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AUTORIDADES
AULA 4
O trabalho operacional.
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parte das situações que embaraçam a pessoa protegida são resolvidas com
diplomacia e ninguém de bom senso emprega um segurança que não sabe
conduzir-se e expressar-se.
1.7. O agente de segurança ou "guarda-costas" tem que penetrar, obrigatoriamente,
na intimidade dos segurados e deve manter uma postura crítica, se auto-policiando
de forma a não exceder às intromissões absolutamente necessárias. Da mesma
forma, deve resistir ao ímpeto de aparecer na mídia, posar para fotos expondo-se
em demasia. O profissional de segurança tem por obrigação ser discreto e
reservado. [...]. A “intimidade” com os segurados também tem seu lado
potencialmente negativo; por mais amigo que o segurança venha a se tornar, vale
lembrar que ele não deve divertir-se ou beber com seu protegido, pois tais situações
de relaxamento e descontração podem comprometer todo trabalho de proteção,
colocando a vida de ambos em risco.
1.8. O segurança pessoal é por excelência um planejador. Cabe a ele estudar a vida
do protegido, levantar previamente toda sorte de perigos ou ameaças que pesem
sobre aquele que estiver sob sua guarda e desenvolver procedimentos que
impeçam ou dificultem a materialização de tais adversidades. [...]. Essas tarefas
requerem um profissional meticuloso e acostumado a pensar. [...]..
1.9. O agente de segurança deve trabalhar bem em equipe. [...].
1.10. Existe, atualmente, uma forte tendência para avaliar-se o profissional de
segurança pelo tipo ou calibre da(s) arma(s) que ele porta. Embora tal fator tenha
importância em situações ou cenários específicos, ele não é determinante na
profissão de segurança pessoal. As armas existem "para serem mantidas no
coldre". O bom agente é um bom atirador, mas, conhecendo as implicações do uso
da arma, dificilmente a exibirá e apenas fará uso da mesma [sic] em último caso. Se
houver real necessidade de utilizar a arma, vai pesar muito sua perícia como atirador
e a sua capacidade sacar rapidamente e de efetuar disparos precisos contra seus
alvos. [...].
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Jefferson Silva (2012) assim demonstra:
Devem ser delineadas áreas em torno da autoridade, definindo os perímetros de
proteção e de segurança, estabelecendo previamente quais pessoas poderão ter
acesso a cada nível pré-definido. Tais perímetros poderão ser definidos pela
presença física de agentes e/ou apoio, mas também por barreiras físicas que
auxiliem no sistema de proteção a autoridade, sendo que para isto devem ser
considerados alguns fatores:
1. número de participantes;
2. característica do compromisso;
3. local onde ocorrerá o evento;
4. conjunturas políticas;
5. possibilidades de atos de hostilidade;
6. período em que a autoridade permanecerá no evento;
7. demais autoridades participantes no evento.
Michele Maria Sagin da Silva (2011) apresenta os grupos que devem atuar
na proteção de autoridades e/ou executivos, sendo eles o grupo de preparação
e o grupo de execução.
O grupo de Preparação é assim constituído:
1) Equipe Planejamento
É aquela que coordena os trabalhos com outros órgãos (Ex.: Polícia Militar),
inspeciona os locais e itinerários da autoridade, levanta a vida pregressa do pessoal
que terá contato com a autoridade (Ex.: camareiras, garçons), e a necessidade de
pessoal, materiais e equipamentos para a operação (logística).
2) Equipe Precursora
É aquele grupo de policiais que antecede a visita da autoridade, percorrendo os
locais de eventos e hospedagem previsto no programa, com a finalidade de oferecer
subsídios ao planejamento da segurança.
3) Equipe Vistoria
É aquele grupo de policiais responsáveis pela varredura nos locais de eventos,
hospedagem, itinerário e outros, deslocando-se à frente da autoridade com tempo
variável, com a finalidade de identificar, neutralizar ou remover dispositivos que
ofereçam perigo.
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b) Equipe Móvel
É a equipe que se desloca permanentemente com o dignitário, dedicando-lhe
atenção exclusiva e executando medidas que lhe garantam a integridade física.
