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USO LEGÍTIMO DA FORÇA

NÍVEIS DE UTILIZAÇÃO DA FORÇA

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1- Identificar os níveis de utilização da força;

2- Reconhecer as ações adequadas do operador de segurança diante de cada nível;

3- Identificar os níveis de submissão das pessoas abordadas;

4- Avaliar como se dá o controle técnico nas situações que exigirem o uso da força.

Caro aluno, pavimentamos a estrada do conhecimento legal e técnico com o estudo do conteúdo das aulas

anteriores. Podemos discorrer agora sobre os níveis de utilização da força e sua aplicação pelos operadores de

Segurança Pública. Ao realizar sua atividade operacional, o agente poderá se deparar com as mais diversas

situações. Ele precisa ter disponível várias opções de atuação, adequando a sua conduta ao que está ocorrendo.

Apresentaremos estes níveis com as devidas explicações, referendando-nos pelas aulas anteriores. Tenha um

excelente estudo.

1 Relembrando os conceitos
São muitas as terminologias para se classificar o uso da força, mas nos parece a mais correta a que estudamos na

aula 3, quando adotamos como objeto de discussão acadêmica o conceito:

“uso seletivo da força”

Afinal de contas, não será isso que o operador de segurança deverá fazer diante de uma situação que exija uma

intervenção compulsória sobre indivíduos ou grupos, a fim de reduzir ou eliminar a sua capacidade de

autodecisão?

Não terá ele que “selecionar” o nível de força que utilizará?

Relembrando nossa definição, teríamos que o citado uso seletivo consistiria na adequada escolha de opções de

força pelo encarregado de aplicar a lei em resposta ao nível de submissão do indivíduo suspeito ou do infrator a

ser controlado.

Sabendo que existem resistência e agressões em graus de intensidade e formas variadas, caberá ao agente da lei

adequar sua reação proporcionalmente ao comportamento do abordado, estabelecendo rotinas de atuação a fim

de controlar o caso.

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2 Modelos gráficos
Vimos na aula 3 modelos gráficos que retratam estes gradientes do uso da força dentro de uma sequência lógica

e legal de causa e efeito.

Estes níveis de força serão aplicados segundo a percepção de risco por parte do agente e na avaliação que ele

fará da atitude daquele que é o suspeito.

Quando estudamos os modelos, verificamos que estes "degraus" do uso da força podem ser escalados de cima

para baixo ou de baixo para cima, aumentando ou diminuindo a intensidade da ação do operador de segurança

de acordo com o comportamento percebido em relação ao abordado.

3 Níveis de uso da força


Diante de tudo que nós conversamos até agora, qual seria a definição para a expressão “níveis de uso da força”?

Consideramos que “níveis de uso da força” seria uma lista de opções técnicas de intervenção compulsória,

apropriadas para várias situações que possam surgir durante o desempenho operacional por parte do

encarregado de aplicar a lei.

Estes níveis podem ser entendidos desde a simples presença ostensiva do agente até a utilização da arma de fogo

em seu uso extremo (afetando a integridade física da pessoa ou causando a sua morte).

Recordamos que o exercício do poder para usar a força e/ou arma de fogo é uma questão atrelada à função

exercida pelo agente, bem como qualquer uso que não esteja dentro do marco legal estará sujeito a críticas por

excesso, desvio e abuso de autoridade.

Além do mais, como estudamos na aula 4, são diversos os princípios técnicos a serem seguidos quando se

pretende usar a força.

4 Elementos principais de ação


Teríamos no uso seletivo da força, 3 elementos principais de ação:

• Instrumentos

o que foi objeto de treinamento no curso preparatório do agente da lei, as armas e os equipamentos

disponibilizados, os procedimentos etc.;

• Táticas

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o uso dos instrumentos nas estratégias desenvolvidas pela organização para prevenção e repressão do

comportamento que afeta a ordem pública;

• Uso do tempo

como o operador da lei age e/ou reage diante da ação do abordado, considerando-se a velocidade com

que responde às atitudes do suspeito.

