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Módulo 3 – Princípios básicos do uso da força

Apresentação do Módulo

O documento intitulado “Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo”


(PBUFAF) foi instituído no Oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a a Prevenção do
Crime e o Tratamento dos Infratores, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de
setembro de 1990.

Mas quais são esses princípios?

O que é indispensável a um agente de segurança pública saber e fazer em relação à aplicação


desses princípios?

Neste módulo você estudará sobre estas questões, abordando também a responsabilidade pelo
Uso da Força e sobre o Triângulo da Força Potencialmente Letal.

Objetivos do Módulo

Ao final deste módulo, você será capaz de:

• Enumerar os princípios básicos que orientam o uso diferenciado e legal da força;


• Identificar as questões práticas que envolvem o Uso de Armas de fogo;
• Aplicar, em situações-problema, de maneira correta, o Uso Diferenciado da Força;
• Utilizar o Triângulo da Força nas decisões a serem tomadas, frente à situação
apresentada.

Estrutura do Módulo

O conteúdo deste módulo está distribuído em 1 aula:


Aula 1 – Princípios básicos sobre o uso da força

Aula 2 – O Triângulo de Uso da Força

Aula 1 – Princípios básicos sobre o uso da força

Aspectos gerais

Os Princípios sobre o Uso da Força e Armas de Fogo têm como objetivo proporcionar normas
orientadoras aos Estados-membros da ONU sobre o desempenho dos profissionais de
Segurança Pública no tema: Uso da força.

Os Princípios sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei, adotados por consenso em 7 de setembro de 1990 por ocasião do Oitavo
Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes,
entre outras recomendações , no item 2 do Preâmbulo salientamos:

2. “Recomenda os Princípios Básicos para adoção e execução nacional, regional e inter-


regional, levando em consideração as circunstâncias e as tradições políticas, econômicas,
sociais e culturais de cada país;”

Em resposta a essas recomendações, o Brasil editou, em dezembro de 2010, a PORTARIA


INTERMINISTERIAL Nº 4.226, que Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos
Agentes de Segurança Pública.

É reconhecida a importância e a complexidade do trabalho dos Agentes de Segurança Pública,


no qual se destaca seu papel na proteção da vida, liberdade e segurança de todas as pessoas.
Ênfase especial deve ser dada à qualificação, treinamento e conduta desses Agentes de
Segurança Pública, tendo em vista seu contato direto com a sociedade quando das suas
intervenções operacionais.
As Organizações de Segurança Pública recebem uma série de meios legais que as capacitam a
cumprir seus deveres de aplicação da lei e preservação da ordem. Sem estes e outros poderes,
tal como aquele de privar as pessoas de sua liberdade, não seria possível aos Agentes de
Segurança Pública desempenhar sua missão constitucional.

As organizações de segurança pública devem equipar seus integrantes com vários tipos de
armas e munições, permitindo um uso diferenciado da força, procurando ainda disponibilizar
armas incapacitantes não letais e equipamentos de autodefesa que possam diminuir a
necessidade do uso de armas de fogo de qualquer espécie.

Diretriz nº 8, da Resolução 4226/2010

8. Todo agente de segurança pública que, em razão da sua função, possa vir a se envolver em
situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 (dois) instrumentos de menor potencial
ofensivo e equipamentos de proteção necessários á atuação específica, independentemente de
portar ou não arma de fogo.

Uso da força: questões preliminares

Refletindo sobre a questão...

Antes de prosseguir, pare e reflita: quais os questionamentos que um agente de segurança


pública deve fazer a si mesmo antes de fazer o uso da força?

Antes de fazer o uso da força em uma intervenção, responda aos seguintes questionamentos:

1. O emprego da força é legal?

Neste primeiro questionamento, o agente de segurança pública deve buscar amparar


legalmente sua ação, devendo ter conhecimento da lei e estar preparado tecnicamente por
meio da sua formação e do treinamento recebidos. Cabe ressaltar que vários são os casos em
que ocorrem ações legítimas decorrentes de atos ilegais.
Como exemplo, podemos citar o caso do agente de segurança pública que, durante uma
abordagem, tenta conseguir uma “confissão” do suspeito, à força, e, em virtude disso, esse
agente é desacatado. A prisão por desacato é uma ação legítima, contudo, ela ocorreu em
virtude de um ato ilegal, portanto o uso da força pelo órgão de segurança pública é
questionável, posto que ele próprio provocou a situação.

2. A aplicação da força é necessária?

Para responder, é preciso identificar o objetivo a ser atingido:

- Se a ação atende aos limites considerados mínimos para que se torne justa e legal sua
intervenção;

- Verificar se todas as opções estão sendo consideradas e se existem outros meios menos
danosos para se atingir o objetivo desejado.

Você entenderá melhor sobre o “Principio da Necessidade” nas próximas aulas.

3. O nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de resistência oferecido?

Para verificar a proporcionalidade do Uso da Força, deve-se observar se houve equilíbrio


entre a ação do agressor e a reação do Agente se Segurança Pública.

Por outro lado, verifica-se a moderação quando o Agente interrompe o Uso da Força,
imediatamente após dominar o agressor, ou seja, o Agente de Segurança Pública soube dosar
a quantidade de força aplicada.

Como exemplo, pode-se citar a atuação de um Agente de Segurança Pública que reage a uma
agressão da pessoa abordada e não sabe a hora de parar de usar a força, ou seja, a pessoa já se
encontra dominada e ainda assim é submetido ao uso da força que naquele momento passará a
ser considerada desproporcional.
Você entenderá melhor o “Princípio da Proporcionalidade” e o “Princípio da Moderação” nas
próximas aulas.

4. O uso da força é conveniente?

O aspecto referente à conveniência do uso da força diz respeito ao momento e ao local da


intervenção do agente de segurança pública. Por exemplo, não seria conveniente reagir a uma
agressão por arma de fogo, se você estivesse em um local de grande movimentação de
pessoas, tendo em vista o risco que sua reação ocasionaria naquela circunstância, ainda que
fosse legal, proporcional e necessário.

O Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública deve ser norteado pela preservação da
vida, da integridade física e da dignidade de todas as pessoal envolvidas em uma intervenção
e, ainda, pelos princípios essenciais relacionados seguir:

• Princípio da Legalidade;
• Princípio da Necessidade;
• Princípio da Proporcionalidade;
• Princípio da Moderação
• Princípio da Conveniência.

Veja, a seguir, cada um deles!

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Constitui na utilização de força para a consecução de um objetivo legal e nos estritos

limites do ordenamento jurídico.

Este princípio deve ser compreendido sob os aspectos do:

Resultado: Considera a motivação ou a justificativa para a intervenção da polícia. O objeto


da ação deve ser sempre dirigido a alcançar o objetivo legal. Deste modo, a lei protege o
resultado da ação agente de segurança pública. (Interpretação dos Princípios 5 do PBUFAF).
Exemplo: O princípio da legalidade não está presente se o agente de segurança
pública usa de força física (violência) para extrair a confissão de uma pessoa. A
tortura é vedada em qualquer situação e não justifica o objetivo a ser alcançado por
meio de mecanismos que infringem o direito humano de não produzir prova contra si
mesmo ou declarar-se culpado.

