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Apresentação do Módulo
Nesta aula, você estudará e analisará vários modelos gráficos de Uso da Força. São modelos
amplamente utilizados em diversos Órgãos de Segurança Pública do mundo, com o objetivo
de ajudar nos conceitos, planejamento, treinamento e comunicação dos critérios da política
institucional sobre o emprego da força nas Corporações de Segurança Pública. Os modelos
permitirão que você constate as diferentes possibilidades de Uso da Força na atividade de
segurança Pública, com suas características, vantagens e desvantagens.
Um modelo de Uso da Força é um recurso visual padrão, traduzido normalmente num gráfico,
esquema ou desenho de configuração bastante simples, que vem ilustrado, ou não, em
diferentes cores, indicando aos Agentes de Segurança Pública o tipo e a quantidade de força
legal a ser utilizada contra uma pessoa que resista a uma ordem, abordagem ou intervenção de
um Agente de Segurança Pública.
Por ser uma questão de muita discussão, ainda não existe um consenso entre as Corporações
de Segurança sobre um modelo ideal e padrão para todos. Desse modo, vemos a
multiplicidade de formas e conteúdos desses modelos que você passará a estudar. Os modelos
de Uso da Força são estruturas que abrangem os elementos da utilização da força na atividade
de prestação de serviços de Segurança Pública. Nos modelos são também apresentadas as
alternativas táticas potencialmente disponíveis ao Agente de Segurança Pública para ganhar
e/ou manter o controle em determinadas situações em que tenha que atuar.
A configuração dos modelos deve ser simples, facilitando o entendimento do agente durante a
instrução inicial e reforçando a capacidade de lembrança instantânea durante uma
confrontação real.
Portanto, um modelo é por natureza “genérico”, e sua adaptação deve ser possível a todas, ou
pelo menos à grande maioria, das instruções e ações dos Organismos de Segurança Pública.
Dessa forma, a percepção desse risco é que vai permitir ao Agente de Segurança Pública
escolher pelo aumento ou pela diminuição do grau de força a ser empregado em cada situação
específica. Isto requer muito treinamento e experiência profissional.
• O que é um modelo?
Um modelo é um esquema que contém linhas gerais sobre determinado assunto, sobre
determinadas ações, sobre determinados procedimentos e que pode, quando utilizado, orientar
a execução de algo.
Os modelos de uso diferenciado da força surgiram para orientar o policial sobre a ação a ser
tomada a partir das reações da pessoa flagrada cometendo um delito, ou até mesmo em atitude
suspeita quando questionada.
Alguns países e estudiosos sobre o assunto criaram diversos modelos que explicam e
exemplificam a escala de gradação necessária à utilização da força. Estudá-los será sua tarefa
nesta aula.
Objetivos do Módulo
Cada modelo criado possui um nome que geralmente está associado ao nome do autor que o
apresentou ou à sua origem, como se vê a seguir:
Modelo FLETC
É um modelo gráfico em degraus com cinco camadas e três painéis. Em um dos painéis está a
percepção do agente de segurança pública em relação à atitude do suspeito. Em outro painel, a
percepção de risco para o agente, simbolizado por números em algarismos romanos e cores,
que também correspondem às camadas. No terceiro painel, encontramos as respostas (reação)
de força possíveis em relação à atitude dos suspeitos e percepção de riscos.
Comentário
O autor não considera a “presença do agente” como um nível de força, vinculando o primeiro
nível com comandos verbais. Trata-se de um modelo de fácil adaptação a todas as
organizações policiais e pode ser utilizado perfeitamente pelo órgão de segurança pública.
Modelo GILlESPIE.
É um modelo gráfico em forma de tabela, com cinco colunas graduadas por cor e seis linhas
básicas, divididas em comportamento do agente e ação-resposta do policial, mas aplicável a
qualquer agente de segurança pública. A atitude do suspeito é dividida em quatro colunas que
estão subdivididas respectivamente em situações diferentes sobre a percepção do policial em
relação a ele.
Para a progressão de força, possui cinco níveis, com subdivisões crescentes de respostas do
agente de segurança pública, que interagem entre si. O modelo correlaciona a atitude do
abordado com a avaliação de risco, condição mental do agente de segurança pública e
resposta de força a ser utilizada.
Comentário
Para o autor, a verbalização é uma graduação de força que se interage com outros níveis.