Sempre é bom relembrar que, ao usar a arma de fogo, o operador deve atentar para a segurança do público, a sua

própria e para a segurança do indivíduo abordado.


• O uso seletivo da força consistirá em avaliar:
• Percepção do agente da lei em relação ao indivíduo suspeito;
• Alternativas do uso da força legal;
• Resposta do agente da lei.

5 Níveis de submissão do suspeito


São 6 os níveis que você poderá encontrar:

submissão suspeito
• Normalidade: situação cotidiana, rotineira do patrulhamento em que não há necessidade de
intervenção compulsória.
• Cooperativo: o abordado atende de forma submissa às determinações dos agentes da lei, não
oferecendo qualquer resistência à revista ou à prisão
• Resistente passivo: o abordado oferece uma resistência passiva, não obedecendo às ordens dos
operadores de segurança, ficando simplesmente parado. Ele resiste, mas sem reagir, sem agredir.
• Resistente ativo: o indivíduo apresenta resistência ativa, chegando ao desafio físico. Ele empurra o
agente da lei e/ou as vítimas, não permitindo que haja aproximação ou não permanecendo no local.
• Agressão não letal: o indivíduo apresenta resistência ativa e hostil, atacando fisicamente o encarregado
de aplicar a lei e/ou pessoas envolvidas na situação.
• Agressão letal: há ameaça à vida do agente da lei e/ou do público ou existe risco a sua integridade física.
Com a descrição efetuada dos níveis de submissão, restou claro que o operador de segurança agirá de acordo

com as ações do suspeito, escolhendo o nível mais adequado de força a ser usado. Veja que ele poderá agir de

forma preventiva, ativa ou reativa.

Podemos ainda comentar que uma pessoa abordada pode sair do nível 2 para o 3, podendo chegar ao nível 5.

Da mesma forma, uma pessoa poderá estar no nível 6 (apontando uma arma de fogo para a direção do agente

abrigado) e ir para o nível 2 (entregar a arma e obedecer aos comandos do operador de segurança).

Conclui-se que o uso seletivo da força é um processo contínuo e flexível.

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6 Percepção de risco
É crucial compreender que o nível de submissão do suspeito pode não ser o fato em si para selecionar o nível de

força a ser usado. O que vai de fato ocorrer será como o agente da lei percebe o comportamento da pessoa.

Assim, uma pessoa abordada, ao tentar pegar seus documentos no bolso, poderá gerar para o agente, percepções

das mais diversas.


• Ele realmente irá pegar os documentos para se identificar;
• Ele está ganhando tempo para facilitar a fuga de possíveis comparsas;
• Ele está tentando pegar uma arma de fogo.

7 Percepção de risco – continuação


Duas pessoas podem olhar para uma mesma situação e chegar a distintas conclusões.

Desta forma, identificamos que a percepção de risco por parte do encarregado de aplicar a lei também pode ser

escalonada, como veremos a seguir:


• Percepção profissional – abrange as atividades rotineiras do agente e as exigências decorrentes.
• Percepção tática – o encarregado percebe uma elevação de ameaça no seu ambiente de trabalho.
• Percepção do limiar de ameaça – é detectado o aumento do grau de ameaça e identificado o perigo.
• Percepção de ameaça danosa – constata-se perigo iminente para o agente que deve preparar-se para
se defender.

• Percepção de ameaça mortal – é o mais alto nível de ameaça, levando o operador de segurança a usar

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• Percepção de ameaça mortal – é o mais alto nível de ameaça, levando o operador de segurança a usar
dos seus conhecimentos e habilidades para sobreviver.

8 Níveis progressivos da força


Estudaremos 6 níveis de uso da força a serem aplicados segundo o que vimos até agora.

