Conceitos teóricos

Planos e Decupagem
O plano
Muito já foi escrito sugerindo que a arte do cinema é a montagem, e inúmeros
realizadores de Eisenstein a Welles e Peckinpah tentaram provar isso. No
entanto, muito também foi escrito sugerindo que a arte do cinema está em
evitar a montagem, e realizadores como Renoir, Ophüls e Kubrick tentaram
prová-lo. Ninguém tratou de reconciliar essas teorias opostas. Esse fascinante
e contínuo debate levou a um excelente escopo teórico, mas não a uma solução
definitiva. Ambas as facções, no entanto, trabalharam com a mesma unidade
fundamental: o plano. Não importa o quão útil a posição teórica possa ser, o
desafio prático do diretor e do montador é trabalhar com uma certa quantidade
de planos para criar a continuidade, evitar uma desnecessária atenção para o
próprio trabalho. Se chama a atenção, o realizador e o montador falharam ao
apresentar a narrativa da maneira mais eficiente possível. (DANCYNGER, 2003,
p.367)
Continuidade e ritmo

O processo de montagem pode ser dividido em dois estágios:

(1) o estágio de juntar os planos em um primeiro corte e

(2) o estágio no qual o montador e o diretor afinam o tom e o

ritmo do primeiro corte, transformando-o no corte final.

No último estágio, é dada uma grande ênfase ao ritmo e à

pontuação. O objetivo é montar o filme e não apenas a
continuidade, mas também o resultado dramático.
Plano individual

O problema da montagem começa com o plano individual. É uma

imagem parada ou uma imagem em movimento? Está em foco o
primeiro plano ou o fundo de quadro? Quão próximo está o
personagem do quadro? O personagem está posicionado no centro
ou dirige-se para um lado? E como está a luz, a cor e a
organização dos objetos e das pessoas em relação ao
personagem principal? Uma grande variedade de fatores afeta a
continuidade resultante da justaposição de dois planos. O
segundo plano deve ter alguma relação com o primeiro plano
para garantir a ilusão de continuidade
Para pensar: as escolhas
A premissa da não necessidade de mostrar tudo leva logicamente à questão do
que é necessário mostrar. Que elementos da cena, em uma série de planos,
fornecerão os detalhes necessários para levar o público em direção ao que é
mais importante e afastando-se do menos importante? É aqui que surge a escolha
do tipo de plano - o plano geral versus o plano médio, o plano médio versus o
close-up. É aqui também que surge a decisão sobre o lugar da câmera-objetiva
ou subjetiva. O problema para o montador é escolher o plano que melhor sirva
ao propósito dramático do filme. Outro problema se segue: escolhido o plano,
como o montador corta de um plano para o seguinte a fim de gerar continuidade?
Sem continuidade (por exemplo, se o montador corta de um close-up para outro
não relacionado), os espectadores se confundem. A montagem nunca deve
confundir os espectadores; ela deve sempre mantê-los informados e envolvidos
na história.
Tipos de planos
Podemos utilizar os seguintes termos e abreviaturas para os
planos:

● Plano Geral (very long shot) P/G

● Plano Médio (long shot) P/M
● Plano Americano (mid shot) P/A
● Primeiro Plano (close-up) P/P
● Primeiríssimo Plano (big close-up) Pº/P
● Plano Detalhe (extra-big close-up) P/D
● Plano Inicial (Stock Shot)
● Plano Seqüência
Plano geral
Plano Médio
Plano Americano
Primeiro Plano (Plano próximo)
Primeiro Plano (Plano próximo)
Primeiríssimo Plano (Close-up)
Plano Detalhe
Ângulo da Câmera

● ÂNGULO NORMAL
● PLONGÉE
● CONTRA-PLONGÉE
Enquadramento da figura humana
Posicionamento de câmera

Plongée = câmera alta Contra-Plongée = câmera baixa

Enquadramento da figura humana
Posicionamento de câmera

Plongee – Câmera alta

Enquadramento da figura humana
Posicionamento de câmera

Contra-Plongée – Câmera baixa

Decupagem

A intuição de um filme, fotogenia embriônica, já pulsa na

operação conhecida como decupagem. Segmentação. Criação.
Dividir uma coisa para transformá-la em algo diferente. O
que não existia antes, agora existe.”
Luis Buñuel

Fonte: https://www.aicinema.com.br/o-que-e-uma-
decupagem/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20uma%20decupagem%3F&text=A%20palavra%20decupagem%20vem%20do,parte%20do%20planejamento%20da%20filmagem.
Decupagem

A palavra decupagem vem do francês découpage (do

verbo découper, que significa recortar). Na linguagem
audiovisual, diz respeito ao processo de dividir as cenas de um
roteiro em planos, como parte do planejamento da filmagem.
Basicamente, o diretor precisa “traduzir” o que está escrito no
roteiro em imagens, descrevendo em planos como as cenas serão
gravadas.

