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COMENTÁRIOS ESPECIAIS E INÉDITOS À LEI Nº 13.022/2014.

ESTATUTO GERAL DAS GUARDAS MUNICIPAIS

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - Esta Lei institui normas gerais para as guardas municipais, disciplinando
o
o § 8 do art. 144 da Constituição Federal.

Comentário:

Esta nova Lei destina para o município uma Instituição de Segurança Pública (há
de se compreender que está no bojo do Cap. III, Art. 144 da Constituição Federal) com
as seguintes características:

Natureza civil – Substituindo a natureza militar;

Uniformizada e não fardada (quebra o conceito militar);

Armada – Traz a concepção de força pública armada (enfrentamento). Difere do


que Sir Robert Peel fez na Inglaterra ao criar a Polícia Metropolitana de Londres em
1829.

A função municipal preventiva:

Primária – Social – Intervenção Precoce

Secundária – Patrulhamentos dos Logradouros Públicos.

Art. 2º - Incumbe às guardas municipais, instituições de caráter civil,


uniformizadas e armadas conforme previsto em lei, a função de proteção municipal
preventiva, ressalvadas as competências da União, dos Estados e do Distrito Federal.

Comentário:

A questão ressalva a competência do Estado, mas, no entanto direciona para o


município a função de proteção municipal preventiva, o que seria até então uma
atribuição da atividade de prevenção secundária afeta à Polícia Militar (Decreto Lei
667/69). Ao ressalvar as competências da União e dos Estados, institui uma ainda não
bem definida natureza híbrida nas atividades ostensivas de segurança, convivendo
assim com a Força Nacional (União) e as Polícias Militares (Estados).
CAPÍTULO II

DOS PRINCÍPIOS

Art. 3º - São princípios mínimos de atuação das guardas municipais:

I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da cidadania e das


liberdades públicas;

II - preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas;

III - patrulhamento preventivo;

IV - compromisso com a evolução social da comunidade; e

V - uso progressivo da força.

Comentário:

I - Surge no universo jurídico nacional como uma Instituição protetora da


sociedade, destacando os aspectos da cidadania, respeito aos direitos humanos
e liberdades públicas.

II - Preservação da vida – atividade de proteção ostensiva que adentra a área do


direito penal que trata de todas as infrações penais que afetam o bem jurídico
denominado de vida. Redução do sofrimento, expressão genérica de ordem subjetiva,
mas que nos remete ao sofrimento de pessoas e animais quando vitimadas ou em
face disto; Diminuição de perdas tem aspecto patrimonial elevando a atividade das
GCM à proteção da incolumidade do patrimônio, dentro do raio constitucional a partir da
exegese do caput, art. 144.

III - Passa a ter a função de patrulhamento que antes não possuía, recebendo
mobilidade, ou seja, enquanto antes não possuía, pois estava circunscrita a um “raio de
fazer” restrito, agora teve ampliada a sua atuação às vias públicas do município e
até de municípios em áreas cornubadas, por convênio.

Nota Explicativa: Patrulhamento, segundo o Decreto 88.777/1981 (R-200) é


atividade afeta às PM, que nesta Lei é estendida as Guardas Civis Municipais.

IV - Neste inciso o legislador trabalha oprotagonismo das GCM no ambiente de


relacionamento societal, derrubando o antigo cenário da operação de segurança
pública (anti-participativo) para outro em que se emoldura a participação
compromissada da GCM em parceria com a sociedade, denotando a construção de
um modelo interativo e comunitário.

Compromisso = Obrigação
V - As GCM passam a deter um mandato de uso da força, nos padrões
internacionais insculpidos nos parâmetros do Código de Conduta dos
Encarregados de aplicação da Lei (Res 34/169 – ONU – 17/12/1979). O uso
progressivo da força subentende uma gradação entre os mais diversos mecanismos de
força legal autorizada pela Lei. No intervalo entre o uso de algemas, inclusive regulado
por meio da Súmula Vinculante nº 11, do STF, e da arma de fogo, ganha espaço as
chamadas tecnologias não letais, a exemplo das pistolas elétricas e dos agentes
químicos, os quais necessitam de continuado treinamento, visando impedir excessos ou
uso inadequado.

Nota Explicativa: É interessante observar que no Brasil, a Lei não confere


expressamente este mandato aos Órgãos Policiais, o que torna pioneiro e até este
momento um fato inédito.

A expressão “princípios mínimos” revela que outros princípios que se


adequem aos fundamentos legais da República são também afetos às guardas,
especialmente os princípios e garantias fundamentais descritos no célebre artigo
5º da CRFB/1988.

CAPÍTULO III

DAS COMPETÉNCIAS

Art. 4º - É competência geral das guardas municipais a proteção de bens,


serviços, logradouros públicos municipais e instalações do Município.

