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BRIGADA MILITAR

Comandante-Geral da Brigada Militar


Coronel QOEM Vanius Cesar Santarosa

Direitos exclusivos da Brigada Militar

Equipe de Colaboradores
Maj QOEM Robinson Luiz Flores
Maj QOEM Rodrigo Betat Machado
Cap QOEM Luciano da Silveira Johann
Cap QOEM Ricardo Nicoloso

Revisor
Major QOEM Oberdan do Amaral Silva

Formatação
Maj QOEM Robinson Luiz Flores
Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

2. BASE LEGAL .......................................................................................................... 7

2.1. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 Out 1988 .............. 7

2.2. Constituição Estadual do Estado do Rio Grande do Sul, de 03 Out 1989 . 7

2.3. Decreto-Lei n.º 3.689, de 03 Out 1941 (Código de Processo Penal) ......... 7

2.4. Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de Out 1969 (Código de Processo Penal Militar)


................................................................................................................................. 7

2.5. Lei nº 13.869, de 05 Set 2019 (Abuso de Autoridade) ............................... 7

2.6. Lei N.º 5.172, de 25 Out 1966 (Código Tributário Nacional) ...................... 7

2.7. Lei nº 8.653, de 10 Mai de 1993 (Transporte de presos) ........................... 7

2.8. Lei nº 9.503, de 23 Set 1997 (Código de Trânsito Brasileiro) .................... 8

2.9. Lei nº 13.060, de 22 Dez 2014 (Disciplina o uso dos instrumentos de menor
potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, em todo o território
nacional) .................................................................................................................. 8

2.10. Decreto nº 8.858, de 26 de Set 2016 (Emprego de algemas).................. 8

2.11. Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 Dez 2010 (Estabelece diretrizes


sobre o uso da força pelos agentes de segurança pública) ..................................... 8

2.12. Lei Estadual nº 10.991, de 18 Ago 1997 (Estabelece a organização básica


da Brigada Militar) .................................................................................................... 8

2.13. Caderno Técnico da Brigada Militar - Abordagem a Veículos/EMBM/2020.


................................................................................................................................. 8

2.14. Diretriz Geral da Brigada Militar nº 003/BM/EMBM/2001 – Variáveis do


Policiamento Ostensivo. .......................................................................................... 8

3. CONCEITOS BÁSICOS .......................................................................................... 9

3.1. Poder de polícia ......................................................................................... 9

3.2. Abordagem policial..................................................................................... 9

3.3. Fundada suspeita ...................................................................................... 9

3.4. Busca pessoal ........................................................................................... 9

3.5. Busca veicular ........................................................................................... 9


3.6. Identificação ............................................................................................. 10

3.7. Compartimento de abordagem ................................................................ 10

3.8. Operação de barreira policial ................................................................... 10

3.9. Operação preventiva ................................................................................ 10

3.10. Operação repressiva .............................................................................. 10

4. DA AÇÃO DE BARREIRA POLICIAL .................................................................... 11

4.1. Conceito de barreira policial .................................................................... 12

4.2. Princípios norteadores das ações de barreira policial.............................. 12

4.3. Classificação das barreiras policiais ........................................................ 13

4.3.1.Quanto ao objetivo da ação policial: .................................................... 13


4.3.2.Quanto ao tipo da barreira policial: ...................................................... 14
4.4. Constituição de efetivo mínimo e tempo de permanência no terreno para
cada tipo de barreira .............................................................................................. 15

4.5. Critérios para construção do planejamento e fixação do tipo de barreira 16

4.6. Diretrizes referentes à segurança na barreira policial .............................. 17

5. DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS EM AÇÃO DE BARREIRAS ............. 18

5.1. Integrantes da barreira policial ................................................................. 18

5.2. Procedimentos na montagem das barreiras ............................................ 22

5.3. Disposições finais das ações de barreiras ............................................... 27

5.3.1.Procedimentos em situação de evasão de veículos ou pessoas ......... 27


5.3.2.Aplicação operacional da Equipe de Reação ...................................... 27
5.3.3.Considerações acerca do bloqueador antifuga.................................... 28
Caderno Técnico – Barreira Policial 5

1. INTRODUÇÃO

O enfrentamento à violência e à criminalidade, exercido pelas polícias


militares, exige do policial um amplo preparo humanista e um específico preparo
técnico-profissional. Por sua vez, os gestores do sistema da segurança pública em
geral, e das polícias em particular, devem, no manejo das políticas de segurança, fazer
uso das mais modernas ferramentas de gestão, que permitam otimizar recursos e dar
pleno suporte à tarefa de preservação da ordem pública e da garantia das leis.
Nesta linha, a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul orienta seus
integrantes para estarem sempre conectados a tudo que se refere ao serviço de
polícia, acompanhando a modernização das instituições de segurança estatal.
Calcada no art. 144, §5º da Constituição Federal de 1988, a Corporação atua, com
base no poder discricionário de polícia, em ações preventivas, que visam evitar a
prática delituosa e as condutas ofensivas à ordem pública, e em ações repressivas,
quando se depara com esses ilícitos já em andamento e realiza a repressão imediata,
visando o restabelecimento da ordem pública violada.
Via de regra o trabalho operacional inicia-se através de atuações
preventivas de polícia e evolui para ações repressivas. As barreiras policiais, que nada
mais são do que o ato de interpelar pessoas em veículos ou a pé a fim de identificar
e proceder à busca de objetos ilícitos e indivíduos foragidos, se prestam a esses dois
momentos da atividade policial.
Neste trabalho veremos que os elementos conceituais das ações de polícia
com barreiras giram em torno do emprego de efetivo com equipamentos e
armamentos específicos e com a atividade de contenção do fluxo de veículos e/ou
pessoas, a fim de coibir delitos, além da fiscalização afeta ao cumprimento das leis de
trânsito. Também descreveremos os tipos de barreiras e as quantidades
recomendáveis de efetivo para tais atuações, conhecimentos que são de extrema
relevância para a correta compreensão e aplicação da técnica.
Da mesma forma, devem ser respeitados os princípios, os cuidados com a
segurança, os critérios para estabelecimento de locais de instalação, sinalização e
funções de cada policial militar integrante de uma barreira policial. Assim, a exemplo
de outras formas de atuação, as intervenções de polícia militar com o uso de barreiras
são uma importante ferramenta para evitar ou dissuadir a prática dos mais diferentes
tipos de delitos.
Caderno Técnico – Barreira Policial 6

