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Apresentação do Módulo
Neste módulo você estudará sobre estas questões, abordando também a responsabilidade pelo
Uso da Força e sobre o Triângulo da Força Potencialmente Letal.
Objetivos do Módulo
Estrutura do Módulo
Aspectos gerais
Os Princípios sobre o Uso da Força e Armas de Fogo têm como objetivo proporcionar normas
orientadoras aos Estados-membros da ONU sobre o desempenho dos profissionais de
Segurança Pública no tema: Uso da força.
Os Princípios sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei, adotados por consenso em 7 de setembro de 1990 por ocasião do Oitavo
Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes,
entre outras recomendações , no item 2 do Preâmbulo salientamos:
As organizações de segurança pública devem equipar seus integrantes com vários tipos de
armas e munições, permitindo um uso diferenciado da força, procurando ainda disponibilizar
armas incapacitantes não letais e equipamentos de autodefesa que possam diminuir a
necessidade do uso de armas de fogo de qualquer espécie.
8. Todo agente de segurança pública que, em razão da sua função, possa vir a se envolver em
situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 (dois) instrumentos de menor potencial
ofensivo e equipamentos de proteção necessários á atuação específica, independentemente de
portar ou não arma de fogo.
Antes de fazer o uso da força em uma intervenção, responda aos seguintes questionamentos:
- Se a ação atende aos limites considerados mínimos para que se torne justa e legal sua
intervenção;
- Verificar se todas as opções estão sendo consideradas e se existem outros meios menos
danosos para se atingir o objetivo desejado.
Por outro lado, verifica-se a moderação quando o Agente interrompe o Uso da Força,
imediatamente após dominar o agressor, ou seja, o Agente de Segurança Pública soube dosar
a quantidade de força aplicada.
Como exemplo, pode-se citar a atuação de um Agente de Segurança Pública que reage a uma
agressão da pessoa abordada e não sabe a hora de parar de usar a força, ou seja, a pessoa já se
encontra dominada e ainda assim é submetido ao uso da força que naquele momento passará a
ser considerada desproporcional.
Você entenderá melhor o “Princípio da Proporcionalidade” e o “Princípio da Moderação” nas
próximas aulas.
O Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública deve ser norteado pela preservação da
vida, da integridade física e da dignidade de todas as pessoal envolvidas em uma intervenção
e, ainda, pelos princípios essenciais relacionados seguir:
• Princípio da Legalidade;
• Princípio da Necessidade;
• Princípio da Proporcionalidade;
• Princípio da Moderação
• Princípio da Conveniência.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Processo: Considera que os meios e métodos utilizados pelo agente de segurança pública
devem ser legais, ou seja, em conformidade com as normas nacionais (leis, regulamentos,
diretrizes, entre outros) e internacionais (acordos, tratados, convenções, pactos entre outros).
(conforme artigo 1º do CEAL)
PRINCÍPIO DA NECESSIDADE
O uso de força num nível mais elevado é considerado necessário quando, após tentar outros
níveis menos contundentes (negociação, persuasão e mediação) para solucionar o problema,
torna-se o último recurso a ser utilizado pelo agente de segurança pública (Interpretação do
princípio 4 do PBUFAF)
Um determinado nível de força só pode ser empregado quando outros níveis de menor
intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.
Exemplo: o agente de segurança pública pode utilizar a força potencialmente letal (disparo de
arma de fogo), para defender a sua vida ou de outra pessoa que se encontra em perigo
iminente de morte, provocado por um infrator, sempre que outros meios não tenham sido
suficientes para impedir a agressão.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
O nível de força utilizado pelo agente de segurança pública deve ser compatível, ao mesmo
tempo, com a gravidade da ameaça representada pela ação do infrator, e com o objetivo legal
pretendido.
• Gravidade da Ameaça: para ser avaliada, deverão ser considerados, entre outros
aspectos, a intensidade, a periculosidade e a forma de proceder do agressor, a
hostilidade do ambiente e os meios disponíveis ao agente de segurança pública
(habilidade técnica e equipamentos). De acordo com a evolução da ameaça (aumento
ou redução) o agente de segurança pública readequará o nível de força a ser utilizado,
tornando-o proporcional às ações do infrator, o que confere uma característica
dinâmica a este princípio.