Parágrafo único: Os bens mencionados no caput abrangem os de uso comum,


os de uso especial e os dominiais.

Comentário:

Repete o § 8º do Art. 144 da CF, acrescentando a expressão “logradouros


públicos municipais”, indo além da prescrição constitucional, revelando a nova
disposição tática do ambiente da operação das GCM.

Ele amplia o espectro do que se considera bem público municipal, indo além do
que antes era restrito aos bens patrimoniais do município. A intenção é fazer expandir
o ambiente físico para a atuação das Guardas Civis Municipais que ganham “status” de
Instituição.

Art. 5ºSão competências específicas das guardas municipais, respeitadas as


competências dos órgãos federais e estaduais:
I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município;

II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações


penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens, serviços e
instalações municipais;

III - atuar, preventiva e permanentemente, no território do Município, para


a proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e instalações
municipais;

IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de segurança pública, em


ações conjuntas que contribuam com a paz social;

V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus integrantes


presenciarem, atentando para o respeito aos direitos fundamentais das pessoas;

VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas, nas vias


e logradouros municipais, nos termos da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997
(Código de Trânsito Brasileiro), ou de forma concorrente, mediante convênio celebrado
com órgão de trânsito estadual ou municipal;

VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e


ambiental do Município, inclusive adotando medidas educativas e preventivas;

VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em suas atividades;

IX - interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de


problemas e projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança das
comunidades;

X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de Municípios


vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios, com vistas ao
desenvolvimento de ações preventivas integradas;

XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à


adoção de ações interdisciplinares de segurança no Município;

XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia administrativa,


visando a contribuir para a normatização e a fiscalização das posturas e
ordenamento urbano municipal;

XIII - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais, ou prestá-lo direta


e imediatamente quando deparar-se com elas;
XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor
da infração, preservando o local do crime, quando possível e sempre que
necessário;

XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano


diretor municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande
porte;

XVI - desenvolver ações de prevenção primária à violência, isoladamente ou


em conjunto com os demais órgãos da própria municipalidade, de outros Municípios ou
das esferas estadual e federal;

XVII- auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de autoridades


e dignitários; e

XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando pelo


entorno e participando de ações educativas com o corpo discente e docente das
unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com a implantação da cultura de
paz na comunidade local.

Parágrafo único: No exercício de suas competências, a guarda municipal poderá


colaborar ou atuar conjuntamente com órgãos de segurança pública da União, dos
Estados e do Distrito Federal ou de congêneres de Municípios vizinhos e, nas hipóteses
previstas nos incisos XIII e XIV deste artigo, diante do comparecimento de órgão
descrito nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal, deverá a guarda
municipal prestar todo o apoio à continuidade do atendimento.

Comentários:

Traz o detalhamento pormenorizado do mandato (poderes) das Guardas Civis


Municipais, dentro do seguinte:

I – Realização de vigilância patrimonial, algo que já existia.

II – Atribuiu à GCM o poder de polícia administrativa, sob o viés preventivo e


repressivo no campo da segurança pública, dentro do ambiente circunscrito.

III – Indubitivelmente dá de modo permanente a responsabilidade à GCM para


proceder o “policiamento ostensivo”, que embora nào dito com essas palavras repassa
este entendimento legal, adentrando dentro do que antes, desde 1969 era a seara
exclusiva das policiais militares.

IV – Trata do que hoje se tem como ações integradas, subliminarmente elevando


as GCM a condição também de Órgão de Segurança Pública (Art. 144 da CF), pois as
nivela no âmbito operacional da preservação de ordem pública.
V – Confere as GCM o mandato da mediação de conflito, vinculando ao respeito
da dignidade da pessoas humana (direitos humanos).

VI – Assumir, se for o caso a gestão operacional do trânsito nas vias municipais,


reforçando o que prescreve o Código de Trânsito Brasileiro.

VII – Atribui as GCM poder de policia no campo de direitos imateriais, sobretudo


sob a égide da prevenção e educação e não meramente da repressão.

VIII – Trabalho cooperativo e integrado no ambiente de atuação de Defesa Civil.

IX – Institui o protagonismo da GCM quanto ao modelo comunitário e


interativo na busca de resolução dos problemas de segurança pública que afetem
o cotidiano societal, focado na melhoria do ambiente de seguridade. É um fazer
proativo.

X – Estende além do perímetro municipal a possibilidade de atuação prevento-


ostensiva integrada entre os três Entes públicos (União, Estados e Municípios),
visando desenvolver ações preventivas com o fito de evitar a quebra da ordem pública,
reforçando o modelo preventivo de atuação sistêmica.

XI – Denota o interesse do legislador em transversalizar as ações de cunho


proativo e interdisciplinar, de natureza prioritamente preventiva, buscando evitar
a atuação meramente repressiva sobre o fenômeno social do crime.

