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USO LEGÍTIMO DA FORÇA

TÉCNICAS E TECNOLOGIAS NÃO LETAIS

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1- Reconhecer os conceitos fundamentais relacionados às técnicas e tecnologias não letais;

2- Identificar os aspectos legais para o uso das técnicas e tecnologias não letais.

Caro aluno, temos a convicção de que você já ouviu falar de armas não letais. Talvez já as tenha visto ou mesmo

treinado com elas. Quem sabe até as empregado. A partir desta aula, pretendemos dar as melhores informações

legais e técnicas a respeito deste tipo de tecnologia e das técnicas não letais. Estamos diante de excelentes

ferramentas a serem usadas pelo operador de segurança. Começaremos pelos conceitos básicos e os aspectos

legais, a fim de situar-nos no mesmo patamar referencial. Tenha um excelente estudo.

1 Relembrando os conceitos
Ao estudarmos os níveis de força na aula passada, verificamos que, no nível 4, aquele em que temos uma

resistência ativa do suspeito, poderemos usar agentes químicos leves.

No nível 5, diante de um indivíduo agressivo, podemos nos valer de métodos não letais.

Demos como exemplo gases, forçamento de articulações e o uso de equipamento de impacto, dentro de uma

ótica de utilização de táticas defensivas não letais.

Mas o que seriam estes instrumentos? Bom, começaremos pelo conceito de “não letal”.

Conceito denão letal


Seria um conceito amplamente utilizado quando se trata de fabricação, comercialização e uso de técnicas,

tecnologias, armas, munições e equipamentos que não teriam por finalidade causar a morte ou danos

permanentes à integridade física de uma pessoa, mas tão somente reduzir ou anular a sua capacidade de decidir

continuar a cometer uma agressão contra si ou contra outros.

Conceito detécnicas não letais


Um conjunto de procedimentos utilizados por operadores de Segurança Pública objetivando a preservação da

vida e da integridade física das pessoas envolvidas em uma ocorrência.

Tecnologiasnão letais

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Emprego de conhecimentos científicos na criação de equipamentos e armamentos que salvaguardem a vida e a

integridade física de quem os usa e das pessoas contra quais são utilizados.

Conceito dearmas não letais


São armas projetadas e empregadas para reduzir ou anular a capacidade de uma pessoa em decidir continuar a

cometer uma agressão contra si ou contra outros, não tendo por finalidade causar riscos a sua integridade física

ou a sua vida.

Equipamentosnão letais
Todos os materiais não classificados como armas, tendo por objetivo a preservação da vida e da integridade

física de quem os usa.

Agora que definimos os conceitos em volta do tema, você pode estar se perguntando sobre a segurança do

armamento não letal.

2 Afinal, o armamento não letal realmente não mata e não


causa lesão?
Talvez você já tenha até ouvido falar no termo “armas menos letais” e, quem o usou, explicou que todas as armas

são letais. Assim, não se poderia falar em armas não letais.

Você pode ter lido sobre o caso do jovem brasileiro que foi abordado pela polícia de Sydney – Austrália – e

contra ele foram usados disparos da arma Taser, tendo o rapaz falecido.

Veja, armas não letais não foram projetadas para matar ou lesionar permanentemente uma pessoa. Mas o mau

uso delas possibilita que isto aconteça.

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Veja, armas não letais não foram projetadas para matar ou lesionar permanentemente uma pessoa. Mas o mau

uso delas possibilita que isto aconteça.

Observe o martelo, por exemplo. Você o chamaria de “arma letal” ou “menos que letal”?

Por isso repetimos que a terminologia “armas não letais” é perfeitamente compatível com o objetivo a que se

destina. Desde que haja treinamento adequado para os encarregados de aplicar a lei em relação aos aspectos

legais e técnicos e revisão para os casos em que se utilizam estes artefatos, não há risco em seu manuseio.

Sabemos que ele pode ser usado para tirar a vida de alguém.

3 Como agem as armas não letais?


Seja qual for a sua ação, podemos limitar os seus efeitos a debilitação e a incapacitação do indivíduo agressor.

Elas agem de várias formas:


• Por ruídos
• Irritação da pele, da mucosa, do sistema respiratório
• Produzindo a privação visual por meio de fumaça e luz
• Limitando movimentos através de choque elétrico
• ... Etc.

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Fique ligado
É muito importante conhecer a arma não letal que se está usando e em que contexto se
pretende usá-la. Existem armas que devem ser usadas de longa distância. Seu uso a curta
distância poderia provocar uma lesão no abordado.

4 Aspectos legais e técnicos


Quanto a utilização da arma não letal diante da legislação internacional e nacional, não teríamos diferenças

legais das estudadas nas aulas 1 e 2 da nossa disciplina.