Exemplo: não é considerada proporcional a ação agente de segurança pública, com o uso de
força potencialmente letal (disparando sua arma de fogo) contra um cidadão que resiste
passivamente, com gestos e questionamentos, a uma ordem de colocar as mãos sobre a
cabeça, durante a busca pessoal. Neste caso, a verbalização e/ou controle de contato
corresponderão ao nível de força indicada (proporcional).
PRINCÍPIO DA MODERAÇÃO
O emprego de força pelos agentes de segurança pública deverá ser dosado, visando reduzir
possíveis efeitos negativos decorrentes do seu uso ou até evitar que se produzam.
O nível de força utilizado pelo agente de segurança pública na intervenção deverá ter a
intensidade e a duração suficientes para conter a agressão. Este princípio visa evitar o excesso
no uso de força.
Considera-se imoderada a ação do agente de segurança pública que após cessada ou reduzida
a agressão, continua empregando o mesmo nível de força.
Exemplo: O agente de segurança pública que continua disparando, mesmo quando o agressor
que atirou contra ele já estiver caído ao solo, sem qualquer outro tipo de reação. O agente de
segurança pública que após quebrar a resistência física do infrator utilizando o bastão, gás
/agente químico ou mesmo técnicas de imobilização, persistir fazendo o uso desses meios.
(Interpretação do princípio 5 “a” dos PBUFAF)
PRINCÍPIO CONVENIÊNCIA
As consequências do uso de força serão avaliadas de maneira dinâmica, pois se estas forem
consideradas mais graves do que a ameaça sofrida pelas pessoas, será recomendável aos
agentes de segurança pública reverem o nível de força utilizado. É adequado reavaliar os
procedimentos táticos empregados, inclusive considerar a possibilidade de abster-se do uso de
força.
A força não será empregada quando houver possibilidade de ocasionar danos de maior
relevância em relação aos objetivos legais pretendidos.
A seguir você estudará com detalhes as referências técnicas sobre o uso de arma de fogo, que
se caracteriza como seno o nível máximo do uso da força.
• Os verbos usar ou empregar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e
correspondem às ações do Agente de Segurança Pública de empunhar ou apontar sua
arma na direção da pessoa abordada, com efeito dissuasivo, sem contudo dispará-la.
• Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e
correspondem ao efetivo disparo feito pelo Agente de Segurança Pública na direção da
pessoa abordada. Ele disparará (atirará) contra essa pessoa, como último recurso,
em caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou
lesões graves.
O Agente de Segurança Pública no seu cotidiano operacional poderá empregar a sua arma
com o objetivo de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
(Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira, no exercício pleno do seu poder de
polícia).
Importante!
O fato do Agente de Segurança Pública somente portar a arma no coldre, como parte do seu
equipamento profissional, não será considerado “uso” ou “emprego” de arma de fogo. Do
mesmo modo conduzir armas longas em posição de bandeirola não será interpretado como
“uso” ou “emprego”.
A ação do Agente de Segurança Pública em levar a mão até a arma (arma localizada)
enquanto verbaliza, demonstra ao abordado em grau de força mais elevado do que se estivesse
falando com as mãos livres. A posição com a arma de fogo empunhada, como uma
demonstração de força, permite que o Agente de Segurança Pública também esteja pronto
para defender-se caso necessite dispará-la contra uma eventual agressão letal. De igual
maneira, efeito fortemente dissuasivo pode ser obtido quando, durante a intervenção, já com a
arma empunhada, decide aponta-la na direção da pessoa abordada.
O Agente de Segurança Pública deve se preocupar em não banalizar o uso da posição 4 (arma
apontada) durante a abordagem e, logo que possível, conforme a evolução da situação, deverá
retornar à posição 2 ou 3, mantendo ativa a verbalização e o controle do abordado. Sempre
que o critério de segurança indicar, deve evitar iniciar a abordagem com a arma na posição 4,
porque além de demonstrar agressividade, não há flexibilidade de evolução para um nível
superior de força que não seja efetuar o disparo, correndo-se ainda o risco de disparo acidental
com graves consequências.
Importante!
Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e
correspondem ao efetivo disparo feito pelo Agente de Segurança Pública na direção da pessoa
abordada. Ele disparará (atirará) contra esta pessoa, como último recurso, em caso de legítima
defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou lesões graves.
O disparo de arma por Agentes de Segurança Pública contra uma pessoa constitui a expressão
máxima de uso da força devido ao efeito potencialmente letal que representa, devendo ser
considerada uma medida extrema.