XII – Endereça a atuação conjunta das GCM com os demais orgãos que exercem
o poder de polícia nas posturas e ordenamento urbano, dando a compreensão de que
tambémas GCM deverão atuar preventiva / repressivamente para garantir a
salubrização do espaço público.

XIII – Dá forma a função clássica da segurança pública, dentro dos padrões


internacionais enunciados no Código de Conduta para os Encarregados de
Aplicação de Lei, em seu artigo 1º, que direciona a atuação das Insitiuições de
segurança pública em caso de necessidade de emergência ou necessidade de ajuda
imediata.

XIV – Formaliza a ação operacional das GCM diante das infrações penais
flagranciais,dispensando/substituindo qualquer participação dos policiais
militares nesses eventos, exceto a atuação da perícia técnica por parte da polícia
judiciária.

XV – Inova no ambiente da efetivação de ordem pública de forma proativa,


atuando predominantemente com ação fiscalizadora e regulatória, possibilitando ao
município instituir no seu Plano Diretor, o estudo de impacto na segurança local
por ocasião de aprovação de projetos / construção de empreendimentos de
grande porte com participação prévia da GCM.É mais uma fonte de arrecadação
de tributos pelo município e de emanação de poder às GCM.

Introduz no ambiente de preservação da incolumidade patrimonial e humana, a


disciplina da prevenção do crime, através da arquitetura ambiental.

Amplia a estrutura das GCM para umCentro de Atividades Técnicas nos


moldes do que hoje existe nos Corpos de Bombeiros Militares e nos Órgãos de
Controle Ambiental para o licenciamento de obras.

XVI – Dá a questão preventiva um realce até então desprezado. Com a


natureza de organização de Força Pública Municipal, a partir de parâmetros
preventivos, mudando a lógica do modelo reativo hoje existente, atribuindo à GCM
o desenvolvimento de ações que promovam as intervenções precoces, usando o não
surgimento das condicionantes da violência criminalizada, isolada ou integrada com
entes estatais, inclusive extra-municpal.

XVII – Autoriza a atuação das GCM no planejamento e organização de


grandes eventos populares, festivos, religiosos, esportivos, etc e na proteção
oficial de autoridades e dignitários, aumentando a órbita de poder real e influência
dessa Instituição junto aos poderes públicos municipais e na própria sociedade.

XVIII – Cria abragência de atuação maximizada das GCM no processo de


controle da formação escolar da sociedade local, pois destina atribuição de carater
educativo junto aos discentes e docentes, indo além da mera proteção patrimonial do
ambiente escolar da rede municipal de ensino. A GCM ganha espaço estratégico e
não somente tático-operacional na formação da cidadania.

Tal atribuição possibilita as GCM até mesmo integrar o Conselho da Escola


e, quiçá, atuar na elaboração do projeto pedagógico escolar.

Parágrafo Único: Em caso de ocorrência em que compareça um dos órgãos


descritos no artigo da 144 da CF/88, em se tratando dos incisos XIII e XIV do artigo
5º, a atuação das GCM poderá se tornar coadjuvante, devendo em sentido
obrigacional apoiar a continuidade do atendimento ao evento. Neste ponto, o
legislador procura resolver uma espécie de conflito de atribuições em razão da
concomitante atuação da polícia millitar, e também das polícias federal, rodoviária e civil,
em eventual presença em local de crime. Na prática, estando a ocorrência em
andamento, o comparecimento de uma equipe de instituição diversa obriga a
Guarda Municipal passar a ter atuação subsidiária, permitindo que a condução
dos trabalhos seja realizada pelo ente estadual, ou federal. Tais conflitos,
certamente, não serão dirimidos com facilidade, sobretudo nos maiores centros
urbanos, cujo tamalho das instituições não permite o desenvolvimento de um processo
de integração mais célere. De outra banda, o mesmo parágrafo único permite que
integrantes das Guardas Municipais possam participar de operações e ações
diversas em regime de colaboração com agentes das Corporações previstas no
artigo 144 da Carta Magna.

CAPÍTULO IV

DA CRIAÇÃO

Art. 6º - O Município pode criar, por lei, sua guarda municipal.

Parágrafo único: A guarda municipal ésubordinada ao chefe do Poder


Executivo municipal.

Comentário:

Este modelo é uma réplica do que historicamente está sendo resgatado quando
em 10 de outubro de 1831, o Regente Padre Antônio Diogo Feijó deu o passo iniclial
para a criação das Guardas Municipais, mostrando, desde aquele tempo, que a vocação
para a prestação da segurança pública é local.

Parágrafo Único: Replica também o modelo atual em que a PM é subordinada ao


governador do Estado, isto não impedindo que a GCM esteja vinculada
administrativamente uma Secretaria Municipal.

