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Vitória, abril de 2022.


1

Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 3
1. NOÇÕES GERAIS DOS PROCEDIMENTOS POLICIAIS DA FUNÇÃO DE SUPERVISOR E O
PODER DE POLÍCIA. .................................................................................................................................... 3
1.1. Da assunção do serviço .................................................................................................................... 3
1.2. Documentos importantes ................................................................................................................... 3
2. OCORRÊNCIAS COMPLEXAS E EVENTOS CRÍTICOS .................................................................... 8
2.1.1. Modalidades de Crises Policiais ........................................................................................................ 9
2.1.2. Características Da Crise .................................................................................................................... 9
2.2. Gerenciamento de Crises ................................................................................................................ 10
2.2.1. Objetivos do gerenciamento de crises ............................................................................................ 10
2.2.2. Gerente da crise .............................................................................................................................. 10
Gerente Emergencial ........................................................................................................................... 10
Gerente Efetivo ...................................................................................................................................... 1
2.3. Primeiro interventor ........................................................................................................................... 1
2.4. Causador do evento crítico ................................................................................................................ 1
2.4.1. Tipologias dos Causadores de Eventos Críticos ............................................................................... 1
2.5. Atirador/Agressor Ativo ...................................................................................................................... 1
2.6. Critérios para tomada de decisão ...................................................................................................... 1
2.7. Primeira intervenção em crises policiais ........................................................................................... 2
2.8. Local da ocorrência ........................................................................................................................... 2
2.8.1. Organização do Local ........................................................................................................................ 3
2.8.2. Relacionamento com a imprensa ...................................................................................................... 5
2.8.3. As alternativas táticas ........................................................................................................................ 5
2.8.4. Regras de diálogo em ocorrência de crise ........................................................................................ 6
3. OCORRÊNCIAS POLICIAIS COM LESÃO CORPORAL OU HOMICÍDIO PELA INTERVENÇÃO
POLICIAL. .................................................................................................................................................... 10
3.1. Evento morte em ocorrência policial, envolvendo policial militar de serviço. .................................. 10
3.2. Evento morte em ocorrência policial envolvendo policial militar, de folga, que entra em situação de
atividade. ...................................................................................................................................................... 12
3.3. Lesões corporais em ocorrência policial, envolvendo policial militar de serviço. ............................ 14
3.4. Lesões corporais em ocorrência policial, envolvendo policial militar em situação de atividade. .... 15
4. OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO AUTORIDADES E PESSOAS QUE POSSUAM IMUNIDADES E
PRERROGATIVAS. ..................................................................................................................................... 16
4.1. Membros do Poder Executivo.......................................................................................................... 16
4.2. Membros do Poder Legislativo ........................................................................................................ 18
4.3. Membros do Poder Judiciário .......................................................................................................... 19
4.4. Membros do Ministério Público........................................................................................................ 20
4.5. Membros de Órgãos Policiais .......................................................................................................... 21
4.6. Membros das Forças Armadas........................................................................................................ 21
4.7. Membros da Advocacia ................................................................................................................... 21
4.8. Outras Instituições ........................................................................................................................... 22
4.9. Quadro Resumo .............................................................................................................................. 23
5. OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO POLICIAIS. .................................................................................... 25
2

5.1. Evento morte em ocorrência policial envolvendo policial militar sem caracterização de relação de
serviço ou atividade. .................................................................................................................................... 25
5.2. Embriaguez em serviço ................................................................................................................... 26
5.3. Violência doméstica e familiar entre militares. ................................................................................ 27
5.4. Evento crime praticado por policial militar de serviço. .................................................................... 28
5.5. Evento crime praticado por policial militar de folga. ........................................................................ 29
6. MEDIDAS ADMINISTRATIVAS A SEREM ADOTADAS PELO SUPERVISOR DE POLICIAMENTO
QUANDO DA PRÁTICA DE TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR OU CRIME MILITAR. .............................. 30
6.1. Extravio de arma de fogo, munição ou equipamento policial .......................................................... 30
6.2. Arma de fogo, munição e equipamento particular do policial militar. .............................................. 30
6.3. No caso de estar caracterizada a situação de flagrante disciplinar no horário de expediente ou de
folga. 31
7. DOS CRIMES DE DESRESPEITO A SUPERIOR HIERÁRQUICO E DOS CRIMES CONTRA
HONRA. ....................................................................................................................................................... 31
8. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 33

E
sta apostila é um material de apoio,
uma atualização baseada em obras
doutrinárias e na legislação em vigor. O
seu conteúdo não esgota o assunto. Está
curricularmente prevista e poderá ser objeto
de avaliação. Contudo, é essencial que você
pesquise profundamente os assuntos,
tomando por base as referências
bibliográficas e outras fontes que decidir por
bem utilizar.
Carlos Magno de Oliveira Silva,
Major QOCPMES
3

INTRODUÇÃO
Em termos de estudo dessa disciplina, o escopo são as ocorrências complexas, não são,
ainda, ocorrências de crise ou eventos críticos, conceitualmente falando; ocorrências
complexas possuem energia suficiente ou iminente de o serem.
Adotar procedimentos corretos nas ocorrências complexas pode-se defender que seja
uma medida preventiva de crises policiais.
As ocorrências complexas podem ser definidas como evento atentatório a desordem
pública ou a lei, capaz de ser resolvido pelos esforços ordinários de polícia, cuja solução
aceitável guarda complexidade administrativa e responsabilidade gerencial.
A gestão de ocorrências complexas é o tema dessa disciplina e se encarrega de elencar
procedimentos a fim de assegurar uma solução aceitável para estas ocorrências e
prevenir crises policiais.

1. NOÇÕES GERAIS DOS PROCEDIMENTOS POLICIAIS DA FUNÇÃO DE


SUPERVISOR E O PODER DE POLÍCIA.

1.1. Da assunção do serviço

A assunção de serviço é o ato produzido pelo policial mais antigo de serviço no horário do
início do serviço de forma a proporcionar a atualização das ordens vigentes e ou
manutenção da rotina diuturna.
Na assunção de serviço, além da chamada nominal para apuração de faltas, existe a
preleção, momento de transmissão de ordens e orientações aos militares de assuntos
atinentes ao interesse do serviço policial militar.

a) Preparação para a preleção: envolve atividades anteriores a preleção.


 Buscar determinações: P1, P3, P4, Subcmt, P2, Corpo da Guarda.
 Notícias de última hora.
 Situação dos militares: saúde, família, profissional.
 Determinações em vigor para o dia de serviço.

b) Da Preleção: repassar as orientações pertinentes cuja natureza seja de interesse


do serviço policial militar. O tempo de preleção não pode prejudicar pela ausência no
devido setor de serviço.

1.2. Documentos importantes


O serviço policial militar, pela sua natureza de prestação de serviço público, rege-se
principalmente pelas regras de direito administrativo, além disso, atraem procedimentos
do processo penal, processo penal militar e até processo civil.
Sendo assim, salutar o profissional conhecer alguns deles, sua origem legal,
aplicabilidade e confecção. São exemplos de documentos importantes ao serviço policial
militar:
4

a) Auto de resistência
Vejam as previsões legais:

Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão
em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as
pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para
defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto
subscrito também por duas testemunhas. (Decreto-lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941.).

Art. 234. O emprego de força só é permitido quando indispensável, no


caso de desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver
resistência da parte de terceiros, poderão ser usados os meios
necessários para vencê-la ou para defesa do executor e auxiliar seu,
inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo
executor e por duas testemunhas. Decreto-lei nº 1.002, de 21 de outubro
de 1969. (Decreto-lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969.).

Salutar, portanto, que o militar detenha em mãos ou o arquivo digital de um modelo


coerente com a lei, ou que detenha habilidade de produzi-lo nos ditames da lei, visto a
natureza legal do instrumento e o potencial de produzir prova.

b) Auto de apreensão de arma de fogo


O oficial responsável por comando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja
de dia, de serviço ou de quarto, deverá adotar as medidas em local de crime, inclusive
militar. (§ 2º, art. 10 do CPPM), veja:

Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar,
verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10
deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a
situação das coisas, enquanto necessário; (Vide Lei nº 6.174, de 1974).
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com
o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias.

A Portaria nº 35-R, de 20 de outubro de 2014, emitida pela SESP descreve o


procedimento de apreensão e sua destinação:

“Art. 3º O Comandante de Policiamento da Unidade - CPU com


circunscrição sobre a região em que o fato ocorrer, adotará as
providências iniciais previstas no caput do artigo 8º, §§2º e 3º do artigo 10,
e artigos 12 e 13 do CPPM, inclusive com relação à apreensão das armas
e outros objetos utilizados pelo militar em serviço, ou em razão do serviço,
5

mediante a lavratura do respectivo auto de apreensão, devendo anexá-lo à


ocorrência policial de origem, encaminhando-os em seguida à
Corregedoria da PMES.
Parágrafo Único. O CPU em questão fornecerá imediatamente à
Autoridade Policial de Plantão uma via do correspondente auto de
apreensão, a fim de que seja anexado ao inquérito policial correlato.”
Portaria Nº. 035-R, de 20 de outubro de 2014.

Ainda, veja a importância do tema segundo o trecho de julgamento jurídico capixaba:

“... A materialidade e autoria do delito pode ser demonstrada ante o Auto


de apreensão de arma de fogo, o laudo de constatação de eficiência de
arma de fogo, o Boletim de ocorrência policial, as declarações policiais e a
confissão do apelante.” (Trecho da Apelação Criminal 0003615-
94.2014.8.08.0038. NOVA VENÉCIA, 2ª VARA CRIMINAL. JULGADO EM
21/07/2021.).

c) Parte de acidente de policial militar em serviço


Reza a Portaria nº 351-R, de 07 de maio de 2003, que regulamenta a dispensa médica na
PMES que diante de acidente de serviço ou ferimento em operação policial militar, após
todo tramite de socorro, advém a produção de documentos. Veja:
 Parte de Acidente
 Atestado de Origem
 Comunicar ao COPOM para qual hospital ele foi encaminhado;
 O Of COP determinará que um Médico de Plantão do HPM seja conduzido até lá
 Avaliar se o HPM tem condições de interná-lo e de tratá-lo;
 Poderá ser transferido para o HPM, se houver condições para isso ou a remoção
do ferido para um Hospital Público, se for possível. Se não, deverá autorizar por escrito a
internação do paciente em Hospital particular.
 As despesas correrão por conta da Diretoria de Saúde da PMES.
 Nas Unidades do interior: as providências serão adotadas pelo Oficial de Dia e pelo
Médico da OPM.
Salutar, portanto, que o militar supervisor detenha em mãos ou o arquivo digital de um
modelo coerente, visto a natureza legal do instrumento e o potencial de produzir prova.
No caso em tela, o modelo de parte de acidente se mostra extremamente útil, bem como
aproveitar o momento adequado para preenchê-lo.
Veja o que diz as IRDSO da Portaria 505R de 2010:

§ 13º - Comunicação de acidente (CA): Comunicação que o acidentado faz


ao seu Cmt ou Chefe direto dando ciência da ocorrência de acidente,
durante a execução de atividade militar, ou informando-o da manifestação
de sinal ou sintoma que possa estar relacionado, direta ou indiretamente,
com a função laborativa de natureza militar.
6

O militar, em serviço ou não, ao se acidentar:


 Comunicará o fato ao seu Comandante, Chefe direto ou instrutor;
 Preenche a Comunicação de Acidente
 Indicar até 3(três) testemunhas;
 Apontar provas;
 Constar o RG ou Documento de identidade;
 Tudo com as respectivas assinaturas;
 Protocolando-a em até 10 (dez) dias úteis, a contar da data do evento ou da
identificação diagnóstica da lesão.
 O Cmt ou Chefe direto fará apresentar o acidentado ao Médico da OME, em
até 05 (cinco) dias úteis, para o preenchimento do item 3 da CA
 Remessa ao Cmt

 Na impossibilidade do acidentado apresentar a CA:


 O seu Cmt ou Chefe direto fará um relatório circunstanciado.
 Remeterá ao Médico da OME, ate 10 dias uteis.
 O Médico inspecionará o acidentado.
 Esclarecerá a necessidade ou não do AO, preenchendo, assinando e
remetendo ao Cmt, explicitando sobre o grau da lesão.

 Estando o militar impossibilitado de se submeter à inspeção de saúde:


 A inspeção poderá ser substituída por análise de relatório ou laudo emitido
por médico civil que o assista.
 O Médico da OME, caso julgue necessário, poderá solicitar parecer de
médico especialista.

 Em caso de moléstia profissional:


 O acidentado deverá ser avaliado por Junta Militar de Saúde (JMS).