- Avisar prévia e claramente sua intenção de usar armas de fogo, com tempo suficiente
para que o aviso seja levado em consideração.
OU
Ao utilizar sua arma de fogo durante uma intervenção operacional, o Agente de Segurança
Pública deve lembrar-se de:
- Verificar se as características técnicas de alcance do armamento e munições utilizados
enquadram-se nos padrões adequados à situação real em qe tiro está sendo realizado;
- Polícia!
a. Não disparar sua arma de fogo quando o agressor descarta, ou retruca, ou pondera a
ordem , ou ainda, quando este tentar empreender fuga;
Comentário 1
Saiba mais...
Leia o documento Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei - Princípios nº 21;
Leia a Diretriz nº 11, letras “g” e “h”, da Portaria nº 4226;
Portaria Interministerial nº 2, de 15 de dezembro de 2010 (Estabelece as Diretrizes Nacionais
de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública.)
(...)
19) Desenvolver programas de acompanhamento e tratamento destinados aos profissionais de
segurança pública envolvidos em ações com resultado letal ou alto nível de estresse.
Treinamento prático
Assim, você deve dominar técnicas que lhe proporcionem o máximo de controle com o
mínimo de esforço, e dentro de uma estrutura tática e legal que se ajustem (taticamente
aplicável e legalmente aceita).
Saiba mais...
Leia o documento Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei - Princípios nº 19;
Leia as Diretrizes nº 14,15, 16 e 17 da Portaria nº 4226;
Comentário 2
Questões éticas
É importante salientar as questões de natureza ética, que, juntamente com os princípios dos
direitos humanos, devem ser parte importante no treinamento, sendo que essa qualificação
deve preparar os agentes de segurança pública também para o uso de alternativas de força,
incluindo a solução pacífica de conflitos, compreensão do comportamento de multidões e
métodos de persuasão, que podem reduzir consideravelmente a possibilidade de confronto.
O treinamento deve conter ainda aspectos relacionados aos fatos ocorridos no cotidiano do
agente de segurança pública, aspectos que servem como exemplos quando da realização dessa
atividade, para facilitar o trabalho dos agentes de segurança pública em novas intervenções de
natureza semelhante.
Saiba mais...
Leia o documento Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei - Princípios nº 1 e 20.
Comentário 3
A responsabilidade direta pelo uso da força poderá recair sobre o autor, os superiores ou a
equipe de Agentes de Segurança Pública. Vale lembrar que é de nossa responsabilidade a
proteção do bem maior: a vida e a integridade das pessoas.
Os agentes de segurança pública só podem empregar a força quando estritamente necessária e
na medida exigida para o cumprimento do seu dever, devendo evitar e opor-se, com rigor, a
quaisquer violações da lei (Conforme artigo 3º e 8º do CCEAL).
Nos casos em que houver emprego de força os agentes de segurança pública preencherão,
além do Auto de Resistência, o respectivo boletim de ocorrência, constando informações
sobre:
Objetivo do Disparo
Quando um Agente de Segurança Pública dispara sua arma de fogo em cumprimento do seu
dever, como no último recurso na escala de uso de força, não o faz para advertir, assustar,
intimidar ou ferir um agressor. Ele o faz para interromper, de imediato, uma ação que atente
contra a própria vida ou à de outra pessoa.
Algumas variáveis que estão presentes na intervenção do Agente de Segurança Pública nas
quais o confronto armado pode resultar na morte do agressor:
A letalidade (morte do agressor) nunca será entendida como objetivo final da ação de disparar
a arma pelo Agente de Segurança Pública. Contudo, o resultado “morte” poderá ser
decorrente dos efeitos lesivos próprios do instrumento utilizado (arma de fogo). Tais efeitos,
sujeitos ainda às variáveis apresentadas nos objetivos do disparo, não são plenamente
controlados pelo Agente de Segurança Publica.
Portanto, quando o Agente de Segurança Pública atura contra um agressor, considera-se o uso
da força potencialmente letal ( e não de força letal), reafirmando a intenção de controlar a
ameaça (e não de produzir um resultado morte). Mesmo porque, logo após efetuar o disparo,
estando a pessoa ferida, o Agente de segurança Pública obrigatoriamente providenciará, de
imediato, todo o socorro necessário para minimizar os efeitos dos ferimentos, visando salvar-
lhe a vida.
Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), o agente de segurança pública
envolvido deverá realizar as seguintes ações:
(...) 5. Sempre que o uso legítimo da força e de armas de fogo for inevitável, os responsáveis
pela aplicação da lei deverão: (c) Assegurar que qualquer indivíduo ferido ou afetado receba
assistência e cuidados médicos o mais rápido possível; (...)
Importante!
O Agente de Segurança Pública disparará (atirará) a arma de fogo contra uma pessoa, no
exercício das suas atividades, como último recurso (mediada extrema de Uso da Força), em
caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou ferimentos
graves. Ver Diretriz nº 3, da Portaria nº 4226.
Nos casos em que o Agente de Segurança Pública dispara sua arma de fogo contra uma
pessoa é importante considerar as diversas circunstâncias que poderão interferir na precisão
do tiro, conforme descrição anterior contida no tópico “Objetivo do Disparo” (item
“parcialmente controladas pelo Agente de Segurança Pública”).
Sempre que as circunstâncias permitirem o Agente de Segurança Pública deverá, desde que
não coloque em risco a própria vida ou a terceiros, disparar nas partes do corpo do agressor
que minimizem o risco de morte. A capacitação para a realização com efetividade de disparos
“menos ofensivos” deverá fazer parte do treinamento com armas de fogo aplicado aos
Agentes de Segurança Pública que já superaram o nível básico do treinamento.
Os Agentes de Segurança Pública devem ter pleno conhecimento sobre os aspectos éticos e
legais que envolvem a sua ação profissional.
Para tanto, deverão atualizar-se sobre a doutrina, além de treinar, regularmente, as técnicas de
uso do seu armamento e equipamento de trabalho.
- Disparos táticos
- Disparos de dentro da viatura de Segurança Pública em movimento ou contra veículos
em fuga;
- Disparos de advertência;
Antes de atirar, deverá dedicar especial atenção à segurança do público e empregar munições
ou armas adequadas (tipo, potência e alcance).
Importante!
Todavia, seu emprego está autorizado, quando outros meios menos lesivos se mostrem
ineficazes e seja estritamente necessário o disparo, nos casos de legítima defesa própria ou de
outrem, quando o indivíduo, durante a fuga, provocar ameaça iminente de morte ou ferimento
grave.
Importante!
São disparos com equipamento apropriado ou arma de fogo, em que se utiliza munição
especial (elastômero - projétil de látex macio ou similar). Normalmente, são empregadas em
operações de manutenção da ordem pública e controle de distúrbios. As regras para o disparo
com essas munições não são tão restritivas como as que se aplicam às munições
convencionais (somente em defesa da vida). Contudo, suas características e finalidades
permitem seu emprego em situações como a de manutenção da ordem pública e de controle de
distúrbios, quando o nível de força a ser aplicado for menor ao que se aplicaria nos disparos
de armas de fogo com munições convencionais.
• que devem ser evitados os disparos diretos contra as partes mais sensíveis do
corpo, principalmente locais de risco de lesões graves: cabeça, olhos, ouvidos,
entre outros. Os disparos devem ser dirigidos para a região dos membros
inferiores;
• Disparos táticos:
São realizados para obter uma vantagem tática, para dar mais segurança ao reposicionamento
da equipe de Agentes de Segurança Pública no terreno. Não devem ser dirigidos contra
pessoas. São aqueles normalmente efetuados pelo Agente de Segurança para dar cobertura a
companheiros durante confrontos armados (“fogo e movimento”), também, para diminuir a
luminosidade de um ambiente, romper a fechadura de uma porta ou de outros obstáculos. O
Agente de Segurança Pública que o realiza deve estar devidamente treinado, para não colocar
em risco a sua integridade física e a de outras pessoas.
• Estes disparos têm pouca eficácia para fazer um veículo e os projetos podem
ricochetear (no motor ou pneus) ou atravessar o veículo ou, até mesmo, não atingi-lo,
convertendo-se em “balas perdidas”;
• Se o condutor for atingido, existe um risco elevado de que ele perca o controle do
veículo e cause acidentes graves;
• Estes disparos tem pouca precisão, o disparo fica prejudicado pelo movimento do
veículo e o balanço provocado por ele, inclusive quando efetuados por atiradores
experientes;
Importante!