É sempre necessário destacar, no entanto, que os policiais militares


precisam estar conscientes quanto às responsabilidades do uso da força e da arma
de fogo na estrita medida da necessidade, sob pena de cometerem ações à margem
da lei, que não podem se confundir com poder discricionário, este sempre regrado.
Desta maneira, embora possa o agente da lei, nas hipóteses legais, suprimir o ir e vir
do cidadão, é imperativo o respeito à incolumidade física e aos direitos e garantias
fundamentais do cidadão abordado, bem como o zelo pelo seu patrimônio.
Deve-se lembrar também que, independente de convênio firmado, o Código
de Trânsito Brasileiro define que é competência da polícia militar a execução do
policiamento ostensivo de trânsito. Assim, quando em operações com barreiras, fica
claro que também existe o objetivo da prevenção e repressão de atos infracionais de
trânsito relacionados com a segurança pública. Também há a obrigação de garantir a
obediência às normas relativas à segurança, o que reforça a legitimidade para intervir
na circulação viária.
As orientações deste caderno técnico têm como objetivo precípuo dotar o
policial militar dos conhecimentos necessários à aplicação e otimização das ações de
barreiras policiais quando da execução do seu serviço.
Os procedimentos aqui revisados visam servir de escopo institucional e
fonte de consulta à Corporação, sendo a chave do sucesso para formação de uma
cultura Institucional.
No entanto, deve-se ter em mente que por melhor que seja nossa
Corporação, sua administração e seus instrutores, o conhecimento técnico é avalizado
pelas competências agregadas em inteligência, cultura, esforço de aprender,
dedicação e idealismo profissional de seus integrantes; em síntese: “O ser humano é
o elemento essencial da atividade”.
Dessa forma, este caderno revisado, primando pela legalidade,
operacionalidade, funcionalidade, segurança e eficiência, busca a ampla divulgação e
compreensão do que é e como se utiliza a ferramenta “barreira policial” em todas
as suas fases de implementação.
Caderno Técnico – Barreira Policial 7

2. BASE LEGAL

2.1. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 Out 1988

Art. 5º - Dos direitos e garantias individuais e coletivos;


Art. 144, inciso V, § 5.º - Competência das polícias militares.

2.2. Constituição Estadual do Estado do Rio Grande do Sul, de 03 Out 1989

Art. 129 – Competências da Brigada Militar.

2.3. Decreto-Lei n.º 3.689, de 03 Out 1941 (Código de Processo Penal)

Art. 240 ao 249 – Aspectos legais da busca pessoal;


Art. 301 ao 303 – Prisão em flagrante.

2.4. Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de Out 1969 (Código de Processo Penal Militar)

Art. 180 a 182 – Busca pessoal

2.5. Lei nº 13.869, de 05 Set 2019 (Abuso de Autoridade)

Art. 12 – Deixar de comunicar a prisão;


Art. 13 – Constrangimento;
Art. 16 – Deixar de identificar-se ao preso;
Art. 21 – Confinamento de criança ou diferente sexo em mesmo
compartimento;
Art. 23 – Inovar artificiosamente;
Art. 33 – Exigir informação ou obrigação.

2.6. Lei N.º 5.172, de 25 Out 1966 (Código Tributário Nacional)

Art. 78 – Poder de polícia.


Art. 100 – Normas complementares.

2.7. Lei nº 8.653, de 10 Mai de 1993 (Transporte de presos)

Art. 1º - Transporte de presos.


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2.8. Lei nº 9.503, de 23 Set 1997 (Código de Trânsito Brasileiro)

Art. 1º e seguintes – Das normatizações de trânsito;


Anexo I – Dos conceitos e definições.

2.9. Lei nº 13.060, de 22 Dez 2014 (Disciplina o uso dos instrumentos de menor
potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, em todo o território
nacional)

Art. 2º - Uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo.

2.10. Decreto nº 8.858, de 26 de Set 2016 (Emprego de algemas)

Art. 1º - Uso de algemas.

2.11. Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 Dez 2010 (Estabelece diretrizes


sobre o uso da força pelos agentes de segurança pública)

Anexo I – As diretrizes sobre o uso da força e armas de fogo pelos agentes


de segurança pública.

2.12. Lei Estadual nº 10.991, de 18 Ago 1997 (Estabelece a organização básica


da Brigada Militar)

Art. 3º - Competências da Brigada Militar.

2.13. Caderno Técnico da Brigada Militar - Abordagem a Veículos/EMBM/2020.

2.14. Diretriz Geral da Brigada Militar nº 003/BM/EMBM/2001 – Variáveis do


Policiamento Ostensivo.
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3. CONCEITOS BÁSICOS

3.1. Poder de polícia

É a faculdade discricionária de que dispõe a Administração Pública para


condicionar e restringir o uso e gozo de bens ou direitos individuais, em benefício da
coletividade ou do próprio Estado.

3.2. Abordagem policial

É a intervenção policial que objetiva interceptar determinada pessoa, a pé


ou em veículo, a fim de identificá-la e/ou submetê-la à busca pessoal, de cujo ato
poderá, ou não, resultar outras ações decorrentes, como orientação, advertência,
prisão, notificação por infração de trânsito, apreensão de coisas ou outras que a
situação determine.

