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1.

TEMA

Tráfico de Seres Humanos.

2. DELIMITAÇÃO

Tráfico de pessoas e o trabalho sexual na União Europeia.

3. FORMULAÇÃO DOS PROBLEMAS


3.1. Problema principal
Qual o limite da liberdade sexual da pessoa que opta por exercer o trabalho sexual?
3.2. Problemas secundários
1) Qual a causa do tráfico de pessoas e o quo leva a dependência emocional de algumas
vítimas?

2) Os trabalhadores sexuais são estigmatizados?

3) Se sim, será o trabalho sexual em Portugal, uma regulamentação ou abolição?

4. OBJETIVOS
4.1. Objetivo geral

Examinar se um cidadão ao exercer seu direito a liberdade sexual estará ou não ultrapassando
um limite legal ou apenas moral perante a sociedade.

4.2. Objetivos específicos


1) Analisar como o tráfico de pessoas nas últimas décadas levou ao aumento significativo do
trabalho sexual, considerando, os papeis que o Estado exerce para tentar combater esses atos.

2) Averiguar a motivação das pessoas a escolha do trabalho sexual, assim como, o estereotipo
desse trabalho.
5. JUSTIFICAÇÃO

O Tráfico de Seres Humanos (TSH), é uma realidade há muitos anos, possivelmente


conhecida sob outras formas ou designações, o tráfico de seres humanos foi marcado pela
emergência de novos crimes ou de diferentes formas de práticas, como a exploração sexual,
nessa linha, surgindo uma necessidade internacional como forma de prevenção e repressão a
esses crimes.

Verifica-se ainda a abordagem sobre a diferença do tráfico de seres humanos e o crime


de lenocínio, onde está em causa o artigo 160º do Código Penal Português, assim o legislador
separou este crime de outras práticas criminosas, com a revisão do Código Penal, o crime de
tráfico de pessoas passou a ter uma forma ampla, não tipificando apenas à exploração sexual.

A prostituição é uma realidade inegável em Portugal e em todas as sociedades, sendo


múltiplas e diversas são as histórias e as vidas que levam mulheres e homens a prostituir-se,
assim exercendo seu direito a liberdade sexual e de trabalho, face a esta liberdade também têm
limites.

O tráfico de seres humanos está ligado às vezes com uma relação de “afeto” do
criminoso com a vítima, assim sendo muito importante a abordagem da teoria da vitimologia
que deu origem ao estudo da vítima e tornou foco para a resolução de muitos conflitos,
deixando de ser mera coadjuvante do crime, para ocupar um papel principal, amparado por
análises e estudos voltados a sua conduta.

Assim como será abordado sobre a Síndrome de Estocolmo e sua relação com a
dependência sentimental e psicológica que as vítimas de sequestro, vítimas de violência
doméstica sofrem diariamente.

Nesse sentido, pretende-se também verificar se quem utiliza a prática da prostituição


como uma profissional poderá ou não considerar que esta profissão é um desvio à norma ou
apenas está a exercer sua liberdade sexual.

A prática do trabalho sexual é uma realidade em muitos países europeus,


consequentemente, em alguns países está prática não é vista como digna, assim também como
são consideradas um estímulo ao tráfico de seres humanos.
No presente trabalho optei pelo uso do termo “trabalho sexual” por considerar que tem
maior desprovimento de preconceito quando comparado com o termo de “prostituição”.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Tráfico de Seres Huamanos têm como objeto a “vítima” deriva do latim victima,
está ligado a uma ideia de sacrifício, atualmente o termo “vítima” está muito ligado à lei
criminal.

A expressão "vítima" significa uma pessoa que tenha sofrido um dano, incluindo lesão
física ou mental, sofrimento emocional, não sendo apenas perda econômica, mas qualquer que
viole os direitos humanos, sendo essas violações questões centrais da vitimologia. No estudo
da vitimologia, o conceito “crime” e “violência” estão muitas vezes interligados.

A teoria da vitimologia surgiu em meados dos anos 1940, após a II Guerra Mundial,
quando o mundo testemunhou a ocorrência do Holocausto, e criou muito sofrimento.

Benjamin Mendelssohn, advogado israelita, e Hans Von Hentig, professor alemão, são
considerados como “pais” da vitimologia, apesar dessa teoria começar a surgir no meio da
criminologia, tornou-se uma ciência autónoma nos anos 70.

