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Resumo criminologia

Conceito:
Ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que se preocupa em estudar, de forma
indutiva e por métodos biológicos e sociológicos, o crime, o criminoso, a vítima e o
controle social, com objetivo de controle e prevenção da criminalidade.
Criminologia NÃO é:
- teorética/abstrata
- normativa/jurídica
- ciência do “dever ser”
- ciência exata

Sistemas de prevenção do delito: foco na prevenção ante a repressão


Prevenção primária:
- Incide sobre as causas do problema (desigualdade social e concretização de direitos
fundamentais).
- Destinatários: toda a população.
- Protagonista: o aparelho estatal.
- Prevenção de médio a longo prazo.
Prevenção secundária:
- Incide sobre setores mais vulneráveis à criminalidade.
- Protagonistas: estado, com ênfase nos órgãos de segurança pública (polícia e meios de
comunicação)
- Prevenção de curto a médio prazo.
Prevenção terciária:
- Incide sobre detentos e condenados a penas alternativas.
- Visa evitar a reincidência.

Modelos de reação ao delito


Dissuasório/clássico/retributivo:
- Paga-se o mal causado com o mal da punição.
- Protagonistas: estado e delinquente.
Ressocializador:
- Visa a reinserção social do condenado.
Integrador/restaurador/justiça restaurativa:
- Visa reestabelecer o status quo do conflito criminal por meio de acordo, assistência à
vítima e reparação do dano.
- Protagonistas: vítima e criminoso.
- Exigido a reparação do dano à vítima, a assunção da culpa pelo delinquente e a
presença de um facilitador.

Teorias legitimadoras da pena


- Teoria absoluta ou retributiva: influenciada por Kant e Hegel, buscam retribuir o mal
causado pelo delinquente com base em sua culpa moral. Mal se paga com o mal.
- Teoria relativa, preventiva ou utilitarista: ostenta finalidade puramente preventiva.
Geral negativa: tem a finalidade de mostrar pelo exemplo para a população NÃO
delinquir.
Geral positiva: tem a finalidade de reestabelecer a credibilidade estatal.
Especial negativa: tem a finalidade de mostrar para o condenado NÃO reincidir.
Especial positiva: tem a finalidade de ressocializar o condenado.
- Teoria mista, eclética, unitária: é a mistura das duas anteriores, retribuição e
prevenção, bem como a ressocialização. É a teoria adotada pelo CP.

Processos de criminalização
- Primária: processo legislativo até a sanção presidencial em rotular como crime certa
conduta.
- Secundária: é a aplicação do direito penal objetivo.

Cifras criminais
- Criminalidade real: número de crimes efetivamente praticados (registrados ou não)
- Criminalidade registrada: número de crimes efetivamente registrados.
- Criminalidade oculta (cifra negra): número de crimes que não chegam ao
conhecimento estatal. É a diferença entre os dois primeiros.
Cifras/cores:
- Cifra dourada: crimes cometidos pela elite econômico-financeira e colarinho branco.
Edward Sutherland, criador da expressão “colarinho branco”.
- Cifra cinza: crimes que são registrados, porém não chega a persecução penal. São
crimes resolvidos na delegacia.
- Cifra amarela: crimes de abusos ou violências cometidos por funcionários públicos
contra particulares.
- Cifra verde: crimes contra o meio ambiente que não chegam ao conhecimento estatal.
- Cifra azul: crimes praticados pela população mais pobre.
- Cifra rosa: crimes de homofobia que não chegam ao conhecimento estatal.
- Cifra branca: crimes efetivamente solucionados.
- Cifra vermelha: crimes de homicídio praticados por serial killers.

Vitimologia:
Benjamin Mendelsohn: pai da vitimologia
Conceito: estudo científico responsável por diagnosticar a natureza, extensão e causas
da vitimização, analisando também as consequências sobre as pessoas envolvidas.
Processos de vitimização:
- Direta: é o sofrimento suportado pela vítima diretamente atingida. Pode ser primária,
secundária, terciária ou quaternária.
/ Primária: é o momento em que a vítima sofre diretamente os impactos da conduta do
criminoso.
/ Secundária: é o constrangimento suportado pela vítima diante dos procedimentos
legais e das instituições estatais (depoimento, audiência, etc).
/ Terciária: é o julgamento sofrido pela vítima dentro das instituições estatais e
particulares.
/ Quaternária: é o trauma que a vítima carrega pelo resto da vida em decorrência do
crime cometido, o medo, temor.
- Indireta: é o sofrimento suportado pelas pessoas que tem relação com a vítima
atingida.
- Heterovitimização: é o sentimento de culpa, de autoincriminação suportado pela
vítima de um crime, por acreditar que ela causou o crime.
- Difusa: vítimas incertas e indeterminadas, exemplo de crimes cometidos contra a
coletividade.