3.3. Fundada suspeita

É a convicção devidamente fundamentada no somatório de circunstâncias


objetivas e subjetivas que indiquem que determinada(s) pessoa(s) esteja(m) portando
ou na posse de ilícito penal. É o requisito legal para que seja procedida a busca
pessoal, de acordo com o art. 244 do Código de Processo Penal.

3.4. Busca pessoal

O ato desenvolvido por autoridade policial, através de exame corporal ou


de elementos externos sob a posse do revistado, motivada por fundada suspeita de
que este traga consigo elementos que comprovem a realização de crimes, devendo
ser realizada com a observância da finalidade pública, dos direitos individuais e da
razoabilidade em sua feitura, podendo caracterizar abuso ou constrangimento
qualquer excesso a esta interpretação.

3.5. Busca veicular

O ato desenvolvido por autoridade policial relativo à verificação interna e


externa do veículo abordado, por meio de revistas nos compartimentos suscetíveis a
serem utilizados como esconderijo de objetos ilícitos, motivada por fundada suspeita
de que este traga consigo elementos que comprovem a realização de ilícitos penais.
Ainda, após a realização da busca veicular deverá ser procedida a inspeção veicular
visando a confirmação dos sinais identificadores do veículo.
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3.6. Identificação

Compreende os procedimentos necessários para obter os dados que


individualizam determinada pessoa, com base em suas características pessoais
(nome, idade, filiação, naturalidade), aspectos físicos particulares (sexo, cor, altura,
peso aproximado, tatuagens) ou circunstanciais (vestimentas, adereços, tipo de
cabelo, barba, etc.), com base em informações documentais, consultas a bancos de
dados digitalizados ou constatadas diretamente pelo policial.

3.7. Compartimento de abordagem

Espaço delimitado por sinalização, específico para a abordagem veicular e


pessoal dos ocupantes dos veículos. Serão conduzidos para o local os veículos alvo,
objeto do planejamento da operação.

3.8. Operação de barreira policial

São ações especiais de policiamento, devidamente planejadas, que


consistem no emprego de efetivo, equipamentos e armamentos específicos que se
destinam ao bloqueio total ou parcial de determinada via, ponto ou trajeto, visando a
fiscalização de pessoas e/ou veículos, dentro do objetivo que se propõe a ação.

3.9. Operação preventiva

São ações que visam realizar verificações após ocupação prévia de locais
onde há incidência significativa ou possibilidade de ocorrerem infrações ou delitos.

3.10. Operação repressiva

São ações que visam restaurar o quadro de tranquilidade pública, após a


constatação de prática de atos contrários à segurança. A título de exemplo, nesse tipo
de operação se insere a confecção de Plano de Barreira Reativa, conforme descrito
na NOTA DE INSTRUÇÃO Nº 2.1/EMBM/2020, a qual regula a atuação da Brigada
Militar em ocorrências de roubo e furto a estabelecimentos financeiros.
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4. DA AÇÃO DE BARREIRA POLICIAL

A ação de barreira policial se constitui em uma das formas de exteriorização


do poder de polícia do ente estatal, tendo a mesma estrutura de qualquer outro ato
administrativo, devendo respeitar os requisitos essenciais de finalidade, competência,
motivo, forma e objeto.
Assim, toda a ação de barreira tem como pressuposto inicial um
planejamento prévio, cabendo, a quem a determinou, reduzi-la em um documento
onde deverão constar todos os elementos indispensáveis para o seu seguro e
eficiente desencadeamento.
No planejamento deverão ser levados em consideração os seguintes
aspectos: o dia da semana, horário, condições climáticas, local da instalação
(visibilidade e iluminação), a segurança viária, o fluxo veicular, vias de fuga,
quantidade de policiais militares a serem empregados e as condições de segurança
em geral, frente aos objetivos visados. Ainda, é preciso definir com precisão o
segmento alvo da ação (táxi, ônibus, motocicleta, condutores em geral e outros), como
também, a comunicação e apoio de outras autoridades, em especial, hospitais,
agentes de trânsito e prestadores de serviços públicos (serviço de remoção veicular,
ambulâncias, etc.).
Juntamente com os aspectos acima apresentados, poderá o Comandante
da Operação acrescentar no planejamento ações que visem a segurança (efetivo
participante, abordados e população em geral) e a eficiência operacional frente aos
objetivos estabelecidos.
Por fim, do êxito da ação de barreira policial resulta a abordagem policial
(de veículos e pessoas), a qual apresenta as seguintes especificidades:
a) Averiguar: normalmente se processa para esclarecimento de algum
comportamento incomum ou inadequado por parte de um cidadão ou na disposição
de objetos e instalações;
b) Advertir: é todo ato de interpelar o cidadão encontrado em conduta
inconveniente, buscando, na abordagem, a mudança de atitude, a fim de evitar o
cometimento de qualquer ilícito penal (contravenção ou crime);
c) Orientar: é o ato de prevenir a ocorrência de delitos ou de infrações de
qualquer ordem, através do esclarecimento ao cidadão sobre os procedimentos
adequados que deverá seguir;
Caderno Técnico – Barreira Policial 12

d) Prender: é o ato de cerceamento da liberdade individual, seja porque


encontrado nas situações que possibilitem a sua prisão em flagrante delito, seja por
existência de determinação judicial nesse sentido;
e) Assistir: é todo auxílio prestado ao público, eventual e não compulsório,
que embora não constituam um dever legal, repercutem favoravelmente para a
imagem da Instituição;
f) Autuar: é tanto o registro documental das informações pertinentes à ação
policial, para fins estatísticos, quanto os atos formais eventualmente decorrentes da
abordagem, como as lavraturas do BO-COP, BO-TC e AIT.

4.1. Conceito de barreira policial

Barreira policial é o dispositivo estabelecido por policiais militares nas vias


de trânsito terrestres, devidamente equipados com meios físicos que permitam sua
visualização e identificação, tendo por objetivo realizar, através da abordagem estática
de pessoas e veículos, a repressão de condutas ilícitas e a fiscalização de trânsito.