Art. 7º - As guardas municipais não poderão ter efetivo superior a:

I - 0,4% (quatro décimos por cento) da população, em Municípios com até 50.000
(cinquenta mil) habitantes;

II - 0,3% (três décimos por cento) da população, em Municípios com mais de


50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde que o
efetivo não seja inferior ao disposto no inciso I;

III - 0,2% (dois décimos por cento) da população, em Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde que o efetivo não seja inferior ao disposto
no inciso II.

Parágrafo único: Se houver redução da população referida em censo ou


estimativa oficial da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é
garantida a preservação do efetivo existente, o qual deverá ser ajustado à variação
populacional, nos termos de lei municipal.
Comentário:

Trata do controle e limitação numérica dos efetivos, conforme a população de


cada município, através de percentuais estipulado na própria lei, sem como no caso da
PM, a necessidade do controle/acompanhamento do Exército Brasileiro.

Art. 8º - Municípios limítrofes podem, mediante consórcio público, utilizar,


reciprocamente, os serviços da guarda municipal de maneira compartilhada.

Comentário:

É a extensão da circunscrição do atendimento a outras localidades limítrofes,


apliando o raio de atuação das GCM com maior estrutura de atendimento, mediante
consórcio.

Art. 9º - A guarda municipal é formada por servidores públicos integrantes de


carreira única e plano de cargos e salários, conforme disposto em lei municipal.

Comentário:

Neste artigo fica o município obrigado a se adequar, através de lei


municipal, a uma estrutura permanente de carreira única, com plano de cargo e
salários para os Guarda Civis Municipais, o que fortalece a categoria. A existência
de carreira única difere da forma tradicional de acesso hierárquico existente nas Forças
Armadas e nas Polícias Militares, nas quais o acesso aos postos superiores é feito
mediante o Curso de Formação de Oficiais, com duas carreiras distintas, a de Praças e
a de Oficiais.

CAPÍTULO V

DAS EXIGÊNCIAS PARA INVESTIDURA

Art. 10º - São requisitos básicos para investidura em cargo público na guarda
municipal:

I - nacionalidade brasileira;

II - gozo dos direitos políticos;

III - quitação com as obrigações militares e eleitorais;

IV - nível médio completo de escolaridade;

V - idade mínima de 18 (dezoito) anos;


VI - aptidão física, mental e psicológica; e

VII - idoneidade moral comprovada por investigação social e certidões expedidas


perante o Poder Judiciário estadual, federal e distrital.

Parágrafo único. Outros requisitos poderão ser estabelecidos em lei municipal.

Comentário:

Estabelece os requisitos mínimos para investidura no cargo de GCM, entretanto,


deixa ao município a opção de estabelecer outros requisitos, caso assim o queira fazer.

CAPÍTULO VI

DA CAPACITAÇÃO

Art. 11º - O exercício das atribuições dos cargos da guarda municipal requer
capacitação específica, com matriz curricular compatível com suas atividades.

Parágrafo único: Para fins do disposto no caput, poderá ser adaptada a matriz
curricular nacional para formação em segurança pública, elaborada pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça.

Comentário:

A Lei inova, atribuindo à Guarda Municipal uma gama enorme de competências


historicamente a cargos das polícias ostensivas. Essas atribuições são balizadas nos
princípios internacionais de Direitos Humanos. Nesse contexto, as habilidades e
capacitações que os integrantes da Guarda Municipal devem possuir requer
capacitação específica. Assim, os projetos pedagógicos e as grades
curriculares dos cursos de capacitação dos integrantes da Guarda Municipal
requer a contemplação de disciplinas e conteúdos compatíveis com os princípios
e as atribuições específicas como disposto no Estatuto Nacional das Guardas
Municipais.

Art. 12º - É facultada ao Município a criação de órgão de formação, treinamento


e aperfeiçoamento dos integrantes da guarda municipal, tendo como princípios
norteadores os mencionados no art. 3º

§ 1º - Os Municípios poderão firmar convênios ou consorciar-se, visando ao


atendimento do disposto no caputdeste artigo.
§ 2º - O Estado poderá, mediante convênio com os Municípios interessados,
manter órgão de formação e aperfeiçoamento centralizado, em cujo conselho
gestor seja assegurada a participação dos Municípios conveniados.

§ 3º - O órgão referido no § 2 o não pode ser o mesmo destinado a formação,


treinamento ou aperfeiçoamento de forças militares.

Comentário:

Assim como a União e os Estados possuem suas academias de formação,


treinamento e aperfeiçoamento dos integrantes de seus órgãos de segurança, os
municípios poderão também criar os seus Centros de Formação. Esses Centros de
Formação devem obrigatoriamente ser estruturados de acordocom os princípios
mínimos norteadores da atuação das Guardas Municipais, como definidos no
artigo 3º desta Lei.

