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USO LEGÍTIMO DA FORÇA

TÉCNICAS NÃO LETAIS

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1- Reconhecer as técnicas a serem utilizadas quando da abordagem às pessoas;

2- Relacionar as técnicas de verbalização;

3- Relacionar as técnicas não letais de combate corpo a corpo.

Caro aluno, preocupamo-nos até este momento em lhe apresentar os aspectos legais e técnicos para a utilização

do armamento e equipamento não letais. Nesta aula, iremos tratar da sua não utilização. Isto mesmo. Existem

técnicas que podem evitar que se use uma arma elétrica ou um espargidor de gás lacrimogêneo. Aliás, como

dissemos antes, por mais que armas não letais bem usadas não coloquem em risco a vida das pessoas, deve-se

evitar sua utilização desnecessária. Por isto, falaremos de técnicas de abordagem, verbalização e combate corpo

a corpo, sempre com o escopo de preservar a dignidade e a integridade física do abordado e do operador de

segurança pública. Bom estudo.

1 Técnicas de abordagem
Umas das rotinas mais executadas por operadores de segurança pública é a aproximação de uma determinada

pessoa ou de um grupo, seja para orientar, ajudar, socorrer, avisar, determinar, fiscalizar ou revistar.

Isto é conhecido como “abordagem”.

Uma abordagem pode ser feita junto a um local ou a um objeto.

Diante do exposto, poderíamos definir abordagem como o ato de aproximação, praticado pelo operador, com

determinada finalidade, obedecendo às técnicas de segurança.

A abordagem deve ser treinada, praticada, tornando-se um reflexo condicionado no operador de segurança.

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2 Técnicas de abordagem – continuação
Veremos, a seguir, algumas considerações a respeito do que tratar na construção das técnicas de abordagem.

Estaremos lidando com situações nas quais o cidadão apresentou alguma atitude suspeita que possa levar a crer,

de forma fundada, que ele esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de

delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

Tal tipo de busca pessoal encontra amparo no artigo 244 do Código de Processo Penal. http://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm

Dificultando a agressão contra o operador de segurança


Imobilizar uma pessoa causa certo desconforto ao abordado. Não é este o objetivo de uma abordagem. A

imobilização visa proteger o operador de segurança e terceiros de uma eventual agressão por parte do cidadão.
Número de operadores de segurança
O operador de segurança jamais deve abordar alguém sozinho. Ao abordar um grupo de pessoas, deve atentar

para que o número de agentes da lei seja igual ou superior ao do número de abordados.
Obedecendo às normas legais e técnicas
Quando o operador de segurança age dentro dos ditames legais e técnicos, reduz a possibilidade de agressão por

parte do cidadão. Ele deve manter a calma e a concentração quando da realização de uma abordagem.

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3 Técnicas de Verbalização
Falamos sobre a verbalização na aula 5. Vamos tratar dos conceitos gerais que envolvem esta técnica.

Linguagem usada

O operador de segurança deve ser cordial e ao mesmo tempo firme em sua abordagem, não se valendo de gírias

ou termos vulgares. Esta demonstração de profissionalismo provoca um impacto psicológico positivo no cidadão

abordado.

Ao ouvir ordens bem emitidas, em um linguajar de bom nível, o abordado tende a pensar que o domínio da

situação está nas mãos do agente.

O encarregado de aplicar a lei deve ser educado, mas deve determinar o que será feito pela pessoa abordada. O

cidadão não pode achar que tem a opção de obedecer ou não. Ele tem que acreditar que deve obedecer.

Discutir com o abordado demonstra descontrole emocional e insegurança.

O tom de voz que vai ser usado deve ser audível.

Como o cidadão entende as ordens

É importante que o operador de segurança entenda que ele recebeu treinamento prático e teórico para abordar

pessoas, veículos e edificações.

Ele treinou exaustivamente com colegas que agiam de acordo com as ordens dadas.

Tão intenso é o treinamento que muitas vezes o aluno do curso de formação já adota a posição de abordagem

sem ter recebido ordens para isso.

Entretanto, o cidadão não recebeu qualquer orientação sobre ser abordado. Ele não saberá como agir, podendo

não compreender as ordens dadas.

Por isso, tenha paciência com a pessoa que está sendo abordada e dê comandos curtos e inteligíveis.

4 Técnicas não letais de combate corpo a corpo


São as técnicas que visam à defesa da integridade física e da vida do operador de segurança, bem como a

imobilização de cidadãos que apresentem fundada suspeita de que estejam na posse de arma proibida ou de

objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca

domiciliar.