Apesar de concomitante ao momento do acidente e do atendimento médico, a sugestão


mais coerente e contributiva para o acidentado é que o supervisor providencie seu
preenchimento com o médico socorrista do ato.

d) Termo de assunção de responsabilidade civil


Para a tramitação ritualística dos Inquéritos Técnicos envolvendo viaturas, atenção para a
existência do Termo de Assunção de Responsabilidade Civil (TARC), que é item
primordial a se constar no IT no caso de sinistros com veículos da carga da PMES.
O BGPM nº 021 de 24.05.2019 deu publicidade as orientações acerca de inquéritos
técnicos em viaturas. É necessário quando um dos envolvidos reconhece e assume
através do TARC, ser o causador do acidente e se dispõe dessa forma a arcar com os
custos do conserto da viatura sinistrada.
Se o responsável pelo acidente assumir os custos do conserto da viatura, recomenda-se:
7

 O Setor de Transporte/P4 da OME certifique-se de que a oficina oferece segurança


para a permanência da viatura no período de realização dos reparos, bem como ser de
capaz de realizar serviços com qualidade.
 Sejam publicados nos Relatórios/Soluções dos ITs o seguinte despacho saneador:
 “o Policial Militar “X”, ou “o terceiro”, arcou com os custos do conserto da
viatura “Y”” com padrão de qualidade satisfatório conforme demonstrado na fotos “A”, “B”
ou “C”;
 “o serviço executado na oficina “C” na viatura “X” foi realizado com padrão
de qualidade satisfatório conforme demonstrado na fotos “A”, “B” ou “C”.
 Os Comandantes de OME devem apontar nas suas soluções/pareceres, a
existência ou não, de indícios de crime de trânsito de natureza militar.

e) Autorização para adentrar em residência


Atentar para a legalidade do feito e identificar conceitos primordiais na ocorrência, por
exemplo, o que é morador, morador versus proprietário e o conceito de domicílio.
O inciso XI do artigo 5º da Constituição Federal dispõe:

"A casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar


sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial."

Infere-se, portanto, que não existe ilicitude no fato de adentrar na casa com o
consentimento do morador. Pensando nisso e, para resguardar a atuação policial, que
conste registrado a autorização de busca domiciliar.

“Noutro ponto, aduz o impetrante a ilegalidade da abordagem policial, pelo


fato dos policiais terem entrado na residência do paciente sem mandado
de busca e apreensão. Assevera, ainda, que a autorização para a entrada
dos policiais militares em sua residência foi dada por sua tia, a qual afirma
ser portadora de deficiência mental e física. Todavia, o inconformismo não
merece ser acolhido, pois, conforme bem esposado em parecer emitido
pela d. Procuradoria-Geral de Justiça, fls.130/133:
"(...) Verifica-se que, de fato, é constitucionalmente garantido ao indivíduo
a inviolabilidade da casa, sem o consentimento do morador, nos termos do
artigo 5º, inciso XI, da Carta Magna. Contudo, atento aos documentos
acostados, notadamente do Boletim de ocorrência (fls. 92/93v-TJ) e da
própria narrativa da impetração, infere-se que a entrada dos policiais no
domicílio do paciente se deu mediante autorização da tia do mesmo,
também moradora do local, estando de acordo com o aludido dispositivo
constitucional. Frise-se que não existem quaisquer documentos que
demonstrem a veracidade da alegação de que a referida senhora possui
capacidade mental reduzida. Ademais, o mesmo preceito constitucional,
em sua parte final, permite a violação do lar sem determinação judicial de
flagrante delito.” TJMG 28/08/2014.
8

Salutar, portanto, que o militar detenha em mãos ou o arquivo digital de um modelo


coerente com a lei, ou que detenha habilidade de produzi-lo nos ditames da lei, visto a
natureza legal do instrumento e o potencial de produzir prova.

2. OCORRÊNCIAS COMPLEXAS E EVENTOS CRÍTICOS


Até pouco antes da década de 19701, as polícias do mundo inteiro enfrentavam as
ocorrências policiais, graves e urgentes, impondo-se pela força do número, com ataque
frontal e direto, sem nenhuma metodologia especial.
Além disso, muitas decisões eram tomadas com base no amadorismo 2 e na repetição de
métodos empíricos que foram adotados com sucesso em situações anteriores, ainda que,
se hoje analisados, sejam considerados totalmente equivocados e atentatórios contra a
segurança de todos os envolvidos.
A doutrina do FBI, com as devidas adaptações e adequações à realidade policial e social
brasileira, é a doutrina vigente hoje no Brasil e, por conseguinte, no Espírito Santo,
quando o assunto é crise policial.
Crise policial, estamos nos referindo a um evento crítico. O FBI define crise como:
“Um evento ou situação crucial que exige uma resposta especial da
Polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável”3.

Segundo Roncaglio (2021), a crise é uma ocorrência diferenciada, de risco extremado e


que excede a capacidade de atendimento dos grupos policiais regulares de área, urgindo
ai presença de grupos especialmente treinados para seu gerenciamento.
Percebe-se, portanto que as crises policiais, ou eventos críticos, possuem em seu núcleo
conceitual ser cruciforme, o risco a vida extremado e a incapacidade resolutiva dos
aparatos policiais ordinários.
Em termos de resposta qualificada aos eventos críticos, surgiu o gerenciamento de crises.
A doutrina de gerenciamento de crises4 foi adotada nos Estados Unidos da América e
difundida pelo Federal Bureau of. Investigation (FBI), aplicada na resolução de eventos
críticos que exijam uma resposta especial da polícia a fim de assegurar uma solução
aceitável para estas ocorrências, na qual a importância das ações metódicas e
organizadas no desenvolvimento ou finalização da ocorrência são amplamente estudada.
Em termos de estudo dessa disciplina, o escopo são as ocorrências complexas, não são,
ainda, ocorrências de crise ou eventos críticos, conceitualmente falando, mas ocorrências
complexas possuem energia suficiente ou iminente de o serem.
Adotar procedimentos corretos nas ocorrências complexas pode-se defender que seja
uma medida preventiva de crises policiais.

1
PMES. Manual de Gerenciamento de Crises. Espírito Santo. 1. ed. - Vitória: PMES, 2021.
2
Idem.
3
Idem.
4
RONCAGLIO, Otávio Lúcio; Silva, Luiz Fernando da; Silva, Marco Antonio da. Negociação em crises
policiais: teoria e prática. Curitiba: CRV, 2021.
9

As ocorrências complexas podem ser definidas como evento atentatório a desordem


pública ou a lei, capaz de ser resolvido pelos esforços ordinários de polícia, cuja solução
aceitável guarda complexidade administrativa e responsabilidade gerencial.
A gestão de ocorrências complexas é o tema dessa disciplina e se encarrega de elencar
procedimentos a fim de assegurar uma solução aceitável para estas ocorrências e
prevenir crises policiais.
Sendo assim, serão explanados, rapidamente os conceitos chaves de gestão de crises
policiais, cujas medidas de primeira intervenção devem ser incentivadas pelo policial
militar comandante de policiamento.

2.1.1. Modalidades de Crises Policiais


 São consideradas modalidades de crises policiais as seguintes ocorrências,
exemplificamente:
 assalto com tomada de reféns;
 sequestro de pessoas;
 ocorrências envolvendo suicidas;
 rebelião em presídios;
 ameaça ou localização de artefatos explosivos;
 atos terroristas;
 captura de fugitivos;
 conflitos agrários;
 catástrofes em praças de eventos;

2.1.2. Características Da Crise


As crises possuem três características básicas:

a) imprevisibilidade: a crise é não-seletiva e inesperada, isto é, qualquer pessoa ou


instituição pode ser atingida a qualquer instante, em qualquer local, a qualquer hora.
Sabemos que ela vai acontecer, mas não podemos prever quando. Portanto, devemos
estar preparados para enfrentar qualquer crise. Ela pode ocorrer assim que você acabar
de ler este parágrafo.

b) compressão do tempo: embora as crises possam perdurar por dias, os processos


decisórios que envolvem deliberações para adoção de posturas na ambiência operacional
devem ser efetivadas em um curto espaço de tempo. As ocorrências de alta
complexidade impõem às autoridades policiais responsáveis pelo seu gerenciamento
urgência, agilidade e rapidez nas decisões.
Além disso, as medidas iniciais (conter, isolar, etc., que serão discutidas mais à frente)
também devem ser tomadas o mais rapidamente possível.
Contudo, não se deve confundir a compressão de tempo para tomar as medidas iniciais e
para que o gerente tome suas decisões com pressa para resolver a ocorrência. Ao
contrário do que se acredita e até mesmo de depoimentos esdrúxulos e sem cabimento
10

algum veiculados pela mídia, não há um prazo para se resolver uma ocorrência de crise
policial. Se for possível resolver a crise em poucos minutos, num ambiente de segurança,
assim o será. Se for preciso aguardar quatro meses, como no caso da embaixada do
Japão em Lima, no Peru, assim também o será.

c) ameaça à vida: sempre se configura como elemento de um evento crítico, mesmo


quando a vida em risco é a do próprio causador da crise.

2.2. Gerenciamento de Crises


Gerenciar crises é um processo que engloba diversas e dinâmicas variáveis. O conceito
vigente, também oriundo do FBI, define o gerenciamento de crises como “o processo de
identificar, obter e aplicar recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de
uma crise”.

2.2.1. Objetivos do gerenciamento de crises


Em uma crise, todos os esforços para a preservação da ordem devem ser desenvolvidos
com os seguintes objetivos gerais:

 Preservação de vidas, sem distinções:


a) Dos reféns;
b) Do público em geral;
c) Dos policiais;
d) Dos criminosos.

 Aplicação da lei, incondicional:


a) Prisão dos infratores protagonistas da crise;
b) Proteção do patrimônio público/privado;
c) Garantir o estado de direito.

 Restabelecer a ordem
As autoridades policiais deverão empregar os esforços para fazer com que a rotina da
região volte ao normal o mais rápido possível, sempre mantendo a segurança das
pessoas afetadas.

2.2.2. Gerente da crise


Policial Militar capacitado e imbuído no processo de identificar, obter e aplicar os recursos
necessários à resolução de uma crise.

 Gerente Emergencial
1

É o policial militar mais antigo presente no local da crise responsável em adotar as


medidas preliminares de organização do teatro de operações, dentro do limite de sua
competência, até a chegada do Batalhão de Missões Especiais.

 Gerente Efetivo
É o policial militar mais antigo do Batalhão de Missões Especiais presente no local do
evento crítico.

2.3. Primeiro interventor


É o policial militar que primeiro se depara com uma ocorrência caracterizada como crise.

2.4. Causador do evento crítico


Causador do Evento Crítico (CEC) é o cidadão que desencadeia um evento crítico.

2.4.1. Tipologias dos Causadores de Eventos Críticos


São eles os criminosos, terroristas, mentalmente perturbados e presos rebelados.

2.5. Atirador/Agressor Ativo


Os atiradores/agressores ativos é um CEC que, motivados pelos mais diversos fatores,
possui o objetivo de matar ou ferir o máximo de pessoas possível em determinada área
ou local.

2.6. Critérios para tomada de decisão


Deve ficar bem claro, como apresentado anteriormente, que toda a decisão em uma crise
é da responsabilidade da instituição policial militar. Sendo assim, por ser o gerente da
crise o policial mais antigo no local ou aquele que foi designado para essa função, todas
as decisões caberão a ele. Não pode haver mais de uma pessoa decidindo. Em uma
crise, assim como numa simples abordagem policial, devemos primar pelo princípio da
unidade de comando.
O policial envolvido numa ocorrência de alta complexidade poderá se ver numa situação
na qual deverá tomar decisões pertinentes aos campos de gerenciamento aqui
abordados, desde as mais simples às mais complexas.
Assim, para fundamentar as decisões e nortear o processo decisório nesses casos, a
doutrina preconiza três critérios para a tomada de decisões: necessidade, validade do
risco e aceitabilidade legal/moral/ética.

 Necessidade
Indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada quando for
indispensável. Se não houver necessidade de se tomar determinada decisão, não se
justifica a sua adoção. O que se pretende fazer é realmente necessário?
2

 Validade do risco
Estabelece que toda e qualquer ação tem que levar em conta se os riscos dela advindos
são compensados pelos resultados. A pergunta que deve ser feita é: vale a pena correr
este risco?

 Aceitabilidade legal, moral e ética


Implica em que toda decisão deve ter respaldo legal, moral e ético. A aceitabilidade legal
significa que toda decisão deve ser tomada com base nos princípios ditados pelas leis. A
aceitabilidade moral implica que toda decisão para ser tomada deve levar em
consideração aspectos de moralidade e bons costumes. A aceitabilidade ética está
consubstanciada no princípio de que o responsável pelo gerenciamento da crise, ao tomar
uma decisão, deve fazer isso lembrando que o resultado de sua ação não pode exigir de
seus comandados a prática de ações que causem constrangimentos “interna corporis”.

