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MANUAL DE CONDUTA

1. REFERÊNCIAS
NOSDE PRO 210 (uso progressivo da força e regras de engajamento)
NOSDE ORG 103 (organização e funcionamento das ESD)
NOSDE PRO 208 (identificação pessoal)
NOSDE PRO 203 (segurança de aeronaves oficiais)

2. OBJETIVO
Orientar o efetivo do exército a respeito dos procedimentos de conduta,
com ênfase no uso proporcional e progressivo da força para contrapor-se a atos
hostis contra pessoal, equipamentos, materiais e instalações das FFAA. Os
conceitos preconizados na presente norma poderão servir de subsídio ao
planejamento de outras ações terrestres realizadas pela infantaria do exército.
3. FORÇA
É toda a intervenção compulsória sobre um indivíduo ou grupo de
indivíduos, reduzindo ou eliminando sua capacidade de auto decisão.

4. FORÇA LETAL
É o nível da força mediante ao qual está intrínseca a probabilidade de
causar a morte ou grave dano à integridade física de um alvo vivo.

5. FORÇA NÃO LETAL


É o nível de força mediante ao qual não está intrínseca a probabilidade de
causar a morte ou grave dano a integridade física de um alvo vivo

6. LEGÍTIMA DEFESA
Entende-se em legitima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminentes, a direito seu ou de
outrem.

7. REGRAS DE ENGAJAMENTO
Caracteriza-se por uma série de instruções pré-definidas que orientam o
emprego das unidades que se encontram nas áreas de operações, consentindo ou
limitando determinados tipos de comportamento, em partícula o uso da força, a
fim de permitir atingir os objetivos políticos e militares estabelecidos pelas
autoridades responsáveis.

8. EXCLUSÃO DE CRIME
Art. 42 “Não há crime quando o agente pratica o fato: em estado de
necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento do dever legal e em exercício
regular do direito.

9. EMPREGO DA FORÇA
O emprego da força só é permitido quando indispensável, no caso de
desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de
terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vence-la ou para defesa
do executor e seus auxiliares, inclusive a prisão do ofensor.

10. EMPREGO DE ALGEMAS


Só é licito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou
de terceiros. Só se deve recorrer ao uso em caso de real necessidade e em caso
de dúvida sobre a real necessidade do uso de algemas em uma determinada
situação, se devem optar por outras normas de segurança.

11. USO DO ARMAMENTO


O uso de arma, de qualquer natureza, contra a integridade física do preso
deve restringir-se às hipóteses de legitima defesa própria ou de terceiros,
fazendo uso, com prudência e bom senso, dos meios necessários para tal fim, ou
seja, quando não há outra forma de defesa, buscando-se empregar um meio
razoável, apenas para repelir a injusta agressão.

12. USO PROGRESSIVO DA FORÇA


O militar investido legalmente de autorização para fazer uso da força
praticará conduta licita, quando suas ações estiverem respaldadas nas
excludentes de ilicitudes, pois não só atuará dentro da ordem jurídica, mas em
defesa dessa mesma ordem. Os princípios tem por objetivo orientar o militar
investido legalmente para fazer uso da força e devem ser observados na
manutenção e imposição da lei e da ordem, por ocasião de ações de infantaria ou
em atividade para proteção de recursos do Exército.

Antes de fazer o uso da força é necessário responder aos seguintes


questionamentos: O emprego da força é legal? A aplicação da força é
necessária? O nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de
resistência oferecido? O uso da força é conveniente?

Portanto, para revestir-se de amparo legal, o emprego da força deve


obedecer, integralmente, aos princípios abaixo listados:
Princípio da legalidade - deve-se verificar se o uso da força se enquadra nos preceitos
citados anteriormente;
Princípio da necessidade - deve-se verificar se todas as opções foram consideradas e se
não existem outros meios menos danosos para atingir o objetivo desejado;
Princípio da proporcionalidade - deve-se verificar se o uso que se faz da força é
proporcional à resistência dos suspeitos ou transgressores; e
Princípio da conveniência - deve-se verificar se o local e o momento são adequados ao
uso da força, tendo em vista o risco que pode ocasionar ao público, ao militar de serviço
e ao suspeito o transgressores.

