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LINHAS INICIAIS

O objetivo deste trabalho é proporcionar ao leitor o conhecimento e a


compreensão sobre a importância do adequado gerenciamento de crises que
envolvem reféns localizados, para assegurar a preservação da vida de todos os
envolvidos, a devida aplicação da lei, além do pronto restabelecimento da ordem
pública que são deveres que agregam muito à credibilidade da força de segurança e
o bom nome da instituição. O método de pesquisa aqui utilizado envolveu uma breve
pesquisa qualitativa, com uso de pesquisa bibliográfica além de métodos descritivos.

GENERALIDADES DA INVASÃO TÁTICA

Quando existe um cenário de perigo imediato, ou seja, quando há um evento


em um determinado ambiente onde existe a maior probabilidade de surgir uma
ameaça contra a vida das pessoas, seja a vítima, seja o próprio infrator ou mesmo o
policial, uma invasão tática é imediatamente programada.
A capacidade de identificar um cenário de perigo imediato é muito importante
para o policial decidir exatamente aonde deve ir, o que deve ser feito, seu
deslocamento não perdendo de vista que a ação de busca ou mesmo a reação deve
ser proporcional ao perigo imediato ora identificado.
O controle de área compreende o domínio total do ambiente através
Geralmente, a invasão tática representa a última alternativa a ser explorada
durante uma ocorrência com refém localizado. O uso dessa tática tem suas
desvantagens, pois aumenta consideravelmente o risco de insucesso da operação,
elevando, sobremaneira o risco de morte para o refém, para o policial e para o
infrator da lei.
Apenas o já mencionado, contraria com um dos objetivos principais do
gerenciamento de crises que é a preservação da vida humana. Dessa forma, só é
autorizado a aplicação dessa alternativa tática se, no instante da ocorrência, surgir o
risco iminente à vida dos envolvidos ou ainda quando, durante a ocorrência for
notado uma grande oportunidade de sucesso para a operação.
Em qualquer uma das forças de segurança tática no mundo, o método da
invasão é o mais treinado e, consecutivamente, o menos utilizado e, tal fenômeno
ocorre pelo fato de, embora muitos cenários sejam montados e exaustivamente
treinados, em um ambiente real, o cenário sempre terá subjetividades muito próprias
dado as suas características conservando dessa forma o risco elevado.
O treinamento incessante e diversificado de invasões táticas em cenários
diferentes aumenta somente a chance de acerto sem, no entanto, eliminar o risco.
Existem alguns modelos de invasão tática, porém, nessa comunicação iremos
discutir apenas sobre o cone de risco.
O principal objetivo de qualquer modelo de invasão tática é provocar a
frustração dos planos dos infratores. Deve-se observar que esse modelo, para o uso
policial, buscando alcançar os objetivos da doutrina de gerenciamento da situação
de crise, que trabalha pela preservação de todas as vidas humanas e a aplicação da
lei.
Há uma grande distância na correta interpretação do conceito de invasão tática
para salvar os reféns e promover uma ação tática para eliminar os transgressores da
lei.
O uso da força letal não deve ultrapassar o limite do estrito cumprimento do
dever legal e da legítima defesa que, sendo excludentes de ação ilícita, tornam
legítima a ação policial, ainda que o resultado seja a morte do transgressor da lei.
Cada policial de um grupo de invasão tática deve ter tais regras bastante
solidificadas.

CONE DE RISCO

Conhecido como Cone de Risco, Cone da Morte, Funil fatal, trata-se de uma
técnica policial complexa, que requerem atenção e perícia do policial. Tal técnica “é
decorrente da silhueta e da faixa de luz projetada. Ex.: Portas, janelas, corredores,
becos, escudo balístico, interior da viatura” (PELOZATO, et al, 2014, p.25)
O cone da morte foi desenvolvido com movimentos dentro de um contexto para
ser explorado em determinadas situações. A técnica demanda de movimentos
corporais que servem literalmente para dar proteção e segurança ao policial durante
a ação, seja com armas curtas, seja com arma longas.
São movimentos sistematizados que envolvem raciocínio e equilíbrio motor,
para que ambos possam servir de proteção física e ao sucesso da operação.
Todo policial deve saber que ao utilizar a técnica do cone da morte, os
movimentos instruídos não podem ser alterados por movimentos desnecessários, tal
situação só fragiliza a técnica, e ainda pode colocar em risco a segurança e a vida
do policial. Cones da morte são os pontos de um ambiente que possuam a maior
probabilidade de serem atacados por eventuais agressores que estejam naquele
local.
Em uma residência, por exemplo, as portas e as janelas são os locais em que
os infratores vão prestar mais atenção, nas ilustrações a seguir, alguns exemplos do
protocolo de segurança a ser seguido para efetuar a passagem ou a varredura
nesses locais:

Ilustração1 – Sequência de pontos do ambiente que oferecem risco de morte - Porta

Fonte: PELOZATO, et al, 2014, p.25

Ilustração 2 – Sequência de pontos do ambiente que oferecem risco de morte -


janela

Fonte: PELOZATO, et al, 2014, p.25

As portas e janelas são os locais em que os infratores irão utilizar para realizar
a visada e possivelmente, efetuar tiros naquela direção.
Todavia, escadarias e corredores também apresentam o mesmo potencial
mortal para os agentes de segurança.
Nas ilustrações a seguir, alguns exemplos do protocolo de segurança a ser
adotados para efetuar a passagem ou a varredura nesses locais:
Ilustração 3 – Sequência de pontos do ambiente que oferecem risco de morte -
escadaria

PELOZATO, et al, 2014, p. 26

Ilustração 4 – Sequência de pontos do ambiente que oferecem risco de morte -


corredor

PELOZATO, et al, 2014, p. 26

A atitude do policial que precisa passar por essa situação é não se manter no
recinto do “cone da morte”, nessa situação, o policial deve tomar cuidado redobrado
com a posição do sol ou da luz artificial à sua retaguarda, evitando que essa luz
projete sua sombra no ambiente, denunciando a sua localização.
Dentro dessa ´proposta, também cabe uma reflexão acerca da segurança dos
policiais no interior da própria viatura e durante o uso do escudo balístico numa
situação de Combate em Ambiente Fechado. Mas essa discussão, fica para outra
oportunidade.

REFERÊNCIAS
PELOZATO, Aurélio José da Rosa; GOMES JR., Carlos Alberto de Araújo;
NICHNIG, Cássio Ricardo; SILVA, Jardel Carlito da; Carlos Alexandre da Silva.
Manual de Técnicas de Polícia Ostensiva da Polícia Militar de Santa Catarina. 3ª
Edição; Polícia Militar de Santa Catarina. Santa Catarina, 2014.

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