Inicia-se no segundo nível de força e prossegue até o penúltimo, antes de se usar a força letal.
É um modelo complexo, porém bem completo em suas opções de ação e reação.
O agente de segurança pública que compreende a sua dinâmica está apto a fazer o uso correto
da força. Pode ser adaptado para uso nos órgãos de segurança pública brasileiros, com o
devido treinamento, dada a sua complexidade.
Modelo REMSBERG
São cinco níveis de força e cada um é subdividido em subníveis que também estão em ordem
crescente de baixo para cima. Para utilizar esse modelo, o agente de segurança pública utiliza
o degrau correspondente ao nível de força de resposta que julgar melhor para a situação
vivida. Em caso de mudanças de situação, deve-se subir ou descer os níveis.
Comentário.
É muito simples e de fácil assimilação pelos agentes de segurança pública. No entanto, não é
um modelo completo. Faz apenas a diferença do uso da força.
Modelo REMSBERG
ATIRAR
APONTAR
MÃO NA ARMA
COMANDO VERBAL
USAR O BASTÃO
MOSTRAR O BASTÃO
INSTRUMENTO DE IMPACTO
APRESENTAR O BASTÃO
MÃO NO BASTÃO
AVISO VERBAL
CHAVE DE PESCOÇO
MEDIDAS DE CONTENÇÃO
ATIVA
PONTO DE PRESSÃO
PEGADA CONDUÇÃO
AVISO
ACONSELHAMENTO
VERBALIZAÇÃO
PERSUASÃO
ENTREVISTA
POSTURA DEFENSIVA
POSTURA ABERTA
Modelo CANADENSE
Modelo CANADENSE
Modelo NASHVILLE.
Este modelo possui um formato gráfico em forma de “eixo de coordenadas”. O eixo “x”
corresponde à atitude dos suspeitos e é dividido em cinco níveis. O eixo “y” corresponde aos
quatro níveis de força. A utilização do modelo é feita através da análise do gráfico formado
pelo cruzamento dos dois eixos “x e y”, que pode ser feita de duas formas: uma mais severa e
outra menos severa. Fazendo parte do gráfico, como orientação, são colocados os fatores e
circunstâncias que podem influenciar o policial para a escolha do nível de força a ser
utilizado.
Comentário
É um modelo simples. Possui duas variáveis para o uso da força, não estando presente a
avaliação do risco proporcionado pela presença do agente de segurança pública.
Modelo NASHVILLE
É o mais simples dos modelos estudados. Foi elaborado no formato de tabela, com duas
colunas. A primeira coluna corresponde à ação do agente de segurança pública, e a segunda
coluna à atitude da pessoa em atitudes suspeitas. O modelo divide os níveis de força e atitude
dos suspeitos em sete graduações diferentes. O primeiro nível é a ausência de força e a
ausência de resistência pelo suspeito.
Comentário
É de fácil assimilação e pode ser adaptado por qualquer órgão de segurança pública.
Modelo PHOENIX
Em essência, os modelos estudados são semelhantes entre si. Eles relacionam o uso
diferenciado da força pelo órgão de segurança pública à atitude demonstrada pela pessoa em
atitudes suspeitas.
Alguns, como os modelos “FLETC” e “GILIESPIE”, colocam uma avaliação de risco como
parte integrante do gráfico, e outros não. Dos modelos estudados, três são interessantes para
serem utilizados pelos órgãos de segurança pública, por terem um conteúdo mais completo e
reproduzirem bem a realidade operacional da Força de Segurança Pública: modelos
“FLETC”, “GILIESPIE” e “CANADENSE”. Considera-se, porém, o modelo
“CANADENSE”, o mais indicado, por apresentar facilidade de aprendizagem e riqueza de
conteúdo de forma gráfica.
Importante!
É importante relembrar que o uso efetivo da força depende da compreensão sobre as relações
de causa e efeito entre agente de segurança pública e o suspeito, o que gera uma avaliação
prática e consequente resposta. Observam-se as ações da pessoa em atitudes suspeitas dentro
de um contexto de confrontação, e o agente de segurança pública escolhe o nível mais
adequado de força a ser usado ou não.
Na prática, sua resposta como agente de segurança pública será orientada pelo procedimento
do suspeito. Ele decide o que quer de você, e, com suas próprias ações ou pelo modo como se
comporta, esse suspeito justificará a utilização de certo nível de força pelo órgão de segurança
pública. Você deve empregar apenas a força necessária para controlá-lo.