4.2. Princípios norteadores das ações de barreira policial

a) Princípio da Segurança: é o conjunto de atitudes que o responsável


pela barreira deve adotar quando do seu planejamento e execução, as quais visam
proteger o policial militar e terceiros de possíveis riscos. O princípio da segurança será
garantido através de um planejamento qualificado da ação, como também, pela fiel
observância de técnicas de instalação da barreira e de abordagem, por parte dos
executores da ação.

b) Princípio da Flexibilidade: é a característica que deve possuir uma


barreira policial quanto ao grau de complexidade de sua mobilização. Em toda barreira
policial devem ser empregados recursos materiais que possibilitem sua rápida e fácil
instalação e desinstalação, sem descuidar dos aspectos ligados à segurança, bem
como mitigar os riscos pessoais (do policial, pessoas abordadas e de terceiros).

c) Princípio da Temporalidade: diz respeito ao tempo de emprego da


barreira policial no terreno, tendo em vista o desgaste do efetivo e da eficiência da
ação, como também, as condições climáticas e da eficiência da ação.
Caderno Técnico – Barreira Policial 13

d) Princípio da Eficiência Operacional: está relacionado ao pleno


aproveitamento dos recursos disponíveis (efetivo, armamento, material e demais
equipamentos) utilizados nas ações de barreira policial, visando o menor risco e o
máximo desempenho preventivo ou repressivo. Ainda, esse princípio garante a maior
produtividade operacional durante o tempo de permanência no terreno.

e) Princípio da Intransponibilidade: é a característica que deve possuir


uma barreira policial quanto ao grau de eficiência em impor o bloqueio logo após
instalada. Devem ser empregados recursos materiais que impossibilitem e/ou
desencorajem a transposição da barreira, priorizando, sempre que possível, os
cuidados com a segurança dos policiais militares integrantes da ação, mas mantendo
o foco na neutralização do fato delituoso. É importante destacar que esse princípio
não se apresenta de forma absoluta, seja em decorrência de transposição de barreira
policial, fuga do local ou demais situações, devendo ser observado as técnicas
previstas nos respectivos Cadernos Técnico de Abordagem Veicular e de Pessoas
a pé.

4.3. Classificação das barreiras policiais

4.3.1. Quanto ao objetivo da ação policial:

a) Barreiras de bloqueio: aplica-se para ação policial em que seja


necessário o impedimento total de passagem de fluxo de pessoas e/ou veículos com
a abordagem de todos os envolvidos;

b) Barreiras de contenção: aplica-se para a ação policial em que seja


necessário o impedimento apenas parcial da passagem do fluxo de pessoas e/ou
veículos. É inserida em situações onde o risco seja difuso, ou seja, ainda não
identificado ou para potencializar a visualização do policiamento ostensivo;

c) Barreiras de fiscalização: aplica-se para a ação policial de fiscalização


de trânsito, cargas, pessoas e qualquer outro alvo específico, previsto em um
planejamento prévio. Em outras palavras, esse tipo de barreira é desencadeada em
apoio a órgãos de fiscalização da Fazenda Pública, Vigilância Sanitária, Secretarias
Municipais de Comércio, dentre outros.
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4.3.2. Quanto ao tipo da barreira policial:

a) Barreira “DINÂMICA”: é a barreira caracterizada pelo uso de efetivo e


material reduzidos, primando pela rapidez de instalação e desmontagem, podendo ser
desenvolvidas de forma repentina, a partir de decisão tomada durante a execução do
serviço ordinário pelo comando competente.
Esse tipo de barreira, essencialmente, explora a técnica da visibilidade de
polícia ostensiva, sem descurar de um planejamento, como forma de minimizar os
riscos e maximizar a eficiência operacional.
Normalmente, pelo pequeno porte desse tipo de barreira, é recomendável
que seja realizada apenas em perímetros urbanos e em locais com baixo risco de
criminalidade e violência. Ademais, compreende-se por local de baixo risco de
criminalidade e violência aquelas áreas conhecidas por ter poucas ocorrências de
vulto, de modo que não exponha à grandes riscos os policiais militares atuantes na
barreira;

b) Barreira Tipo “A”: é a barreira policial caracterizada pela utilização de


todos os recursos humanos e materiais disponíveis, bem como pelo uso de todas as
regras de segurança necessárias à garantia da integridade do policial para o
atendimento de demandas em ocorrências de baixo e médio risco.
Esse tipo de barreira exige planejamento prévio e específico, sendo
empregada para atender ações policiais de caráter ordinário, instrução específica,
treinamento de pessoal e, até mesmo, na utilização da técnica da visibilidade de
polícia ostensiva. Compreende-se como baixo e médio riscos os locais onde há a
ocorrência de crimes, desde que sem expressão, como no entorno de praças, parques
e demais áreas já conhecidas pelo planejador e pelos executores da ação.

c) Barreira Tipo “B”: é a barreira policial caracterizada pela utilização de


todos os recursos humanos e materiais disponíveis, bem como pelo uso de todas as
regras de segurança necessárias à garantia da integridade do policial para o
atendimento de demandas de maior potencial ofensivo ou utilizadas em locais com
alto risco de criminalidade e violência.
Entende-se por ocorrências de maior potencial ofensivo, não apenas as
classificadas pela doutrina jurídica, mas aquelas que demandem um enfrentamento a
altura dos criminosos. Acerca de locais de alto risco, compreende-se como aquelas
Caderno Técnico – Barreira Policial 15

vias em que comumente transitam veículos roubados ou furtados, bem como as rotas
de transporte de objetos ilícitos.
Assim, esse tipo de barreira policial poderá ter seus recursos humanos e
materiais suplementados por conta do alto risco envolvido, exigindo um cuidadoso
planejamento prévio e específico, levando em conta a segurança do efetivo e a
imediata neutralização da ação delituosa.
Por fim, diante da ação criminosa que irá se enfrentar deve ser considerada
a possibilidade do uso de armamentos e equipamentos de proteção individual de
maior complexidade, como também, em havendo necessidade, a utilização de
equipamentos antifuga, visando à imediata parada ou momentânea obstrução do
curso de veículos e/ou pessoas.

