íntimo


de afetividade e inteligibilidade, permitindo compreender a profunda influência mental que o
cinema exerce sobre o espectador, se diferenciando da influência emocional. O autor
destaca a importância da montagem ideológica no cinema como um dos principais meios de
descobrir os recursos específicos da linguagem cinematográfica. A percepção fílmica é
descrita como uma combinação de afetividade e inteligibilidade, que envolve tanto a
emoção quanto a compreensão racional. Martin contudo ressalta a necessidade de manter
a consciência ativa diante da imagem cinematográfica, evitando a passividade total diante
do fascínio sensorial que ela pode exercer, o cinema é um discurso que disfarça-se de
entretenimento e um entretenimento que disfarça-se de discurso. O cinema precisa ser,
portanto, reconhecido como uma arte que leva a reflexões e interpretações pessoais. A
dicotomia entre estar no mundo do filme e estar diante dele, protegido e disponível, é a
principal característica única da experiência cinematográfica, que oferece ao espectador a
liberdade de se envolver de forma ativa e crítica com a realidade representada na tela.

Partindo para o segundo capítulo Marcel Martin busca discutir como a câmara
exerce uma função poderosa no processo de realização do cinema durante sua produção,
para isso ele aborda uma extensa discussão com imagens de enquadramentos
exemplificando as suas reflexões.

Inicialmente o autor aborda a evolução da técnica cinematográfica em relação ao


uso da câmara na criação de imagens. A câmara era mantida fixa, nas primeiras produções
cinematográficas, refletindo o ponto de vista do espectador em uma peça de teatro. Com o
desenvolvimento da sétima arte, os processos permitiram que a câmera exercesse
movimentos e criasse planos diferentes durante as cenas, uma processo que foi
fundamental para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica. A câmara passou a
desempenhar um papel ativo na captura da realidade material e na criação da realidade
fílmica, possibilitando uma visão mais dinâmica e específica do cinema. A liberdade da
câmara em se movimentar e explorar diferentes ângulos e planos contribuiu
significativamente para a arte cinematográfica.

Parte então para discutir “os enquadramentos”, Martin evidencia que os


enquadramentos são essenciais na linguagem cinematográfica, pois determinam o que será
visto pelo espectador em cada cena. Eles são responsáveis por compor a imagem,
definindo o conteúdo visual e a relação entre os elementos dentro do plano. Os
enquadramentos cinematográficos podem variar em proximidade, ângulo e posição em
relação aos personagens e objetos, afetando a percepção e emoção transmitida pela cena.
As escolhas de enquadramentos estão alinhadas à narrativa e composição da mesma, a
narrativa não se limita a história do roteiro, o visual permite comunicar de forma eficaz a
mensagem que foi pensada para o filme.

Os enquadramentos dialogam diretamente com como são pensados os planos de


um filme, em “Os diversos tipos de planos” Marcel Martin aborda a importância dos
diferentes tipos de planos na composição visual de um filme. Cada tipo de plano, como
plano geral, plano médio, primeiro plano, entre outros, possui características específicas em
relação à distância entre a câmara e o objeto filmado, influenciando a percepção e a
emoção transmitida ao espectador. A escolha do tipo de plano adequado é essencial para a
narrativa cinematográfica, permitindo ao diretor criar atmosferas, destacar detalhes e guiar a
atenção do público de acordo com a intenção da cena.

Ademais os ângulos que estão dispostos cada plano abrangem esse leque de
opções e Martin faz questão de evidenciar a importância dos diferentes ângulos de
filmagem na linguagem cinematográfica. Os ângulos, como o Contra-Plongée
(contrapicado) e o Plongée (picado), têm o poder de influenciar a percepção do espectador
sobre os personagens e a narrativa. O contrapicado, por exemplo, pode transmitir uma
sensação de superioridade e triunfo, enquanto o picado tende a diminuir o indivíduo e
sugerir um sentimento de opressão, enquanto também faz com que o espectador se
enxergue na cena de outra forma, como inferior ao personagem ou superior a ele. Os
ângulos proporcionam a construção da atmosfera e da emoção da cena, permitindo um
impacto visual e transmitindo significados simbólicos.

Por fim, das diversas possibilidades de usar a câmera como objeto narrativo, resta
“Os movimentos de câmara”. Para o autor é inegável que esses movimentos têm o poder de
criar emoção, suscitando sentimentos e expectativas no espectador em relação ao que será
visto a seguir. Eles podem acompanhar um personagem em movimento, criar a ilusão de
movimento de um objeto estático, descrever um espaço ou uma ação de forma singular, e
definir relações espaciais entre elementos da ação. Os movimentos podem abordar todos
os outros fatores citados anteriormente e resultam numa execução que constroem a
narrativa toda a partir da câmara e seus movimentos, suas possibilidades espaciais.

Marcel Martin permite uma análise que abrange diversos elementos que são
essenciais da linguagem cinematográfica. Desde os discursos dentro das produções e as
relações entre realidade e irrealidade até a importância dos enquadramentos e tipos de
planos. Martin dá ênfase na composição visual do cinema, uma vez que o capítulo que trata
disso é bem maior, evidencia a complexidade da linguagem e das mensagens transmitidas
por produções cinematográficas. Assim, dominar e compreender esses elementos é
importante para conseguir entender a linguagem cinematográfica.

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