2.7. Primeira intervenção em crises policiais


É o conjunto de ações técnicas a ser aplicado pelo policial militar ou equipe de policiais
militares que primeiro se deparam com ocorrências críticas em andamento. As medidas
operacionais do Primeiro Interventor, embora estejam apresentadas de forma sequencial,
devem ser realizadas de forma simultânea. São elas:

 Identificar a ocorrência
É importantíssimo que o policial identifique e localize o ponto crítico do evento. É ou não
uma crise policial? Coletar informações, sobre o CEC, os reféns, sobre as armas, sobre o
local do ponto crítico e tudo que o CEC solicite ou fale.

 Acionar apoio
Apoio do efetivo de área e acionamento das equipes especializadas.

 Conter a crise
Manter o CEC no mesmo local em que ele foi encontrado.

 Isolar o ponto crítico


Tem por objetivo alcançar o bloqueio de qualquer contato do CEC com o mundo externo e
as pessoas estranhas ao efetivo necessário, no local, devem se retirar e permanecer em
área afastada e segura.

 Estabelecer contato sem concessões


Ao primeiro interventor cabe apenas conversar, estabelecer o contato com o CEC,
buscando acalmá-lo, ganhar tempo, mas sem conceder.

2.8. Local da ocorrência


3

Numa situação de crise, a tensão é máxima, principalmente no momento em que ela


eclode. A tendência natural é que ocorra desorganização exacerbada, sendo que
curiosos, imprensa e autoridades políticas acabam por se sentirem atraídas para o local
do evento, tendo em vista o destaque do fato. O natural então é que comecem a surgir
dificuldades para os policiais encarregados de agir. Além disso, existem as dificuldades
próprias da corporação policial, sendo que muitas vezes os agentes envolvidos não
possuem conhecimento para intervir ou equipamento adequado para proporcionar um
bom isolamento.
Daí a importância de conhecermos o cenário da ocorrência e termos em mente como
montá-lo para, em seguida, buscarmos as ferramentas para agir.

2.8.1. Organização do Local


Devemos saber, antes de falarmos da organização propriamente dita, que o primeiro
policial de serviço que chegar à ocorrência para estabelecer contato com os causadores
da crise será chamado de 1º Interventor. Suas atribuições específicas bem como dicas
para a sua atuação serão discutidas em capítulo próprio, mas a organização do cenário –
pelo menos as primeiras medidas para que ela aconteça – já é responsabilidade sua e de
sua guarnição de serviço bem como das primeiras que lhe vierem em apoio.
A primeira conduta a ser adotada, quanto à organização do local, deve ser conter os
transgressores da lei (CONTENÇÃO), bem como os eventuais reféns ou pessoas que
com eles (os causadores) estejam, limitando seu deslocamento e movimentações em um
local determinado, impedindo fugas ou acesso a outros espaços físicos, a outras pessoas
ou a objetos que possam auxiliar no cometimento de ilícitos ou ser usados contra a
segurança dos presentes.
A contenção bem realizada diminui o espaço físico ocupado pelos transgressores da lei e
pelos reféns, facilitando o processo de negociação e também a eventual aplicação de
alternativas táticas.
A segunda conduta a ser adotada é isolar o local do mundo exterior (ISOLAMENTO), de
modo que os chamados perímetros táticos de segurança surjam (perímetro tático interno
e perímetro tático externo) ao redor do ponto crítico – que é o local específico onde o
causador da crise se encontra.
O objetivo do isolamento é, grosso modo, restringir o acesso das pessoas de fora da
ocorrência ao local onde está o causador da crise e limitar o acesso daquelas que
participam da ocorrência, mas não estão diretamente relacionadas com os fatos no ponto
crítico (como negociação ou entrega de algum item, por exemplo).
Como pode ser visto na figura abaixo, entre o ponto crítico e o perímetro tático interno não
devem permanecer pessoas, sendo que ao haver necessidade de contato com o
causador do evento, policiais devidamente autorizados poderão transitar
momentaneamente e somente durante o tempo necessário para o contato (tal conduta
será explicada detalhadamente no capítulo sobre as alternativas táticas), como no caso
de negociadores ou integrantes do time tático. Ou seja, somente o pessoal especializado
para aplicar as alternativas táticas é que deve permanecer no perímetro tático interno.
O perímetro tático interno é definido pela contenção, ou seja, quando o policial faz a
contenção do causador da crise, ele está determinado o perímetro tático interno. Fica fácil
perceber que nem sempre essa contenção poderá ser feita por policiais ou por cordas,
fitas zebradas, etc., assumindo na verdade um limite virtual, e que não há como se falar
em uma distância padrão ou pré-determinada. Por exemplo, imagine um tomador de
reféns dentro de uma pequena casa de três cômodos: o ponto crítico será toda a casa. A
4

contenção terá por objetivo impedir que ele saia da casa. Um limite de alguns metros ao
redor da construção (cerca de dez ou quinze) será o suficiente para determinar sua
contenção e garantir a segurança dos policiais (veja que para isso não será preciso
rodear a casa com cordas ou que os policiais dêem as mãos e façam um círculo ao redor
da casa, mas será preciso que haja policiais devidamente abrigados e dentro da distância
citada com suas atenções voltadas para o ponto crítico).
O perímetro tático externo é definido pelo isolamento. Nesse caso deve-se adotar uma
distância bem maior que a da contenção, desde que o efetivo policial seja suficiente para
garantir a sua manutenção, e utilizar até mesmo obstáculos físicos para manter curiosos e
pessoas que não participam da ocorrência afastadas (como fitas zebradas ou cavaletes).
A área entre o perímetro tático interno e o externo é o local onde o gerente da crise, ao se
fazer presente, instalará posto de comando (PC). No PC ficará, além do gerente, do chefe
da equipe de negociação e do líder do grupo tático (posto de comando tático – PCT), o
chamado comitê de crise, composto por pessoas destinadas a assessorar o gerente em
suas decisões.
Nesse local ficam também outros órgãos de apoio obrigatórios, como médico,
ambulância, companhias de gás, de eletricidade, de água, corpo de bombeiros, etc.
Fora do isolamento, isto é, após o perímetro tático externo, a movimentação é livre, seja
para imprensa ou curiosos. É interessante que nessa área haja pessoal especializado de
trânsito para controle de fluxo de veículos ou desvio do mesmo, se preciso for.

Como comentado, a forma e o tamanho dos perímetros táticos vão depender da natureza,
da localização e do grau de risco do ponto crítico. Nessas condições, normalmente é
esperado que o isolamento de um ponto comercial em uma rua do interior do estado,
onde ocorre um assalto, não possua as mesmas características e o mesmo grau de
dificuldade se esse comércio estiver localizado na Av. Jerônimo Monteiro, no centro da
capital capixaba.
Contudo, um ponto muito importante deve sempre ser lembrado: não importam quais as
dificuldades, o isolamento do ponto crítico deve sempre ser realizado, sob pena de
comprometer o êxito da missão de gerenciamento da crise.
É importante lembrar que, ao ser estabelecido o contorno dos perímetros táticos, quanto
mais amplo for o perímetro tático mais difícil se torna a sua manutenção, por exigir um
maior número de policiais e causar maiores transtornos na rotina das pessoas que vivem
nas proximidades do ponto crítico ou dele se utilizam.
5

Somente após proceder a contenção e o isolamento é que o policial 1º Interventor fará


contatos no intuito de iniciar as negociações, sem proceder a concessões e objetivando
acalmar os envolvidos, adotando diálogo racional, através das dicas listadas na
alternativa tática da negociação.

2.8.2. Relacionamento com a imprensa


As ocorrências de alta complexidade atraem sobremaneira o interesse da imprensa, ávida
por dar informações em primeira mão, principalmente se conseguir uma exclusividade ou
o chamado “furo de reportagem”. A presença maciça desses profissionais tem sido uma
preocupação a mais para ser administrada pelo gerente da crise, preocupado em não
fornecer informações desnecessárias ao causador do evento ou ainda em causar alarde
desnecessário à sociedade como um todo – além da preocupação natural com a vida dos
próprios integrantes da imprensa, que por vezes não medem o risco a que se submetem
atrás da notícia.
Devemos ter em mente a importância social do papel da imprensa, no entanto, sobretudo
no cenário de uma ocorrência policial, o direito à vida das pessoas transcende o dever de
informar da imprensa e o direito de saber do público. A interpretação desta frase deve
garantir a tão proclamada liberdade de imprensa, desde que não ofereça risco ao trabalho
daqueles que, por força da doutrina e da lei, têm o dever legal de atuar na solução do
evento crítico.
Por outro lado, não deve o aparato policial simplesmente ignorar a presença da mídia no
local da crise. Como o repórter precisa dar a notícia e produzir informações (afinal, o
emprego dele depende disso), se a polícia não lhe diz o que falar, ele poderá tomar a
liberdade de falar o que quiser, até mesmo complicando o cenário da ocorrência por
transmitir informações equivocadas ou falsas (temos diversos exemplos na realidade
policial brasileira, como recentemente em rebelião na UNIS, em Cariacica).
Nos primeiros instantes de uma crise, o 1º Interventor deve garantir que os integrantes da
imprensa não se coloquem em risco, não comprometam a segurança da operação e não
interfiram na ocorrência.
Com a chegada do gerente e o estabelecimento do cenário da ocorrência, recomenda-se
então designar um policial como assessor de imprensa, sendo que este irá escolher um
local seguro para acomodação de todo o pessoal da imprensa e lhes informar que, a cada
30 minutos, por exemplo, serão divulgadas informações sobre o andamento das
operações policiais. Isto tem gerado, na prática, resultados interessantes, pois todos ficam
satisfeitos e o gerente da crise passa a ter, através do assessor de imprensa, o controle
desses profissionais.
A mídia tem o papel de relatar as notícias, obtendo-as em primeira mão. A polícia tem o
papel de garantir o cerco e o isolamento para o desfecho aceitável da ocorrência. Assim
sendo, dentro do espectro democrático, a imprensa poderá obter seus relatos e
informações, desde que não coloque vidas em risco (nem a de seus componentes) nem
interfira na missão constitucional da polícia de preservar vidas e aplicar a lei.
A falta de habilidade para conduzir as relações com a imprensa pode gerar problemas
como: interferência nas negociações; divulgação de preparativos da polícia; divulgação de
dados dos reféns; incentivo à resistência; relato exagerado, capaz de causar reação
adversa do público; falta de apoio; favoritismo; entre outros.

2.8.3. As alternativas táticas


6

No Brasil, as quatro alternativas táticas empregadas são denominadas mais comumente


como: negociação, emprego de técnicas não-letais, tiro de comprometimento ou
zíper e invasão tática.

2.8.4. Regras de diálogo em ocorrência de crise


O policial que primeiro chegar á ocorrência de crise, como já visto, deve conter, isolar e
iniciar as negociações sem fazer concessões, buscando acalmar os ânimos de todos os
envolvidos, solicitando o apoio dos demais policiais, passando a situação para o
SUPERVISOR e COPOM/COPOM, orientando o Oficial COP para o acionamento do
BME.
Sequencialmente, adotará algumas regras ou dicas básicas, tradicionalmente observadas
pelas principais organizações policiais do mundo no desempenho da difícil tarefa de
“negociação”:
Cabe aqui ressaltar que tais medidas são pertinentes às ações do negociador. Entretanto,
como na imensa maioria dos casos quem se deparará com a situação em seu início será
1º Interventor – que provavelmente não terá o curso de negociação – é de entendimento
comum que as mesmas são extensíveis à ação do
1º Interventor, desde que estritamente observadas.

 Estabilize e contenha a situação


O negociador tem um papel decisivo na estabilização do evento crítico, devendo
empenhar-se no arrefecimento do ânimo dos bandidos, procurando lhes dar a sensação
psicológica de que têm o controle da situação. Isso evita violências desnecessárias contra
os reféns, quase sempre causadas pela falta de domínio da situação experimentada pelos
bandidos nos primeiros momentos da crise. A sensação psicológica de controle não
significa ceder aos apelos dos criminosos, mas sim usar de respostas para lhes dar a
impressão de que serão atendidos.

 Escolha a ocasião correta para fazer contato


A crônica policial registra casos de negociadores apressados, que foram recebidos a tiros
pelos causadores do evento crítico. Por isso, deve-se aguardar o momento próprio para o
início das negociações, quase sempre resultado de uma iniciativa dos
próprios bandidos.

 Procure ganhar tempo


Esse é também um dos objetivos da negociação. Quanto mais prolongada for uma crise,
mais amadurecido ficará o processo decisório, evitando-se soluções precipitadas e que
representam perigo para os reféns. Por outro lado, o tempo é o maior consolidador
daquela proteção psicológica que favorece os reféns, denominada Síndrome de
Estocolmo. Com o passar do tempo, as tensões iniciais tendem a diminuir e, neste
ínterim, todo o aparato de apoio operacional mobilizado chega ao local.
Há que se dizer também que com o passar do tempo aumentam as necessidades básicas
dos causadores da crise, como fome, sede, sono, entre outros. Essas necessidades se
tornam fundamentais no processo de barganha de reféns e de convencimento do
criminoso a se entregar. Nós, policiais, temos a certeza da rendição, de ir para casa,
7

descansar, comer, dormir, ao passo que o criminoso precisa se manter acordado o tempo
todo, na maioria das ocorrências.