Processo: Considera que os meios e métodos utilizados pelo agente de segurança pública
devem ser legais, ou seja, em conformidade com as normas nacionais (leis, regulamentos,
diretrizes, entre outros) e internacionais (acordos, tratados, convenções, pactos entre outros).
(conforme artigo 1º do CEAL)

Exemplo: O agente de segurança pública não cumpre o princípio da legalidade se


durante o seu serviço, usar arma e munições não autorizadas pela Instituição, tais
como armas sem registro, com numeração raspada, calibre proibido, munições
particulares, dentre outras.

PRINCÍPIO DA NECESSIDADE

O uso de força num nível mais elevado é considerado necessário quando, após tentar outros
níveis menos contundentes (negociação, persuasão e mediação) para solucionar o problema,
torna-se o último recurso a ser utilizado pelo agente de segurança pública (Interpretação do
princípio 4 do PBUFAF)

Um determinado nível de força só pode ser empregado quando outros níveis de menor
intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.

Exemplo: o agente de segurança pública pode utilizar a força potencialmente letal (disparo de
arma de fogo), para defender a sua vida ou de outra pessoa que se encontra em perigo
iminente de morte, provocado por um infrator, sempre que outros meios não tenham sido
suficientes para impedir a agressão.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
O nível de força utilizado pelo agente de segurança pública deve ser compatível, ao mesmo
tempo, com a gravidade da ameaça representada pela ação do infrator, e com o objetivo legal
pretendido.

• Gravidade da Ameaça: para ser avaliada, deverão ser considerados, entre outros
aspectos, a intensidade, a periculosidade e a forma de proceder do agressor, a
hostilidade do ambiente e os meios disponíveis ao agente de segurança pública
(habilidade técnica e equipamentos). De acordo com a evolução da ameaça (aumento
ou redução) o agente de segurança pública readequará o nível de força a ser utilizado,
tornando-o proporcional às ações do infrator, o que confere uma característica
dinâmica a este princípio.

Exemplo: não é considerada proporcional a ação agente de segurança pública, com o uso de
força potencialmente letal (disparando sua arma de fogo) contra um cidadão que resiste
passivamente, com gestos e questionamentos, a uma ordem de colocar as mãos sobre a
cabeça, durante a busca pessoal. Neste caso, a verbalização e/ou controle de contato
corresponderão ao nível de força indicada (proporcional).

• Objetivo Legal Pretendido: consiste em aferir se o resultado da ação agente de


segurança pública está pautado na lei. Visa à proteção da vida, integridade física e
patrimônio das pessoas que estejam sofrendo ameaças; além da manutenção da ordem
pública e a restauração da paz social. Guarda correlação direta com o princípio da
legalidade no que se refere ao aspecto “resultado”.

O princípio da proporcionalidade aplicado na ação bélica tipicamente militar (Forças


Armadas) em situações de guerra. De acordo com as normas do Direito Internacional
Humanitário (DIH) – também chamado de Direito Internacional dos Conflitos Armados – a
proporcionalidade é o princípio destinado a limitar os danos causados (colaterais ou
incidentais) por operações militares em situações de conflito armado. Neste caso, não se leva
em consideração outros aspectos como a gravidade da agressão ou ameaça do inimigo.
Assim, os possíveis danos causados às pessoas e aos bens civis, decorrentes das operações
militares, com o fim de neutralizar ou destruir as forças inimigas, não são proibidos pelo DIH,
desde que tais danos sejam proporcionais à vantagem militar a ser alcançada. A
proporcionalidade militar exige que o efeito dos meios e métodos de guerra utilizados
considere, principalmente, a vantagem militar pretendida. Os artigos 51 e 57 do Protocolo
Adicional, comuns às Convenções de Genebra, proíbem que sejam lançados ataques que
causem vítimas entre a população civil e danos aos bens de caráter civil.

PRINCÍPIO DA MODERAÇÃO

O emprego de força pelos agentes de segurança pública deverá ser dosado, visando reduzir
possíveis efeitos negativos decorrentes do seu uso ou até evitar que se produzam.

O nível de força utilizado pelo agente de segurança pública na intervenção deverá ter a
intensidade e a duração suficientes para conter a agressão. Este princípio visa evitar o excesso
no uso de força.
Considera-se imoderada a ação do agente de segurança pública que após cessada ou reduzida
a agressão, continua empregando o mesmo nível de força.

Exemplo: O agente de segurança pública que continua disparando, mesmo quando o agressor
que atirou contra ele já estiver caído ao solo, sem qualquer outro tipo de reação. O agente de
segurança pública que após quebrar a resistência física do infrator utilizando o bastão, gás
/agente químico ou mesmo técnicas de imobilização, persistir fazendo o uso desses meios.
(Interpretação do princípio 5 “a” dos PBUFAF)

PRINCÍPIO CONVENIÊNCIA

O princípio da conveniência diz respeito à oportunidade e à aceitação de uma ação agente de


segurança pública em um determinado contexto, ainda que estejam presentes os demais
princípios.

As consequências do uso de força serão avaliadas de maneira dinâmica, pois se estas forem
consideradas mais graves do que a ameaça sofrida pelas pessoas, será recomendável aos
agentes de segurança pública reverem o nível de força utilizado. É adequado reavaliar os
procedimentos táticos empregados, inclusive considerar a possibilidade de abster-se do uso de
força.

A força não será empregada quando houver possibilidade de ocasionar danos de maior
relevância em relação aos objetivos legais pretendidos.

Exemplo: Não é adequado ao agente de segurança pública repelir os disparos de um


agressor em uma área com grande movimentação de público devido à possibilidade de
se vitimar outras pessoas, mesmo que estejam sendo observados os princípios da
legalidade, necessidade e proporcionalidade naquela ação.

Atenção: O Agente de segurança pública deverá considerar que, quando as


consequências negativas do uso de força forem superiores ao objetivo legal pretendido
e à gravidade da ameaça ou agressão sofrida, é recomendado que não prossiga com o
uso de força.

A seguir você estudará com detalhes as referências técnicas sobre o uso de arma de fogo, que
se caracteriza como seno o nível máximo do uso da força.

• Conforme previsto na Diretriz nº 3, da Portaria nº 4226, o Agente de Segurança


Pública não deve usar arma de fogo, exceto em casos de legítima defesa própria ou de
terceiros, contra perigo iminente de morte ou lesão grave.

• Na atividade operacional, a ação de usar ou empregar armas de fogo tem um


entendimento prático e específico que a diferencia, em termos de nível de força
aplicado, em relação à ação de disparar ou atirar.

• Os verbos usar ou empregar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e
correspondem às ações do Agente de Segurança Pública de empunhar ou apontar sua
arma na direção da pessoa abordada, com efeito dissuasivo, sem contudo dispará-la.
• Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e
correspondem ao efetivo disparo feito pelo Agente de Segurança Pública na direção da
pessoa abordada. Ele disparará (atirará) contra essa pessoa, como último recurso,
em caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou
lesões graves.

Usar ou Empregar Arma de Fogo

As ações de empunhar ou apontar a arma durante a intervenção do Agente de Segurança


Pública de uma verbalização adequada constitui demonstração de força que implicará em
forte efeito intimidativo no abordado, além de estar em condições de apresentar uma reposta
rápida, caso necessário. Servirá também como fator de autoproteção do Agente, uma vez que
ele estará com sua arma em condição de disparo. As posições adotadas com a arma
correspondem a níveis diferentes de percepções de uso de força pelo abordado. Exemplo:
localizar, empunhar e apontar a arma de fogo.

O Agente de Segurança Pública no seu cotidiano operacional poderá empregar a sua arma
com o objetivo de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
(Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira, no exercício pleno do seu poder de
polícia).