Desta forma, quando você utilizar uma arma não letal, somente poderá fazê-lo para preservar a sua vida e a sua

integridade física ou a de outro, inclusive do próprio agressor.

Uma pessoa pode estar ameaçando a sua própria vida, colocando uma faca ou uma arma de fogo contra o rosto.

Diante da possibilidade iminente do suicídio, pode ser forçoso usar de uma arma incapacitante.

O agente da lei pode ser ver diante de uma situação em que a pessoa se recusa a se deixar revistar. Neste caso,

devemos nos lembrar do que estudamos na aula 5.

Se o abordado apresenta uma resistência passiva (este termo, neste contexto, é técnico, não legal), não se deve

usar contra ele armamento não letal. Na situação apresentada, usaríamos as técnicas de imobilização com as

mãos livres e o uso das algemas.

“Mas e se o suspeito tentar me agredir?”

Passaríamos para o nível 5, onde poderíamos, tecnicamente, usar um agente químico leve – um espargidor de

substância que irrite as mucosas do indivíduo - debilitando-o.

Observe que diante de uma resistência passiva, agiríamos amparados pela excludente de ilicitude “estrito

cumprimento do dever legal”.

E diante da agressão, usaríamos novamente o argumento da “legítima defesa”.

Se para preservar a sua integridade, o operador de segurança usa armamento não letal contra animal que o

ataca, estaríamos diante do “estado de necessidade”.

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Fique ligado
Até aqui, não diferimos a aplicação do armamento não letal em relação à legislação que trata
do uso da força. E não poderíamos, uma vez que aprendemos que a utilização desse material é
um gradiente da utilização da força.

5 Por que o reforço em relação à legislação e aos aspectos


técnicos?
Muitos operadores de Segurança Pública têm usado indiscriminadamente as armas não letais por acreditarem

que elas não produzem danos às pessoas.

Algemas também não lesionam pessoas, mas seu uso não pode ser indiscriminado.

Ainda que um espargidor de gás, capaz de irritar as mucosas, não tire uma vida ou provoque danos permanentes,

ele causa desconforto e deveria ser usado de acordo com o que estudamos na aula 5, obedecendo aos princípios

da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência.

Analisamos estes princípios quando estudamos a Portaria Interministerial 4226, elaborada em 31 de dezembro

de 2010, em conjunto, pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria

de Direitos Humanos da Presidência da República.

Dado o pacto federativo, a Portaria deve ser seguida pelas organizações de Segurança Pública federais.

Entretanto, ela pode ser adotada por qualquer outra instituição de Segurança Pública.

Ao lermos a Portaria, observamos que a Diretriz 8 determina que todo agente, em razão da sua função, possa vir

a se envolver em situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 instrumentos de menor potencial

ofensivo e equipamentos de proteção necessários à atuação específica, independentemente de portar ou não

arma de fogo. Em seu glossário, presente no Anexo II, a Portaria classifica as armas de menor potencial ofensivo.

Vejamos a seguir.

6 Armas de menor potencial ofensivo


Armas projetadas e/ou empregadas, especificamente, com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar

temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos a sua integridade.

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7 Sobre a aquisição de armamento não letal
Como vimos, é expressamente proibido vender armamento não letal a quem não tenha autorização do Exército

para comprá-lo.

Entretanto, se a sua organização desejar adquirir o material, bastará cumprir as exigências previstas na

legislação citada.

E a pessoa que porta uma arma não letal sem autorização do Exército?

Como falamos anteriormente, não há tipo penal específico para esta conduta, isto é, não seria crime portar o

armamento não letal.

Usá-lo contra alguém poderia resultar na prisão da pessoa por lesão corporal. No caso da utilização de um

espargidor de substância química, poderia o cidadão ser enquadrado no artigo 252 do Código Penal:

“Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou

asfixiante. Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa”.

Fique ligado
Mas observe que ele poderia não ser o agressor. Ele poderia estar defendendo-se de uma
ameaça a sua integridade física. Neste caso, teríamos a legítima defesa sendo usada como
excludente de ilicitude. Aguardamos um posicionamento dos legisladores brasileiros a respeito
do porte de armas não letais.

8 Conclusão
Esta aula trouxe informações originais, discutindo assuntos extremamente delicados no que diz respeito à

legislação que trata do tema.

Foram apresentados conceitos inéditos, por hora.

Mas é preciso introduzi-los para as devidas críticas e evolução da discussão.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• A estruturação e a implementação de um programa de armas não letais em uma instituição de Segurança

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• A estruturação e a implementação de um programa de armas não letais em uma instituição de Segurança
Pública;
• Os aspectos favoráveis e desfavoráveis à adoção de um programa de armas não letais em uma instituição
de Segurança Pública.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu os conceitos fundamentais relacionados às técnicas e tecnologias não letais;
• Identificou os aspectos legais para o uso das técnicas e tecnologias não letais.

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