Também serão usadas em cidadãos infratores para a colocação de algemas e condução

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São chamadas de Técnicas não letais de combate corpo a corpo, pois não se trata de defesa pessoal,

simplesmente, já que o agente da lei as utiliza não só para defesa, mas também para imobilizar indivíduos

exaltados ou que estejam em atitude de resistência passiva (lembramos que este é um termo técnico, não legal).

Também não tratamos por técnicas de imobilização, pois nem sempre haverá condições de imobilizar o

indivíduo.

5 Considerações
As técnicas de combate corpo a corpo devem ser desenvolvidas ou adaptadas a partir de algumas considerações:

Proporcionalidade

O encarregado de aplicação da lei precisa ter em mente que deve usar a força na mesma proporção à ameaça

sofrida, não impingindo qualquer sofrimento desnecessário ao cidadão abordado.

Ratificamos a leitura da Portaria Interministerial 4226/10.

Na Portaria, veremos que o princípio da proporcionalidade explicita que o nível da força utilizado deve sempre

ser compatível com a gravidade da ameaça representada pela ação do opositor e com os objetivos pretendidos

pelo agente de segurança pública.

Torções de articulações

As técnicas mais adequadas para as imobilizações são as realizadas por meio de torções de articulações, já que

permitem ao agente mediar a intensidade de dor a ser imposta ao imobilizado.

Esse controle permite usar tão somente a força necessária para que o agressor se submeta às ordens legais ou

cesse a agressão, bem como seu controle posterior.

Estas imobilizações também têm a vantagem de permitir ao encarregado de aplicação da lei manter o agressor a

certa distância, sem necessidade de maior contato corporal ou de levar o agressor ao solo para imobilizá-lo.

Com isso o operador de segurança corre menos risco de ter sua arma tomada pelo agressor.

As imobilizações, apesar de causarem dor no oponente, não causam lesões graves, permitindo uma rápida

recuperação do imobilizado a partir do momento em que o golpe deixa de ser aplicado. Tais características se

aplicam perfeitamente ao conceito de não letalidade estudado nesta disciplina.

Golpes traumáticos

Por vezes, o operador de segurança pública não irá encontrar condições que favoreçam a aplicação de torções.

Os golpes traumáticos, inclusive com uso de bastões, devem ser treinados tanto quanto as torções, mas estas, por

serem menos lesivas, devem ser priorizadas em relação àqueles.

Treinamento

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As técnicas de combate corpo a corpo devem ser treinadas com regularidade (no mínimo 2 vezes por semana) a

fim de possibilitar ao agente da lei o chamado condicionamento de memória muscular, ou seja, a preparação do

corpo de forma a tornar a aplicação do golpe rápida e precisa o suficiente para ser eficaz.

Além do condicionamento de memória muscular, é importante o preparo psicológico do encarregado de aplicar a

lei, a fim de evitar o uso desnecessário das técnicas de combate.

6 Considerações Finais
Acreditamos ser necessário lembrar que tratamos das questões legais envolvendo a abordagem, a revista e o uso

da força nas aulas anteriores.

Sabemos que existem inúmeras técnicas de abordagens e de imobilizações. Não pretendíamos outro objetivo que

não traçar regras técnicas que devem estar presente em todo e qualquer treinamento e atuação do operador de

segurança pública.

Verifique qual técnica está sendo usada em sua instituição. Considere o porquê disso.

Algumas corporações de Segurança Pública escolhem determinada arte marcial para parametrizar o treinamento

de seus integrantes. Deve-se questionar se a técnica selecionada atende às exigências do trabalho.

Assistimos no vídeo sobre o MDPM que houve a necessidade de construir um modelo próprio, que pudesse ser

usado nos casos que se apresentavam no cotidiano operacional.

É preciso ressaltar que poucas instituições treinam a importante verbalização.

Recurso presente, em todos os gradientes do uso da força, seria necessário conjugar seu treinamento com uma

prática que privilegiasse o uso das técnicas não letais.

Por isso não podemos deixar de abordar o método Giraldi (ou de tiro defensivo na preservação da vida - criado

pelo Coronel PM Giraldi, da Polícia Militar de São Paulo), que treina policiais militares a verbalizarem com os

cidadãos abordados.

O interessante é que este treinamento ocorre em uma pista, com alvos e sistema de som, permitindo que o

instrutor faça às vezes da pessoa, conversando com o policial que o aborda.

É uma excelente possibilidade de uso das técnicas não letais.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• Estudos de caso sobre ocorrências nas quais houve o uso da força por Operadores de Segurança.

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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu as técnicas a serem utilizadas quando da abordagem às pessoas;
• Relacionou as técnicas de verbalização;
• Relacionou as técnicas não letais de combate corpo a corpo.

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