Importante!

O fato do Agente de Segurança Pública somente portar a arma no coldre, como parte do seu
equipamento profissional, não será considerado “uso” ou “emprego” de arma de fogo. Do
mesmo modo conduzir armas longas em posição de bandeirola não será interpretado como
“uso” ou “emprego”.

A ação do Agente de Segurança Pública em levar a mão até a arma (arma localizada)
enquanto verbaliza, demonstra ao abordado em grau de força mais elevado do que se estivesse
falando com as mãos livres. A posição com a arma de fogo empunhada, como uma
demonstração de força, permite que o Agente de Segurança Pública também esteja pronto
para defender-se caso necessite dispará-la contra uma eventual agressão letal. De igual
maneira, efeito fortemente dissuasivo pode ser obtido quando, durante a intervenção, já com a
arma empunhada, decide aponta-la na direção da pessoa abordada.

Possibilidades de uso ou emprego de armas de fogo:

com a arma ainda no coldre, leva a mão até o


Posição 1 – arma localizada:
punho, como se estivesse pronto para sacá-la

com a arma, já empunhada, fora do coldre,


Posição 2 – arma em guara baixa: posicionada na altura do abdome e com o
cano dirigido para baixo.

com a arma, já empunhada, fora do coldre,


posicionada na altura do peito, com o cano
Posição 3 – arma em guarda alta: dirigido, numa angulação de
aproximadamente 45º, pronto para apontá0la
para o alvo.

com a arma apontada diretamente para o


Posição 4 – arma em pronta resposta
abordado.

O Agente de Segurança Pública deve se preocupar em não banalizar o uso da posição 4 (arma
apontada) durante a abordagem e, logo que possível, conforme a evolução da situação, deverá
retornar à posição 2 ou 3, mantendo ativa a verbalização e o controle do abordado. Sempre
que o critério de segurança indicar, deve evitar iniciar a abordagem com a arma na posição 4,
porque além de demonstrar agressividade, não há flexibilidade de evolução para um nível
superior de força que não seja efetuar o disparo, correndo-se ainda o risco de disparo acidental
com graves consequências.

Importante!

Mantenha o dedo fora do gatilho enquanto empunhar o armamento. O controle da direção do


cano também é fundamental como aspecto de segurança no uso do armamento.
Atirar ou Disparar Arma de Fogo

Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e
correspondem ao efetivo disparo feito pelo Agente de Segurança Pública na direção da pessoa
abordada. Ele disparará (atirará) contra esta pessoa, como último recurso, em caso de legítima
defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou lesões graves.

O disparo de arma por Agentes de Segurança Pública contra uma pessoa constitui a expressão
máxima de uso da força devido ao efeito potencialmente letal que representa, devendo ser
considerada uma medida extrema.

Para fazer o uso da arma de fogo, você deverá:

- Identificar-se como agente de segurança pública.

- Avisar prévia e claramente sua intenção de usar armas de fogo, com tempo suficiente
para que o aviso seja levado em consideração.

A NÃO SER QUE

- Tal procedimento represente risco indevido para os agentes de segurança pública ou


acarrete risco de dano grave ou morte para terceiros.

OU

- Seja totalmente inadequado ou inútil, dadas as circunstâncias da ocorrência.

Uso da Força: ações indispensáveis

Ao utilizar sua arma de fogo durante uma intervenção operacional, o Agente de Segurança
Pública deve lembrar-se de:
- Verificar se as características técnicas de alcance do armamento e munições utilizados
enquadram-se nos padrões adequados à situação real em qe tiro está sendo realizado;

- Identificar-se como Agente de Segurança Pública de forma clara e inequívoca,


advertindo o agressor sobre sua intenção de disparar, usando o comando verbal:

- Polícia!

- Solte sua arma!

- NÃO reaja, posso disparar!

- Considerar o tempo necessário ao acatamento do comendo, de forma que seja dada ao


agressor a oportunidade de desistir do seu intento.

Sobre o disparo de arma de fogo, deverá considerar:

a. Não disparar sua arma de fogo quando o agressor descarta, ou retruca, ou pondera a
ordem , ou ainda, quando este tentar empreender fuga;

b. Providenciar imediato socorro médico à pessoa ferida. Procurar minimizar os efeitos


lesivos dos disparos;

c. Providenciar para que seja informado à família e às instituições encarregadas de


tutelar os Direitos Humanos sobre o estado de saúde da pessoa ferida e onde ela será
socorrida. A transparência da ação no âmbito da Segurança Pública consolida a
credibilidade e a legitimidade quando se torna necessário o emprego da força;

d. Relata detalhadamente o fato ocorrido, registrando as providências adotadas antes e


após o uso da arma de fogo e mencionado a quantidade de disparos, as armas que
atiraram e seus detentores.
Comentários

Comentário 1

Assistência psicológica e jurídica

Saiba mais...

Leia o documento Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei - Princípios nº 21;
Leia a Diretriz nº 11, letras “g” e “h”, da Portaria nº 4226;
Portaria Interministerial nº 2, de 15 de dezembro de 2010 (Estabelece as Diretrizes Nacionais
de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública.)
(...)
19) Desenvolver programas de acompanhamento e tratamento destinados aos profissionais de
segurança pública envolvidos em ações com resultado letal ou alto nível de estresse.

Treinamento prático

O treinamento deve guardar semelhança com as situações vivenciadas na atividade de


proteção da sociedade e ser mais prático do que estático, devendo ainda ser contínuo e
meticuloso, colocando os policiais aptos ao desempenho de suas funções. As técnicas e táticas
vivenciadas no treinamento são os instrumentos que você tem para utilizar e fazer a diferença,
para tornar o confronto desigual a seu favor, ajudando-o a solucionar os mais diversos tipos
de intervenções do agente de segurança pública.

Assim, você deve dominar técnicas que lhe proporcionem o máximo de controle com o
mínimo de esforço, e dentro de uma estrutura tática e legal que se ajustem (taticamente
aplicável e legalmente aceita).

Saiba mais...

Leia o documento Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei - Princípios nº 19;
Leia as Diretrizes nº 14,15, 16 e 17 da Portaria nº 4226;
Comentário 2

Questões éticas

É importante salientar as questões de natureza ética, que, juntamente com os princípios dos
direitos humanos, devem ser parte importante no treinamento, sendo que essa qualificação
deve preparar os agentes de segurança pública também para o uso de alternativas de força,
incluindo a solução pacífica de conflitos, compreensão do comportamento de multidões e
métodos de persuasão, que podem reduzir consideravelmente a possibilidade de confronto.

Utilização de arma de fogo

Sobre a utilização de arma de fogo, os agentes de segurança pública precisam estar


devidamente treinados para tal mister, devendo ainda, estarem orientados sob o ponto de vista
emocional acerca do estresse que envolve situações dessa natureza.

O treinamento deve conter ainda aspectos relacionados aos fatos ocorridos no cotidiano do
agente de segurança pública, aspectos que servem como exemplos quando da realização dessa
atividade, para facilitar o trabalho dos agentes de segurança pública em novas intervenções de
natureza semelhante.

Saiba mais...

Leia o documento Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei - Princípios nº 1 e 20.