§ 1º - Esses Centros de ensino podem ser estabelecidos através de convênios ou


consórcios. Os convênios neste sentido podem ser firmados com Instituições já
existentes ou criadas para tal finalidade. Também é permitido ao município consorciar-
se a outros municípios para criação e utilização conjunta desses Centros de ensino com
tais propósitos.

§ 2º - A Lei permite ao Estado, enquanto ente federado, estabelecer um Centro de


treinamento para formação e aperfeiçoamento de Guardas Municipais. Esse órgão
centralizaria a capacitação de integrantes das Guardas Municipais, funcionando como
centro unificador e irradiador de doutrina e capacitação das Guardas Municipais que
aderirem a esse sistema, mediante convênio. O município dele participante deve ter
assegurado também a sua participação no conselho gestor desse órgão estadual de
formação de Guardas Municipais.

§ 3º - Fica vedado ao Estado estabelecer esses Centros estaduais nas mesmas


estruturas onde funcionam os Centros de Formação ou nas Academias militares
destinadas à capacitação dos seus policiais militares e corpos de bombeiros militares.
Não existe vedação para que esses centros sejam os mesmos destinados à
capacitação, treinamento e aperfeiçoamento das policias civis, como os centros
e academias já existentes ou criadas para tal finalidade. Neste último caso, exige-
se que os projetos pedagógicos dos cursos das Guardas Municipais sejam distintos
daqueles utilizados pelas polícias.

CAPÍTULO VII

DO CONTROLE
Art. 13º - O funcionamento das guardas municipais será acompanhado por órgãos
próprios, permanentes, autônomos e com atribuições de fiscalização, investigação e
auditoria, mediante:

I -controle interno, exercido por corregedoria, naquelas com efetivo superior a


50 (cinquenta) servidores da guarda e em todas as que utilizam arma de fogo, para
apurar as infrações disciplinares atribuídas aos integrantes de seu quadro; e

II -controle externo, exercido por ouvidoria, independente em relação à


direção da respectiva guarda, qualquer que seja o número de servidores da guarda
municipal, para receber, examinar e encaminhar reclamações, sugestões, elogios e
denúncias acerca da conduta de seus dirigentes e integrantes e das atividades do
órgão, propor soluções, oferecer recomendações e informar os resultados aos
interessados, garantindo-lhes orientação, informação e resposta.

§ 1o O Poder Executivo municipal poderá criar órgão colegiado para


exercer o controle social das atividades de segurança do Município, analisar
a alocação e aplicação dos recursos públicos e monitorar os objetivos e
metas da política municipal de segurança e, posteriormente, a adequação e
eventual necessidade de adaptação das medidas adotadas face aos resultados
obtidos.

§ 2o Os corregedores e ouvidores terão mandato cuja perda será decidida


pela maioria absoluta da Câmara Municipal, fundada em razão relevante e
específica prevista em lei municipal.

Comentário:

As Guardas Municipais são agora Instituições às quais se atribui uma gama


extensa de poderes decorrentes do mandato conferido pelo seu estatuto nacional.
O sistema de freios e contrapesos do modelo democrático de Estado impõe a sua
sujeição, obrigatoriamente, a mecanismos de controle, tanto internos quanto
externos. Este controle deve ser exercido por órgãos específicos, autônomos, de
caráter permanente, e até mesmo independentes, com atribuições de fiscalizar,
investigar, sancionar, inspecionar e auditar, conforme enumerado a seguir:

I – Corregedoria – Deve ser criada para apurar as infrações disciplinares atribuídas


aos integrantes da Guarda Municipal, obrigatoriamente nas GCM, cujos integrantes
usarem arma de fogo, independente do seu efetivo e naquelas com efetivo superior a
50 integrantes. Apesar de ser Órgão de controle interno, exige-se que a corregedoria
seja autônoma. Isso significa que não pode estar subordinada ao comando da Guarda,
mesmo que integre a sua estrutura organizacional. É necessário adotar Lei municipal
que regule a estruturação e funcionamento da Corregedoria, bem como a
investidura no cargo de Corregedor, a duração do seu mandato e as condições de
sua perda, que só se dará por decisão de maioria absoluta da câmara municipal,
fundada em razão relevante específica, as quais também devem estar
especificadas na Lei.

Há uma inovação importante neste dispositivo. Ao estabelecer um mandato,


por prazo definido, somente cassado mediante decisão do poder legislativo
municipal, Corregedores e Ouvidores das Guardas não possuem a típica
nomeação “ad nutun”,mediante cargo comissionado de livre nomeação e,
sobretudo, exoneração do Prefeito. Essa estabilidade no cargo permite uma forte
independência na atuação, livre de eventuais pressões políticas capazes de
interferir na aplicação da lei no âmbito disciplinar. Não se trata, evidentemente, de
vitaliciedade ou inamovibilidade, garantias adstritas aos cargos de Juiz de Direito
e Promotor de Justiça, por exemplo, contudo, é forçoso reconhecer que a
participação da Câmara Municipal dá ao processo natureza mista, tanto jurídica,
quanto política.