O termo ‘vitimologia’ foi criado por Mendelsohn, em 1945, nos seus primeiros estudos
feitos sobre o tema, que visou estudar e compreender o impacto dos danos do causados pelo
crime na vítima, verifica-se que o propósito da vitimologia é examinar a origem da
vitimização.

Hans Von Hentig, focou seu estudo em entender o que faria da vítima uma vítima, na
sua obra “The Criminal and his Victim: Studies in the Sociobiology of Crime” (1948) ele
apresentou uma classificação geral das vítimas (the young, the famele, th old, immigrants,
dull normals)1, assim como uma tipologia psicológica das vítimas (the depressed, the
acquisitive, the wanton, the lonesome and the heartbroken, the tormentor, the activating
sufferer)2, e assim criando o conceito da “vítima nata”.

1
Henting, Hans Von. The Criminal and his Victim: Studies in the Sociobiology of Crime. New Haven: Yale
University Press, 1948. pp. 383-385.
2
Henting, Hans Von. The Criminal and his Victim: Studies in the Sociobiology of Crime. New Haven: Yale
University Press, 1948. pp 419-433.
Já Benjamin Mendelsohn foi responsável pelo estudo da relação da vítima e o ofensor,
ele é o único que consegue a pena com a atitude da vítima. Ele sustenta a teoria que há uma
relação inversa entre a culpabilidade do agressor e a do ofendido, a maior culpabilidade de
uma é menor que a culpabilidade do outro, assim nenhuma vítima é totalmente inocente,
Mendelsohn3, desenvolveu 5 tipologias de vítimas:

1. A Vítima Completamente Inocente - esta vítima pode ser uma criança ou uma pessoa
completamente inconsciente, a vítima não tem responsabilidade pela sua vitimização.
2. A Vítima com Culpa Menor - vítima por causa de ações não intencionais, esta vítima
pode ser uma mulher que induz um aborto espontâneo e morre como resultado.
3. A Vítima que é tão culpada quanto o Ofensor - aqueles que são cúmplices do crime
se enquadram nessa categoria, eles realmente ajudaram na sua vitimização
4. A Vítima é Mais Culpada do que o Ofensor - pessoas que provocam outras pessoas
a cometer um crime.
5. A vítima mais culpada - a vítima age de forma agressiva e é morta pelo acusado, que
agiu em legítima defesa.

5.1Vítima infratora - cometendo uma infração contra o agressor, se trata do


caso de legitima defesa, em que o acusado deve ser absolvido.

5.2 A Vítima Imaginária - pessoas que sofrem de doenças/distúrbios mentais que


acreditam ser as vítimas.

Meldelsohn conclui que as vítimas podem ser classificadas em 3 grandes grupos para
efeitos de aplicação da pena ao infrator:

1.Vitimização Primária - não há provocação nem outra forma de participação no delito, mas
sim puramente ao próprio crime, à própria conduta criminosa, como os danos causados pela
prática da conduta (lesões corporais, psicológicas, etc).

2.Vitimização Secundária - é aquela provocada, direta ou indiretamente, e existe uma


culpabilidade recíproca, pela qual a pena deve ser menor para o agente do delito (vítima
provocadora).

3
NUNES, Laura M. Ana, Sani. Manual de Vitimologia. 2021
3.Vitimização Terciária- é causada pela sociedade que envolve a vítima, a própria sociedade
não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito às autoridades, de um
modo geral. Ocorre, com maior frequência, nos crimes que provocam efeitos
"estigmatizantes", como o estupro e ocorrendo o que se chama de cifra negra (quantidade de
crimes que não chegam ao conhecimento do Estado).

6.1 Tráfico de Seres Humanos

O tráfico de pessoas é um fenómeno com profundas raízes históricas, embora a origem


do debate sobre o tráfico tem início em meados do século XIX4, estas condutas já são há muitos
anos conhecidas, desde o tempo dos Descobrimentos, com a prática de exportação de pessoas
com a finalidade de mão-de-obra escrava.

Assim, estes crimes têm como enfoque a privação da liberdade pessoal, implica na
imposição de alguém com “poder” sobre outrem que é a pessoa que está privada de sua
liberdade, este crime integra o conceito de criminalidade altamente organizada5, assim o
combate ao tráfico humano tornou-se uma prioridade na Comissão Europeia.

O tráfico de pessoas é um crime que vem crescendo cada vez mais, com a dificuldade
para gerar provas suficientes, os criminosos enriquecem com facilidade sem muito risco como
os crimes de roubo onde a incidência de prisão é maior, sendo está a principal causa do tráfico
de pessoas.