Comentário 3

Responsabilidade pelo Uso da Força

A responsabilidade direta pelo uso da força poderá recair sobre o autor, os superiores ou a
equipe de Agentes de Segurança Pública. Vale lembrar que é de nossa responsabilidade a
proteção do bem maior: a vida e a integridade das pessoas.
Os agentes de segurança pública só podem empregar a força quando estritamente necessária e
na medida exigida para o cumprimento do seu dever, devendo evitar e opor-se, com rigor, a
quaisquer violações da lei (Conforme artigo 3º e 8º do CCEAL).

A responsabilidade direta pelo uso de força será:

a) DO AUTOR: é individual e, portanto, recai sobre o agente de segurança pública que a


empregou (Interpretação do princípio 26 dos PBUFAF).

.b) DOS SUPERIORES OU CHEFES: igualmente serão responsabilizados quando


agentes de segurança pública sob suas ordens tenham recorrido ao uso excessivo de força
e estes superiores não adotarem todas as medidas disponíveis para impedir, fazer cessar ou
comunicar o fato (Interpretação do princípio 24 dos PBUFAF).

O cumprimento de ordens superiores não será justificado quando os agentes de segurança


pública tenham conhecimento de que uma determinação para usar de força ou armas de fogo,
foi manifestamente ilegal e que estes agentes de segurança pública tenham tido oportunidade
razoável de se recusarem a cumpri-la. Em qualquer caso, a responsabilidade caberá também
aos superiores que tenham dado ordens ilegais (Interpretação do princípio 26 dos PBUFAF).

c) DA EQUIPE DE AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA: Qualquer agente de segurança


pública que suspeite que outro agente de segurança pública esteja fazendo ou tenha feito o uso
da violência, deve adotar todas as providencias, ao seu alcance, para prevenir ou opor-se
rigorosamente a tal ato. Na primeira oportunidade que tenha, deve informar o fato aos seus
superiores e, se necessário, a qualquer outra autoridade com competência para investigar os
fatos. (Conforme artigo 3º e 8º. do CCEAL).

Nos casos em que houver emprego de força os agentes de segurança pública preencherão,
além do Auto de Resistência, o respectivo boletim de ocorrência, constando informações
sobre:

- tipo de força, equipamento ou armamento utilizado;


- motivação e justificativa para a utilização do tipo de força;
- tipo de resistência oferecida pelo abordado;
- meios que o agente de segurança pública dispunha para
- emprego da força;
- providências adotadas pelo agente de segurança pública após a
- prisão do abordado;
- dados da equipe agente de segurança pública presente no
- momento da ação;
- lesões produzidas;
- detalhes do evento;
- no caso de armas de fogo: distância de utilização e quantidade de munição empregada
e região do corpo atingida.

Objetivo do Disparo

O dever funcional do Agente de Segurança Pública é entendido como servir e proteger a


sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio,
garantindo a vida, a dignidade e a integridade de todos.

Quando um Agente de Segurança Pública dispara sua arma de fogo em cumprimento do seu
dever, como no último recurso na escala de uso de força, não o faz para advertir, assustar,
intimidar ou ferir um agressor. Ele o faz para interromper, de imediato, uma ação que atente
contra a própria vida ou à de outra pessoa.

Algumas variáveis que estão presentes na intervenção do Agente de Segurança Pública nas
quais o confronto armado pode resultar na morte do agressor:

a. Controladas pelo Agente de Segurança Pública – características balísticas da arma


utilizada, distância e quantidade dos disparos, tipo de munição (calibre, potência,
alcance);

b. Parcialmente controladas pelo Agente Segurança Pública: direcionamento do disparo


(local do corpo do agressor em que se dará impacto). Em situação de ambiência
operacional (teatro de operações), a precisão da pontaria pode sofrer graves reduções,
mesmo para atiradores experientes, devido a situações diversas tais como fatores
ambientais (periculosidade do local, luminosidade, chuva, entre outros), condições
psicomotoras do Agente de Segurança Pública (cansaço, agitação, nervosismo,
batimento cardíaco, tremores, entre outros) e o próprio dinamismo do alvo
(movimentação do agressor).

c. Compleição física, estado emocional e resistência orgânica da pessoa atingida.

A letalidade (morte do agressor) nunca será entendida como objetivo final da ação de disparar
a arma pelo Agente de Segurança Pública. Contudo, o resultado “morte” poderá ser
decorrente dos efeitos lesivos próprios do instrumento utilizado (arma de fogo). Tais efeitos,
sujeitos ainda às variáveis apresentadas nos objetivos do disparo, não são plenamente
controlados pelo Agente de Segurança Publica.

Portanto, quando o Agente de Segurança Pública atura contra um agressor, considera-se o uso
da força potencialmente letal ( e não de força letal), reafirmando a intenção de controlar a
ameaça (e não de produzir um resultado morte). Mesmo porque, logo após efetuar o disparo,
estando a pessoa ferida, o Agente de segurança Pública obrigatoriamente providenciará, de
imediato, todo o socorro necessário para minimizar os efeitos dos ferimentos, visando salvar-
lhe a vida.

Diretriz nº 10, letra “a”, da Portaria nº 4226.

Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), o agente de segurança pública
envolvido deverá realizar as seguintes ações:

a. facilitar a prestação de socorro ou assistência médica aos feridos;

Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários


Responsáveis pela Aplicação da Lei

Princípio nº 5, letra “c”

(...) 5. Sempre que o uso legítimo da força e de armas de fogo for inevitável, os responsáveis
pela aplicação da lei deverão: (c) Assegurar que qualquer indivíduo ferido ou afetado receba
assistência e cuidados médicos o mais rápido possível; (...)

Importante!
O Agente de Segurança Pública disparará (atirará) a arma de fogo contra uma pessoa, no
exercício das suas atividades, como último recurso (mediada extrema de Uso da Força), em
caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou ferimentos
graves. Ver Diretriz nº 3, da Portaria nº 4226.

Nos casos em que o Agente de Segurança Pública dispara sua arma de fogo contra uma
pessoa é importante considerar as diversas circunstâncias que poderão interferir na precisão
do tiro, conforme descrição anterior contida no tópico “Objetivo do Disparo” (item
“parcialmente controladas pelo Agente de Segurança Pública”).

Sempre que as circunstâncias permitirem o Agente de Segurança Pública deverá, desde que
não coloque em risco a própria vida ou a terceiros, disparar nas partes do corpo do agressor
que minimizem o risco de morte. A capacitação para a realização com efetividade de disparos
“menos ofensivos” deverá fazer parte do treinamento com armas de fogo aplicado aos
Agentes de Segurança Pública que já superaram o nível básico do treinamento.

O Agente de Segurança Pública deverá evitar atirar quando as consequências do disparo


puderem ser piores que as ameaças sofridas pelas pessoas que estiverem sendo defendidas.
Os agressores, ao contrário dos Agentes de Segurança Pública, não levam em consideração os
efeitos negativos do seu disparo e nem se dão conta de alguma consequência técnica como a
“bala perdida” que possa vir a atingir inocentes. Ao contrário, eles se valem de tal
oportunidade, a de acertarem pessoas do povo, por saberem que os Agentes de Segurança
deixarão de persegui-los para prestarem socorro a essas possíveis vítimas.

O Agente de Segurança Pública é qualificado profissionalmente para seguir as regras do


ordenamento jurídico sob os preceitos da ética profissional, baseada na premissa de proteger a
integridade física das pessoas, promovendo a dignidade humana e Direitos Humanos.

A prioridade na ação do Agente de Segurança Pública é a preservação de vidas. Essa é a


diferença marcante sobre as consequências em relação aos disparos de amas de fogo efetuados
por um Agente de Segurança Pública e os desferidos por um agressor.