2) Equipe Velada
Formado por policiais do serviço de inteligência que devem estar infiltrados na
população, com a finalidade de detectar qualquer movimento hostil. Devem estar
trajados de forma adequada e distribuídos nos locais dos eventos ou nos itinerários
da autoridade.
3) Equipe Avançada
É aquela responsável de chegar aos locais dos eventos com certa antecedência
(mínimo de 15 a 30 minutos antes), aguardando a chegada do dignitário e sua
comitiva para, então, deslocar-se ao local do próximo evento. É nessa atividade que
são observadas as condições de local e público, antes da passagem ou chegada
do comboio, alertando o chefe da equipe (carro-comando) para as anormalidades
observadas.
4) Equipe Ostensiva
Formada por conjuntos de pessoas de diversos órgãos (apoio) que executam
trabalhos ostensivos, com a finalidade de apoiar e facilitar os deslocamentos da
autoridade, anulando ou intimidando ações hostis e prevenindo acidentes.
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As varreduras e inspeções são muito importantes, em trabalho da equipe
precursora, na fase prévia da realização do evento. Elas podem ser efetivadas
pelos próprios agentes ou por profissionais especialmente contratados.
Os principais perigos a que estão sujeitas as autoridades/executivos são
as escutas telefônicas clandestinas bem como os artefatos explosivos. Um dos
meios de comunicação mais utilizados e também mais vulneráveis, o telefone
pode esconder uma escuta clandestina que permita a audição e gravação de
conversas, o que pode obviamente expor a autoridade/executivo.
Mesmo não sendo uma situação rotineira no Brasil, deve-se estar
preocupado com a possibilidade de artefatos explosivos serem utilizados contra
o dignitário.
Assim, “os agentes de segurança que, vez por outra, podem ser
confrontados com ocorrências de bomba, precisam ser melhor informados sobre
os artefatos, como preveni-los e detectá-los. A tarefa dos agentes de segurança
é ‘apenas’ a de detectar o objeto suspeito e salvaguardar seu protegido do
contato com ele”. (CAVALCANTE).
Os agentes de proteção precisam ter consciência que os artefatos
explosivos utilizados contra autoridades e executivos poderão não se parecer
com o conceito de bomba tradicional, como bananas de dinamite.
NA PRÁTICA
Um dos temas mais interessantes na proteção de executivos é a carta-
bomba. Não se parece em nada com os explosivos mais tradicionais, todavia é
tão ou muito mais destrutiva. Uma matéria publicada pelo jornal The New York
Times, de 17 de dezembro de 1989, relata como o juiz federal americano Robert
S. Vance morreu por causa da explosão de uma carta-bomba enviada à sua
residência às 15h de 16 de dezembro de 1989, na cidade de Mountain Brook,
Alabama:
Um juiz federal foi morto e sua esposa ficou gravemente ferida esta tarde por uma
carta-bomba que explodiu na casa deles no subúrbio de Birmingham, disseram
autoridades.
O juiz, Robert S. Vance da Corte de Apelações dos Estados Unidos para o 11.º
Distrito morreu instantaneamente quando um pacote entregue em sua casa explodiu
por volta das 15h, de acordo com o porta-voz do FBI, Chuck Steinmetz. A esposa
do juiz, Helen, deu entrada no Hospital Birmingham em graves condições e lesões
internas.
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As autoridades disseram que não tinham motivo ou suspeito. Tom Moore, agente
do F.B.I. em Birmingham, disse que a agência estava investigando a possibilidade
de alguma conexão com o tráfico de drogas colombiano. O juiz Vance ''lidou com
grande volume de casos de drogas da Flórida,'' ele disse, mas enfatizou que as
drogas eram apenas um dos possíveis motivos.
FINALIZANDO
Aprendemos nesta aula sobre o Trabalho Operacional, compreendendo o
perfil do agente de proteção, vestuários, armamentos e equipamentos, e
procedimentos e normas.
REFERÊNCIAS
Associated Press. Letter bomb kills U.S. appeals judge. The New York Times,
17 dez. 989. Disponível em: <http://www.nytimes.com/1989/12/17/us/letter-
bomb-kills-us-appeals-judge.html>. Acesso em: 27 mar. 2017.