Note-se que tal previsão não encontra precedentes nas Corregedorias e nas
Ouvidorias integrantes dos demais Órgãos elencados no artigo 144 da
CFRB/1988.

II – Ouvidoria – Deve ser criada com atribuições de receber, examinar e


encaminhar reclamações, sugestões, elogios e denúncias acerca da conduta dos
dirigentes, integrantes e das atividades da Guarda Municipal, qualquer que seja o seu
efetivo e a condição de ser ou não armada.

A Ouvidoria é Órgão de controle externoe deve ser autônoma e


independente. Não pode estar inserida na estrutura organizacional da Guarda e nem
ter vinculação à sua direção e comando. Também não é órgão com poderes
investigativos e disciplinares. Deve funcionar como um canal seguro e confiável de
acesso das pessoas às questões que envolvem a Guarda Municipal o mais amplamente
possível, como instância receptora das demandas da sociedade no tocante a Guarda
Municipal, suas ações e seus integrantes. Cabe à Ouvidoria propor soluções, oferecer
recomendações e informar os resultados aos interessados, garantindo-lhes orientações,
informações e resposta.

Assim como para a Corregedoria, é necessário adotar Lei Municipal que


regule a estruturação e funcionamento da Ouvidoria, bem como a investidura no
cargo de Ouvidor, a duração do seu mandato e as condições de sua perda, que
só se dará por decisão de maioria absoluta da câmara municipal, fundada em
razão relevante e específica, as quais também devem estar especificadas na
Lei. Cabem aqui as mesmas considerações, relativas às Corregedorias, quanto à
estabilidade no cargo, permitindo uma forte independência na atuação, livre de
eventuais pressões políticas capazes de interferir na aplicação da lei no âmbito
disciplinar.

§ 1º - É facultado ao município criar um Órgão colegiado de controle externo,


como por exemplo, Conselho ou Comissão independente de cidadãos ou
representantes da sociedade civil para exercer o controle social das atividades de
segurança do município, com atribuição de analisar a alocação e aplicação dos
recursos públicos e monitorar os objetivos e metas da política pública municipal
de ordem e segurança pública e, posteriormente, a adequação e eventual
necessidade de adaptação das medidas adotadas face aos resultados obtidos.

Esta disposição vem materializar uma das exigências contidas na resolução


34/169 da Assembleia Geral da ONU, que define sobre as características do
policiamento democrático, que é o de ser responsável, além de representativo e
correspondente às necessidades e expectativas públicas.

A responsabilidade das organizações encarregadas de aplicação da Lei, como as


Guardas Municipais, abrange três (3) aspectos: Responsabilidade Legal, Política e
Econômica.

A Guarda Municipal é responsável pela forma de utilização dos recursos


orçamentários e materiais que lhes são alocados. Isto vai além do exame minucioso de
suas principais funções no campo de sua atuação e é uma forma de controle
democrático sobre todos: o comando, a gerência e a administração da Instituição.

É uma espécie de prestação de contas à população a que serve, por meio de


instituições políticas e democráticas. Desta forma, suas políticas, práticas e resultados
são submetidos ao escrutínio público, e esse Órgão independente de controle externo
se apresentava apropriado para cumprir este papel.

Art. 14. Para efeito do disposto no inciso I do caput do art. 13, a guarda municipal
terácódigo de conduta próprio, conforme dispuser lei municipal.

Parágrafo único: As guardas municipais não podem ficar sujeitas a


regulamentos disciplinares de natureza militar.

Comentário:

O município deve adotar Lei municipal instituindo um código de conduta


próprio para a sua GCM. Fica vedado sujeitar a Guarda Municipal a regulamentos
disciplinares de natureza militar.Assim, ficam afastadas penas de prisão, ou de detenção
com restrição de liberdade, típicas do meio castrense, as quais, mesmo nas polícias e
nos corpos de bombeiros militares, já estão em franco declínio.
O código de conduta, que pela natureza define princípios e padrões da ética
profissional, deve também contemplar a regulamentação disciplinar da Guarda e o
sistema de sanção disciplinar.

Esse código deve ser compatível com os princípios e padrões internacionais de


Direitos Humanos e as exigências democráticas no campo da segurança pública, de
forma a estar compatibilizado com os princípios e normas contidos no Estatuto Nacional
das Guardas Municipais. No mínimo tem que contemplar os princípios e normas
contidas no Código de Conduta para funcionários encarregados da aplicação da Lei,
adotado como padrão internacional mínimo de ética profissional dos integrantes dos
órgãos de segurança pública.

