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Relatório do Relator Especial para Tortura da ONU, Nigel Rodley, de

2001

Durante sua missão, o Relator Especial recebeu informações de fontes não-


governamentais e um número muito grande de relatos de supostas vítimas
ou testemunhas de tortura (...) que indicavam que a tortura é prática
generalizada e, na maioria das vezes, envolve pessoas das camadas
mais baixas da sociedade e/ou de descendência africana ou que
pertencem a grupos minoritários. É preciso observar que um grande
número de detentos expressou temor de represálias por terem falado com o
Relator Especial e um número significativo deles, portanto, recusou-se a
tornar públicos seus testemunhos. Os espancamentos com barras de ferro
ou bastões de madeira ou palmatória (um pedaço de madeira plano, porém
espesso, com a aparência de uma esponja grande, que teria sido usado
para espancar a palma das mãos e a sola dos pés dos escravos no Brasil),
bem como técnicas descritas como "telefone", que consiste em bater,
repetidas vezes, contra os ouvidos da vítima, alternada ou
simultaneamente, e "pau-de-arara", que consiste em espancar uma vítima
pendurada de cabeça para baixo e submetida a choques elétricos em várias
partes do corpo, inclusive os órgãos genitais, ou a sufocamento com sacos
plásticos, às vezes cheios de pimenta, colocados por sobre a cabeça das
vítimas, foram algumas das técnicas de tortura mais comumente relatadas.
Foi alegado que o propósito de tais atos era fazer com que as
pessoas presas assinassem uma confissão ou extrair um suborno,
ou punir ou intimidar pessoas suspeitas de haverem cometido um
crime. Foi relatado que o fato de a pessoa ser de descendência africana ou
pertencer a um grupo minoritário ou marginalizado, e, em particular, uma
combinação dessas características, tornam tais pessoas mais facilmente
suspeitas de atos criminosos aos olhos dos funcionários encarregados da
execução da lei (ONU. Report of the Special Rapporteur, Sir Nigel Rodley,
submitted pursuant to Commission on Human Rights resolution 2000/43 -
E/CN.4/2001/66/Add.2. Genebra: 30/03/2001, parágrafo 9).

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