Código de Conduta para Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei


(...) Artigo 2º No cumpri mento do seu dever, os funcionários responsáveis pela
aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os
direitos fundamentais de todas as pessoas (...)

Os Agentes de Segurança Pública devem ter pleno conhecimento sobre os aspectos éticos e
legais que envolvem a sua ação profissional.

Para tanto, deverão atualizar-se sobre a doutrina, além de treinar, regularmente, as técnicas de
uso do seu armamento e equipamento de trabalho.

Diretrizes nº 16, 17 e 18, da Portaria nº 4226


(...) 16. Deverão ser elaborados procedimentos de habilitação para o uso de
cada tipo de arma de fogo e instrumento de menor potencial ofensivo que
incluam avaliação técnica, psicológica, física e treinamento específico, com
previsão de revisão periódica mínima.
17. Nenhum agente de segurança pública deverá portar armas de fogo ou
instrumento de menor potencial ofensivo para o qual não esteja devidamente
habilitado e sempre que um novo tipo de arma ou instrumento de menor
potencial ofensivo for introduzido na instituição deverá ser estabelecido um
módulo de treinamento específico com vistas à habilitação do agente.
18. A renovação da habilitação para uso de armas de fogo em serviço deve ser
feita com periodicidade mínima de 1 (um) ano.(...)

Circunstâncias especiais para disparo de arma de fogo

Existem algumas circunstâncias especiais, típicas do serviço operacional, que requerem


atenção diferenciada por parte do Agente de Segurança Pública. Vejamos a seguir:

- Distúrbio civil e outras situações de aglomeração de público;

- Vigilância de pessoas sob custódia do Agente de Segurança Pública;

- Disparos com munições de menor potencial ofensivo;

- Disparos táticos
- Disparos de dentro da viatura de Segurança Pública em movimento ou contra veículos
em fuga;

- Disparos de advertência;

- Disparos contra animais.

Veja a seguir cada um deles!

• Distúrbio civil e outras situações de aglomeração de público:

A REGRA GERAL É NÃO DISPARAR A ARMA DE FOGO NESSES TIPOS DE


INTERVENÇÃO.
Excepcionalmente, o Agente de Segurança Pública que estiver encarregado da segurança da
equipe (grupo ou pelotão) poderá disparar sua arma de fogo nos casos de legítima defesa
própria ou de terceiros, contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave. Esses disparos
devem ser dirigidos a um alvo específico (agente causador da ameaça) e na quantidade
minimamente necessária para fazer cessar a agressão. Somente serão utilizados quando não
for possível empregar outros meios menos lesivos.

Antes de atirar, deverá dedicar especial atenção à segurança do público e empregar munições
ou armas adequadas (tipo, potência e alcance).

Importante!

Sobre o controle de distúrbio civil é necessário considerar que:

A presença de aglomeração de pessoas reforça a regra de que o Agente de Segurança Pública


somente poderá disparar sua arma quando for estritamente necessário para proteger vidas. Sob
nenhuma circunstância, será aceitável atirar indiscriminadamente contra uma multidão, como
recurso para dispersá-la.
• Vigilância de pessoas sob custódia policial: A REGRA GERAL É NÃO
DISPARAR A ARMA DE FOGO.

Todavia, seu emprego está autorizado, quando outros meios menos lesivos se mostrem
ineficazes e seja estritamente necessário o disparo, nos casos de legítima defesa própria ou de
outrem, quando o indivíduo, durante a fuga, provocar ameaça iminente de morte ou ferimento
grave.

Importante!

NÃO É JUSTIFICÁVEL DISPARAR ARMA DE FOGO CONTRA UMA PESSOA EM


FUGA, que esteja desarmada ou que, mesmo possuindo algum tipo de arma, não represente
risco iminente ou atual de morte ou de grave ferimento aos policiais ou a terceiros. Veja
Diretriz 02, Portaria 4226.

• Disparos com munições de menor potencial ofensivo:

São disparos com equipamento apropriado ou arma de fogo, em que se utiliza munição
especial (elastômero - projétil de látex macio ou similar). Normalmente, são empregadas em
operações de manutenção da ordem pública e controle de distúrbios. As regras para o disparo
com essas munições não são tão restritivas como as que se aplicam às munições
convencionais (somente em defesa da vida). Contudo, suas características e finalidades
permitem seu emprego em situações como a de manutenção da ordem pública e de controle de
distúrbios, quando o nível de força a ser aplicado for menor ao que se aplicaria nos disparos
de armas de fogo com munições convencionais.

Nessas situações, o Agente de Segurança Pública deve considerar as possíveis consequências


(riscos) de atirar e a sua responsabilidade pela proteção da vida de outras pessoas, devendo
observar:

• as especificações técnicas para seu uso, sistemas de disparo, distância em que


podem atirar com segurança, alcance e trajetória de projéteis, efeitos em
ambientes fechados, entre outros;
• que os disparos efetuados com esse tipo de munição tem pouca precisão;

• que devem ser evitados os disparos diretos contra as partes mais sensíveis do
corpo, principalmente locais de risco de lesões graves: cabeça, olhos, ouvidos,
entre outros. Os disparos devem ser dirigidos para a região dos membros
inferiores;

• mesmo quando utilizado dentro das regras citadas, o risco de um possível


efeito letal ou de graves lesões continua existindo, mas em um nível bastante
inferior, quando comparado ao uso de munições convencionais para arma de
fogo;

• os disparos devem ser seletivos e realizados, especificamente, contra as


pessoas que estejam causando as ameaças.

• Disparos táticos:

São realizados para obter uma vantagem tática, para dar mais segurança ao reposicionamento
da equipe de Agentes de Segurança Pública no terreno. Não devem ser dirigidos contra
pessoas. São aqueles normalmente efetuados pelo Agente de Segurança para dar cobertura a
companheiros durante confrontos armados (“fogo e movimento”), também, para diminuir a
luminosidade de um ambiente, romper a fechadura de uma porta ou de outros obstáculos. O
Agente de Segurança Pública que o realiza deve estar devidamente treinado, para não colocar
em risco a sua integridade física e a de outras pessoas.

• Disparos de dentro da viatura de segurança pública em movimento ou contra


veículos em fuga (similaridade com uso de embarcações):

A REGRA GERAL É NÃO ATIRAR!

Nas situações de perseguição veicular (ou barco/lancha) existem algumas circunstâncias em


que a vida do Agente de Segurança Pública ou a de terceiros se encontra em grave e iminente
risco, como nos casos de atropelamentos ou acidentes intencionais provocados pelo veículo
em fuga (o motorista utiliza o veículo como “arma”). Esses disparos representam a única
opção do Agente de Segurança para detê-lo. Ver Diretriz nº 04, Portaria 4226.
Nessas situações, antes de efetuar o disparo, devem ser consideradas as possíveis
consequências (riscos) do tiro, e sua responsabilidade na proteção da vida de outras pessoas.
Para isso, deve-se observa o contido a seguir:

• Estes disparos têm pouca eficácia para fazer um veículo e os projetos podem
ricochetear (no motor ou pneus) ou atravessar o veículo ou, até mesmo, não atingi-lo,
convertendo-se em “balas perdidas”;

• Se o condutor for atingido, existe um risco elevado de que ele perca o controle do
veículo e cause acidentes graves;

• Estes disparos tem pouca precisão, o disparo fica prejudicado pelo movimento do
veículo e o balanço provocado por ele, inclusive quando efetuados por atiradores
experientes;

• Existe a possibilidade de que vítimas (reféns) estejam no interior do veículo


perseguido inclusive dentro do porta-malas;

• Os disparos efetuados pelos Agentes de Segurança Pública podem provocar um revide


por parte dos abordados, incrementando ainda mais o risco para outras pessoas,
principalmente em áreas urbanas (balas perdidas). O mais recomendável é distanciar-
se do veículo em fuga e, sem perdê-lo de vista, adotar medidas operacionais para
efetuar o cerco e bloqueio. Recomenda-se, ainda, solicitar reforço para que a
intervenção possa ser realizada com mais segurança.