O tráfico de pessoas pode ter vários fins, como trabalhos domésticos, casamentos
forçados, canteiros de obra, setor agrícola, trabalhos forçados em fábricas, benefícios de fraude,
troca de órgãos, apesar dessas variáveis a principal forma de exploração é a sexual, sendo
praticamente mais da metade desses crimes.

Em 2019-2020 o tráfico de pessoas no âmbito geral teve uma ligeira


diminuição de 7.777 vítimas registadas em 2019 para 6.534 em 20206. Entretanto, este crime

4
SIMÕES, Euclides Dâmaso, Tráfico da Pessoas – Breve análise da situação de Portugal. Revista Ministério
Público, Nº91, Ano 23 Jul/Set 2002, pp 81-82.

5
GUIA, Maria João "UNIÃO EUROPEIA E O COMBATE AO TRÁFICO DE SERES HUMANOS", Debater
a Europa, N.17, jul-dez 2017, pp 7.

6
Segundo consulta ao RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO
COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES, https://eur-
lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=CELEX%3A52022SC0429.
tráfico ainda tem um número significativamente elevado, até porque o número real de vítimas
é provavelmente maior do que os dados do relatório, já que essas estatísticas são apenas de
vítimas que se tornam conhecidas por uma das entidades de registo e muitas vítimas
permanecem sem serem detetadas, analisar o tráfico de pessoas não é uma tarefa fácil por toda
as suas características como um fenómeno encoberto, que tem implicações a nível social,
económico, político, criminal.

Contudo, as incidências das vítimas de tráfico de pessoas na União Europeia para fins
de exploração sexual são principalmente de vítimas de sexo feminino, sendo 73% mulheres e
27% meninas7.

O crime de tráfico de pessoas está artigo 160º do Código Penal Português8, onde
inspirou-se em todos os acordos internacionais com o propósito de combater este crime. O
trafico de pessoas não é algo que ocorre unicamente no âmbito internacional, também assumi
outra característica, podemos dizer como um “tráfico nacional”9, assim quando alguém é
traficado de uma cidade para outra, configura-se como tráfico interno, já quando alguém
recruta, transporta, alicia para depois explorar em outro país, configura-se como transnacional.

O Protocolo de Palermo – um protocolo adicional à Convenção das Nações Unidas


contra a Criminalidade Organizada Transnacional relativo à prevenção, à repressão e à punição
do tráfico de pessoas, em especial de mulheres e crianças. O Protocolo de Palermo foi adoptado
pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 15 de Novembro de 2000. Esta Convenção
representa a primeira grande tentativa de utilização do Direito Internacional, por via da
cooperação internacional, no âmbito da prevenção e do combate a este tipo de crime.

7
Segundo ao relatório da Comissão do Parlamento Europeu, https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/EN/TXT/?uri=CELEX%3A52022SC0429.

8
Quem realiza a ação de oferecer, entregar, recrutar, aliciar, aceitar, transportar, alojar, acolher pessoa(s), por
meio de violência, rapto, ameaça grave, ardil ou manobra fraudulenta, abuso de autoridade, aproveitamento de
incapacidade psíquica ou especial vulnerabilidade, com o objetivo de exploração, nomeadamente exploração
sexual, exploração laboral, mendicidade forçada, escravidão, extração de órgãos, exploração de outras atividades
criminosas.

9
SIMÕES, Euclides Dâmaso, Tráfico da Pessoas – Breve análise da situação de Portugal. Revista Ministério
Público, Nº91, Ano 23 Jul/Set 2002, pp 83.
6.2 Trabalho Sexual

É importante diferenciar o crime de tráfico de pessoas e o crime de lenocínio10, apesar


de ambos incluídos nos crimes contra a liberdade sexual11, são fenómenos diferentes embora
possam cruzar-se. O lenocínio compreende a ação que visa, fomentar, favorecer ou facilitar a
prática de atos de libidinagem ou a prostituição de outras pessoas com intenção de tirar proveito
de forma lucrativa. O tráfico de pessoas compreende a ação de promover ou facilitar a entrada
o saída de pessoas para que exerçam o trabalho sexual ou qualquer outra forma de exploração
sexual.