 Deixe o transgressor falar


É mais importante ser um bom ouvinte do que um bom falador. Um bom negociador é um
bom ouvinte. É muito mais importante deixar o transgressor falar, porque isso não
somente ajuda a reduzir seu estado de ansiedade, como o propicia revelar fatos e dados
que podem ser preciosos elementos de informação. Além disso, enquanto o indivíduo
fala, o negociador está ganhando tempo e evitando que o bandido fique fazendo coisas
indesejáveis, como molestar os reféns.

 Não ofereça nada ao transgressor


Embora possa parecer um gesto de boa vontade, isso prejudica as negociações, pois
coloca as autoridades numa situação psicológica de inferioridade perante o transgressor,
dando-lhe a falsa impressão de que elas estão dispostas a ceder a tudo para que ele solte
os reféns, o que complicará sobremaneira o gerenciamento da crise.

 Minimize as exigências
Como dito, caso haja alguma exigência que o 1º Interventor, em conjunto com os policiais
que lhe auxiliam nos primeiros momentos da ocorrência, considere plausível de ser
atendida, ela deve ser minimizada. O que é isso?
Se o transgressor lhe pede um maço de cigarros, você dará dois? Não. Não se deve
entregar-lhe logo um pacote com dois, com dez maços nem mesmo o maço que ele
pediu. Se ele pede um pouco de água para beber, não se vai lhe entregando, de pronto,
um garrafão cheio, com cinco ou dez litros. Primeiro porque ele verá que tudo o que pede
é prontamente conseguido. Segundo porque se ele pede isso em troca de algo, demorará
até que peça de novo caso o policial lhe dê em grande quantidade. Além disso, essa
tática é muito importante porque cada aproximação do ponto crítico corresponde a uma
oportunidade de levantamento da situação existente no seu interior.

 Procure abrandar as exigências


Esse é outro objetivo básico da negociação. Se o causador da crise exigisse mundos e
fundos e fosse atendido na hora, não haveria necessidade de negociação nem de
gerenciamento de crises. A negociação existe para, entre outras coisas, tornar as
exigências razoáveis. O abrandamento das exigências pode ser paulatino, a começar pelo
prazo. Assim, algo que é exigido para o prazo de uma hora, pode ser prometido para duas
ou três horas, sob a alegação de uma dificuldade qualquer. Lembre-se de que os
infratores estão isolados do mundo e, por essa razão, não têm condições de avaliar se o
argumento ou pretexto alegados para a demora tem ou não fundamento. Isso não
significa mentir ou usar truques. Tenha cuidado!
 Evite dirigir sua atenção às vítimas com muita frequência e não as chame de
reféns
Ao dirigir, com muita frequência, sua atenção para as vítimas, o negociador poderá fazer
com que os causadores da crise acreditem ter mais poder em mãos do que realmente
têm. Nessas condições, a palavra reféns deve ser considerada como um tabu e, ao se
referir àquelas pessoas, nas conversações com os causadores da crise, o negociador
8

deve utilizar expressões que suavizem o termo: as pessoas que estão com você, os
funcionários do banco, os homens e mulheres que estão aí, etc.

 Seja tão honesto quanto possível e evite truques


A confiança mútua entre os causadores da crise e o negociador é fundamental para o
êxito da negociação. Para que essa confiança se estabeleça, o negociador deve, desde
os primeiros contatos com o transgressor, estabelecer um clima de harmonia e
sinceridade entre ambos. Independente de convicções particulares a respeito de
criminosos, o policial em uma situação de crise deve ter em mente que aquela é uma
situação especial, em que o objetivo de salvar vidas respeitando a lei deve suplantar
quaisquer preferências de ordem pessoal.
Se, porventura, o infrator desconfiar que o negociador está mentindo ou procurando
enganá-lo, as negociações se tornarão praticamente inviáveis, havendo, com isso, um
aumento de risco para os reféns, que poderão sofrer represálias dos transgressores, que,
agindo dessa maneira, procurarão mostrar que não estão ali para brincadeiras. Se o
negociador cair no descrédito dos bandidos, deve ser substituído em definitivo.

 Atenda exigências pequenas, se for possível


O indivíduo causador da crise está sob forte tensão emocional. Coisas que são triviais ou
insignificantes para quem está do lado de fora do ponto crítico podem ser de vital
importância para ele.
Consequentemente, solicitações como cigarros, água, papel higiênico ou qualquer outra
coisa semelhante não custam ser atendidas e servem para manutenção do bom
relacionamento com o negociador, além de ser um bom pretexto para se ganhar tempo.
Melhor ainda se as mesmas forem atendidas em troca de informações, liberação de
reféns ou mesmo da rendição dos causadores da crise.

 Nunca diga "não" e procure evitar a linguagem negativa


Por mais absurda ou exagerada que seja uma exigência do elemento causador da crise, o
negociador nunca deve responder um “não” de modo direto e incisivo. Essa resposta seca
e direta pode provocar uma reação violenta do indivíduo, existindo inclusive registros de
casos em que os negociadores, após proferirem a negativa, receberam, como represália,
tiros nas pernas ou até mesmo fatais.
Essa regra, contudo, não significa que o negociador vá dizer “sim” a tudo. Negociar não é
ceder. O negociador pode perfeitamente responder que entendeu e anotou a exigência e
que irá repassá-la para os demais policiais para saber o que eles decidirão. Essa tática
demonstrará a boa vontade do negociador, que poderá até ser visto pelos bandidos como
seu intercessor junto às demais autoridades.
A linguagem tem por objetivo a comunicação entre os seres humanos, portanto, quanto
mais precisa for, melhor será o resultado de nossa comunicação. O que é a palavra não?
Uma abstração. O não, por si só, não diz nada, logo o cérebro se fixa no que vem depois
do não: se dissemos a alguém “- Não pense em azul!” muito provavelmente essa pessoa
pensará em azul. É a mesma lógica usada na educação de crianças. O uso de uma
linguagem negativa provoca o comportamento que se quer evitar. O foco de uma
campanha deve estar no objetivo a ser alcançado e colocado em linguagem afirmativa. As
palavras “nunca”, “evite” e outras negativas têm o mesmo efeito de não.
9

 Nunca estabeleça um prazo final e procure não aceitar um


O negociador não deve prometer que as exigências ou pedidos serão atendidas dentro de
determinado limite de tempo. Por exemplo: que a garrafa d'água gelada será entregue
dentro de dez minutos. Essa fixação de prazo oferece duas desvantagens: a primeira é
que se, por qualquer razão, o prazo não vier a ser atendido, isso poderá causar
desconfiança do infrator na palavra do negociador. A segunda é que, ao estabelecer ou
aceitar um prazo final, o negociador está traindo um dos objetivos da negociação que é
ganhar tempo.

 Não faça sugestões alternativas


Se determinada exigência não for possível de ser atendida, o negociador não deve fazer
uma sugestão alternativa, salvo se ela tiver a anuência do comandante da cena de ação.
Tal cautela evita que o transgressor tenha uma imagem do negociador como alguém
inteiramente impotente ou irresponsável. Quem oferece alternativas é porque tem
condições de atendê-las.

 Não envolva não-policiais no processo de negociação


A negociação, como integrante do processo de gerenciamento de crises, é assunto
policial, não sendo recomendável a interferência de terceiros. Deve ser usado o mesmo
raciocínio desenvolvido para justificar quem gerencia uma crise.

 Não permita qualquer troca de reféns


Trata-se de uma das recomendações doutrinárias acerca da negociação. A troca de
reféns em nada contribui para a solução definitiva do evento crítico, acarretando sérios
questionamentos de ordem moral, além de proporcionar um aumento da tensão no interior
do ponto crítico, devido à quebra da proteção psicológica conferida pela chamada
Síndrome de Estocolmo.

 Evite negociar cara a cara


É um risco que deve ser evitado, pois, além de não trazer nenhum benefício prático à
negociação, expõe o negociador. Os transgressores podem perfeitamente querer correr o
risco de capturar o negociador para ter um trunfo mais valioso nas suas negociações com
a polícia. Assim sendo, é sempre aconselhável manter uma distância que dê margem
razoável de segurança nos contatos com os infratores. O negociador não deve nunca
ultrapassar essa distância, principalmente se estiver posicionado num mesmo plano de
terreno que os bandidos ou não houver qualquer obstáculo físico que o separe deles.
Entretanto, a realidade policial brasileira não nos permite, em sua maioria, que utilizemos
modernos aparelhos eletrônicos ou mesmo a caríssima maleta de negociação para nos
comunicarmos com os infratores.
Assim sendo, acaba-se por adotar a chamada negociação cara a cara. Caso você se veja
nessa situação, há algumas medidas a se adotar, como: estude as vantagens e os riscos;
obtenha promessa do perpetrador que ele não atentará contra sua segurança; deixe
sempre uma via de escape; esteja ciente do espaço entre você e o transgressor;
10

mantenha a proteção adequada; examine sua própria tensão nervosa; evite a negociação
cara a cara quando suspeitar da presença de artefatos explosivos.

 Alguns comentários sobre o processo de diálogo


Durante o processo de negociação, caso o mesmo esteja sendo bem conduzido, o policial
há de perceber certos sinais que indicam uma mudança na postura do causador do
evento crítico para melhor, ou seja, o processo de negociação estará passando por um
progresso e, seguindo nesse caminho, alcançará provavelmente um desfecho aceitável.
São esses sinais:
a) linguagem violenta e ameaçadora mudada para a linguagem não violenta e não
ameaçadora;
b) o transgressor divulga dados pessoais;
c) o conteúdo da conversação muda de emocional para racional;
d) disposição para falar de temas não relacionados com a ocorrência;
e) volume de voz mais baixo do transgressor;
f) fala lenta;
g) falas mais extensas;
h) mais disposição para se comunicar com as autoridades;
i) diminuição das ações violentas;
j) libertação de reféns;
k) vencem-se prazos fixados sem nenhum incidente;
l) cria-se simpatia entre o negociador e o transgressor; e
m) há mais disposição de aceitar o acordo sugerido pelo negociador.

Falamos várias vezes até agora sobre a importância do tempo em situações de crise. Mas
por que devemos ganhar tempo? Porque a passagem do tempo aumenta as
necessidades básicas do ser humano; reduz a tensão e a ansiedade; aumenta a
racionalidade; permite que se forme a Síndrome de Estocolmo (já citada); permite a
tomada de melhores decisões; permite maior integração entre o negociador e o
transgressor; reduz as expectativas do transgressor.

3. OCORRÊNCIAS POLICIAIS COM LESÃO CORPORAL OU HOMICÍDIO PELA


INTERVENÇÃO POLICIAL5.

3.1. Evento morte em ocorrência policial, envolvendo policial militar de serviço.


A doutrina penalista brasileira ao falar sobre as excludentes de ilicitude esclarece que,
quando o policial vitima um agressor/infrator em serviço age, inicialmente, escudado pela
excludente da legítima defesa – própria ou de terceiro, e não sob a excludente do estrito
5
Segundo LIMA, as providências administrativas e judiciárias desse capítulo é fruto da rotina no Plantão de
polícia judiciária militar da PMES.
11

cumprimento do dever legal, do que se ilustra com o posicionamento do douto Cézar


Roberto Bittencourt em seu Tratado de Direito Penal, volume I (2008, p.325) ex vi.
Esta norma permissiva não autoriza, contudo, que os agentes do Estado possam, amiúde,
matar ou ferir pessoas apenas porque são marginais ou estão delinquindo ou então estão
sendo legitimamente perseguidas. A própria resistência do eventual infrator não autoriza
essa excepcional violência oficial. Se a resistência – ilegítima – constituir-se de violência
ou grave ameaça ao exercício legal da atividade de autoridades públicas, configura-se
uma situação de legítima defesa, permitindo a reação dessas autoridades, desde que
empreguem moderadamente os meios necessários para impedir ou repelir a agressão.
Mas, repita-se, a atividade tem de ser legal e a resistência com violência tem de ser
injusta, além da necessidade da presença dos demais requisitos da legítima defesa.
Assim, o homicídio praticado por policial militar em razão do serviço está abrangido pela
excludente de ilicitude, entrementes, somente, a persecução administrativa, por meio do
Inquérito Policial Militar é que carreará o conjunto probatório pertinente para a formação
da opinio delicti do órgão do Ministério Público estadual acerca do oferecimento da peça
acusatória.
Desse modo é pertinente elucidar que somente os casos que envolvam o policial militar –
efetivamente de serviço ou quando entra em situação de atividade, é que guardarão
pertinência com o crime militar; outros casos, fora da situação de atividade, interessam a
disciplina militar, porém, não caracterizarão o ilícito militar.
Sendo assim, exemplifica-se com o seguinte quadro - um policial militar durante sua
atividade de policiamento ostensivo é acionado ou depara-se com uma ocorrência policial
e vem a sofrer uma injusta agressão e ao repeli-la provoca a morte do infrator por
disparos de arma de fogo.