Os Agentes de Segurança Pública não deverão disparar contra veículos que desrespeitem o
bloqueio de via pública, a não ser que ele represente um risco imediato à vida ou à integridade
dos Agentes ou de terceiros, por meio de atropelamentos ou acidentes intencionais (o
motorista utiliza o veículo como “arma”).
Inserir link com o texto abaixo:
Saiba mais...
Diretriz nº 5 da Portaria 4226.
(...)5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veículo que desrespeite bloqueio policial
em via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos
agentes de segurança pública ou terceiros. (...)
• Disparos de advertência:
A REGRA É NÃO DISPARAR a arma de fogo com esta finalidade. Quando o Agente de
Segurança Pública atira com sua arma, não o faz para advertir ou para assustar, o faz para
interromper, de imediato, uma agressão contra a sua vida ou a de terceiros. Considerando as
possíveis consequências desse tipo de ação, os Agentes de Segurança Pública não devem
atirar para fazer valer sua advertência:
• nos disparos feitos para cima o projétil retorna ao solo com força
suficiente para provocar lesões ou morte. Nos disparos feitos contra o
solo ou contra paredes ele pode ricochetear e também provocar lesões
ou morte;
• esses disparos podem fazer com que outros Agentes de Segurança
Pública que estejam atuando nas proximidades pensem, de maneira
equivocada, que estão sendo alvos de tiros de agressores, o que pode
provocar neles reação indevida;
• os disparos efetuados pelos Agentes de Segurança Pública podem
provocar revide por parte dos agressores, incrementando ainda mais o
risco contra a equipe e contra outras pessoas.
Saiba mais...
Portaria nº 4226, Princípio nº 6
(...) 6. Os chamados "disparos de advertência" não são considerados prática aceitável, por não
atenderem aos princípios elencados na Diretriz n.º 2 e em razão da imprevisibilidade de seus
efeitos. (...)
• Disparo contra animais: poderá ocorrer após serem tentados outros meios de
contenção e quando o animal:
• encontrar-se fora de controle, agressivo, ou representar grave e
iminente perigo contra as pessoas ou ao patrimônio;
• encontrar-se agonizante e numa situação de ferimentos ou enfermidade
na qual necessite ser sacrificado para evitar sofrimento desnecessário e
não estiver próximo a veterinário que possa realizar esta tarefa e não
houver condições de atendimento por outros órgãos responsáveis.
LEMBRE-SE:
Saiba mais...
(...) 16. Deverão ser elaborados procedimentos de habilitação para o uso de cada tipo de arma
de fogo e instrumento de menor potencial ofensivo que incluam avaliação técnica,
psicológica, física e treinamento específico, com previsão de revisão periódica mínima.
17. Nenhum agente de segurança pública deverá portar armas de fogo ou instrumento de
menor potencial ofensivo para o qual não esteja devidamente habilitado e sempre que um
novo tipo de arma ou instrumento de menor potencial ofensivo for introduzido na instituição
deverá ser estabelecido um módulo de treinamento específico com vistas à habilitação do
agente.
18. A renovação da habilitação para uso de armas de fogo em serviço deve ser feita com
periodicidade mínima de 1 (um) ano. (...)
• Disparos de armas de fogo: Agentes de Segurança Pública x infratores
Faz-se necessário distinguir claramente, sob o enfoque prático, as diferenças existentes entre
os disparos de armas de efetuados pelos Agentes de Segurança Pública em resposta aos tiros
contra eles realizados pelos agressores. Observe atentamente o quadro a seguir:
NENHUMA: O público
CIDADÃOS atingido facilita a fuga,
Delinquir Junto à sociedade
INFRATORES pois ocupará a Polícia com
socorrimento.
Fonte: MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual de Prática Policial, volume I. Belo Horizonte, 2002.
Habilidade
Oportunidade
Diz respeito ao potencial do suspeito em usar sua habilidade para matar ou ferir gravemente.
Um suspeito desarmado, mas muito alto e forte, pode ter a habilidade de ferir seriamente ou
matar uma outra pessoa menor e menos condicionada. A oportunidade, entretanto, não existe
se o suspeito está a 20 metros de distância, por exemplo. De igual modo, um suspeito armado
com uma faca tem habilidade para matar ou ferir seriamente, mas pode faltar oportunidade se
você aumentar a distância entre as partes – no caso, você e ele – ou na busca de um abrigo.