4.4. Constituição de efetivo mínimo e tempo de permanência no terreno para


cada tipo de barreira

a) Barreira “DINÂMICA”: composição mínima de 04 (quatro) e máxima de


05 (cinco) militares estaduais, distribuídos dentro de missões específicas,
devidamente comandados.
Para esse tipo de barreira considera-se o tempo estimado 30 (trinta) a 40
(quarenta) minutos o ideal para ações de policiamento.

b) Barreira Tipo “A”: composição mínima de 06 (seis) e máxima de 08


(oito) militares estaduais, distribuídos dentro de missões específicas, devidamente
comandados.
Para esse tipo de barreira considera-se o tempo estimado de 60 (sessenta)
a 120 (cento e vinte) minutos para execução das ações policiais.

c) Barreira Tipo “B”: composição mínima de 8 (oito) militares estaduais


distribuídos dentro de missões específicas e composição máxima atrelada à
complexidade, duração e histórico da ação criminosa a ser contraposta, devendo ser
devidamente comandada, preferencialmente, por um Oficial.
Para esse tipo de barreira o tempo de permanência no terreno deverá ser
avaliado tendo como base o objetivo da missão (operação), precisando o Comandante
responsável quando será desfeita. Outrossim, a barreira policial poderá permanecer
ininterruptamente, salvaguardado a segurança e as condições de físicas e mentais
dos participantes.
Caderno Técnico – Barreira Policial 16

Tabela - Estruturas de Barreira


TEMPO DE EMPREGO
TIPO EFETIVO OBJETIVO
(ESTIMADO)
Ações policiais de caráter preventivo,
04 a 05 ordinário e técnica da visibilidade de polícia
DINÂMICA 30 a 40 min
ME ostensiva, de baixo risco e no perímetro
urbano.
Ações policiais de caráter ordinário, instrução
06 a 08 específica, treinamento de pessoal e
A 60 a 120 min
ME atendimento de demandas policiais de risco
baixo e médio.
a partir de a critério do comandante Para atendimento de ocorrências de maior
B
08 ME responsável potencial ofensivo e alto risco.

4.5. Critérios para construção do planejamento e fixação do tipo de barreira

A construção do planejamento, bem como a escolha do tipo de barreira a


ser empregada irá depender da complexidade da ação policial e de outros fatores
ambientais, tais como:
a) o conhecimento do terreno (topografia) onde se planeja montar a
operação, de forma que o local escolhido propicie segurança para os policiais e
abordados;
b) a visibilidade a ser proporcionada ao abordado e as condições de
segurança geral da via, especialmente a iluminação;
c) as possibilidades de evasão do abordado através de rotas de fuga
alternativas;
d) a repercussão no fluxo normal de trânsito, de forma a minimizar
eventuais congestionamentos;
e) a escolha de um local que possibilite a construção de uma canalização
de trânsito (regulagem de fluxo de veículos em direção à barreira) segura e que não
gere dúvidas aos condutores, fazendo com que os veículos passem a trafegar em
velocidade reduzida, evitando acidentes, bem como que permita a instalação de
compartimentos recuados de abordagem para a realização das vistorias;
f) os índices de criminalidade do local;
g) o tipo de veículo a ser parado e abordado, conforme o objetivo principal
da operação (táxis, motocicletas, etc.);
h) a necessidade de apoio de outros órgãos públicos ou privados;
Caderno Técnico – Barreira Policial 17

i) as condições climáticas, de forma que se minimize o risco de acidentes e


desconforto;
j) a cientificação dos componentes da barreira (efetivo emprego) de todas
as informações sobre suas funções e missões, inclusive o local exato no terreno onde
deverá se posicionar;
k) atentar quanto a verbalizações inadequadas, bem como eventual estado
emocional alterado do abordado.

4.6. Diretrizes referentes à segurança na barreira policial

Como um dos princípios das ações de barreira, a segurança do pessoal


envolvido deve ser observada desde o planejamento, passando pela execução, até o
encerramento dos trabalhos.
Tais cuidados se apresentam tanto na revista dos veículos, quanto na
busca pessoal de seus ocupantes, caso seja necessário para a consecução dos
objetivos propostos. Ademais, a atuação policial deve ser guiada à luz da legislação
vigente, com a observância da técnica e das prescrições dos Cadernos Técnicos de
Abordagem (pessoas a pé e de veículos).
Por fim, é preciso atenção especial para as regras de segurança que abaixo
seguem:
a) todos os integrantes da barreira devem utilizar colete refletivo e materiais
de sinalização adequados, principalmente no período noturno;
b) manter cuidados em função do tráfego no local da barreira,
especialmente quanto a uma possível reação de possíveis delinquentes ou infratores
de trânsito;
c) observar a supremacia de força nas abordagens, evitando a parada de
veículos e/ou pessoas a serem abordadas em número superior do que a capacidade
de efetivo;
d) condutores de veículos que se evadirem deverão ter seus dados
repassados ao DCCI/Sala de Operações para serem abordados por outras guarnições
ou pela Equipe de Reação;
e) selecionar os veículos que serão abordados, conforme o objetivo da
operação;
f) manter atualizados e anotados os dados de ocorrências de furto/roubo
de veículos, bem como, acompanhar rede-rádio eventuais ocorrências em
andamento;
Caderno Técnico – Barreira Policial 18

g) manter as viaturas utilizadas fora da linha da barreira, evitando


acidentes, bem como possibilitando o imediato deslocamento, no sentido da via;
h) possíveis infrações de trânsito devem ser rigorosamente conferidas
através da confrontação com os sistemas de consultas disponíveis. Caso seja
necessário, poderá ser retido o veículo no local da barreira até a total eliminação de
eventual dúvida;
i) deve haver atenção especial a compartimentos e demais locais do veículo
que possam ser usados para condução objetos ilícitos;
j) sendo localizado qualquer objeto ilícito devem ser adotados os
procedimentos legais cabíveis;
k) diante da iminência de sério risco à integridade dos componentes da
barreira policial, em função de esboço de evasão/fuga do abordado, deve ser liberada
a passagem do veículo, optando pela realização do cerco com apoio das demais
guarnições de policiamento e da equipe de reação;
l) a busca veicular deve seguir as diretrizes do Caderno Técnico de
Abordagem a Veículo/2020;