Fonte: https://www.aicinema.com.br/o-que-e-uma-
decupagem/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20uma%20decupagem%3F&text=A%20palavra%20decupagem%20vem%20do,parte%20do%20planejamento%20da%20filmagem.
Decupagem

A decupagem, planejada na pré-produção e concretizada na

filmagem, somente é concluída na sala de edição, quando os
planos imaginados pelo diretor são montados. Vale destacar que,
no Brasil, esse termo foi usado durante muito tempo, na
televisão, como um processo somente relativo à pós-produção: a
chamada decupagem de fitas ou minutagem, na qual eram anotadas
características de trechos gravados e o minuto específico, para
posterior utilização.

Fonte: https://www.aicinema.com.br/o-que-e-uma-
decupagem/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20uma%20decupagem%3F&text=A%20palavra%20decupagem%20vem%20do,parte%20do%20planejamento%20da%20filmagem.
Decupagem: passo a passo

• Leia o roteiro como se fosse a primeira vez, tentando imaginá-lo apenas como imagens;
• Faça anotações e use canetas marca-texto coloridas para destacar elementos
importantes durante a leitura;
• Observe cenas potencialmente problemáticas, buscando resolvê-las visualmente;
• Numere as cenas do roteiro, se elas já não estiverem numeradas;
• Descreva detalhadamente cada plano, como você o imagina na tela – isso inclui
posicionamento e movimentação da câmera;
• Se necessário, utilize desenhos ou fotografias como uma espécie de storyboard, para
facilitar a visualização dos planos;
• Converse com outros profissionais da equipe do filme, como o diretor de fotografia ou o
editor, para compartilhar ideias e ver o que pode ser melhorado.

Fonte: https://www.aicinema.com.br/o-que-e-uma-
decupagem/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20uma%20decupagem%3F&text=A%20palavra%20decupagem%20vem%20do,parte%20do%20planejamento%20da%20filmagem.
Decupagem
Stanley Kubrick
Perfeccionista e obcecado por controle, o diretor era extremamente detalhista na
decupagem e tinha uma série de cadernos com pesquisas e anotações diversas sobre seus
filmes.
David Fincher
Outro diretor perfeccionista, com uma técnica de decupagem muito precisa. Nos filmes
desse cineasta, o roteiro decupado está sempre a serviço da narrativa.
Quentin Tarantino
O diretor e roteirista se destaca por “decupar no roteiro”, ou seja, muitos de seus
roteiros já contam com direções e instruções técnicas, permitindo visualizar como ele
pretende filmar.
Alfred Hitchcock
O diretor tinha um estilo muito marcante e clássico de decupagem, utilizando certos
tipos de posicionamento de câmera e de enquadramento, de acordo com o teor de cada
cena.

Fonte: https://www.aicinema.com.br/o-que-e-uma-
decupagem/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20uma%20decupagem%3F&text=A%20palavra%20decupagem%20vem%20do,parte%20do%20planejamento%20da%20filmagem.
Minuta de decupagem
A Minuta de decupagem ajuda você a construir a concepção de imagem de
seu projeto audiovisual. É possível alterá-la nas diárias de captação,
devido a interferências diversas, mas ela é um importante instrumento
para pensar em imagens, ou a forma da construção audiovisual.
Ela tem uma importância na construção da montagem e na concepção da
edição.
A Minuta de decupagem costuma ficar com o diretor durante as gravações.
Ela é dividida em:

• Cabeçalho (que reproduz o modelo do roteiro, com o numero da cena, o

espaço e o tempo); • Número da tomada (TOM); • Sigla do plano e
movimento; • Uma breve descrição do objeto que será enquadrado.
Exemplo
Minuta de Decupagem

CENA 1. EXT/INT. XXX – DIA/NOITE

TOM 1 – PLANO GERAL (PG) PAN Vertical. MOVIMENTO DE CÂMERA

Descrição da cena

TOM 2 – PLANO FECHADO (PF) Descrição da cena.

TOM 3 – PLONGÊ Descrição da cena.

CENA 2. EXT/INT. LOCAL - DIA/NOITE

TOM 1 – PLANO MÉDIO (PM) Descrição da cena. CAMERA NA MÃO

Descrição da cena.

TOM 2 – PLANO CONJUNTO (PC) Descrição da cena.

TOM 3 – CLOSE em PLANO MÉDIO.

Exemplo (Roteiro técnico de decupagem)
ROTEIRO TÉCNICO/EDIÇÃO

SEQ/CENA DURAÇÃO IMAGEM SOM

01 Minutagem Descrição/Decupagem Descrição/Ambientação

https://www.youtube.com/watch?v=WLK8LNX2y1E&t=
109s

https://www.youtube.com/watch?v=1nA6VXTcwvk