CAPÍTULO VIII

DAS PRERROGATIVAS

Art. 15º - Os cargos em comissão das guardas municipais deverão ser providos
por membros efetivos do quadro de carreira do órgão ou entidade.

§ 1º - Nos primeiros 4 (quatro) anos de funcionamento, a guarda municipal poderá


ser dirigida por profissional estranho a seus quadros, preferencialmente com
experiência ou formação na área de segurança ou defesa social, atendido o
disposto no caput.

§ 2º - Para ocupação dos cargos em todos os níveis da carreira da guarda


municipal, deverá ser observado o percentual mínimo para o sexo feminino,
definido em lei municipal.

§ 3º - Deverá ser garantida a progressão funcional da carreira em todos os níveis.

Comentário:

O Município deve adotar uma Lei orgânica municipal para a Guarda Civil que
regule seus cargos e carreira, garantindo aos seus integrantes progressão funcional em
todos os níveis.

Os cargos em comissão da Guarda Municipal devem ser providos por membros


efetivos do seu quadro de carreira, sendo permitido ser dirigida por profissional estranho
a seus quadros, apenas nos primeiros quatro anos de funcionamento. Neste caso,
este profissional deve ser preferencialmente com experiência ou formação na área de
segurança ou defesa social. Tem-se estabelecida uma espécie de transição para
uma posterior etapa de autonomia administrativa plena das guardas municipais.
É transparente o desejo do legislador de afastar integrantes dos corpos policiais
das novas estruturas municipais, tanto em processo de criação, quanto
afirmação, consumando a desmilitarização da Instituição ora pautada pela Lei.

A Lei também deve estabelecer um percentual mínimo para o sexo feminino para
ocupação dos cargos em todos os níveis da carreira da Guarda Municipal. É uma
política afirmativa que envolve o gênero feminino, porém a definição do
percentual mínimo não é estabelecida no Estatuto Nacional da Guarda, ficando a
cargo do município esta definição.

Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o porte de arma de fogo,


conforme previsto em lei.

Parágrafo único: Suspende-se o direito ao porte de arma de fogo em razão de


restrição médica, decisão judicial ou justificativa da adoção da medida pelo
respectivo dirigente.

Comentário:

O Estatuto do desarmamento é a lei matriz que regula o porte de arma de fogo


em todas as circunstâncias, sendo que a autorização dada pela Lei 13.022/2014
também faz essa vinculação, bem como prevê a suspensão ao direito ao porte de arma
de fogo em situações específicas tais como:

- restrição médica;

- decisão judicial, e

- adoção desta medida pelo dirigente, desde que justificadamente.

Como preconiza o Estatuto, Guardas Municipais de municípios com mais


de 500.000 habitantes podem portar armas de fogo, tanto em serviço, quanto fora
dele, desde que respeitados todos os requisitos impostos pela lei, tais como
criação de Corregedoria, Ouvidoria, treinamento, teste de capacidade psicológica,
cadastro do SINARM, entre outros.

Art. 17. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destinará linha


telefônica de número 153 e faixa exclusiva de frequência de rádio aos Municípios
que possuam guarda municipal.

Comentário:

Tal qual a PM, PC e CBM, às Guardas Cíveis Municipais também é reservado um


número telefônico para acesso pela população. No caso é o 153, o que torna o modelo
de atendimento reativo (chegar depois do fato) uma realidade. Caberá, pela lei, à Anatel
também instrumentalizar a cessão de “frequência exclusiva” de rádio comunicação a
cada Município que possua GCM. A lei poderia ter sido mais progressista neste
particular, incentivando a vinculação das Guardas Municipais a centros
integrados já existentes em alguns Estados, os quais congregam, sob o mesmo
espaço e recursos tecnológicos, as polícias, guardas municipais e outros entes
de proteção, socorro e assistência ao público.

Art. 18. É assegurado ao guarda municipal o recolhimento à cela,


isoladamente dos demais presos, quando sujeito à prisão antes de condenação
definitiva.

Comentário:

Embora a Lei não tenha incluído as GCM como parte dos órgãos operadores da
segurança pública, dentro do que prevê a CF/88, torna-se evidente a elevação do atual
“status”, pois que seus Integrantes passam a ter o direito de em caso de prisão que não
seja de condenação definitiva, usufruir do privilégio de permanecer isolado dos demais
presos, em cela seletiva. É um tipo de prisão especial. Na prática, em razão da
ausência de estruturas funcionais próprias, sobretudo das instituições
municipais menores, certamente deverão ser utilizadas as dependências das
polícias, tanto civil, quanto militar. Isso poderá ocorrer mediante determinação
judicial, ou mesmo o estabelecimento de convênio para tal fim.