São eles:

Nível 1 – presença física

Temos que a simples apresentação ostensiva do agente da lei pode ser suficiente para impedir que ocorra um

crime ou haja uma situação que perturbe a ordem pública. Em um evento com som alto, em que muitas vezes não

se pode ouvir as vozes das pessoas, gestos do operador de segurança podem ser suficientes para indicar

posturas a serem adotadas pelos participantes no local.

Nível 2 – verbalização

É o momento em que o agente da lei se comunica com as pessoas. Aliada a sua presença física, ela pode funcionar

como uma importante ferramenta de persuasão. Como vimos em alguns modelos estudados na aula 3, ela

perpassa por todos os níveis de uso da força, na medida em que em todas as ações, o operador de segurança dará

ordens para o abordado. A verbalização evolui de acordo com a atitude do suspeito. Ela pode começar como um

pedido sussurrado até chegar a uma ordem gritada, passando pela utilização de um tom normal. Há que se ter

cuidado com a escolha das palavras, não sendo deseducado, xingar ou ofender o abordado. Estas atitudes

demonstram despreparo e levam a perda de legitimidade do agente da lei.

Nível 3 – controles de contato ou controle de mãos livres

Apela para o treinamento tático ministrado aos agentes da lei, vez que em determinadas situações, poderá ser

necessário usar da força física para dominar o suspeito. Teríamos neste nível as técnicas de imobilização e

condução, podendo ser utilizadas primeiramente as técnicas de mãos livres, isto é, o agente usaria apenas as

mãos ou equipamento que auxilie na imobilização e condução, como por exemplo, as algemas.

Nível 4 – técnicas de submissão (controle físico)

Diante de uma situação em que há resistência ativa do suspeito, o operador de segurança usará força suficiente

para superá-la, permanecendo vigilante em relação a outros sinais que possam indicar um comportamento ainda

mais agressivo. Sendo o indivíduo abordado violento, poderão ser usados cães, técnicas de forçamento

(submissão) e agentes químicos leves.

Nível 5 – táticas defensivas não letais

Diante de um indivíduo agressivo, o agente deverá tomar medidas para detê-lo imediatamente, bem como

ganhar e manter o controle sobre o suspeito, depois de alcançada a submissão. Neste ponto, teríamos o uso de

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todos os métodos não letais, valendo-nos de gases, forçamento de articulações e uso de equipamento de impacto

(cassetete e tonfa). Poderia ser enquadrada, neste nível, a utilização de arma de fogo para intimidar o suspeito,

aliando a esta conduta, a verbalização (veja que assim a arma de fogo não é disparada, apenas sacada e apontada

para o indivíduo).

Nível 6 – força letal

Finalmente chegamos ao nível 6, quando diante de uma situação agressiva que alcança o último grau de perigo, o

operador de segurança deve usar táticas absolutas e imediatas para deter a ameaça mortal e assegurar a

submissão e o controle definitivos. É o mais extremo uso da força pelo encarregado de aplicar a lei, sendo

utilizado em último caso, quando todos os outros recursos já tiverem sido experimentados ou quando se

apresentar risco à vida do agente. Importante frisar que se o operador de segurança pública possuir um

equipamento ou armamento não letal, ele pode não ter que efetuar o disparo.

9 Encerramento
Caro aluno, encerramos nossa aula e agora você possui conhecimentos suficientes, do ponto de vista teórico,

para ajudá-lo a melhorar na manipulação dos problemas que encontrará na sua vida operacional.

Aconselhamos a leitura das bibliografias e dos sites indicados, objetivando o seu contínuo aprimoramento

profissional.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• Os conceitos fundamentais sobre técnicas e tecnologias não letais;
• Os aspectos legais para o uso das técnicas e tecnologias não letais.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Identificou os níveis de utilização da força;
• Reconheceu as ações adequadas do operador de segurança diante de cada nível;
• Identificou os níveis de submissão das pessoas abordadas;
• Avaliou como se dá o controle técnico nas situações que exigirem o uso da força.

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