PROVIDÊNCIAS:

DA GUARNIÇÃO:
a. Verificar a possibilidade de prestar socorro à vítima, sendo viável, procede-se
conforme o previsto para o ilícito de lesões corporais, caso contrário, caracterizado o
evento morte, passe-se ao próximo item.
b. Preservar e isolar o local de crime.
c. Arrecadar o maior número de provas, dados e testemunhas para confecção da
ocorrência policial.
c.1. Não havendo a possibilidade de armas, materiais ou objetos do ilícito permanecer
incólumes no local de crime, o policial militar, motivadamente, deverá justificar seu
recolhimento, inclusive, arrolando testemunhas.
d. Acionar o Supervisor, imediatamente.
e. Repassar dados ao COPOM, imediatamente, permanecendo em disponibilidade
para outros esclarecimentos.

DO SUPERVISOR:
a. Chegando ao local, deverá o Supervisor verificar o isolamento e a preservação do
local de crime por parte da guarnição envolvida, primando-se pela observância do Termo
de Ajustamento de Conduta firmado entre o Ministério Público estadual e a Polícia Militar.
12

b. Entrevistar os componentes da guarnição, bem como outras testemunhas no


escopo de colher maiores dados sobre a ocorrência e a ação policial.
c. Verificar e orientar a confecção dos instrumentos pertinentes ao caso, como por
exemplo, o auto de resistência à prisão.
d. Confeccionar o Termo de apreensão, as armas dos militares envolvidos na
ocorrência, as quais deverão ser encaminhadas a Seção de Armamento e Munições da
Unidade, local onde ficará à disposição do encarregado do Inquérito Policial Militar, a tudo
se observando as normas6.
e. Acionar o plantão do SPAJM ou Corregedoria, preparando o plantonista para o
recebimento da ocorrência e também, se for o caso, para que destine ao local de crime
agente para coleta de maiores informações, fotografias, testemunhas e outros meios de
prova.
f. Acompanhar o encerramento da ocorrência policial na delegacia de polícia ou DPJ
referente ao crime comum, praticado, em tese, pelo vitimado.
g. Conduzir os policiais militares envolvidos e demais testemunhas ao plantão do
SPAJM ou Corregedoria para as providências administrativas, e se for o caso, fazer a
autuação em flagrante delito, servindo como autor e condutor da prisão o Supervisor.
g.1. É importante esclarecer que poderão acontecer casos onde é latente que houve um
crime doloso produzido por policiais militares e presenciado pelo supervisor, ou ainda,
com provas robustas fornecidas por terceiros acerca da execução de tal ilícito. Nesse
caso, o SUPERVISOR funcionará como autor da prisão.

3.2. Evento morte em ocorrência policial envolvendo policial militar, de folga, que
entra em situação de atividade.
O policial militar que entra em situação de atividade remete quando aquele militar atua em
defesa de outrem. O policial militar, de folga e em trajes civis, ou mesmo fardado, ao
visualizar um iminente crime que será cometido, por exemplo, homicídio, repele a injusta
agressão, levando a óbito o infrator por disparo de arma de fogo.

PROVIDÊNCIAS:

DO MILITAR ESTADUAL:
a. Verificar a possibilidade de socorro do envolvido, se possível; caso negativo passa-
se as orientações seguintes.
b. Acionar o COPOM repassando os dados da ocorrência.
c. Preservar e isolar o local de crime.
d. Arrolar testemunhas e outras provas até a chegada da guarnição.
e. Aguardar a chegada da guarnição, designada pelo COPOM, fornecendo todos os
elementos de prova para o caso pertinente.

DA GUARNIÇÃO:

6
Portaria nº 035-R/2014 da SESP e art. 25 e outros da Portaria PMES nº 800-R, de 26 de dezembro de
2019.
13

a. Preservar e isolar o local de crime com material adequado.


a.1. Utilizar, primordialmente, faixa zebrada; em não havendo, utilizar os meios de fortuna,
que protejam a cena do crime.
b. Colher maiores informações com as testemunhas presentes no local.
b.1. Entrevistar o policial e arrolar as testemunhas.
b.2. Fotografar, se possível, o local e a cena do crime.
b.3. Verificar se existem câmeras de vídeo, públicas ou privadas, no local que possam
auxiliar a investigação policial.
c. Recolher o armamento do policial militar envolvido para entregar ao Supervisor.
d. Acionar e informar ao Supervisor do desenvolvimento da ocorrência.
e. Custodiar o policial militar envolvido até a chegada do SUPERVISOR.
f. Requisitar apoio policial se for necessário.
g. Repassar dados ao COPOM.

DO SUPERVISOR:
a. Verificar o isolamento do local de crime feito pelos militares estaduais.
b. Entrevistar o envolvido, a guarnição e demais testemunhas no objetivo de colher
maiores informações acerca da ocorrência e da ação do policial envolvido.
b.1. Inicialmente o Supervisor deverá entrevistar os policiais militares da guarnição
designada pelo COPOM para formar um juízo inicial.
b.2. Após entrevistar os militares estaduais de serviço, o Supervisor deverá ouvir o policial
militar envolvido na ocorrência.
b.3. Ouvidos os militares estaduais, o Supervisor deverá ouvir as testemunhas.
b.4. Arrecadar com a guarnição designada pelo COPOM todos os meios de provas
colhidos no local.
b.5. Diligenciar para a verificação de outras provas ainda não colhidas no local.
c. Recolher, por meio de Termo de Apreensão de arma, a arma acautelada ou particular,
do militar estadual envolvido na ocorrência, a qual será encaminhada a Seção de
Armamento e Munição da sua Unidade e ficará à disposição do encarregado de Inquérito
Policial Militar, observando-se o previsto nas normas7.
d. Acionar o plantão do SPAJM ou Corregedoria, preparando o oficial plantonista, para o
recebimento da ocorrência e também, para que destine agentes ao local para coleta de
provas.
e. Acompanhar a conclusão da ocorrência na delegacia de polícia ou DPJ, anexando-se a
cópia do Termo de Apreensão da arma do policial militar.
e.1. O SUPERVISOR deverá acompanhar a guarnição e o policial militar envolvido
até o encerramento da ocorrência, orientando o militar estadual acerca dos seus direitos.

7
Portaria nº 035-R/2014 da SESP e art. 25 e outros da Portaria PMES nº 800-R, de 26 de dezembro de
2019.
14

f. Conduzir o policial militar envolvido, a guarnição que atendeu a ocorrência e as


testemunhas ao plantão do SPAJM ou Corregedoria para triagem e oitiva das pessoas
pertinentes a instrumentalização do Inquérito Policial Militar.

OBS.: O Supervisor deverá analisar a ocorrência minuciosamente, haja vista que se


o caso caracterizar o policial militar como vítima de ilícito penal perpetrado por
infrator, atuando em legítima defesa própria, não será caso de crime militar, mas
sim de crime comum, contudo, mesmo assim, cópias de todo o produzido na
ocorrência e pelo delegado que recebeu a ocorrência deverão ser entregues na
Corregedoria para análise. Em caso de crime Comum a retenção da arma fica a
escrutínio da Autoridade da PC (particular ou privada), pois não há interesse para
IPM, e havendo, a posteriori, interesse para IPM, a Corregedoria solicitará a devida
perícia.

3.3. Lesões corporais em ocorrência policial, envolvendo policial militar de


serviço.
No caso de lesão corporal ou em um evento morte tentado em ocorrência policial com o
policial militar de serviço.

PROVIDÊNCIAS:

DA GUARNIÇÃO:
a. Verificar a gravidade das lesões corporais produzidas e a viabilidade de pronto
socorrimento ao infrator.
a.1. se for viável o pronto socorro ao infrator, sem maiores riscos, a guarnição deverá
encaminhá-lo ao hospital mais próximo para seu socorro.
a.2. após o socorro do infrator, havendo recebimento de alta do infrator a guarnição
deverá prosseguir para a delegacia de polícia para encerramento da ocorrência.
a.3. não havendo possibilidade de alta do infrator, a guarnição acionará o SUPERVISOR
que deverá providenciar a escolta e a guarnição seguir para delegacia de polícia para
encerramento da ocorrência.
a.4. Se o socorro só for viável por meio de equipe médica especializada, providenciar, via
COPOM, o acionamento da equipe do Serviço Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)
para o atendimento ao infrator.
a.5. Acompanhar a equipe do SAMU até o hospital e após o atendimento se o infrator
receber alta prosseguir a delegacia de polícia para encerramento da ocorrência, em caso
negativo, acionar SUPERVISOR para providenciar a escolta e a guarnição deverá
prosseguir para encerramento da ocorrência.
a.6. No caso de ocorrências sem lesões corporais graves ou gravíssimas, ou seja, lesões
corporais que não necessitam de atendimento médico, segue-se ao item seguinte.
b. Acionar o COPOM repassando os dados da ocorrência.
c. Acionar o Supervisor.
d. Encaminhar o infrator ao DPJ local para as providências de praxe.
15

DO SUPERVISOR:
a. Acompanhar a ocorrência, entrevistando os envolvidos e coletando o maior número
de provas para a elucidação do caso apresentado.
a.1. Entrevistar as testemunhas, policiais militares e infrator.
a.2. Verificar a existência de outras provas, especialmente, se existe câmeras de
videomonitoramento no local.
a.3. Havendo videomonitoramento no local, buscar uma cópia na Central se disponível.
b. Apreender, se for o caso, o armamento dos militares estaduais envolvidos, nos casos
que envolvam lesões corporais produzidas por projétil de arma de fogo 8.
c. Acionar a Corregedoria da Polícia Militar.
d. Acompanhar o encerramento da ocorrência na delegacia de polícia ou DPJ.
e. Nos casos ocorridos na RMGV conduzir os policiais militares e testemunhas ao plantão
do SPAJM ou Corregedoria para serem ouvidos.
f. Nos casos que ocorrerem nas Unidades do interior, as seccionais – norte e sul,
verificarão a viabilidade de manter uma escala de sobreaviso ou prontidão nos SPAJM,
bem como o acionamento do SUPERVISOR para as oitivas.

3.4. Lesões corporais em ocorrência policial, envolvendo policial militar em


situação de atividade.
No caso de ocorrência com lesões corporais com o militar estadual fora de serviço, mas
em situação de atividade, deve-se observar aos seguintes procedimentos.

PROVIDÊNCIAS:

DO POLICIAL MILITAR:
a. Verificar a gravidade da lesão corporal e se há viabilidade de socorro ao infrator.
b. Acionar o COPOM, repassando os dados da ocorrência.
c. Aguardar a guarnição de serviço designada para ocorrência.

DA GUARNIÇÃO:
a. Preservar e isolar o local de crime.
b. Acionar o SUPERVISOR.
c. Arrecadar com riqueza de detalhes os dados da ocorrência.
d. Repassar dados ao COPOM.
e. Encaminhar o infrator ao DPJ local.

8
Portaria nº 035-R/2014 da SESP e art. 25 e outros da Portaria PMES nº 800-R, de 26 de dezembro de
2019.
16

DO SUPERVISOR:
a. Verificar o isolamento do local de crime.
b. Apreender a arma, se já não fora feito pela guarnição, para entrega na reserva de
armamento e que será objeto de IPM9.
c. Acionar o plantão do SPAJM ou Corregedoria para que compareça ao local para
arrecadar maiores dados, ou ainda, informar acerca do ocorrido.
d. Informar ao policial militar sobre seus direitos.
e. Acompanhar o desfecho da ocorrência no DPJ local.

4. OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO AUTORIDADES E PESSOAS QUE POSSUAM


IMUNIDADES E PRERROGATIVAS.

4.1. Membros do Poder Executivo

a) Presidente da República:
Enquanto não sobrevier sentença condenatória nas infrações comuns, o Presidente da
República não estará sujeito à prisão (Art. 86, § 3º, da CF/88). O policial irá liberar o
Presidente da República no local e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP),
encaminhando-o à Polícia Judiciária Federal (Polícia Federal), para
possíveis providências.

b) Ministros de Estado:
Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos,
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos. O policial deverá, neste caso, prender o
Ministro de Estado e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP), encaminhando-os à Polícia
Judiciária Federal (Polícia Federal), para possíveis providências.

c) Diplomatas:
A pessoa do agente diplomático, dos familiares e dos funcionários natos é inviolável 10.
Não poderá ser preso ou detido, salvo:
- caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente,
que não é a brasileira11.