CAPÍTULO IX

DAS VEDAÇÕES

Art. 19. A estrutura hierárquica da guarda municipal não pode utilizar


denominação idêntica à das forças militares, quanto aos postos e graduações, títulos,
uniformes, distintivos e condecorações.

Comentário:

Neste caso a GCM obedece a lógica de uma Instituição hierárquica, tendo o


legislador evitado apenas que os designativos para os cargos sejam idênticos ao que
se usa na estruturação hierárquica das Forças Armadas e das Forças Auxiliares, que
desde a década de 1930, nacionalmente, podem fazer uso das designações dos postos
e graduações utilizados pelo Exército Brasileiro.

Veda toda e qualquer isonomia da Instituição que tem natureza civil com a
estrutura de honrarias militares, em uso, não permitindo sequer o uso de distintivos
militares (por exemplo, de cursos) pelos Integrantes das GCM. Fica claro, mais uma
vez neste dispositivo, o desejo do legislador em afastar por completo as novas
estruturas de segurança pública municipais em relação ao modelo militar
estadual, o qual ainda possui as maiores atribuições no campo da ordem pública
e da segurança pública em geral no país. Por isso, a proibição de uso de quaisquer
designativos militares, inclusive nos uniformes.

CAPÍTULO X

DA REPRESENTATIVIDADE

Art. 20. É reconhecida a representatividade das guardas municipais no Conselho


Nacional de Segurança Pública, no Conselho Nacional das Guardas Municipais e, no
interesse dos Municípios, no Conselho Nacional de Secretários e Gestores Municipais
de Segurança Pública.

Comentário:

Embora não sejam tituladas como Órgãos de segurança pública


constitucionalmente, pois que não foram insculpidas nos incisos do Caput do artigo 144
da CF/88 é notório que o Legislador deu expressiva representatividade às GCM em
todas as esferas de Poder, ou seja, no âmbito Federal. Estadual e Municipal.

Entretanto há uma condicionante para a participação das GCM no Conselho


Nacional de Secretários e Gestores Municipais de Segurança Pública, qual seja, o
manifesto interesse do Município.

CAPÍTULO XI

DISPOSIÇÕES DIVERSAS E TRANSITÓRIAS

Art. 21. As guardas municipais utilizarão uniformes e equipamentos


padronizados, preferencialmente, na cor azul-marinho.

Comentário:
Como Instituição de natureza civil as GCM não poderão utilizar fardas, cujo
designativo serve para as Forças Militares e Auxiliares. Entretanto, nota-se a expertise
do Legislador em propor um padrão nacional à equipagem das Instituições municipais,
além de sugestionar a preferência e não obrigatoriedade da cor azul-marinho, para
servir de cor tipo padrão, visando aumentar e padronizar nacionalmente a natureza
ostensiva dessas Instituições.

Art. 22. Aplica-se esta Lei a todas as guardas municipais existentes na data de
sua publicação, a cujas disposições devem adaptar-se no prazo de 2 (dois) anos.

Parágrafo único: É assegurada a utilização de outras denominações


consagradas pelo uso, como guarda civil, guarda civil municipal, guarda metropolitana
e guarda civil metropolitana.

Comentário:

Para evitar confrontações com as administrações municipais, o Legislador fixou


o prazo de dois anos para que as novas invenções contidas nesta Lei entrem em
vigor, dando assim, ao mesmo tempo um prazo razoável, como também a
obrigação aos Municípios que possuem Guardas Civis para efetivarem as
mudanças insculpidas na Lei.

Um fato interessante é que o Legislador não padroniza o nome da Instituição


criada pela Lei, mas preserva o que já existe e sinaliza com a preservação da história
de Guardas Civis mais antigas e que já possuem tradição e nome bem conhecidos pela
sociedade, tal qual, exemplificando acontece com a Guarda do Município de São Paulo.

Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Comentário:

Importante observação, de caráter geral em relação ao texto legal, é que


mesmo concedendo aos Municípios importante responsabilidade no campo da
ordem pública, a lei sequer fez referência à destinação de recursos e meios
materiais necessários à consecução de tal mister. A Carta Magna de 1988
estipulou percentuais mínimos de aplicação dos recursos públicos na saúde e da
educação, sendo silente em relação à segurança pública. Com o definitivo e, diga-
se de passagem, irreversível ingresso dos municípios nessa seara, o debate
necessariamente deverá ser também direcionado para a busca de novas fontes
de recursos para o pagamento de pessoal, bem como a compra de equipamentos
específicos, tais como veículos, armas de fogo, tecnologias e equipamentos não
letais.
Brasília, 8 de agosto de 2014; 193 o da Independência e 126o da República.

DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Miriam Belchior
Gilberto Magalhães Occhi

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