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Sentença de mérito

305. O Tribunal considera que todos os presos que


foram submetidos, durante esse prolongado período, a
nudez forçada foram vítimas de um tratamento que
viola sua dignidade pessoal.
306. Em relação ao exposto, é necessário ressaltar que
a nudez forçada tem características especialmente
graves para as seis detentas que se estabeleceu que
foram submetidas a esse tratamento. Além disso,
durante todo o tempo que permaneceram neste lugar,
as presas não foram autorizadas a limpar-se e, em
alguns casos, para utilizar serviços médicos deviam ser
acompanhadas por um guarda armado que não lhes
permitia fechar a porta e apontava sua arma enquanto
elas faziam suas necessidades fisiológicas (...). O
Tribunal considera que estas mulheres, além de
receber um tratamento que viola sua dignidade
pessoal, também foram vítimas de violência
sexual, já que estavam desnudas e cobertas
apenas com um lençol, estando cercado por
homens armados, que aparentemente eram
membros das forças segurança do Estado. O que
qualifica este tratamento como violência sexual é que
as mulheres foram constantemente observadas por
homens. O Tribunal, em consonância com a
jurisprudência internacional e tendo em conta as
disposições da Convenção para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher, acredita que a
violência sexual se configura com ações de natureza
sexual que se cometem a uma pessoa sem seu
consentimento, que ademais compreende que a
invasão física do corpo, podem incluir atos que não
envolvem a penetração ou quaquer contato físico (...)
308. Ao ter forçado as internas a permanecerem nuas
no hospital, vigiadas por homens armados, em
condições precárias de saúde em que se encontravam,
constituiu violência sexual nos termos descritos acima,
que produziu constante medo da possibilidade de que
essa violência é extrema ainda mais por parte dos
agentes de segurança, os quais lhes causou grave
sofrimento psicológico e moral, que é adicionado ao
sofrimento físico que já estavam sofrendo por causa
aos ferimentos. (CORTE INTERAMERICANA, Penal
Castro Castro vs. Peru, Sentença de mérito, 2006 –
tradução informal)

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