Por fim, nas operações envolvendo abordagem de ônibus, os policiais


militares devem seguir todas as recomendações previstas no caderno técnico próprio.

5. DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS EM AÇÃO DE BARREIRAS

5.1. Integrantes da barreira policial

Cada policial militar empregado em ação de barreira possui uma função


específica, podendo, em sendo necessário, executar outras atribuições, frente às
demandas apresentadas, conforme segue:

a) Comandante da Barreira: é o militar estadual de maior posto ou


graduação ou, ainda, mais antigo, responsável direto por fazer cumprir o
planejamento, coordenação e controle da operação, como também, pelas orientações
à equipe para que sejam atingidos os resultados propostos e corrigindo as falhas que
porventura possam ter ocorrido. Por vezes, o Comandante é igualmente responsável
pelo planejamento e pelas comunicações via rede-rádio, definindo as funções de cada
Caderno Técnico – Barreira Policial 19

um dos integrantes da barreira, dentre elas, quem será o responsável pela produção
documental;

b) Sinalizador: é o militar estadual encarregado de potencializar a


visibilidade da barreira policial, posicionado no sentido do fluxo que se quer fiscalizar,
encarregado da sinalização visual (lanternas e sinalizadores, EPI e colete refletivo) e
sonora (apito), além de obstáculos físicos redutores de velocidade (placas e cones de
sinalização). Ainda, dependendo do tipo de barreira ou do objetivo da ação, pode ser
empregado mais de um sinalizador, estabelecendo-se outro no sentido contrário ao
do fluxo que se deseja fiscalizar. No caso de abordagens simultâneas em ambos os
sentidos das vias, obrigatoriamente deverão ser previstos 02 (dois) sinalizadores para
a função acima descrita;

c) Selecionador: é o militar estadual encarregado de realizar a escolha dos


veículos destinados a serem abordados na barreira policial, de acordo com a
prioridade ou objetivo específico da ação. Esses veículos terão a velocidade reduzida
pela ação do agente sinalizador, devendo ser observada a quantidade de veículos
compatível com a quantidade de postos de fiscalização para que não ocorram riscos
desnecessários aos operadores e ao público em geral. Por fim, torna-se imperiosa a
constante comunicação entre os selecionadores e o Comandante da barreira;

d) Fiscalizador: é o militar estadual encarregado de executar o objetivo da


ação de barreira, seja ela fiscalização de trânsito, busca pessoal, captura de
foragidos/procurados, busca e identificação veicular, entre outras ações especificadas
no planejamento. A fixação do número de agentes empregados na função de
fiscalizador ficará atrelada à condição de operação do terreno onde se desenvolve a
ação de barreira, do horário, do tempo meteorológico, da segurança dos participantes,
do número de pessoas no veículo abordado, entre outros. O fiscalizador, como os
demais operadores da barreira, deverá estar devidamente identificado, e manter um
trato educado e polido com o público, primando pela urbanidade. Entretanto, não deve
deixar de ter a firmeza e seriedade necessária ao desenvolvimento da atividade
policial. Por fim, o fiscalizador será o responsável pelo preenchimento de toda a
documentação pertinente às constatações em seu posto de fiscalização, bem como o
devido encaminhamento para fins de registro policial, no caso de flagrante delito
(APFD ou BO/TC);
Caderno Técnico – Barreira Policial 20

e) Segurança da Barreira: É o militar estadual ou uma equipe de policiais


militares encarregados da segurança de todo o perímetro externo, bem como dos
fiscalizadores da barreira, devendo para isso utilizar de armamento e equipamentos
de proteção individual compatíveis;

f) Apontador: é o militar estadual designado para registrar, em planilha


específica, todos os dados referentes à identificação, situação e quantidade de
veículos e pessoas fiscalizadas, bem como a consulta da situação penal dos
abordados e de veículos. O apontador deverá posicionar-se do lado externo da
barreira, em contato visual com a equipe de fiscalizadores, portando,
obrigatoriamente, equipamento de comunicação, com acesso aos sistemas
operacionais de consulta;

g) Equipe de Reação: é uma equipe formada por, no mínimo, 2 (dois)


militares estaduais encarregados de prestar apoio imediato de qualquer natureza em
qualquer ponto da barreira, bem como efetuar o acompanhamento de veículo que
venha a empreender fuga. Essa equipe necessariamente deverá estar com meios de
rápida mobilidade (viaturas VPRP ou motocicleta) e com ampla cobertura de
comunicação com o comandante da barreira. Ainda, a equipe deve se posicionar
estrategicamente antes ou depois do ponto da barreira, numa distância aferida que
permita uma pronta reação, seja ela armada ou de contenção de presos, entre outras
ações.
Caderno Técnico – Barreira Policial 21

Ilustrações (Barreiras Policiais)

Figura 1 - Visão geral de uma Barreira Tipo B. Em destaque na posição “A” o policial militar na função
de SINALIZADOR.