Importante!

Os Agentes de Segurança Pública não deverão disparar contra veículos que desrespeitem o
bloqueio de via pública, a não ser que ele represente um risco imediato à vida ou à integridade
dos Agentes ou de terceiros, por meio de atropelamentos ou acidentes intencionais (o
motorista utiliza o veículo como “arma”).
Inserir link com o texto abaixo:
Saiba mais...
Diretriz nº 5 da Portaria 4226.
(...)5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veículo que desrespeite bloqueio policial
em via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos
agentes de segurança pública ou terceiros. (...)
• Disparos de advertência:

A REGRA É NÃO DISPARAR a arma de fogo com esta finalidade. Quando o Agente de
Segurança Pública atira com sua arma, não o faz para advertir ou para assustar, o faz para
interromper, de imediato, uma agressão contra a sua vida ou a de terceiros. Considerando as
possíveis consequências desse tipo de ação, os Agentes de Segurança Pública não devem
atirar para fazer valer sua advertência:
• nos disparos feitos para cima o projétil retorna ao solo com força
suficiente para provocar lesões ou morte. Nos disparos feitos contra o
solo ou contra paredes ele pode ricochetear e também provocar lesões
ou morte;
• esses disparos podem fazer com que outros Agentes de Segurança
Pública que estejam atuando nas proximidades pensem, de maneira
equivocada, que estão sendo alvos de tiros de agressores, o que pode
provocar neles reação indevida;
• os disparos efetuados pelos Agentes de Segurança Pública podem
provocar revide por parte dos agressores, incrementando ainda mais o
risco contra a equipe e contra outras pessoas.

Saiba mais...
Portaria nº 4226, Princípio nº 6
(...) 6. Os chamados "disparos de advertência" não são considerados prática aceitável, por não
atenderem aos princípios elencados na Diretriz n.º 2 e em razão da imprevisibilidade de seus
efeitos. (...)

• Disparo contra animais: poderá ocorrer após serem tentados outros meios de
contenção e quando o animal:
• encontrar-se fora de controle, agressivo, ou representar grave e
iminente perigo contra as pessoas ou ao patrimônio;
• encontrar-se agonizante e numa situação de ferimentos ou enfermidade
na qual necessite ser sacrificado para evitar sofrimento desnecessário e
não estiver próximo a veterinário que possa realizar esta tarefa e não
houver condições de atendimento por outros órgãos responsáveis.

Exemplo: animal atropelado, ferido, agonizante e caído em rodovia deserta em situação de


penúria. É importante considerar que quaisquer tratamentos cruéis cometidos contra animais
poderão constituir em crime previsto na legislação brasileira. Sobre isso existem dispositivos
legais que estabelecem a proteção deles. Caberá, portanto, ao Agente de Segurança Pública,
antes de disparar, avaliar os possíveis resultados dessa ação, seus reflexos na segurança do
público em geral e dos prejuízos ou danos materiais ao proprietário do animal.

LEMBRE-SE:

O treinamento e a avaliação constantes do uso da arma de fogo propiciarão melhor capacidade


técnica ao Agente de Segurança Pública, resultando em credibilidade e legitimidade junto à
população.

Saiba mais...

Diretriz nº 16, 17 e 18, Portaria 4226

(...) 16. Deverão ser elaborados procedimentos de habilitação para o uso de cada tipo de arma
de fogo e instrumento de menor potencial ofensivo que incluam avaliação técnica,
psicológica, física e treinamento específico, com previsão de revisão periódica mínima.

17. Nenhum agente de segurança pública deverá portar armas de fogo ou instrumento de
menor potencial ofensivo para o qual não esteja devidamente habilitado e sempre que um
novo tipo de arma ou instrumento de menor potencial ofensivo for introduzido na instituição
deverá ser estabelecido um módulo de treinamento específico com vistas à habilitação do
agente.

18. A renovação da habilitação para uso de armas de fogo em serviço deve ser feita com
periodicidade mínima de 1 (um) ano. (...)
• Disparos de armas de fogo: Agentes de Segurança Pública x infratores

Faz-se necessário distinguir claramente, sob o enfoque prático, as diferenças existentes entre
os disparos de armas de efetuados pelos Agentes de Segurança Pública em resposta aos tiros
contra eles realizados pelos agressores. Observe atentamente o quadro a seguir:

LOCAL DE PREOCUPAÇÃO COM


CATEGORIA OBJETIVOS
ATUAÇÃO TERCEIROS
Defender a vida das TOTAL: Qualquer pessoa
pessoas. do público atingida ou
POLICIAIS Junto à sociedade
ferida é extremamente
SERVIR E
grave e comprometedor.
PROTEGER

NENHUMA: O público
CIDADÃOS atingido facilita a fuga,
Delinquir Junto à sociedade
INFRATORES pois ocupará a Polícia com
socorrimento.

Fonte: MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual de Prática Policial, volume I. Belo Horizonte, 2002.

Aula 2 – O Triângulo da Força


O triângulo da força letal é um modelo de tomada de
decisão designado para desenvolver sua habilidade para
responder a encontros de força, permanecendo dentro
da legalidade e de parâmetros aceitáveis.

Os três lados de um triângulo equilátero representam


três fatores: habilidade, oportunidade e risco.

Veja mais sobre o assunto na página seguinte:

Habilidade

Capacidade física do suspeito de causar dano em um agente de segurança pública ou em outra


pessoa inocente. Isso significa, em outras palavras, que o suspeito possui uma arma capaz de
provocar morte ou lesão grave, como uma arma de fogo ou uma faca. Habilidade pode ainda
incluir a capacidade física, através de arte marcial ou de força física, significativamente
superior à do agente de segurança pública.

Oportunidade

Diz respeito ao potencial do suspeito em usar sua habilidade para matar ou ferir gravemente.
Um suspeito desarmado, mas muito alto e forte, pode ter a habilidade de ferir seriamente ou
matar uma outra pessoa menor e menos condicionada. A oportunidade, entretanto, não existe
se o suspeito está a 20 metros de distância, por exemplo. De igual modo, um suspeito armado
com uma faca tem habilidade para matar ou ferir seriamente, mas pode faltar oportunidade se
você aumentar a distância entre as partes – no caso, você e ele – ou na busca de um abrigo.

Risco

Existe quando um suspeito toma vantagem de sua habilidade e oportunidade para colocar
agente de segurança pública ou outra pessoa inocente em um iminente perigo físico. Uma
situação onde um suspeito de roubo recusa-se a soltar a arma quando acuado após uma
perseguição a pé pode-se constituir em risco.

Comentário.