Risco
Existe quando um suspeito toma vantagem de sua habilidade e oportunidade para colocar
agente de segurança pública ou outra pessoa inocente em um iminente perigo físico. Uma
situação onde um suspeito de roubo recusa-se a soltar a arma quando acuado após uma
perseguição a pé pode-se constituir em risco.
Comentário.
Raciocinar sobre o triângulo da força letal pode auxiliá-lo a decidir. Além disso, ao lidar com
um suspeito não cooperativo que está armado, você deve, em primeiro lugar, buscar um
abrigo para, então, lidar com ele. Em seguida, você deve aumentar a distância entre você e o
agressor, o que dificultará o ataque. Em terceiro lugar, solicite cobertura. Não tente resolver a
situação isoladamente.
Avaliação de riscos
Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado pelo
Agente de Segurança Pública. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça
contra pessoas e bens; é incerto, mas previsível. Cada situação exigirá que ele se mantenha no
estado de prontidão compatível com a gravidade dos riscos que identificar. Uma ponderação
prévia irá orientar o Agente de Segurança Pública sobre a necessidade e sobre o momento de
iniciar a intervenção, escolhendo a melhor maneira para fazê-lo.
Toda ação do Agente de Segurança Pública deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos
envolvidos, que consiste na análise da probabilidade da concretização do dano e de todos os
aspectos de segurança que subsidiarão o processo de tomada de decisão em uma intervenção.
O Agente de Segurança Pública deverá ter em mente que, em qualquer processo de tomada de
decisão em ambiente operacional, precisa levar em conta as atribuições do Órgão de
Segurança Pública a que pertence. Em geral, pode-se resumir como sendo o dever funcional
de servir e de proteger a sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e
do patrimônio, garantindo a vida, a dignidade e a integridade de todos.
Lembre-se:
Às vezes não é possível afastar completamente o risco em uma intervenção, mas o preparo
mental, o treinamento e a obediência às normas técnicas garantem uma probabilidade maior
de sucesso!
Finalizando...
As implicações do uso (letal) de armas de fogo podem ser, é claro, limitadas nos termos
legais. No entanto, é bom que as consequências pessoais para os policiais envolvidos sejam
destacadas. Embora existam regras gerais de como os seres humanos reagem a
acontecimentos estressantes, a reação específica de cada pessoa depende, em primeiro lugar,
da própria pessoa, sendo após ditada pelas circunstâncias particulares e únicas do
acontecimento.
O abuso não deve ser tolerado. A atenção deve estar voltada para a prevenção desses atos,
mediante formação e treinamento regular apropriado e procedimentos de avaliação e
supervisão adequados. Sempre que existir uma situação de abuso legado ou suspeitado, deve
haver uma investigação imediata, imparcial e total.
Sempre que houver uma suspeita ou denúncia de abuso, deve haver imediata investigação,
profissional e imparcial, por parte do respectivo Órgão de Segurança Pública.
Atividades
1. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:
Ao avistar uma operação Blitz, um motorista passa direto com seu carro e tenta seguir em
frente – um dos Agentes de Segurança Pública (portando arma longa), que compõe a equipe,
dispara dois tiros em direção ao pneu traseiro do veículo, que para logo à frente. O motorista é
preso e no interior do automóvel são encontrados 5 Kg de cocaína.
2. Em sua opinião, o que levou o Agente de Segurança Pública a agir dessa maneira?
- era possível alcançar o objetivo da intervenção usando outros meios que não os disparos?
Consideraram todas as opções?
2. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:
Após um assalto, dois suspeitos fugiram e foram perseguidos por Agentes de Segurança
Pública a pé, que passavam pelo local e perceberam a ação.
Quando foi encurralado, um suspeito, de posse de uma arma de fogo (revólver calibre 38), fez
um transeunte como refém e, no meio da rua, começa uma troca de tiros com um dos Agentes
de Segurança Pública. O refém fica no meio do tiroteio. O agressor e o refém foram atingidos
de raspão, com ferimentos leves.
Um dos disparos realizados pelo agressor chegou a atingir a fivela do cinto do Agente de
Segurança Pública.
Em seguida, o suspeito corre e, logo à frente, faz outro refém, agarrando-o por trás, e coloca a
arma na cabeça dele utilizando-o como escudo. Poucos minutos depois, estando cercado, o
agressor joga a arma em direção aos Agentes de Segurança Pública, liberta o refém e se
entrega.
1. Como você avalia os disparos de arma de fogo feitos pelo Agente de Segurança Pública, na
troca de tiros com o agressor?