Classificação das vítimas


- Benjamin Mendelsohn:
Vítima ideal/inocente: é a vítima sem nenhuma participação no evento criminoso. Ex:
vítima de bala perdida.
Vítima menos culpada que o delinquente/ignorante: é a vítima que pratica algum
comportamento negligente de modo a estimular, indiretamente, o criminoso. Ex: pessoa
que anda por lugares perigosos.
Vítima tão culpada quanto o delinquente: é a vítima que é imprescindível para o crime.
Ex: vítimas de estelionato.
Vítima mais culpada que o delinquente/provocadora: é a vítima que provoca, fomenta,
incentiva o criminoso. Ex: autor de homicídio privilegiado.
Vítima como única culpada/simuladora/agressora: é a vítima que é culpada, não há
crime. Ex: vítima de suicídio.

Fatores sociais da criminalidade


- Sistema econômico: má distribuição de renda, desigualdades sociais e baixo poder
aquisitivo são alguns dos fatores que podem provocar o crescimento da criminalidade.
- Pobreza e miséria
- Desnutrição e fome: causam danos psicossomáticos.
- Habitação: causa revolta, baixa qualidade de vida e exposição a subculturas, exemplo
das favelas.
- Educação: a falta leva o indivíduo a ser mais vulnerável.
- Mal vivência: exemplo de andarilhos, mendigos, prostitutas.

Teorias sociológicas explicativas da criminalidade


- Teoria da desorganização social: conclui que o progresso e a expansão da sociedade
acarretam o crescimento da criminalidade nos grandes centros urbanos.
- Teoria espacial defensável: apresenta como mecanismo de prevenção da criminalidade
a reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades.
- Teoria da janela quebrada: conclui que algo que está abandonado, transmite o recado
de ausência de vigilância gerando sensação de impunidade.
- Teoria de tolerância zero: não há penas brandas para qualquer prática criminosa.
- Teoria dos testículos esmagados: conclui que a atuação estatal de repressão deve ser
pesada, firme.
- Teoria da aprendizagem/social learning/associação diferencial: criada por Edwin
Sutherland, defende que o crime é aprendido pelo criminoso através de seu círculo
social, influência do meio.
- Teoria da identificação diferencial: o crime é aprendido através de identificação e
não de influência.
- Teoria do reforço diferencial: a pessoa visa saciar aquilo que é privada, exemplo do
pobre que comete crimes patrimoniais.
- Teoria da neutralização: conclui que o criminoso tenta se convencer que sua conduta é
justificável.
- Teoria da subcultura delinquente: criada por Albert K. Cohen, vincula o aumento da
criminalidade com o crescimento da população menos favorecida, sem acesso ao que
seria considerado cultura de qualidade.
- Teoria da anomia: sustenta que determinado comportamento pode ser considerado
criminoso por violar o consciente coletivo.
- Teoria do labelling approach (etiquetamento): criada por Goffman, Lemert e Becker, o
crime é produto de um processo social forma e informal de interação, seleção,
discriminação e estigmatização. A classe dominante cria leis penais para subjugar
outras classes.
- Teoria da bomba relógio: defende a tortura em caso de crime de terrorismo.

Criminalidade de massa, moderna e organizada


Criminalidade de massa: infrações penais provocadas, em regra, em circunstâncias de
oportunidade (cifra azul), cometidos pelos menos favorecidos social, intelectual e
economicamente (assaltos, estelionatos, roubos, etc.). São violentos, imediatos e
possuem vítima individualizada.
Criminalidade moderna: versa sobre os delitos praticados em ambientes virtuais, bem
como os delitos fomentados pela mídia.
Criminalidade organizada: as infrações penais provocadas atingem a coletividade
como um todo, sem vítima individualizada. Agem como empresa.
Tipos:
- Mafiosa: estrutura hierarquizada, com uso de violência e intimidação, distribuição de
tarefas e planejamento de lucros, conta com clientela e impõe lei do silêncio. Vítimas
difusas.
- Empresarial: estrutura empresarial visando somente lucro, busca anonimato e quando
necessário age com violência e intimidação.

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