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03/01/2023 10:45 Cessão da posse para fins de usucapião judicial ou extrajudicial (Civil) - Artigo jurídico - DireitoNet

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Cessão da posse para fins de


usucapião judicial ou
extrajudicial
A cessão de posse, seja entabulada por escritura pública ou
instrumento particular, representa segurança ao interessado
já que concretiza e comprova a vontade, o negócio e permite
imprimir, ainda que com algum grau de relatividade, a certeza
da cadeia sucessória sobre a ocupação do imóvel.

Por Julio Martins

DIREITO CIVIL | 22/FEV/2020

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A posse como bem jurídico tutelado, tem importância econômica e como tal
pode ser objeto de transação onerosa ou gratuita. Independentemente da sua
formalização a Lei reconhece como possível ao interessado a utilização de
posses anteriores para a soma e, com isso, o alcance do requisito temporal
exigido para fins de usucapião. Em outras palavras significa dizer que,
preenchidos os demais requisitos legais reclamados para a espécie de
Usucapião pretendida, é possível adquirir a propriedade de um imóvel
somando-se posses anteriores à sua.

A cristalina regra do art. 1.207 do Código Reale assim assevera:

"Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu


antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor,
para os efeitos legais".

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03/01/2023 10:45 Cessão da posse para fins de usucapião judicial ou extrajudicial (Civil) - Artigo jurídico - DireitoNet

É preciso destacar, por importante, que a Lei não reclama forma específica
para a realização de um eventual "Contrato de Cessão de Posse" (art. 107 do
CCB).

Por conta dos já evidenciados e conhecidos benefícios da realização de


negócios através de Escritura Pública (prova plena, fé pública, documento
eternizado no acervo de Tabelião de Notas) é possível a realização da referida
transação também no Cartório de Notas, sendo certo que a Escritura Pública
gerada, por si só, não tem acesso ao Registro de Imóveis e nem configura
qualquer confirmação ou estabelecimento de propriedade. Neste sentido a
irretocável disposição do art. 220 da Consolidação Normativa da
Corregedoria Geral da Justiça do Rio de Janeiro - Parte Extrajudicial:

Art. 220. Nas Escrituras Públicas Declaratórias de Posse e de Cessão de


Direitos de Posse, deverá constar, obrigatoriamente, declaração de que a
mesma não tem valor como confirmação ou estabelecimento de propriedade,
servindo, tão-somente, para a instrução de ação possessória própria.

A referida Escritura de Cessão de Posse pode ser lavrada em qualquer


Cartório de Notas e não se confunde com a Ata Notarial para fins de
reconhecimento de posse, item obrigatório que instrui o procedimento da
Usucapião Extrajudicial, nos termos do art. 216-A da Lei de Registros
Públicos.

Por sua vez, concretizada a transação de forma onerosa, atrairá no que


couber, ao negócio a aplicação das regras do contrato de compra e venda;
feita de forma graciosa, atrairá no que couber as regras do contrato de
doação. Importa destacar também que não deve a operação representar fato
gerador para incidência de imposto (ITBI ou ITCMD), sendo de suma
importância a consulta à legislação aplicável no caso concreto. No Estado de
São Paulo o Tribunal Bandeirante já se debruçou sobre a matéria:

TJSP. 0000037-32.2011.8.26.0587. Declaratória de inexigibilidade de tributo


cumulada com repetição de indébito – Sentença de procedência – Apelação
– ITBI – O fato gerador do tributo é a transferência da propriedade do bem
imóvel com o registro do instrumento do registro de imóveis – Não

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incidência sobre a mera lavratura de escritura pública, em tabelionato, da


cessão de direitos possessórios – Recurso de apelação improvido.

Por fim, a cessão de posse, seja ela entabulada por Escritura Pública ou
Instrumento Particular, representa mais uma segurança ao interessado já
que concretiza e comprova a vontade, o negócio e permite imprimir, ainda
que com algum grau de relatividade, a certeza da cadeia sucessória que se
deu sobre a ocupação do imóvel.

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