Da base para o topo, cada nível representa um aumento na intensidade de força. Isso é, a
escala se move daquelas opções que são mais reversíveis para aquelas que são menos
reversíveis; daquelas que oferecem menor certeza de controle para aquelas que oferecem
maior certeza. Assim, quanto mais você sobe na escala de nível, maior será a necessidade de
se justificar posteriormente.
Uma vez que existam resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade, o
agente de segurança pública terá que adequar sua reação à intensidade da agressão,
estabelecendo formas de comandar e direcionar o suspeito provendo seu controle. Em contato
com um suspeito que está atentando contra sua vida, é claro que você não terá que progredir
nível por nível sua escala de força até você alcançar alguma forma de fazê-lo parar. O ideal é
que você fale antes e use a força somente se sua habilidade de negociar falhar. Existem,
entretanto, circunstâncias em que você não poderá dizer nada além de: “Pare!”.
Você pode mentalmente percorrer toda a escala de força em menos de um segundo e escolher
a resposta que lhe parecer mais adequada ao tipo de ameaça que enfrenta. Se sua manobra
falha ou as circunstâncias mudam, você pode aumentar seu poder, ampliando o nível de força
de um modo consciente, ao invés de agir com raiva ou medo. Essa avaliação entre as opções
para a abordagem ajuda você a manter seu equilíbrio tático.
Finalizando...
Não se pode falar em melhor modelo e nem em único modelo. Cada um dos modelos
apresentados foi criado para representar como cada estudioso, ou órgão de segurança pública,
observa e orienta a gradação do uso da força.
No próximo módulo, seu estudo terá como foco os princípios básicos do uso da força.
Exercícios
Orientação de resposta: O modelo apresentado pelo aluno deve estar em conformidade com os
modelos apresentados no respectivo módulo.
Veja um exemplo:
AVALIAÇÃO
SISTEMA NÍVEIS DE FORÇAS PERCEPÇÃO DE
MODELO DA ATITUDE FORMATO
DE CORES (ALTERNATIVAS) RISCO
DO SUSPEITO
Cinco níveis
Cinco cores Cinco níveis Cinco níveis
Submissa Gráfico em
representando Comandos verbais Profissional
Resistência forma de
níveis Controle de comandado Tática
FLETC passiva degrau, com
diferentes do Técnicas de submissão Limiar de ameaça
Resistência ativa cinco níveis e
gráfico de Táticas defensivas Ameaça danosa
Ameaça física três painéis.
força. Força mortífera Ameaça mortal
Ameaça morta
Quatro cores
Cinco níveis que Três níveis:
representando Quatro níveis:
interagem entre si: Ameaça
níveis Cooperativo
Presença desconhecida
diferentes de Não cooperativo Tabela com
GILIESPIE Verbalização Tipo de atividade
percepção do Agressivo uso de cores.
Técnicas de mão criminal
policial e Desarmado
Armas de impacto investigativa
atitude do Agressivo armado
Armas de fogo/força letal Alto risco
suspeito.
Cinco níveis subdivididos
em outros níveis:
Presença Gráfico em
REMSBERG Inexistente Verbalização Inexistente Inexistente forma de
Técnicas de mão graus.
Armas de impacto
Arma de fogo/ Força letal
Sete cores. Sete níveis:
Cinco níveis:
Cada uma Presença policial
Cooperativo
está Comandos verbais Não está presente
Não combativo
relacionada Mãos livres (leve) no modelo gráfico. Círculos
CANADENSE Resistente
com o nível Mãos livres (+ severo) É colocado como sobrepostos
Combativo
de força Aerossóis observação.
Morte ou lesão
utilizado pelo Arma de impacto
grave
policial. Arma letal
Inexistente,
Inexistente, porém
Quatro níveis: porém insere obs.
insere obs. sobre
Total submissão sobre fatores e Eixo de
fatores que
NASHVILLE Inexistente Passivo Defensivo circunstâncias coordenadas
influenciam a
Agressão ativa que influenciam a “x,y”
avaliação do uso da
Agressão ativa agravada avaliação do uso
força.
da força.
Sete níveis:
Ausência de resistência
Intimidação psicológica
Não submisso Tabela com
PHOENIX Inexistente Inexistente Inexistente
Resistência passiva duas colunas
Resistência defensiva
Atitude agressiva
Arma de fogo