Figura 2 - Funções dos componentes de uma Barreira Tipo B. Na posição “B” o policial militar na
função de SELECIONADOR; na posição “C” o policial militar na função de FISCALIZADOR; na
posição “D” o policial militar na função de APONTADOR; na posição “E” o policial militar na função de
COMANDANTE DA BARREIRA; na posição “F” o policial militar na função de SEGURANÇA DA
BARREIRA; e na posição “G” os policiais militares compondo a EQUIPE DE REAÇÃO.
Caderno Técnico – Barreira Policial 22

Figura 3 - Visão geral de uma Barreira Tipo A. Na posição “A” o policial militar na função de
SINALIZADOR e SELECIONADOR; na posição “B” o policial militar na função de FISCALIZADOR e
APONTADOR; na posição “C” o policial militar na função de COMANDANTE DA BARREIRA; na
posição “D” o policial militar na função de SEGURANÇA DA BARREIRA; e na posição “E” os policiais
militares compondo a EQUIPE DE REAÇÃO.

Figura 4 - Visão geral de uma Barreira DINÂMICA. Na posição “A” o policial militar na função de
SINALIZADOR e SELECIONADOR; na posição “B” o policial militar na função de FISCALIZADOR e
APONTADOR; na posição “C” o policial militar na função de COMANDANTE DA BARREIRA; e na
posição “D” o policial militar na função de SEGURANÇA DA BARREIRA.

5.2. Procedimentos na montagem das barreiras

A constituição de uma barreira policial é fracionada em 04 (quatro) partes,


sendo: entrada, corredor de passagem, compartimento de abordagem e saída.
Caderno Técnico – Barreira Policial 23

Entrada: é o local onde contém a sinalização indicativa aos condutores


para adentrarem no espaço da barreira, sendo o policial SELECIONADOR o
responsável por essa indicação;

Figura 5 - Visão geral da entrada na barreira policial

Corredor de passagem: é o local onde transitam os veículos selecionados


para ingressar na barreira policial com destino ao compartimento de abordagem.
Nesse local, os integrantes da barreira policial deverão estar atentos às regras de
segurança, haja vista os veículos estarem em deslocamento;

Figura 6 - Em destaque na marcação o corredor de passagem na barreira policial.


Caderno Técnico – Barreira Policial 24

Compartimento de abordagem: é o local destinado na barreira policial


onde é realizada a abordagem. No compartimento de abordagem, todos os veículos
selecionados são inspecionados, sendo devidamente delimitados por sinalização de
trânsito para que o agente FISCALIZADOR possa realizar suas ações com a
segurança devida;

Figura 7 - Em destaque na marcação o compartimento de abordagem da barreira policial para


fiscalização de 01 (um) veículo, no exemplo em tela.

Saída: é o local destinado à dispersão dos veículos, após realizados os


atos de abordagem com retorno à via pública. A critério do COMANDANTE DA
BARREIRA poderá ser posicionada a EQUIPE DE REAÇÃO, tendo em vista a visão
geral da barreira e ação imediata para possível acompanhamento de veículos em
fuga.

Figura 8 - Visão geral da saída na barreira policial.


Caderno Técnico – Barreira Policial 25

OBSERVAÇÕES GERAIS:
a) a necessidade de reconhecimento prévio do local da instalação da
barreira, visando o melhor aproveitamento na ação;
b) o local determinado para a montagem de uma barreira policial deverá
proporcionar o fluxo regular do trânsito, sem descurar da integridade física dos
agentes de segurança e dos demais usuários da via;
c) a barreira deve ser sinalizada de forma que permita o cumprimento e o
atendimento de sua finalidade, seja no período noturno ou diurno, devendo ser
priorizados locais com boa luminosidade;
d) a distribuição e recolhimento de materiais de sinalização e demais
equipamentos deve ficar a cargo de policiais militares previamente designados;
e) é importante a existência de viatura de reação com local previamente
determinado, para casos de evasão ou evitação da barreira;
f) os veículos com indicativo de infração administrativa ou crime, dentro do
possível, deverão ser separados dos demais, em local previamente destinado para
registro, tendo em vista a complexidade dos atos e adoção das providências
porventura cabíveis.

Por fim, deve ser considerado que as barreiras policiais do tipo


“DINÂMICA”, “A” e “B” são aplicáveis às vias públicas urbanas e rurais
(estradas) que possuam pistas onde trafegam veículos, pessoas e animais.
Outrossim, quanto as vias rurais (rodovias), deve ser seguida a doutrina
própria em Caderno Técnico de Policiamento Rodoviário.

OBSERVAÇÕES ESPECIAIS:
a) em qualquer trecho da barreira deverá ser orientado o condutor em
relação à velocidade dos veículos, face aos cuidados com a sua segurança, dos
componentes da barreira e das demais pessoas envolvidas;
b) no planejamento das ações de barreiras deverão ser contemplados
aspectos ligados à comunicação entre os integrantes (seja por via rádio, verbal ou
gestos) sempre levando em conta a integração com DCCI/Sala de Operações da
OPM;
c) o policial militar que exerce a função de SINALIZADOR é responsável
por indicar a existência da barreira policial aos motoristas que se aproximam, como
também, indicar o caminho da entrada e do corredor de passagem da barreira. Como
Caderno Técnico – Barreira Policial 26