Para determinar de maneira rápida a legalidade no uso da força pode-se


utilizar o triangulo da força. Ele é um modelo de tomada de decisão no qual cada lado
do triangulo representa um dos fatores que devem estar presentes para justificar o uso da
força, são eles:
Intenção - caracteriza-se quando o agressor demonstra claramente a sua vontade de
causar dano;
Capacidade - caracteriza-se quando o agente possui os meios para causar os danos; e
Oportunidade - caracteriza-se quando o suspeito tem a oportunidade de causar os
danos.

O uso da força deve ser graduado por níveis e proporcional a ameaça


oferecida pelo agressor, devendo, se possível, iniciar-se com níveis progressivos,
primeiro com verbalização e como medida extrema, ultimar com o emprego do
armamento.

O uso da arma de fogo constitui medida extrema, somente justificável


para preservação da vida. Este uso deve ser entendido como excepcional e nunca deve
ultrapassar o nível razoavelmente necessário para atingir o objetivo de se fazer respeitar
as leis, ordens e regulamentos.

Os militares investidos para fazer o uso da força devem ser equipamentos


com armamentos letais e não-letais, de modo que lhes seja permitida a escolha do meio
legítimo e necessário para repelir a injusta agressão.

13. ATITUDES NÃO COOPERATIVAS


a. observar a situação e verificar se a ação da pessoa implica ameaça (intenção
capacidade e oportunidade);
b. verificar se o mesmo está agindo sozinho ou se existem outros indivíduos em
situação velada;
c. impedir a progressão do suspeito, pra qualquer que seja a direção, chamando sua
atenção com a seguinte frase:
“alto! Exército brasileiro, identifique-se!”
d. Abrigar-se, sacar o taser ou armamento, dependendo da ameaça percebida, caso
a pessoa advertida apresente atitude não cooperativa;
e. Se for o caso, solicitar apoio e esperar o envio da Força de Reação mantendo-se
em posição abrigada, afastada dos suspeitos;
f. Empregar arma de fogo com último recurso, com a intenção de poupar a vida do
oponente, alvejando-o em parte do corpo com menor risco de morte (membros
inferiores);
g. Interromper o emprego da força tão logo o elemento abordado esteja dominado e
impossibilitado de reagir. Uma vez detido, será solicitada a presença da Polícia
Norte ou Sul para condução do abordado; e
h. Menores de 12 anos não serão algemados em nenhuma circunstância.

14. ATITUDE COOPERATIVAS


a. Observar a situação e verificar se a ação da pessoa implica ameaça (intenção
capacidade e oportunidade);
b. Verificar se o mesmo está agindo sozinho ou se existem outros indivíduos em
situação velada
c. Impedir a progressão do suspeito comandando as seguintes ações:
“Alto! Exército brasileiro! Identifique-se”
“Coloque a arma sobre o solo (caso esteja armado)!”
“Afaste-se do armamento (caso esteja armado)”
“Coloque as mãos sobre a cabeça”
“Entrelace os dedos”
“Vire-se de costas para mim”
“Abra os braços e as pernas”
“Estarei te revistando para minha e a sua segurança, algo de ilícito será
encontrado?”
Obs: Manter distância segura mínima de 03 passos do oponente e aguardar apoio.

1. ABORDAGEM E PATRULHA (COMUNICAÇÃO E PLANEJAMENTO DA


MISSÃO)

Antes de iniciar qualquer patrulha, o militar mais antigo da missão deve realizar
um briefing deixando claro todos os procedimentos que serão adotados durante a
execução. Em abordagens, fica obrigatório pelo menos 3 militares, onde um realizará a
segurança perimetral, um fará a verbalização e o outro a segurança proximal do militar
que verbaliza.