2. Como deveria ter sido a ação policial, de forma a evitar riscos à vida das pessoas
envolvidas na ocorrência?
3. O que está descrito no caso em análise pode ocorrer no cotidiano profissional dos Agentes
de Segurança Pública? Por que?
- a vida de quem estava sendo protegida pelos disparos dos Agentes de Segurança? Esses
disparos aumentaram ou diminuíram o risco de vida do refém?
- era possível alcançar o objetivo da intervenção usando outros meios que não os disparos?
Consideraram todas as opções?
3. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:
1. Como você avalia o uso de força pelo Agente de Segurança Pública, nesse caso?
2. De acordo com os ensinamentos adquiridos nas aulas, qual seria o procedimento correto
para esse tipo de situação?
4. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:
Durante uma operação Blitz, um carro desrespeita a sinalização e passa direto – atropela dois
Agentes de Segurança Pública da equipe – e segue em frente. O agente que estava fazendo a
segurança da equipe percebe antecipadamente a manobra de atropelamento e dispara um tiro
de sua arma longa apontando para o motorista.
O carro segue em frente e passa pelo Agente que atuava como segurança, momento em que o
Agente faz mais dois disparos apontando para o pneu traseiro do veículo. O carro para logo à
frente, quando, então, percebem que o motorista estava alcoolizado e tentara fugir, sem que
houvesse nenhuma outra circunstância incriminadora.
O motorista foi atingido por um tiro na nuca e morreu no local.
Para auxiliar a análise, responda às seguintes questões:
1. Como você avalia o emprego da arma de fogo na situação apresentada?
2. Em sua opinião, o que levou o Agente de Segurança Pública a agir dessa maneira?
3. De acordo com os ensinamentos adquiridos nessas aulas, qual seria o procedimento correto
para esse tipo de situação?
Orientação para resposta:
- o primeiro disparo da arma de fogo foi necessário? - a vida de quem estava sendo protegida
por este disparo?
E os outros dois disparos, foram também necessários? - a vida de quem estava sendo
protegida pelos disparos após a passagem do veiculo?
- o objetivo pretendido pelo Agente de Segurança Pública (proteger a vida dos colegas) com o
primeiro tiro, e (interromper a fuga) segundo disparo, tinha fundamento legal?
- era possível alcançar o objetivo da intervenção usando outros meios que não os disparos?
Consideraram todas as opções?
- a avaliação de risco e a decisão quanto ao tipo de intervenção foram
adequadas/proporcionais?
- houve uso excessivo de força?
- qual era o nível de força necessário para aplicar na situação?
5. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:
Uma viatura, com equipe de quatro Agentes de Segurança Pública, realiza patrulhamento
noturno em um bairro com alto índice de criminalidade violenta, em região suburbana
considerada perigosa.
Ao aproximar-se (em torno de 150m ou um quarteirão) de um local de conhecida “boca de
fumo” equipe é recebida a tiros (duas rajadas intervaladas de cinco disparos) – foi possível
escutar sibilar das balas passando próximo da viatura - os Agentes desembarcam
imediatamente, buscam abrigo tático e revidam os tiros, disparando suas armas na direção da
agressão (média de três disparos por cada Agente, portando um deles o fuzil 5.56mm e os
demais da equipe com pistolas .40).
1. Como você avalia os disparos de arma de fogo feitos pelos Agentes de Segurança Pública?
2. Como deveria ter sido a ação da equipe, de forma a evitar riscos à vida das pessoas
envolvidas na ocorrência? Poderia converter-se em “bala perdida”?
3. O que está descrito no caso em análise pode ocorrer no cotidiano profissional dos Agentes
de Segurança Pública? Por que?
6. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:
Agentes de Segurança Pública atuavam em apoio aos fiscais da prefeitura em uma feira no
centro da cidade. Havia várias vendedoras irregulares que não podiam vender produtos
naquele local. Os Agentes de Segurança Pública chegaram agredindo as vendedoras. Várias
crianças estavam por perto e presenciaram a agressão. Uma mulher foge, deixando o filho
para trás e um dos agentes vai em sua direção e a agride. A mulher não consegue fugir, nem
se defender. O agente é repreendido pela população. Ninguém foi preso.
2. De acordo com os ensinamentos adquiridos nessas aulas, qual seria o procedimento correto
para esse tipo de situação?