regra geral, o SINALIZADOR não realiza a seleção dos veículos; porém, nas barreiras
policiais do Tipo “A” e DINÂMICA, tais funções são exercidas cumulativamente;
d) o policial militar que exerce a função de SELECIONADOR é o
responsável pelo direcionamento dos veículos aos compartimentos de abordagem.
Contudo, o veículo selecionado deverá ter relação com o foco da ação, ou seja, de
acordo com a finalidade planejada para a barreira (veículos particulares, motocicletas,
veículos de aluguel, entre outros). Ainda, orienta-se que a função de SELECIONADOR
deverá ser desempenhada pelo policial militar mais experiente da operação, além de
especial atenção quanto à sua segurança e dos demais integrantes;
e) o SELECIONADOR é o integrante da barreira policial que fica mais
exposto aos riscos do trânsito, tanto interno quanto externo à barreira, devendo,
obrigatoriamente, fazer uso do apito e do bastão de sinalização, além de ter
movimentos enérgicos e objetivos, utilizando braços e mãos para se fazer entender
pelos condutores. Por fim, deverá sempre levar em consideração a quantidade de
compartimentos de abordagem existentes para não acumular veículos na fila de
espera;
f) o policial militar que exerce a função de FISCALIZADOR deverá interagir
com os condutores selecionados que adentram em seu compartimento de abordagem,
devendo primar pela boa técnica policial de abordagem de veículos, busca pessoal e
veicular;
g) o FISCALIZADOR será apoiado diretamente pelo policial militar
APONTADOR e pelo próprio COMANDANTE DA BARREIRA, sempre que necessário,
em especial, para fins de verificação de documentos junto aos sistemas disponíveis;
h) o policial militar que exerce a função de SEGURANÇA DA BARREIRA
tem a missão de garantir a segurança da operação como um todo. Poderá fazer uso
da arma de fogo dentro da necessidade, limitando-se ao exercício da legítima defesa
própria ou dos demais integrantes da operação, dentro dos ditames legais;
i) o policial militar que exerce a função de APONTADOR deverá estar
próximo do FISCALIZADOR de forma a facilitar o fluxo dos dados (anotação) e a
adoção imediata das providências cabíveis;
j) o COMANDANTE DA BARREIRA deverá ser informado de todas as
intercorrências durante a execução da barreira policial, com vistas a aplicação da
EQUIPE DE REAÇÃO, a qual se dará somente mediante ordem.
Caderno Técnico – Barreira Policial 27

5.3. Disposições finais das ações de barreiras

5.3.1. Procedimentos em situação de evasão de veículos ou pessoas

Em ocorrendo manobra de possível abordado, antes da barreira, ou caso


haja a transposição indevida, deverão ser seguidas as regras do Caderno Técnico
Abordagem a Veículos, referente ao tema Procedimento em Caso de
Acompanhamentos e Cercos. Ao passo, em se tratando da evasão de pessoas,
deverão ser seguidas as regras do Caderno Técnico Abordagem Policial de
Pessoas a Pé.

5.3.2. Aplicação operacional da Equipe de Reação


A guarnição que compõe a viatura da EQUIPE DE REAÇÃO tem por
finalidade reprimir as tentativas de fuga/evasão dos veículos que porventura sejam
selecionados ou procedam manobras antes de ingressar na área destinada à barreira
policial.
O emprego da equipe de reação ocorre nas barreiras Tipo “A” e “B”, tendo
em vista o atendimento de demandas de médio e maior potencial ofensivo ou
utilizadas em locais com alto risco de criminalidade e violência.
Por fim, quanto à aplicação operacional deverão ser seguidas as regras do
Caderno Técnico Abordagem a Veículos, referente ao tema Procedimento em
Caso de Acompanhamentos e Cercos.

Figura 9 - EQUIPE DE REAÇÃO formada, no mínimo, por 02 policiais militares.


Caderno Técnico – Barreira Policial 28

5.3.3. Considerações acerca do bloqueador antifuga

O bloqueador antifuga consiste numa série de hastes pontiagudas e ocas


dispostas sobre um mecanismo sanfonado que, quando acionado, transpassa toda a
largura da rodovia.
O sistema permite o esvaziamento de pneus em até 20 segundos, sem
risco de acidentes, independentemente da velocidade do veículo, sendo que os tubos
de aço inox deverão ter penetração em ângulos de 90º, de forma a não se quebrarem
nem ser avariada a garra plástica da base, quando em operação. Ao agir no veículo
em fuga, o bloqueador solta as pontas, que se prendem aos pneus, esvaziando-os
imediatamente, forçando a parada do veículo em questão de metros, sem, todavia,
ocasionar um acidente.
Trata-se de mais uma ferramenta disponível para a polícia ostensiva utilizar
no bloqueio de vias em operações de barreira, sendo eficaz para interrupção de fuga
de veículo ou que o condutor ameace evadir-se.
Deve ser utilizado tecnicamente para que não ofereça demasiado risco às
pessoas, sem provocar acidentes ou danos não previstos.
O dispositivo encontra-se disponível no mercado para aquisição das
polícias, existindo exemplares na Corporação.

Figura 10 - Maleta Figura 11 - Mecanismo Figura 12 - Mecanismo em


funcionamento

VANIUS CESAR SANTAROSA - Cel QOEM


Comandante Geral da Brigada Militar
(Publicada no BG nº 089, de 12 de maio de 2021)
Caderno Técnico – Barreira Policial 29

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério das Cidades – Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN).


Disponível em: < http://www.denatran.gov.br/frota2015.htm> Acesso em 29 Jul 15.

BRIGADA MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - Nota de Instrução nº


2.1/EMBM/2020. Disponível em: Acesso em 13 nov 20.

______________ Caderno Técnico, Abordagem a Veículos. Porto Alegre, 1ª Ed. 2015.

______________ Caderno Técnico, Abordagem Policial de Pessoas a Pé. Porto


Alegre, 1ª Ed. 2015.

______________ Caderno Técnico, Policiamento Motorizado. Porto Alegre, 1ª Ed.


2016.

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS – Caderno Doutrinário 3 – Blitz


Policial, Belo Horizonte, 2014.

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em:


http://www.pm.sp.gov.br/Portal/pmsp.php. Disponível em: Acesso em: 15 jul 15.

SILVA, Oberdan do Amaral. Curso Avançado de Administração Policial Militar. Porto


Alegre/RS. Monografia: Preservação da Ordem Pública: Uso do bloqueador antifuga
pela Brigada Militar no uso diferenciado da força, 2013.

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