Raciocinar sobre o triângulo da força letal pode auxiliá-lo a decidir. Além disso, ao lidar com
um suspeito não cooperativo que está armado, você deve, em primeiro lugar, buscar um
abrigo para, então, lidar com ele. Em seguida, você deve aumentar a distância entre você e o
agressor, o que dificultará o ataque. Em terceiro lugar, solicite cobertura. Não tente resolver a
situação isoladamente.

Aumentar o número e qualidade (equipes especializadas) dos agentes de segurança pública no


local pode desencorajar o agressor. Em último caso, havendo risco demasiado para você e
para a comunidade, avalie a possibilidade de se retirar do local ou facilitar a fuga do agressor,
pois “uma prisão sempre pode aguardar uma nova oportunidade”, mas a perda de uma vida é
irreversível! Estando protegido e sendo possível, utilize a negociação e a persuasão,
determinando ao suspeito que se renda. Quando a situação permitir, a verbalização deve ser
combinada com a demonstração de força. O suspeito deve entender a sua disposição e firme
resolução em controlá-lo utilizando-se, inclusive, de força potencialmente letal.

Avaliação de riscos

Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado pelo
Agente de Segurança Pública. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça
contra pessoas e bens; é incerto, mas previsível. Cada situação exigirá que ele se mantenha no
estado de prontidão compatível com a gravidade dos riscos que identificar. Uma ponderação
prévia irá orientar o Agente de Segurança Pública sobre a necessidade e sobre o momento de
iniciar a intervenção, escolhendo a melhor maneira para fazê-lo.
Toda ação do Agente de Segurança Pública deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos
envolvidos, que consiste na análise da probabilidade da concretização do dano e de todos os
aspectos de segurança que subsidiarão o processo de tomada de decisão em uma intervenção.

O Agente de Segurança Pública deverá ter em mente que, em qualquer processo de tomada de
decisão em ambiente operacional, precisa levar em conta as atribuições do Órgão de
Segurança Pública a que pertence. Em geral, pode-se resumir como sendo o dever funcional
de servir e de proteger a sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e
do patrimônio, garantindo a vida, a dignidade e a integridade de todos.

Aplicação da avaliação de risco

A avaliação possibilita o uso de técnicas e de táticas adequadas às diversas formas de


intervenção do Agente de Segurança Pública. Para cada nível de risco determinado deverá
haver uma conduta operacional correspondente, como referência para a ação do Agente de
Segurança Pública, cabendo-lhe selecionar os procedimentos mais adequados a cada situação.

Cada atuação do Agente de Segurança Pública é cercada de particularidades. Não existem


intervenções iguais, contudo, é possível desenhar um conjunto de “situações básicas” que
podem servir de modelos aplicáveis ao treinamento.

A sistematização das respostas esperadas a partir da identificação e da classificação de riscos


em uma intervenção viabiliza a seleção e a aplicação de procedimentos adequados à solução
de problemas.

Lembre-se:

Às vezes não é possível afastar completamente o risco em uma intervenção, mas o preparo
mental, o treinamento e a obediência às normas técnicas garantem uma probabilidade maior
de sucesso!
Finalizando...

As implicações do uso (letal) de armas de fogo podem ser, é claro, limitadas nos termos
legais. No entanto, é bom que as consequências pessoais para os policiais envolvidos sejam
destacadas. Embora existam regras gerais de como os seres humanos reagem a
acontecimentos estressantes, a reação específica de cada pessoa depende, em primeiro lugar,
da própria pessoa, sendo após ditada pelas circunstâncias particulares e únicas do
acontecimento.

O fato de que haja aconselhamento psicológico disponível ao policial quando do


acontecimento não elimina a profunda experiência emocional que esse policial sofre em
consequência dos disparos de armas de fogo por ele realizado, mas deve ser visto como a
aceitação da gravidade do incidente. É preciso evitar a vulgarização operacional de ações
dessa natureza.

Nos casos de morte, ferimento grave ou consequências sérias, um relatório pormenorizado


deve ser prontamente enviado às autoridades competentes, responsáveis pelo controle e
avaliação administrativa e judicial. (DIRETRIZ 10, letra “d”, Portaria 4226)

O abuso não deve ser tolerado. A atenção deve estar voltada para a prevenção desses atos,
mediante formação e treinamento regular apropriado e procedimentos de avaliação e
supervisão adequados. Sempre que existir uma situação de abuso legado ou suspeitado, deve
haver uma investigação imediata, imparcial e total.

Sempre que houver uma suspeita ou denúncia de abuso, deve haver imediata investigação,
profissional e imparcial, por parte do respectivo Órgão de Segurança Pública.

Atividades
1. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:

Ao avistar uma operação Blitz, um motorista passa direto com seu carro e tenta seguir em
frente – um dos Agentes de Segurança Pública (portando arma longa), que compõe a equipe,
dispara dois tiros em direção ao pneu traseiro do veículo, que para logo à frente. O motorista é
preso e no interior do automóvel são encontrados 5 Kg de cocaína.

Para auxiliar a análise, responda às seguintes questões:

1. Como você avalia o emprego da arma de fogo na situação apresentada?

2. Em sua opinião, o que levou o Agente de Segurança Pública a agir dessa maneira?

3. O resultado da ocorrência (apreensão de 5 kg de cocaína) justifica o disparo de arma de


fogo do Agente de Segurança Pública?

E se a razão da evasão do motorista fosse o fato de sua CNH estar vencida?

E se em ambas as situações houvesse um ricochete do projétil no chão e atingisse fatalmente


uma criança na calçada?

Orientação para resposta:

Realizando um exercício de reflexão, você deve observar se os quesitos seguintes foram


contemplados na resposta apresentada:

- o disparo da arma de fogo foi necessário?

- o objetivo pretendido pelo Agente de Segurança Pública (fiscalizar o veiculo e o motorista),


tinha fundamento legal?

- a vida de que pessoa estava sendo protegida pelos disparos?

- era possível alcançar o objetivo da intervenção usando outros meios que não os disparos?
Consideraram todas as opções?

- a avaliação de risco e a decisão quanto ao tipo de intervenção foram moderados e


proporcionais?
- houve uso excessivo de força?

- qual era o nível de força necessário para reprimir a ameaça?

2. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:

Após um assalto, dois suspeitos fugiram e foram perseguidos por Agentes de Segurança
Pública a pé, que passavam pelo local e perceberam a ação.

Quando foi encurralado, um suspeito, de posse de uma arma de fogo (revólver calibre 38), fez
um transeunte como refém e, no meio da rua, começa uma troca de tiros com um dos Agentes
de Segurança Pública. O refém fica no meio do tiroteio. O agressor e o refém foram atingidos
de raspão, com ferimentos leves.

Um dos disparos realizados pelo agressor chegou a atingir a fivela do cinto do Agente de
Segurança Pública.

Em seguida, o suspeito corre e, logo à frente, faz outro refém, agarrando-o por trás, e coloca a
arma na cabeça dele utilizando-o como escudo. Poucos minutos depois, estando cercado, o
agressor joga a arma em direção aos Agentes de Segurança Pública, liberta o refém e se
entrega.

Para auxiliar a análise, responda às seguintes questões:

1. Como você avalia os disparos de arma de fogo feitos pelo Agente de Segurança Pública, na
troca de tiros com o agressor?

2. Como deveria ter sido a ação policial, de forma a evitar riscos à vida das pessoas
envolvidas na ocorrência?

3. O que está descrito no caso em análise pode ocorrer no cotidiano profissional dos Agentes
de Segurança Pública? Por que?