O fenómeno da prostituição sempre existiu, podendo considerar como a “mais velha


profissão do mundo12” entretanto, nem sempre foi objeto do mesmo tratamento jurídico,
variando este no tempo e no espaço, o trabalho sexual é notado desde os temos dos bórdeis, ou
até mesmo desde as sacerdotisas que praticavam ritos sexuais em troca de oferendas para os
templos13.

Analisando a entrada no trabalho sexual,14 todos partilham uma característica: o desejo


de ganhar dinheiro, de forma mais rápida e em maior quantidade. A prática do trabalho sexual,
para as mulheres, pode referir a um comportamento ou estilo de vida que ultrapassa os
parâmetros do que é aceitável na sua sociedade, no campo sexual em primeiro lugar, mas não
necessariamente. Na África ocidental encontram-se as auto-declaradas femmes libres, as
mulheres que afirmam com orgulho que é graças ao seu trabalho do sexual que não estão

10
Tendo por objeto de proteção o bem jurídico «liberdade sexual», protegido nos termos dos artigos 25.º e 26.º
da Constituição, o crime de lenocínio encontra-se previsto no artigo 169.º do Código Penal.
11
GUIA, Maria João "UNIÃO EUROPEIA E O COMBATE AO TRÁFICO DE SERES HUMANOS", Debater
a Europa, N.17, jul-dez 2017, pp 14-15.

12
CRUZ, Francisco I. dos Santos, Da Prostituição na cidade de Lisboa de 1841, Lisboa: Publicações Dom
Quixote, coleção Portugal de Perto, N.o5, 1984 p.307.

13
OLIVEIRA, Alexandra. Vitimização, crime ou trabalho? Espacos à margem. pp.88.
14
OLIVEIRA, Alexandra Prostituição Feminina, Feminismo e Diversidade de Trajetórias. Universidade do
Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, Porto, Portugal. ex equo, nº28, 2013. pp. 24-25.
dependentes de ninguém. Elas têm como equivalentes as free women da África oriental15, assim
ultrapassa o estigma do trabalho sexual e exerce sua plena liberdade sexual.

Em Portugal, as políticas sobre o trabalho sexual foram mudando ao longo dos anos. O
trabalho sexual foi uma atividade regulamentada entre 1853 e 1962, sendo uma atividade legal,
mas tinha uma sujeição a um controle policial, já de 1963 a 1982, a atividade sexual passou a
ser conderada crime, assim gerando uma onda de mulheres presas por seres prostitutas, desde
1983 está atividade foi descriminalizada, estando prevista no Código Penal o crime de
lenocínio para quem favorecer ou facilitar este exercício.

O trabalho sexual hoje não é considerada um crime em Portugal, mas também não é
uma atividade profissional regulamentada.

Além das leis criminais, não há leis laborais ou tributárias, ou quaisquer outras leis,
relativas ao trabalho sexual. No entanto, embora a prática do trabalho sexual não seja crime,
há um crime associado a esta atividade: o crime de lenocínio.

O trabalho sexual não é considerado crime em muitos países da Europa, entretanto pode
ser considerado como um desvio à norma, é um desvio a norma que tem um caracter
moralizante muito negativo, tendo uma desconformidade da forma, em alguns países o trabalho
sexual é ainda considerado crime.

Na França, o trabalho sexual não é crime, mas, pune o cliente das trabalhadoras sexuais,
a Suécia foi o primeiro país a criminalizar o comportamentos dos clientes, em vez do das
pessoas que praticam o trabalho sexual, em 199916, após amplo debate com a sociedade, o
Parlamento da Suécia concluiu que era necessário punir então clientes da prostituição, em nome
de vários princípios que já eram aceitos pela população do país, desde 1970, como a igualdade
entre mulheres e homens, o que é incompatível com a relação do trabalho sexual, assim
caraterizando como um desvio à norma.

15
NICI, Nelson. (1987) “«Selling her kiosk»: Kikuyu notions of sexuality and sex for sale in Mathare Valley,
Kenya”, in: Pat Caplan (org.), The cultural construction of sexuality, pp 217-239. London: Routledge.

16
Prostituição na Europa: enquadramento internacional. Coleção Temas n.o 68. outubro de 2019.
https://ficheiros.parlamento.pt/DILP/Publicacoes/Temas/68.Prostituicao/68.pdf.
O trabalho sexual pode ser considerado crime nos EUA e na China, e uma forma de
vitimização na Suécia e na Noruega.