9
Portaria nº 035-R/2014 da SESP e art. 25 e outros da Portaria PMES nº 800-R, de 26 de dezembro de
2019.
10
Os funcionários consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de crime
grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente, art. 41 do Decreto nº 61.078, de 26
de julho de 1967, Promulga a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.
11
Os funcionários consulares e os empregados consulares não estão sujeitos à Jurisdição das autoridades
judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das funções consulares,
art. 43 do Decreto nº 61.078, de 26 de julho de 1967, Promulga a Convenção de Viena sobre Relações
Consulares.
17

- No caso de ação civil que resulte de contrato que o funcionário ou empregado consular
não tiver realizado implícita ou explicitamente como agente do Estado que envia ou que
seja proposta por terceiro como consequência de danos causados por acidente de
veículo, navio ou aeronave, ocorrido no Estado receptor.

O policial irá solicitar o registro diplomático (Portaria n.º 841, de 18 de outubro de 2018 do
Ministério das relações exteriores), liberar o Diplomata no local e registrar o Boletim de
Ocorrência (BOP), encaminhando-o a Polícia Judiciária Federal (Polícia Federal), para
possíveis providências.

Imagem de Registro Diplomático. Fonte Google.


d) Governadores de Estado:
Aos governadores não se aplica a imunidade12 do Presidente da Nação prevista o art. Art.
86, § 3º, da CF/88.
Eles podem ser presos e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP), encaminhando-o à
Polícia Judiciária Federal (Polícia Federal), para possíveis providências. Sua imunidade é
processual por força do art. 86 da CF independente de replicado na Constituição
Estadual. No ES a previsão consta dos Art. 92 a 94 da CE/89.

Art. 93. Depois que a Assembleia Legislativa declarar a admissibilidade da


acusação contra o Governador do Estado, pelo voto de dois terços de seus

12
Orientação desta Corte, no que concerne ao art. 86, § 3º e § 4º, da Constituição, na ADI 1.028, de
referência à imunidade à prisão cautelar como prerrogativa exclusiva do presidente da República,
insuscetível de estender-se aos governadores dos Estados, que institucionalmente não a possuem.
(ADI 1.634 MC, rel. min. Néri da Silveira, j. 17-9-1997, P, DJ de 8-9-2000). Os Estados-membros não podem
reproduzir em suas próprias constituições o conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art. 86, §§ 3º e
4º, da Carta Federal, pois as prerrogativas contempladas nesses preceitos da Lei Fundamental – por serem
unicamente compatíveis com a condição institucional de chefe de Estado – são apenas extensíveis ao
presidente da República. (ADI 978, rel. p/ o ac. min. Celso de Mello, j. 19-10-1995, P, DJ de 24-11-1995). O
Estado-membro, ainda que em norma constante de sua própria Constituição, não dispõe de competência
para outorgar ao governador a prerrogativa extraordinária da imunidade à prisão em flagrante, à prisão
preventiva e à prisão temporária, pois a disciplinação dessas modalidades de prisão cautelar submete-se,
com exclusividade, ao poder normativo da União Federal, por efeito de expressa reserva constitucional de
competência definida pela Carta da República. A norma constante da Constituição estadual – que impede a
prisão do governador de Estado antes de sua condenação penal definitiva – não se reveste de validade
jurídica e, consequentemente, não pode subsistir em face de sua evidente incompatibilidade com o texto da
CF. (ADI 978, rel. p/ o ac. min. Celso de Mello, j. 19-10-1995, P, DJ de 24-11-1995. HC 102.732, rel. min.
Marco Aurélio, j. 4-3-2010, P, DJE de 7-5-2010).
18

membros, será ele submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de


Justiça, nas infrações penais comuns...

e) Secretários de Estado:
Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos,
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos. O policial militar deverá, neste caso,
prender o Secretário de Estado e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP),
encaminhando-os à Polícia Judiciária Estadual (Polícia Civil), para possíveis providências.

f) Prefeitos:
Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos. O policial militar deverá, neste caso,
prender o prefeito e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP), encaminhando-os à Polícia
Judiciária Estadual (Polícia Civil), para possíveis providências.

4.2. Membros do Poder Legislativo


a) Deputados Federais e Senadores:
O policial deverá, no caso de flagrante de crime inafiançável13, prendê-lo e registrar o
Boletim de Ocorrência (BOP), encaminhando-o à Polícia Judiciária Federal (Polícia

13
A inafiançabilidade dos tipos de injusto está prevista no texto constitucional, tratando-se de matéria
reservada ao poder constituinte. Conforme prevê art. 5º, XLII, XLIV, são inafiançáveis e imprescritíveis -
racismo (lei federal 7.716/89 e 12.288/10) e - crimes de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático (leis federais 12.850/13 e 7.170/83 e decreto federal 5.015/04).
Conforme prevê art. 5º, XLII, XLIII e XLIV, são inafiançáveis:
- tortura (lei federal 9.455/97);
- tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (lei federal 11.343/06);
- terrorismo (lei federal 13.260/16);
- crimes hediondos (lei federal 8.072/90);
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019)
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art.
129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de
fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art.
158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso
incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
19

Federal), para possíveis providências. Nos demais delitos (afiançáveis e de menor


potencial ofensivo), será feito apenas o registro do BOP, encaminhando-o à Polícia
Federal, sendo os parlamentares liberados no local. Os deputados federais e senadores
são invioláveis civil e penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Nos
casos de prisão em flagrante, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à
respectiva Casa (Câmara dos Deputados ou Senado), para que, pelo voto da maioria de
seus membros, resolva sobre a manutenção da prisão.

b) Deputados Estaduais:
Serão adotadas as mesmas providências dos deputados federais e senadores 14,
divergindo apenas no encaminhamento do Boletim de Ocorrência (BOP) e membro da
Casa Legislativa, que será feito para a Polícia Judiciária Estadual (Polícia Civil), e os
autos serão remetidos à Assembleia Legislativa.

c) Vereadores:
Se o delito praticado pelo vereador não tiver nenhum vínculo político com sua função ou
for fora de sua circunscrição, o policial militar deverá prendê-lo, registrar o Boletim de
Ocorrência (BOP), encaminhando-o à Polícia Judiciária Competente. Os Vereadores
gozam de prerrogativa em relação à prisão no cometimento de delitos somente nos casos
relacionados com sua função, sendo invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na circunscrição do Município 15. Nos demais casos, recebem os
mesmos tratamentos dos demais cidadãos.

4.3. Membros do Poder Judiciário

a) Desembargadores e Juízes Federais:


Os Membros da magistratura da União não podem ser presos senão por ordem escrita do
Tribunal ou do órgão especial competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime

VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou


medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de
1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, §
4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único - I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de
1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único - II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único - III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único - IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no
art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único - V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
14
Decisão do Supremo adotada nas ADIns 5823, 5824 e 5825. O Colegiado entendeu que a leitura da
Constituição da República revela que, sob os ângulos literal e sistemático, os deputados estaduais têm
direito às imunidades formal e material e à inviolabilidade conferidas pelo constituinte aos congressistas, no
que estendidas, expressamente, pelo § 1º do art. 27 da CF.
15
Art. 29, inc. VIII CF/88.
20

inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do


magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado16. O policial militar deverá,
no caso flagrante de crime inafiançável, prendê-los e registrar o Boletim de Ocorrência
(BOP), encaminhando-os ao Presidente do Tribunal a que esteja
vinculado (Desembargadores ao STJ, Juízes Federais incluídos os da Justiça Militar ao
TRF). Nos demais delitos (afiançáveis e de menor potencial ofensivo), será feito apenas o
registro do BOP para possíveis providências, sendo os Magistrados liberados no local.

b) Juízes Estaduais17:
Serão adotadas as mesmas providências dos juízes federais e desembargadores,
divergindo apenas no encaminhamento do Boletim de Ocorrência (BOP) e do membro
desta instituição, que será feito para o Tribunal de Justiça do Estado.
Se expedida ordem de prisão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial
competente para o julgamento ou, em flagrante de crime inafiançável, sugestiva a
previsão do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo:

O Presidente do Tribunal de Justiça ou, na impossibilidade, o Vice-


Presidente, será comunicado, imediatamente, da prisão, conduzindo-se o
detido, ato contínuo e obrigatoriamente, à sua presença ou de
desembargador designado, especialmente, para a lavratura do flagrante. O
magistrado não será levado à repartição policial, cabendo à Presidência do
Tribunal de Justiça tornar disponível meio de contato imediato,
comunicando às autoridades competentes, especialmente para o fim do
artigo precedente.

4.4. Membros do Ministério Público

a) Procuradores e Promotores da União:


O Membro do Ministério Público da União só poderá ser preso por ordem escrita do
Tribunal competente ou em razão de flagrante de crime inafiançável, caso em que a
autoridade fará imediata comunicação àquele tribunal e ao Procurador-Geral da
República, sob pena de responsabilidade18. O policial militar deverá, nos casos de
flagrante em crime inafiançável, prender os Membros do Ministério Público da União e
registrar o Boletim de Ocorrência (BOP), encaminhando-os ao Procurador da República.
Nos demais delitos (afiançáveis e de menor potencial ofensivo), será feito apenas o
registro do BOP para possíveis providências, sendo os promotores liberados no local.

b) Procuradores e Promotores do Estado:


Só poderá ser preso por ordem escrita do Tribunal competente ou em razão de flagrante
de crime inafiançável19, divergindo apenas no encaminhamento do Boletim de Ocorrência
(BOP) e do membro desta instituição, que será feito para o Procurador-Geral de Justiça
do Estado. Sugestiva a idêntica aplicabilidade aos magistrados, o membro do parquet não

16
Art. 33, inc II LC 35/79.
17
Art. 33, inc II LC 35/79.
18
Art. 18, Inc II, alínea “d”, LC 75/93.
19
Art. 40, inc III Lei 8.625/93.
21

será levado à repartição policial, cabendo o Procurador-Geral de Justiça tornar disponível


meio de contato imediato, comunicando às autoridades competentes.

4.5. Membros de Órgãos Policiais

a) Membros da Polícia Federal e Rodoviária Federal:


Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos,
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos. O policial militar irá neste caso prendê-
los e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP). Após a chegada do superior hierárquico do
conduzido, será encaminhado à Polícia Judiciária Competente, para possíveis
providências.

b) Membros da Polícia Militar Estadual:


Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos,
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos. O policial militar irá neste caso prendê-
los e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP). O militar e o BO deverão ser
encaminhados, por um superior hierárquico, à Polícia Judiciária Competente, nos crimes
comuns e ao Comandante do militar nos crimes militares, para possíveis providências.

c) Membros da Polícia Civil:


Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos,
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos. O policial militar deverá neste caso
prendê-los e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP). Após a chegada do superior
hierárquico do conduzido, será encaminhado à Polícia Judiciária Competente, para
possíveis providências.

4.6. Membros das Forças Armadas

a) Militares do Exército, Marinha e Aeronáutica:


Não possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos,
tendo o mesmo tratamento dos demais cidadãos.
O policial militar deverá neste caso prendê-los e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP).
Após a chegada do superior hierárquico do conduzido da respectiva Força, será
encaminhado à Polícia Judiciária Competente, nos crimes comuns e ao Comandante do
militar nos crimes militares, para possíveis providências.

4.7. Membros da Advocacia

a) Advogado-Geral da União:
Se o delito tiver vínculo com sua função, o policial militar só poderá prendê-lo em caso de
crime inafiançável ou desacato (“A imunidade profissional do advogado não compreende
o desacato, pois conflita com a autoridade do magistrado na condução da atividade
jurisdicional”. - STF, ADIN 1127-8). Para quaisquer outros crimes, fora do exercício da
22

função, não há prerrogativas. O registro do Boletim de Ocorrência (BOP) e a autoridade


quando for efetuada a prisão, serão encaminhados à Polícia Judiciária Federal (Polícia
Federal), para possíveis providências.

b) Advogado-Geral do Estado:
Serão adotadas as mesmas providências do Advogado-Geral da União, divergindo
apenas no encaminhamento do Boletim de Ocorrência (BOP) e do membro desta
instituição, que será feito à Polícia Judiciária Competente, para possíveis providências.

c) Advogado:
Serão adotadas as mesmas providências do Advogado-Geral da União, divergindo
apenas no encaminhamento do Boletim de Ocorrência (BOP) e do membro desta
instituição, que será feito à Polícia Judiciária Competente, para possíveis providências.

4.8. Outras Instituições

a) Guarda Municipal:
O policial militar deverá neste caso prendê-los e registrar o Boletim de Ocorrência (BOP).
Será encaminhado à Polícia Judiciária Competente, para possíveis providências. Não
possuem prerrogativas em relação à prisão em flagrante no cometimento de delitos, tendo
o mesmo tratamento dos demais cidadãos.

b) Agentes Penitenciários:
Serão adotadas as mesmas providências dos Guardas Municipais.
23

4.9. Quadro Resumo

Autoridade Cabe Prisão em Embasamento Legal Encaminhamento


Flagrante?

