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Grande parte das pessoas interessadas em cinema têm dificuldade em se expressar ao serem
questionadas do porquê gostaram ou não de algum filme. Quando nos impactamos por uma
obra audiovisual, o impacto se dá mais do que apenas pela história apresentada pelo diretor -
ele se dá pela articulação feita através dos elementos próprios do cinema.
O filme Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola, mostra uma mulher e um homem
que se conhecem durante uma viagem. A moça está em crise, talvez apaixonada pelo homem.
A premissa simples do filme torna-se mais interessante pelas escolhas audiovisuais da
diretora.
A cineasta busca uma abordagem mais documental, com câmera na mão em alguns
momentos que os personagens exploram a cidade. Coppola concilia esse realismo com um
olhar lírico na forma em que representa a intimidade de seus protagonistas.
Para atingir a profundidade das sensações da protagonista, não bastaria apenas ilustrar o
roteiro, mas sim articular isso por meio de escolhas específicas.
O teórico francês Marcel Martin diz que “ficamos mais comovidos com a representação que o
filme nos oferece dos acontecimentos do que pelos próprios acontecimentos.” Ou seja, mais do
que admirarmos um acontecimento por si só, o que nos comove é como o cineasta o mostra.
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OS ELEMENTOS DA LINGUAGEM
Fazem parte da linguagem elementos como fotografia, montagem, trilha sonora, direção de
arte, atuação, entre outros. Entretanto, um filme não pode ser bom apenas porque é
tecnicamente competente. Um diretor deve saber usar esses elementos a fim de concretizar o
seu olhar específico sobre a premissa da obra.
A linguagem cinematográfica não se refere somente aos elementos técnicos, mas sobretudo à
forma como o cineasta lidará com eles.
A função de um diretor não é somente contar uma história, mas articular uma ideia de direção
a partir do uso dos elementos técnicos da linguagem cinematográfica.
Quando começamos a estudar cinema, é comum o interesse por filmes de diretores que
trabalham mais explicitamente determinados elementos audiovisuais, como Quentin
Tarantino. Tarantino é conhecido por fazer belas composições nos seus enquadramentos,
utilizar a trilha sonora de forma expressiva e as cores de maneira sugestiva.
Por outro lado, Yasujiro Ozu se expressa através da sutileza. O diretor japonês costuma fazer
planos e enquadramentos valorizando pequenos gestos dos personagens, que tornam-se muito
expressivos no contexto geral. Assim, quem tem um conhecimento maior sobre decupagem,
possivelmente terá uma experiência mais enriquecedora ao assistir um filme de Ozu.
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Os exemplos apresentados (Tarantino e Ozu) mostram que tanto filmes visualmente ricos
quanto produções mais minimalistas podem ser excelentes - afinal, são apenas escolhas
estéticas particulares de cada diretor dentro de uma vastidão de possibilidades.
Mesmo quem quer trabalhar com outros aspectos de uma produção de cinema (por exemplo,
montagem ou direção de fotografia) deve estudar a linguagem, principalmente para saber
como essa área específica interfere na linguagem como um todo.
Vemos nada mais do que um relato do que acontece no filme com algum comentário
superficial sobre algum elemento técnico (ou às vezes nem isso), mas sem articular uma ideia
mais profunda sobre o que aquilo pode representar.
Sendo assim, aquele que estuda seriamente a linguagem tem experiências estéticas mais
ricas com o cinema e com o mundo de modo geral, tem a possibilidade de articular isso em um
senso crítico.
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CONCLUSÃO: O QUE É A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA?
A linguagem cinematográfica não se refere somente aos elementos técnicos, mas sobretudo à
forma como o cineasta lidará com eles.
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