6.3 Síndrome de Estocolmo

Essa síndrome recebeu esse nome desde que se refere ao assalto a banco em Estocolmo,
na Suécia, em agosto de 1973, o ladrão sequestrou 4 pessoas (3 mulheres e 1 homem) durante
6 dias, o que equivale exatamente a 131 horas.
Quando os reféns foram libertados, um dos refréns havia estabelecido laços afetivos
com o sequestrador e também apresentavam comportamento diferentes diante dos processos
judiciais que estavam ocorrendo na época, quando os policiais fizeram o procedimento para
libertação das vítimas, as mesmas não aceitaram a ajuda das autoridades e usaram seus próprios
corpos como forma de proteger a integridade física dos assaltantes.
A Síndrome de Estocolmo17 é um termo usado para descrever uma experiência
psicológica paradoxal em que se desenvolve um vínculo afetivo entre reféns e seu abusador.
Está síndrome é uma resposta psicológica que pode acontecer em pessoas que se
encontram em situação de tensão, como no caso de sequestros, prisão domiciliar ou situações
de abuso, por exemplo, fazendo com que a vítima, de forma subconsciente, estabeleça simpatia
ou uma conexão mais pessoal e conexões emocionais de amizade ou de afeto com o agressor,
ao invés de medo ou repulsa, como forma de preservar a vida.
A pessoa afetada pela Síndrome de Estocolmo não tem plena consciência para entender
os atos criminosos cometidos pelo seu agressor ou parceiro, assim essa vítima sempre o
defenderá, pois acreditam que estes atos são no contexto que está acontecendo.
É importante ressaltarmos que, na maioria dos casos, as vítimas não reconhecem o
quadro da Síndrome e não acreditam, como as vítimas de violência doméstica, onde o agressor
e a vítima têm um período juntos considerável, mantem contacto pessoal diariamente e são
tratadas de maneira amável. Nesse sentido, a Síndrome de Estocolmo é muito ligada a violência
doméstica, pela dependência sentimental que existe, devido à relação íntima que tem com o
seu agressor, assim a mulher vulnerável vive um ciclo de agressão, onde a vítima acredita que
o agressor não deve ser punido pelos atos violentos.
Está Síndrome também é muito decorrente nos casos de tráfico de pessoas e lenocínio,
onde o criminoso trata as vítimas de forma carinhosa, fazendo com que estas criem um afeto

17
SASSI, Ana Paula Z. Síndrome de Estocolmo e Violência Doméstica Contra a Mulher- Restrições à
Liberdade Psicológica. Editora Viseu Ltda. 2021.
por esse criminoso, desta forma em casos de intervenção da polícia e finalmente ter sua
liberdade sexual e física de volta, essas vítimas ainda procuram seu agressor/violador.

Para finalizar, é de extrema importância salientar que o fenómeno do tráfico de seres


humano e o trabalho sexual não pode nunca ser analisado de forma simples, a privação de
liberdade sexual e as consequências que esses atos causam a vítima são graves.

7. METODOLOGIA

Os métodos de abordagem a serem utilizados na pesquisa e na investigação será o dedutivo.


Os métodos de procedimento, por sua vez, serão o histórico e o comparativo.

8. TÉCNICAS PARA A RECOLHA E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO

As técnicas a serem utilizadas serão as pesquisas documentais, a partir de relatórios da ONU,


da RASI e bibliográfica, consideradas obras, artigos, dissertações e teses especializadas
principalmente em direito policial e criminal.

9. SUMÁRIO

1. TEMA

2. DELIMITAÇÃO

3. FORMULAÇÃO DOS PROBLEMAS

4. OBJETIVOS
4.1. Objetivo geral
4.2. Objetivos específicos

5. JUSTIFICAÇÃO

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6.1 Tráfico de Seres Humanos
6.2 Trabalho Sexual
6.3 Síndrome de Estocolmo
10. REFERÊNCIAS EXPLORATÓRIAS
As fontes serão documentais, como leis e bibliográficas, como manuais, artigos, teses e
dissertações.

11. FONTES BIBLIOGRÁFICAS

AMORRIM, Nuno – Prostituição na Europa: enquadramento internacional. Coleção Temas


n.o 68. outubro de 2019.

ADLER, Laure – A vida nos bordéis de França, 1830-1930. Lisboa: Terramar. 1993.

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Publicações Dom Quixote, coleção Portugal de Perto, N.o5, 1984.

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GUIA, Maria João – Imigração e Criminalidade, Caleidoscópio de Imigrantes Reclusos.


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