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Como visto na aula anterior, a linguagem cinematográfica envolve o modo como um diretor
escolhe representar um acontecimento, causando-nos sensações através dos elementos que
constituem a obra. Nessa aula iremos comentar sobre alguns desses elementos.
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O ângulo de câmera é autoexplicativo - representa o ângulo que a câmera está em relação ao
objeto filmado. O ângulo do plano analisado é quase um plongée absoluto ou ângulo zenital,
visto que a câmera está de cima para baixo a quase 90°.
Em seguida, a cena corta para um plano de Bill Murray falando. O plano agora não é mais
conjunto, pois nele só aparece um personagem, e a câmera está um pouco mais próxima do
ator (do peito para cima), em um close-up médio. Depois, existe outro corte para o rosto de
Scarlett Johansson, em um plano com características muito similares ao anterior, e a cena
intercala entre os dois enquanto conversam.
A decupagem faz parte da fotografia. O diretor de fotografia irá auxiliar o diretor nesse
processo, trabalhando para concretizar tal visão. Após finalizadas as filmagens, o montador
organiza os planos através de indicações do diretor.
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A DIREÇÃO DE ARTE
Enquanto a fotografia engloba o modo como se vê uma cena, a direção de arte compõe o que
iremos ver (construção de cenários, figurinos, maquiagem). Com o auxílio de uma equipe de
arte contendo profissionais como cenografistas, figurinistas, maquiadores, entre outros, o
diretor de arte forma uma ideia visual a partir do conceito do filme, traduzindo as ideias do
cineasta em escolhas práticas.
No filme As Duas Faces da Felicidade (1965), Agnès Varda propõe algo inventivo relacionado
às cores em cena. Há uma relação entre o que os personagens vestem e o cenário em que
estão. As figuras femininas definem como será o jogo de cores de cada sequência. A direção
de arte ignora convenções e desconstrói o uso padrão das cores no cinema.
O SOM
Outro elemento da linguagem, às vezes pouco valorizado, é o som. O som em um filme diz
respeito a tudo o que escutamos, sejam ruídos, música, efeitos sonoros ou os próprios
diálogos.
Do mesmo modo que a montagem é feita a partir da organização dos planos, a edição de som
estrutura os sons que serão ouvidos. Dentro do set, técnicos captam os sons do ambiente.
Alternativamente, o filme pode usar trechos de bancos de sons. Já a mixagem de som define o
volume em que esses sons serão ouvidos e através de quais canais eles irão sair.
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A ATUAÇÃO
A atuação também é considerada um elemento da linguagem cinematográfica. O ator pode
contribuir criativamente para o tom da atuação, mas isso deve estar em equilíbrio com a ideia
do diretor.
O modo como os atores nos filmes de Robert Bresson, por exemplo, atuam é bem artificial,
quase robótico. Bresson era um diretor que propunha uma relação mais austera com a
linguagem. Ele não gostava de trabalhar com atores profissionais por querer tirar o foco
dramático e destacar o minimalismo.
Já Brian de Palma vai para um caminho oposto em seus filmes. Neles, a atuação é
exagerada, combinando com o próprio estilo dos filmes.
Muitas pessoas têm a ideia de que uma atuação boa é uma atuação natural, mas uma atuação
boa é aquela que corresponde à unidade estilística proposta pelo diretor. Se a ideia do diretor
for a de um filme mais realista, então uma atuação realista fará sentido. Ao contrário, fugiria
do proposto.
AS POSSIBILIDADES DA LINGUAGEM
Dentro de cada elemento comentado (fotografia, montagem, som, entre outros), existe uma
imensidão de possibilidades técnicas. O estilo de um diretor será definido pelo modo em que
ele equilibra essas escolhas.
Além das questões da linguagem, o estudo do cinema envolve aspectos históricos e teóricos.
Porém, antes de começar a ler grandes teóricos, é interessante conhecer as definições básicas
desses elementos.
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