Orientação para resposta:


Realizando um exercício de reflexão, você deve observar se os quesitos seguintes foram
contemplados na resposta apresentada:

- o disparo da arma de fogo foi necessário?

- o objetivo pretendido pelos Agentes de Segurança Pública (capturar o ladrão) tinha


fundamento legal?

- a vida de quem estava sendo protegida pelos disparos dos Agentes de Segurança? Esses
disparos aumentaram ou diminuíram o risco de vida do refém?

- era possível alcançar o objetivo da intervenção usando outros meios que não os disparos?
Consideraram todas as opções?

- a avaliação de risco e a decisão quanto ao tipo de intervenção foram


moderadas/proporcionais?

- houve uso excessivo de força?

- qual era o nível de força necessário para repelir a ameaça?

3. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:

Houve uma manifestação de estudantes na qual ocorreu um confronto com Agentes de


Segurança Pública e, por isso, várias ruas estavam interditadas.
Em um desses locais, um cidadão, com as mãos nos bolsos, se aproxima de um dos agentes e
pergunta se poderia passar, pois aquele era o único caminho para chegar à sua casa. O agente
lhe respondeu: “- Azar o seu!”.
Diante da resposta, o cidadão disse aos Agentes de Segurança Pública que ele não podia falar
daquela maneira.
O Agente passou a fazer uso de força contra o homem, desferindo-lhe dois golpes de bastão
nas costas, mandando afastar-se do local, contando, ainda, com o apoio de outro PM,
enquanto a vítima da agressão se afastava tentando se proteger dos golpes desferidos contra
ele.
Para auxiliar a análise, responda às seguintes questões:

- Levando em consideração os princípios do uso da força, responda brevemente as seguintes


questões:

1. Como você avalia o uso de força pelo Agente de Segurança Pública, nesse caso?

2. De acordo com os ensinamentos adquiridos nas aulas, qual seria o procedimento correto
para esse tipo de situação?

Orientação para resposta:

Realizando um exercício de reflexão, você deve observar se os quesitos seguintes foram


contemplados na resposta apresentada:

- o uso da força física foi necessário?


- o objetivo pretendido pelo Agente de Segurança Pública (manter o local isolado) tinha
fundamento legal?
- a decisão quanto ao tipo de intervenção foi adequada e proporcional?
- houve uso excessivo de força?
- qual era o nível de força necessário para a situação?

4. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:

Durante uma operação Blitz, um carro desrespeita a sinalização e passa direto – atropela dois
Agentes de Segurança Pública da equipe – e segue em frente. O agente que estava fazendo a
segurança da equipe percebe antecipadamente a manobra de atropelamento e dispara um tiro
de sua arma longa apontando para o motorista.
O carro segue em frente e passa pelo Agente que atuava como segurança, momento em que o
Agente faz mais dois disparos apontando para o pneu traseiro do veículo. O carro para logo à
frente, quando, então, percebem que o motorista estava alcoolizado e tentara fugir, sem que
houvesse nenhuma outra circunstância incriminadora.
O motorista foi atingido por um tiro na nuca e morreu no local.
Para auxiliar a análise, responda às seguintes questões:
1. Como você avalia o emprego da arma de fogo na situação apresentada?
2. Em sua opinião, o que levou o Agente de Segurança Pública a agir dessa maneira?
3. De acordo com os ensinamentos adquiridos nessas aulas, qual seria o procedimento correto
para esse tipo de situação?
Orientação para resposta:

Realizando um exercício de reflexão, você deve observar se os quesitos seguintes foram


contemplados na resposta apresentada:

- o primeiro disparo da arma de fogo foi necessário? - a vida de quem estava sendo protegida
por este disparo?
E os outros dois disparos, foram também necessários? - a vida de quem estava sendo
protegida pelos disparos após a passagem do veiculo?
- o objetivo pretendido pelo Agente de Segurança Pública (proteger a vida dos colegas) com o
primeiro tiro, e (interromper a fuga) segundo disparo, tinha fundamento legal?
- era possível alcançar o objetivo da intervenção usando outros meios que não os disparos?
Consideraram todas as opções?
- a avaliação de risco e a decisão quanto ao tipo de intervenção foram
adequadas/proporcionais?
- houve uso excessivo de força?
- qual era o nível de força necessário para aplicar na situação?

5. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:

Uma viatura, com equipe de quatro Agentes de Segurança Pública, realiza patrulhamento
noturno em um bairro com alto índice de criminalidade violenta, em região suburbana
considerada perigosa.
Ao aproximar-se (em torno de 150m ou um quarteirão) de um local de conhecida “boca de
fumo” equipe é recebida a tiros (duas rajadas intervaladas de cinco disparos) – foi possível
escutar sibilar das balas passando próximo da viatura - os Agentes desembarcam
imediatamente, buscam abrigo tático e revidam os tiros, disparando suas armas na direção da
agressão (média de três disparos por cada Agente, portando um deles o fuzil 5.56mm e os
demais da equipe com pistolas .40).

Para auxiliar a análise, responda às seguintes questões:

1. Como você avalia os disparos de arma de fogo feitos pelos Agentes de Segurança Pública?

2. Como deveria ter sido a ação da equipe, de forma a evitar riscos à vida das pessoas
envolvidas na ocorrência? Poderia converter-se em “bala perdida”?

3. O que está descrito no caso em análise pode ocorrer no cotidiano profissional dos Agentes
de Segurança Pública? Por que?

Orientação para resposta:

Realizando um exercício de reflexão, você deve observar se os quesitos seguintes foram


contemplados na resposta apresentada:

- o disparos de armas de fogo efetuados pelos Agentes de Segurança Pública foram


necessários? - a vida de quem estava sendo protegida pelos disparos?
- o objetivo pretendido pelo Agente de Segurança Pública (revidar os tiros recebidos...) tinha
fundamento legal?
- a avaliação de risco e a decisão quanto ao uso das armas de fogo foram
adequadas/proporcionais? A que distância consegue-se razoável precisão com os tiros de
Pistolas .40?
- houve uso excessivo de força?

- qual era o nível de força necessário para aplicar na situação?

6. Após ler o texto abaixo, vá ao caderno de anotações e proceda a sua análise, segundo os
Princípios de uso da Força:

Agentes de Segurança Pública atuavam em apoio aos fiscais da prefeitura em uma feira no
centro da cidade. Havia várias vendedoras irregulares que não podiam vender produtos
naquele local. Os Agentes de Segurança Pública chegaram agredindo as vendedoras. Várias
crianças estavam por perto e presenciaram a agressão. Uma mulher foge, deixando o filho
para trás e um dos agentes vai em sua direção e a agride. A mulher não consegue fugir, nem
se defender. O agente é repreendido pela população. Ninguém foi preso.

Para auxiliar a análise, responda às seguintes questões:

1. Como você avalia o uso de força pelos Agentes de Segurança Pública?

2. De acordo com os ensinamentos adquiridos nessas aulas, qual seria o procedimento correto
para esse tipo de situação?

Orientação para resposta:

Realizando um exercício de reflexão, você deve observar se os quesitos seguintes foram


contemplados na resposta apresentada:

- o uso da força física foi necessário?


- o objetivo pretendido pelos Agentes de Segurança Pública tinha fundamento legal?
- a decisão quanto ao tipo de intervenção foi adequada e proporcional?
- houve uso excessivo de força?
- qual era o nível de força necessário para repelir a ameaça?

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