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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE xxxxxxxxxxx – SP

https://advbox.com.br/recursos/

......................................................, inscrita no CNPJ/MF nº...........................,


estabelecida na Rodovia ............................., Km .............., por seus advogados
infra-assinados, com escritório para receber intimação na Rua Sd. Deniz Pinto de
Mattos, 30 - Jd. Maia - Guarulhos-SP, vem à presença de V.Exa. apresentar AÇÃO
ANULATÓRIA em face do ESTADO DE SÃO PAULO, pelas razões de fato e de direito
a seguir expostos:

DOS FATOS

1. A Autora é pessoa jurídica de direito privado, dedicada à produção e


comercialização de papel higiênico.

2. Em 25 de março de 2000 a Autora foi surpreendida pela imposição de Regime


Especial de recolhimento do ICMS à Fazenda Pública do Estado de São Paulo,
através de ato baixado às fls. 188/193, do processo DRT.... nº .........., em ......
de ....... de 2000, publicado no Diário Oficial do Estado em ....... de ........., na
Seção ......, p........

3. A decisão administrativa, de nítido caráter judiciariforme, produziu


consequências jurídicas concretas e drástica intervenção na condução dos negócios
da Autora, que perdeu por completo a administração do seu fluxo de caixa e o
poder de estabelecer sua programação financeira.

4. Em processos administrativos dessa natureza, a decisão final deveria ser


precedida necessariamente da observância das garantias e princípios
constitucionais inerentes ao due process of law, estabelecendo-se o contraditório e
a ampla defesa da Autora, bem como os meios processuais e recursos a ela
inerentes. Entretanto, nada disto ocorreu durante o curso do processo DRT.....
nº ........., onde aplicou-se a draconiana medida interventiva sem sequer ouvir-se a
Autora, uma vez que houve nítida violação as garantias constitucionais, nulo é o
processo, objeto da presente ação.

5. Diante do exposto, visa a Autora declarar a nulidade do processo administrativo


nº ................ que deu ensejo ao Regime Especial, e as decisões dele decorrentes,
uma vez que houve violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, em
total afronta ao devido processo legal.

DO DIREITO

Da ampla defesa e do contraditório

O princípio da ampla defesa e do contraditório está previsto na Constituição Federal


de 1988, dispõe em seu artigo 5º, LVI:

"LVI - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em


geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes;"
Há de se reconhecer a qualquer um o direito de ser ouvido, o direito de se
manifestar e impugnar, bem como o sagrado direito de apresentar a mais ampla
defesa, tudo de acordo com o devido processo legal, do contrário incidiria o
cerceamento de defesa, que levaria à nulidade processual.

O direito de defesa é um direito subjetivo constitucional. Nenhuma lei pode


suprimi-lo ou ignorá-lo, sob pena de ser inconstitucional.

Neste sentido manifestou o REO 77.859-RJ, DOU, 5/09/1985): "ADMINISTRATIVO


E TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO DE INSCRIÇÃO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. NULIDADE.
MULTA CAMBIAL.

I. A garantia do "due process of law" tem aplicação no procedimento


administrativo. Destarte, quando a Administração tiver que impor uma sanção, uma
multa, ou de fazer um lançamento fiscal, ou de decidir a respeito de determinado
interesse do administrado, deverá fazê-lo num processo regular, com possibilidade
de defesa.

II. A certidão de dívida ativa goza da presunção de certeza e liquidez, desde que
precedida, no seu "iter" formativo, de procedimento administrativo regular, em que
se assegure ao administrado a possibilidade de defesa".
(grifamos)

Uma vez que à Autora foram negados direitos fundamentais em afronta ao


estabelecido pela Carta Magna, não sendo oferecido a mesma o direito ao
contraditório e à ampla defesa, em desobediência ao devido processo legal, deverá
o processo administrativo ser julgado nulo.

Do devido processo legal

Segundo o inciso LIX, da Constituição Federal: "ninguém será privado da liberdade


ou de seus bens sem o devido processo
legal".

Interpretando o artigo acima, conclui-se não se tratar de um processo qualquer,


mas de processo previsto em lei, para todos em geral. Senão, quebrada a
igualdade geral, haveria discriminação e consequentemente a inconstitucionalidade.

Verifica-se que a Autora teve seus direitos constitucionais violados, posto que foi
colocada em posição de injustificável inferioridade, e, sendo assim, o "due process
of law", foi totalmente infringido.

Do regime especial

Ainda que se admita a eventual constitucionalidade e legalidade do Regime


Especial, criado por força do Decreto 33.118, de 14/3/91 e da autêntica delegação
do poder de jurisdição conferido à autoridade administrativa para a intervenção nos
negócios e na administração das empresas, ainda assim não se poderá olvidar a
constitucional garantia do Direito à Ampla Defesa e ao Contraditório, nos processos
administrativos que tenham por escopo a final imposição do Regime Especial.

Não tendo as Rés garantido à Autora seus direitos constitucionais, em processo


administrativo cuja decisão exarada resulta em evidente intervenção em seus
negócios e privação de seus bens e direitos, deparamo-nos com indisfarçável e
insuperável nulidade, que vicia o processo administrativo 1515/98 e fere de morte
o ato exarado pela co-Ré que estabeleceu o Regime Especial em relação à Autora.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a citação da Fazenda do Estado de São Paulo, na forma na


forma do inc. II, do artigo 221 e do artigo 224, ambos com redação dada pela Lei
nº 8.710, de 14.09.93 (Por Oficial de Justiça), com as advertências dos artigos 285
e 319 do Código de Processo Civil, para que tome conhecimento dos termos desta,
acompanhando-a na forma da Lei, até o trânsito em julgado da decisão, que
anulará o processo administrativo nº ..............., objeto deste processo, por afronta
à garantia da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, anulando-se, por
consequência, a imposição do regime especial ali instituído.

Ao final, julgada procedente a ação, requer a condenação do Réu ao pagamento


das custas processuais e honorários advocatícios a serem fixados em 20% (vinte
por cento) sobre o valor da causa. Protesta provar o alegado pelos meios de provas
previstos no art. 136 do CC e no art. 332 do CPC.

Dá à causa o valor de R$ X(X Reais).


Nestes termos,
p. deferimento.

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