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A LINGUAGEM DO CINEMA
O valor objetivo diz respeito ao significado dessa imagem para a história do filme. O valor
sensorial diz respeito à sensação que sentimos ao nos deparar com essa imagem. A
riqueza do cinema nasce da ambiguidade entre esses dois valores.
O que define esses dois valores são os elementos expressivos do cinema. A forma como o
diretor usa os elementos da linguagem - a fotografia, a montagem, a atuação, etc.
A IDEIA DO DIRETOR
GAROTA EXEMPLAR
O filme de David Fincher trata sobre a dimensão das aparências, sobre como o que vemos
não condiz com a realidade. A forma como Fincher conduz os elementos expressivos do
filme respondem a essa ideia. O diretor equilibra valores objetivos e valores sensoriais para
atingir essa ideia.
O primeiro plano do longa, por exemplo, possui um valor objetivo pequeno, já que não
sabemos do que a história se trata, porém possui um valor sensorial alto, porque já propõe
uma atmosfera sensorial peculiar.
DAVID LYNCH
EXERCITAR O SENTIR
Os dois aspectos são importantes, tanto o objetivo como o sensorial. Mas muitas vezes ao
começar a estudar cinema se busca "entender demais" os filmes. Há um excesso de
empenho em decodificar os filmes. E algo básico é deixado de lado: sentir os filmes,
assimilar a dimensão sensorial das obras.
JOHN FORD
Mesmo nos filmes de um diretor clássico como John Ford é possível perceber um valor
sensorial. A maneira coreografada e delicada que os atores dançam e a forma como o
diretor utiliza elementos expressivos aparentemente simples - como um gesto ou uma fala -
contém um encanto característico, contém um significado implícito que reitera uma tradição
e uma ideia de nação.
Ou seja, uma dança em um filme do John Ford é mais do que uma dança, representa o
fascínio por uma tradição. Um homem acariciando os cabelos de sua esposa em “Garota
Exemplar” é mais do que um ato de carinho de um marido, representa algo que toca apenas
na superfície de uma realidade.
ATITUDE ESTÉTICA
Olhar para um filme e perceber suas propostas sensíveis e sutis exige uma atitude do
espectador. Algo que chamaremos de "atitude estética".
Perceber essas sutilezas é essencial tanto para quem quer seguir uma carreira artística
quanto para os que desejam seguir como pesquisadores ou críticos. E isso só acontece de
uma forma: assistindo filmes e nos abrindo sensorialmente a eles, não apenas tentando
decodificá-los.
O cinema clássico japonês, como os filmes de Yasujiro Ozu e Kenji Mizoguchi, são
exemplares na forma como trabalham sutilmente os elementos expressivos do cinema.
Nessas obras, um gesto ou uma simples troca de olhares entre os personagens podem
conter um peso dramático implícito muito envolvente.
CITAÇÕES DA AULA
FILMES:
Garota Exemplar (2014) - David Fincher
A Estrada Perdida (1997) - David Lynch
Cidade dos Sonhos (2001) - David Lynch
Paixão dos Fortes (1946) - John Ford
Way Down East (1920) - D. W. Griffith
2001 - Uma Odisseia no Espaço (1968) - Stanley Kubrick
Os Amantes Crucificados (1954) - Kenji Mizoguchi
Era uma Vez em Tóquio (1953) - Yasujiro Ozu
Pai e Filha (1949) - Yasujiro Ozu
LIVROS:
A Linguagem Cinematográfica - Marcel Martin
DIRETORES:
David Fincher
David Lynch
Robert Bresson
John Ford
D. W. Griffith
Stanley Kubrick
Ingmar Bergman
Yasujiro Ozu
Kenji Mizoguchi
TÉCNICO:
Billy Bitzer (Diretor de Fotografia)