As abordagens mencionadas neste item, relacionam-se ao item 13 e 14. As abordagens


são divididas em 3 níveis:

Nível 1
São abordagens em que não há a necessidade da revista e também não são
apontadas armas para o indivíduo. Será verificado se o veículo é do indivíduo e
realizadas algumas perguntas ao mesmo.
É recomendado que o militar dê algumas orientações:
“Cidadão, peço que desligue o motor, abaixe os vidros e mantenha as mãos no volante
por gentileza.”
Quando o militar mais antigo da patrulha chegar até o indivíduo, solicite o documento
do mesmo e a partir daí apenas verifique se o mesmo é algum procurado e se o veículo
pertence a ele.

Nível 2
Não há uma diferença muito considerável com o nível 1, sua maior diferença
será a presença das armas de fogo e a revista realizada apenas no indivíduo, onde os
militares estarão com elas em mãos. O procedimento quanto à verbalização é a mesma
do nível 1:

“Cidadão, peço que desligue o motor, abaixe os vidros e mantenha as mãos no volante
por gentileza.”

“Com as mãos pra cima, peço que todos se dirijam até a calçada e permaneçam de
frente pra parede”

Após todo esse processo, realizar-se-á a busca pessoal em todos os presentes no local,
observando o que preconiza o primeiro parágrafo deste item.

Nível 3
Trata-se de uma abordagem mais perigosa, onde será necessário apontar armas para o
veículo abordado.
- A Viatura deverá parar em um ângulo de 45 graus em relação ao veículo abordado, de
modo que haja uma cobertura das 2 portas da viatura para um desembarque seguro.
Além disso, essa estratégia permite que a viatura esteja pronta para arrancar caso o
abordado empreenda fuga;
- Quando o veículo que empreendeu a fuga reduza a velocidade, deve-se tentar realizar
a verbalização com ordens de parada.
O procedimento de abordagem será:

“Cidadãos, desçam do veículo de costas pra mim e coloquem a mão na cabeça!”

“Peço que todos que estão no carro se dirijam até a calçada e permaneçam de frente para
a parede”

Feito isso, realizar-se-á a revista em todos os indivíduos do veículo.

É importante lembrar que numa abordagem de nível 3 não se deve abaixar a guarda dos
armamentos até que seja certificado que os indivíduos não apresentam risco.
Códigos de Patrulha

1. FUNÇÃO NA VIATURAS

P1 – Responsável por conduzir a viatura, recebendo ordens do P2;

P2 – Militar mais antigo da missão, responsável por todos os procedimentos e pelos


militares. Responsável também pela verbalização nas abordagens; e

P3 – Militar responsável pela modulação, realizar a segurança perimetral e


assessoramento ao mais antigo. Normalmente o último a embarcar e o primeiro a
desembarcar.

1. PROCEDIMENTO DE PRISÃO

Os militares NÃO devem efetuar a prisão de nenhum civil, mesmo que estejam o
mais errado possível. Caso os militares ocorram em encontrar algum civil com produtos
ilegais, os mesmos devem imobilizar o meliante e IMEDIATAMENTE comunicar a DP
(norte ou sul) responsável para retirada do mesmo, caso não seja possível, encaminhar o
meliante até a DP. Não será necessário ler a lei de Miranda.

2. CÓDIGO Q

Como premissa de comunicação via rádio, faz-se necessário a utilização de


verbetes curtos e claros para que a comunicação fique sempre limpa. Vale ressaltar, que
em operações de alto risco, é obrigatório que todos os militares evitem ao máximo falar
na rádio, salvo informações que sejam imprescindíveis para a missão. O militar mais
antigo fica responsável por orientar e coordenar toda a operação, distribuindo ordens e
coordenando funções.

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