Presidente não Art. 86, § 3º CF/88

Ministros sim xx Polícia Federal

Diplomatas não art. 41 do Decreto nº xx


61.078, de 26 de julho
de 1967, Promulga a
Convenção de Viena
sobre Relações
Consulares.

Governadores sim HC 102.732, rel. min. Polícia Federal


Marco Aurélio, j. 4-3-
2010, P, DJE de 7-5-
2010

Secretários sim xx Polícia Civil


Estaduais

Prefeitos sim xx Polícia Civil

Deputados só Crime inafiançável Art. 53, caput e §2º, CF


Federais

Senadores só Crime inafiançável Art. 53, caput e §2º, CF Polícia Federal

Deputados só Crime inafiançável Art. 53, caput e §2º c/c Polícia Civil
Estaduais Art. 27, §2º, CF

Vereadores Sim, salvo por Art. 29, inc. VIII CF/88 Polícia Civil
palavras, na
atividade, no local

Desembargadores só Crime inafiançável Art. 33, inc. II LC 35/79 Presidente do STJ

Juízes Federais só Crime inafiançável Art. 33, inc. II LC 35/79 Presidente do


TRF

Juízes Estaduais só Crime inafiançável Art. 33, inc. II LC 35/79 Presidente do TJ

Procurador de só Crime inafiançável Art. 18, Inc. II, alínea Procurador-Geral


Justiça da União “d”, LC 75/93; Art. 40, da República
inc. III Lei 8.625/93;

Promotor de só Crime inafiançável Art. 18, Inc. II, alínea Procurador-Geral


Justiça da União “d”, LC 75/93; Art. 40, da República
inc. III Lei 8.625/93;
24

Procurador de só Crime inafiançável Art. 18, Inc. II, alínea Procurador de


Justiça do Estado “d”, LC 75/93; Art. 40, Justiça do Estado
inc. III Lei 8.625/93; Art.
84, III, LC ES Nº 95/97

Promotor de só Crime inafiançável Art. 18, Inc. II, alínea Procurador de


Justiça do Estado “d”, LC 75/93; Art. 40, Justiça do Estado
inc. III Lei 8.625/93; Art.
84, III, LC ES Nº 95/97

Policial Federal sim sim Polícia Civil

Policial Militar sim xx PC (crime


Estadual comum),

Policial Militar sim Cmt do militar


Estadual (crime militar)

Policial Civil sim xx Polícia Civil

Advogados Sim, se flagrante fora Art. 7º, § 3º,Lei 8906/94 Polícia Civil
do exercício da
profissão. Acionar
OAB

Advogados Não, exercendo a Art. 7º, § 3º,Lei 8906/94 Polícia Civil


profissão

Advogados Sempre, se flagrante Art. 7º, § 3º,Lei 8906/94 Polícia Civil


de crime inafiançável
ou desacato. Acionar
OAB

Guarda Municipal sim xx Polícia Civil

Agente sim xx Polícia Civil


Penitenciário
25

5. OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO POLICIAIS20.

5.1. Evento morte em ocorrência policial envolvendo policial militar sem


caracterização de relação de serviço ou atividade.
Por derradeiro, observa-se a situação em que, o policial de folga, desfrutando do seu
momento de lazer visualiza um desafeto e faz disparos de arma de fogo contra essa
pessoa levando-a a óbito; ou ainda, o policial militar em seu momento de folga entra em
desentendimento com outra pessoa e provoca o seu óbito.
Os casos acima apresentam situações diferentes, porém com providências idênticas, pois
em ambas as situações o policial militar não estava de serviço ou se colocou em situação
de atividade.
Assim, as situações narradas não caracterizam o crime militar, mas crime comum,
contudo apresentam situações disciplinares que precisam ser acompanhadas e avaliadas
pela Polícia Militar.

PROVIDÊNCIAS:

DO MILITAR ESTADUAL:
a. Verificar a viabilidade de socorro ao envolvido, sendo que, em caso positivo,
adotar-se-ão as orientações acerca do ilícito de lesões corporais, sendo negativo, segue-
se de acordo com as orientações anteriores.
b. Preservar e isolar o local de crime.
c. Acionar o COPOM.
d. Aguardar a chegada da viatura designada para o atendimento da ocorrência.

DA GUARNIÇÃO:
a. Acionar o COPOM se for o caso de se deparar com a ocorrência, ou ser informado
sobre a ocorrência.
b. Acionar o Supervisor.
c. Preservar e isolar o local de crime.
d. Recolher o armamento do policial militar envolvido na ocorrência.
e. Entrevistar e arrolar as testemunhas, bem como colher outras provas no local de
crime.
f. Dar voz de prisão ao policial militar autor do crime.
g. Repassar dados ao COPOM.
OBS.: se na ocorrência o policial militar preso for de graduação ou posto superior à
guarnição de serviço, o condutor da ocorrência será o Supervisor, sendo os militares
estaduais autores da prisão e testemunha. Se o preso for de posto superior ao
SUPERVISOR o Oficial COP deverá acionar Oficial de maior posto para condução da

20
Segundo LIMA, as providências administrativas e judiciárias desse capítulo é fruto da rotina no Plantão de
polícia judiciária militar da PMES.
26

ocorrência. Se o preso for subordinado ao mais graduado da guarnição esta é que fará a
condução dele à Delegacia, sendo ocorrência acompanhada pelo SUPERVISOR.

DO SUPERVISOR:
a. Verificar a preservação e o isolamento do local de crime.
b. Entregar a arma do militar estadual envolvido na ocorrência na delegacia de polícia
ou DPJ, nos casos em que ele for o condutor; caso contrário e a própria guarnição que
fará a entrega do armamento.
c. Acionar o plantão do SPAJM ou da Corregedoria para que envie agentes ao local
de crime para coletar mais dados, bem como arrolar testemunhas e outras provas.
d. Encaminhar o policial militar, juntamente com a guarnição, para a delegacia de
polícia no fito de conclusão da ocorrência, orientando-o acerca dos seus direitos.

5.2. Embriaguez em serviço

PROVIDÊNCIAS:

DO SUPERIOR DE SERVIÇO:
a. Identificar os sinais (olhos avermelhados, hálito etílico, e outros) de embriaguez
alcoólica ou substância similar ou ainda, drogas, no policial militar.
b. Arrolar testemunhas e produzir outros meios de prova acerca dos fatos.
c. Sendo graduado, acionar o oficial de serviço para repassar os dados e tomada de
providências (dar voz de prisão?).
d. Recolher, imediatamente, o armamento do policial militar para entrega ao
SUPERVISOR, conforme previsto21.
DO SUPERVISOR:
a. Identificada e caracterizada a situação de embriaguez passa-se a letra c.
b. Havendo dúvidas acerca do estado de ebriedade do policial militar, e ainda,
obedecendo aos princípios constitucionais, o Supervisor deverá submeter o militar
estadual ao etilômetro de forma voluntária. Caso o militar estadual se recuse a submeter
ao etilômetro, deverá o oficial conduzi-lo a exame clínico e ainda, confeccionar relatório
circunstanciado sobre o seu estado, como por exemplo a voz arrastada, o hálito etílico,
olhos avermelhados, raciocínio desconexo, entre outras; adotando, ainda, todos os meios
legais e legítimos de prova para caracterização do crime. (gravação de vídeo).
c. Lavrar termo de apreensão de arma de fogo acautelada ao policial militar ou ainda,
arma particular.
d. Dar voz de prisão e encaminhar os envolvidos para o plantão do SPAJM ou da
Corregedoria para lavrar do APFD.
e. Acionar o SPAJM ou a Corregedoria para recebimento da ocorrência.

21
Portaria nº 800-R de 2019.
27

5.3. Violência doméstica e familiar entre militares.


Os casos de violência doméstica, nas relações intrafamiliar dos policiais militares
precisam ser esclarecidas para um melhor serviço.
Nos dias atuais encontramos casos de policiais militares casados, relações
extramatrimoniais entre militares, uniões estáveis entre militares, uniões homoafetivas
entre militares.
Traz maior complexidade o cenário pois:
 A Lei Maria da Penha tem por escopo tutelar a mulher, entendendo-a como
vulnerável, sendo, portanto, uma legislação de viés afirmativa, no fito de se diminuir
as desigualdades entre homens e mulheres no país. Além disso é legislação
especial penal extravagante.
 Ampliado foi o espectro dos crimes militares22. Agora, os crimes previstos no CPM
e os previstos na legislação penal (inclui a LMP), quando praticados entre militares,
são crimes militares.
Longe dessa celeuma doutrinária está a prática policial militar no flagrante delito, onde
não há tempo terapêutico para definição jurídica de pessoa competente, diga-se
autoridade do Poder Judiciário.
Sendo assim, cabe entender que, a maior proteção para a mulher, vítima, é o alvo do
legislador brasileiro.

PROVIDÊNCIAS:

DA GUARNIÇÃO:
a. Acionar o COPOM se for o caso de se deparar com a ocorrência, ou ser informado
sobre a ocorrência.
b. Acionar o Supervisor.
c. Preservar e isolar o local de crime.
d. Recolher armamentos por ventura envolvidos na ocorrência.
e. Entrevistar e arrolar as testemunhas, bem como colher outras provas no local de
crime. Detalhar os envolvidos, o local onde foram os atos praticados.
f. Dar voz de prisão ao agressor.
g. Garantir proteção policial a vítima.
h. Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao IML.
i. Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes em veículo diverso do
agressor.
j. Informar à ofendida os direitos a ela conferidos na LMP e os “serviços disponíveis”.
k. Repassar dados ao COPOM.
OBS.: se na ocorrência o policial militar preso for de graduação ou posto superior a
guarnição de serviço, o condutor da ocorrência será o Supervisor, sendo os militares
estaduais autores da prisão e testemunha. Se o preso for de posto superior ao
22
Esculpidos no art. 9º do Código Penal Militar.
28

SUPERVISOR o Oficial COP deverá acionar Oficial de maior posto para condução da
ocorrência. Se o preso for subordinado ao mais graduado da guarnição esta é que fará a
condução dele à Delegacia, sendo ocorrência acompanhada pelo SUPERVISOR.

DO SUPERVISOR:
a. Verificar a preservação e o isolamento do local de crime.
b. Entregar armas, com termo de apreensão, se for o condutor. As armas poderão ser
direcionadas a reserva de armas ou ao DPJ a depender da ocorrência se a arma for
privada.
c. Acionar o plantão do SPAJM ou da Corregedoria para que envie agentes ao local
de crime para coletar mais dados, bem como arrolar testemunhas e outras provas.
d. Averiguar se os sujeitos ativo e passivo são militares, é caso do crime militar,
sendo assim conduzir ambos para o SPAJM ou Corregedoria.

5.4. Evento crime praticado por policial militar de serviço.

PROVIDÊNCIAS:

DA GUARNIÇÃO:
a. Acionar o COPOM se for o caso de se deparar com a ocorrência, ou ser informado
sobre a ocorrência.
b. Acionar o Supervisor.
c. Preservar e isolar o local de crime.
d. Recolher o armamento do policial militar envolvido na ocorrência.
e. Entrevistar e arrolar as testemunhas, bem como colher outras provas no local de
crime.
f. Dar voz de prisão ao policial militar autor do crime.
g. Repassar dados ao COPOM.
OBS.: se na ocorrência o policial militar preso for de graduação ou posto superior a
guarnição de serviço, o condutor da ocorrência será o Supervisor, sendo os militares
estaduais autores da prisão e testemunha. Se o preso for de posto superior ao
SUPERVISOR o Oficial COP deverá acionar Oficial de maior posto para condução da
ocorrência. Se o preso for subordinado ao mais graduado da guarnição esta é que fará a
condução dele à Delegacia, sendo ocorrência acompanhada pelo SUPERVISOR.

DO SUPERVISOR:
a. Verificar a preservação e o isolamento do local de crime.
b. Entregar a arma do militar estadual, com termo de apreensão, no SPAJM ou
Corregedoria, nos casos em que ele for o condutor; caso contrário é a própria guarnição
que fará a entrega do armamento.
29

c. Acionar o plantão do SPAJM ou da Corregedoria para que envie agentes ao local


de crime para coletar mais dados, bem como arrolar testemunhas e outras provas.
d. Encaminhar o policial militar, juntamente com a guarnição, para o SPAJM ou
Corregedoria no fito de conclusão da ocorrência, orientando-o acerca dos seus direitos.

5.5. Evento crime praticado por policial militar de folga.

PROVIDÊNCIAS:

DA GUARNIÇÃO:
a. Acionar o COPOM se for o caso de se deparar com a ocorrência, ou ser informado
sobre a ocorrência.
b. Acionar o Supervisor.
c. Preservar e isolar o local de crime.
d. Recolher o armamento do policial militar envolvido na ocorrência.
e. Entrevistar e arrolar as testemunhas, bem como colher outras provas no local de
crime.
f. Dar voz de prisão ao policial militar autor do crime.
g. Repassar dados ao COPOM.
OBS.: se na ocorrência o policial militar preso for de graduação ou posto superior a
guarnição de serviço, o condutor da ocorrência será o Supervisor, sendo os militares
estaduais autores da prisão e testemunha. Se o preso for de posto superior ao
SUPERVISOR o Oficial COP deverá acionar Oficial de maior posto para condução da
ocorrência. Se o preso for subordinado ao mais graduado da guarnição esta é que fará a
condução dele à Delegacia, sendo ocorrência acompanhada pelo SUPERVISOR.

DO SUPERVISOR:
a. Verificar a preservação e o isolamento do local de crime.
b. Entregar a arma do militar estadual, com termo de apreensão, após atuação do
Delegado, na Reserva de Armas do Batalhão, para futura liberação ao militar, pelo
Comandante da Unidade. Essa hipótese se aplica, tanto para armas acauteladas pela
PMES quanto para armas particulares, visto que o porte de armas particulares é
concessão do Comando Geral da PMES.
c. Acionar o plantão do SPAJM ou da Corregedoria para que envie agentes ao local
de crime para coletar mais dados, bem como arrolar testemunhas e outras provas.
d. Encaminhar o policial militar, juntamente com a guarnição, para a Delegacia e
documentos gerados para a Corregedoria.
30

6. MEDIDAS ADMINISTRATIVAS A SEREM ADOTADAS PELO SUPERVISOR DE


POLICIAMENTO QUANDO DA PRÁTICA DE TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR OU
CRIME MILITAR.

6.1. Extravio de arma de fogo, munição ou equipamento policial


Hodiernamente existem registros que consignam que muitas armas que são apreendidas
com criminosos são armas pertencentes às cargas das instituições policiais, Polícia Militar
e Polícia Civil.
Dessa maneira, busca-se padronizar procedimentos no fito de esclarecer o extravio de
arma de fogo acautelada a policial militar, tornando transparente todo o imbróglio.

PROVIDÊNCIAS:

DO POLICIAL MILITAR:
a. Informar de pronto ao seu comando imediato sobre o extravio (roubo, furto ou
perda) de arma de fogo, munição ou de equipamento policial acautelado, além de outras
medidas previstas na Portaria nº 800-R de 2019.
b. Fazer registro do fato em ocorrência policial via COPOM.
c. Fazer o registro do fato na delegacia de polícia.
d. Fazer registro do fato no SPAJM de sua Unidade ou Subunidade.

DO OFICIAL DE SERVIÇO (SUPERVISOR):


a. Após ter conhecimento de extravio de arma de fogo ou equipamento policial, o
oficial deverá constar o fato em seu relatório de serviço e ainda, encaminhar o policial
militar ao SPAJM da Unidade ou Subunidade para registro do fato.
b. Diligenciar no fito de circunstanciar o extravio de arma de fogo ou equipamento
policial, antecipando a produção de prova para a persecução administrativa, buscando-se
caracterizar em qual situação o extravio ocorreu (roubo, furto, perda ou outra situação).

6.2. Arma de fogo, munição e equipamento particular do policial militar.

PROVIDÊNCIAS:

DO POLICIAL MILITAR:
a. Informar de pronto ao seu comando imediato sobre o extravio (roubo, furto ou
perda) de arma de fogo ou de equipamento policial de propriedade do policial militar.
b. Fazer registro do fato em ocorrência policial via COPOM.
c. Fazer o registro do fato na delegacia de polícia.
d. Fazer registro do fato no SPAJM de sua Unidade ou Subunidade.
31

DO OFICIAL DE SERVIÇO (SUPERVISOR):


a. Após ter conhecimento de extravio de arma de fogo ou equipamento policial, o
oficial deverá constar o fato em seu relatório de serviço e ainda, encaminhar o policial
militar ao SPAJM da Unidade ou Subunidade para registro do fato.
b. Diligenciar no fito de circunstanciar o extravio de arma de fogo ou equipamento
policial, antecipando a produção de prova para a persecução administrativa, buscando-se
caracterizar em qual situação o extravio ocorreu (roubo, furto, perda ou outra situação).

6.3. No caso de estar caracterizada a situação de flagrante disciplinar 23 no horário


de expediente ou de folga.

PROVIDÊNCIAS:
Ao presenciar ou tiver conhecimento de fato que, em tese, constitua crime ou infração
disciplinar, deverá levar ao conhecimento, por meios formais, de seu comandante ou
chefe imediato, no prazo máximo de 03 (três) dias úteis.

7. DOS CRIMES DE DESRESPEITO A SUPERIOR HIERÁRQUICO E DOS CRIMES


CONTRA HONRA.
Configurado o crime militar, no caso a ofensa a honra – objetiva ou subjetiva, bem como
caracterizado o desrespeito ao superior hierárquico, dever-se-á tomar os seguintes
procedimentos:

PROVIDÊNCIAS

DO OFENDIDO:
a. Se no caso, o ofendido for superior hierárquico do militar estadual ofensor, não se
tratando, porém do Oficial de Serviço ou do Supervisor, deverá dar voz de prisão ao
policial militar, desarmá-lo e o apresentar ao Oficial de Serviço ou Supervisor para que
esta analise o caso e faça a condução do autor da prisão, do preso e das testemunhas
para a Corregedoria ou Seccional da Corregedoria/SPAJM.
b. Se no caso, a ofensa ocorrer entre militares estaduais do mesmo posto ou
graduação, o ofendido deverá levar os fatos ao conhecimento do oficial de Serviço ou do
SUPERVISOR, apresentando-lhe as testemunhas, se houver, do fato para que, este
analise e seja dada voz de prisão e todos sejam encaminhados para a Corregedoria ou
Seccional da Corregedoria/SPAJM.

DO SUPERVISOR:
a. O SUPERVISOR receberá o ofendido e o acusado, passando a ouvir previamente
as informações trazidas, analisando-as e verificando se o caso apresentado é crime
militar e ainda, se há flagrante delito.

23
Lei complementar nº 962, de 30 de dezembro de 2020. Institui o código de ética e disciplina dos militares
estaduais e dá outras providências.
32

b. Após a sua análise e deliberação pela ocorrência de crime militar, o SUPERVISOR


arrecadará as provas, se houver, bem como arrolará as testemunhas apresentadas e
conduzirá todos a Corregedoria ou Seccional da Corregedoria/SPAJM para lavratura do
auto de prisão em flagrante delito servindo como condutor nos casos em que o ofendido é
superior hierárquico do ofensor; e funcionando como autor da prisão nos casos de crimes
militares que envolvam militares estaduais do mesmo posto ou graduação. Os casos de
lavratura de APFD por crime militar, são realizados pela SPAJM ou Corregedoria, mesmo
que fora do expediente.
c. O SUPERVISOR deverá notificar o Oficial Cop acerca dos fatos ocorridos e da sua
tomada de decisão.
d. O SUPERVISOR deverá manter contato com o SPAJM ou Plantão da Corregedoria
para prepará-lo para o recebimento da ocorrência e consequente lavratura do Auto de
Prisão em Flagrante Delito.

DO SPAJM OU CORREGEDORIA:
a. Com a chegada do Supervisor e a apresentação do ofendido, do ofensor, das
provas e das testemunhas, o Oficial Plantonista fará nova análise do caso apresentado no
escopo de verificar a configuração do crime militar e também do estado de flagrância,
configurado o crime militar e sua flagrância, o Oficial corroborará a prisão e lavrará o
devido APFD.
b. Após a lavratura do APFD, o policial militar preso será encaminhado para os
exames de praxe (exame de corpo de delito e outros se houver), do que, depois será
encaminhado para o presídio militar.
c. O Plantão deverá cientificar o Oficial Cop. acerca do procedimento adotado, bem
como seus fundamentos e ainda, ao Chefe C-5 e ao Corregedor da PMES.
d. Encaminhar o auto de prisão em flagrante delito para o Juiz Auditor da AJMES e
uma cópia para conhecimento do Corregedor da PMES.

OBSERVAÇÕES:
Nos crimes contra a honra e também, o desrespeito ao superior hierárquico deve-se
atentar para a configuração do crime, particularmente em sua narrativa, por exemplo, no
caso saber que a calúnia, é a imputação de um fato que se enquadra como crime e que o
agente o sabe falso. Já a difamação é a imputação de um fato, falso ou verdadeiro, que
fira o decoro. E a injuria é a ofensa a honra subjetiva, caracterizada ou externada por um
xingamento que busca denegrir a honra do militar estadual. Nos casos citados, tanto o
superior quanto o subordinado ou ainda, os pares podem se ver enquadrados.
Nos casos do desrespeito ao superior, o sujeito passivo somente pode ser o superior
hierárquico, entretanto é necessário que na análise dos fatos, para não viciar a autuação,
que tanto o Supervisor quanto o Oficial de Plantão analisem se não houve uma defesa do
militar estadual em razão de uma agressão verbal anterior do superior hierárquico.
Da mesma forma, considera-se imprescindível que as palavras ofensivas ou gestos sejam
descritos ipsis litteris na autuação, por exemplo, relatando e consignando no termo as
palavras ditas, os xingamentos ditos ou os gestos feitos, tal preocupação é pertinente sob
pena de se desqualificar, a posteriori a ação legítima e não ficar caracterizado a ofensa ao
militar estadual.
33

Observar, também, que hodiernamente os crimes cibernéticos estão muito em voga e que
não existe, estrito senso, uma configuração para esses tipos penais, como por exemplo,
as ofensas perpetradas nas redes sociais (FACEBOOK, TWITTER, INSTAGRAM, e
outros), por e-mail, por mensagens SMS e também pelo aplicativo WHATSAPP, contudo,
o analista deve-se basear nas tipificações penais do código penal militar, entretanto, ficar
atento para alguns casos em que as ofensas devem ser feitas em presença, na presença
ou diante de outro policial militar, e que, as ofensas feitas pelas redes sociais, em tese,
não são na presença ou em presença (mesmo que presenciada, lido ou ouvida por vários
militares estaduais), haja vista que o direito penal não admite interpretações extensivas,
pois são consideradas prejudiciais ao acusado.
Dessa forma, um desrespeito a superior hierárquico feito por rede social ou whatsapp, por
não ter sido na presença ou em presença, pois essa se pressupõe física, não caracteriza
o crime militar de desrespeito, mas poderá caracterizar a injúria, calúnia ou difamação.

8. BIBLIOGRAFIA

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Federal. Manual de Gerenciamento de Crises. Brasília: 1995, 40p.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.

______. Lei nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Código Civil.

______. Lei nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019. Aperfeiçoa a legislação penal e


processual penal.

______. Decreto Federal nº 88.777, de 30SET83 – Aprova o regulamento para as


Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares (R-200), parcialmente alterado
pelos Decretos Federais nº 95.073, de 21OUT87, 4.431, de 18OUT02, 4.531, de
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______. Decreto-Lei Federal nº 667, de 02JUL69 – Reorganiza as Polícias Militares e


os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito
Federal, e dá outras providências, alterado pelos Decretos-Lei Federais nº 1.406, de
24JUN75, nº 2.010, de 12JAN83 e nº 2.106, de 06FEV84.

______. Decreto-Lei Federal n° 3.689 de 03OUT41. Código de Processo Penal.

______. Súmula Vinculante 11. STF.


34

______. Resolução n° 08 de 21DEZ2012. Dispõe sobre a abolição de designações


genéricas, como “autos de resistência”, “resistência seguida de morte”, em
registros policiais, boletins de ocorrência, inquéritos policiais e notícias de crime.

CABRAL, P. C. S. O sistema de defesa social aprendendo a gerenciar crises.


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COIMBRA, Pablo Angely Marques. O uso de munições e equipamentos não- letais


pela Companhia de Polícia de Choque do Batalhão de Missões Especiais da Polícia
Militar do Estado do Espírito Santo. 103 f. Monografia (especialização) apresentada ao
Programa de Pós-graduação Latu Sensu em Gestão Integrada em Segurança Pública
pelo Centro Universitário Vila Velha, sob orientação do prof. André Luiz dos Reis Neves,
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DE SOUZA, W. M. Gerenciando Crises em Segurança. São Paulo: Sicurezza, 2000.

DORIA JUNIOR, I.; FAHNING, J. R. da S.. Brasil. Ministério da Justiça. Secretaria


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PIRES, R. W. M. e RODRIGUES, A. J., Análise da Companhia de Operações


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SILVA, D. B. P.; RAMALHO, A. O.; FREIRE, P. H. B. Ocorrências com reféns:


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