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A PEÇA TERMINADA.

Se o autor pertence a um grupo de teatro, cuidará para a peça passar


pelo seu primeiro teste, organizando uma leitura branca com o elenco. Esta
primeira leitura ajuda os autores a observar cenas que não estão funcionando e
diálogos que não estão soando teatralmente. Atenção nos debates pós-leitura. Não
prestar atenção aos que gostam de um holofote. Ficar surdo aos dramaturgos
instantâneos que vão dizer como fariam se tivessem escrito. Levar a sério os
comentários daqueles que tentaram compreender a peça e fazem observações
que ajudarão a superar os problemas.
Mas se o autor não está ligado a nenhum grupo teatral ou companhia, deve
ter o cuidado de apresentar o seu texto num manuscrito limpo e legível. A peça
deve estar impressa em papel A4, com o título grafado no meio da página, tendo
logo abaixo, em corpo menor, o nome do autor. Na página seguinte, deve constar o
endereço e telefones do autor. No caso do autor ter um agente literário, é o
endereço do agente que deve constar.
Quando a peça estiver pronta, o autor deve registrar a mesma no Escritório
de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional.

OUTRAS DICAS

Peças de teatro só recebem dedicatórias quando editadas em livro.


Dedicar uma página para fazer a lista das personagens, com informações
breves sobre idade, parentesco, etc.
Logo abaixo da lista de personagens, descrever de forma simples e objetiva o
cenário. Anton Chekov dizia que se você indicar que há uma arma no cenário, ela
vai ter de ser usada antes do final da peça.
Informar o tempo – tarde - noite – dias atuais – idade média.
Escrever as rubricas com a mesma economia e objetividade usada para
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descrever o cenário.
Numerar os atos, as cenas e as páginas do texto.

CINEMA E TELEVISÃO

Os roteiros cinematográficos e para televisão obedecem à mesma estrutura


da dramaturgia teatral. A televisão brasileira, por permitir a improvisação e por
utilizar muitas câmeras em diversas posições e ângulos, deixa o roteirista mais livre
para desenvolver o entrecho e os diálogos. Praticamente não há indicações técnicas
no roteiro para televisão. Uma novela de televisão não necessita do roteiro concluído
para calcular seu orçamento, basta uma sinopse mais detalhada, com as locações
definidas, chamadas núcleos, para dar início à produção.

O cinema tem sua linguagem específica e o roteiro cinematográfico é escrito


dentro de um padrão determinado. O bom roteirista necessita dominar não apenas a
arte de narrar, mas deve conhecer profundamente a linguagem e a gramática
cinematográficas.

Um roteiro cinematográfico passa por algumas fases em sua construção. Fase


do argumento.
O argumento é o entrecho a ser desenvolvido em roteiro. Ali já estão
esboçadas as personagens, os protagonistas e antagonistas, os conflitos, as crises e
suas superações.

Primeiro tratamento.

O primeiro tratamento é um roteiro sem especificações técnicas. Ali já estão


detalhadas as locações, o tempo e as cenas que compõem as seqüências, bem
como os diálogos e indicações de música e ruídos. Os roteiros são vendidos no
primeiro tratamento, pois dali os produtores podem calcular o tempo de produção e o
orçamento do filme. Certos diretores trabalham apenas com o primeiro tratamento,
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fazendo mudanças nas vésperas das filmagens.

Roteiro de continuidade.

Em Hollywood era editado um roteiro com os diálogos, seqüências e cenas


para uso da continuidade, ou seja, para evitar erros em tomadas filmadas em datas
distintas.

Tratamento Técnico (Decupagem).

O tratamento técnico evita a improvisação na hora de filmar. É um texto que


numera as seqüências e as cenas, detalha os movimentos da câmara, os ângulos e
os planos. Diálogos, ruídos e músicas também aparecem com nitidez e precisão de
duração e intensidade.

Seqüências.

São as unidades maiores de um roteiro cinematográfico. Cenas.


São as unidades menores de um roteiro cinematográfico. As cenas formam as
seqüências. Movimentos de Câmara.
A câmara pode se movimentar para registrar a cena. Quando ela gira em
seu eixo, para esquerda ou para a direita, está realizando uma panorâmica, ou
PAN.
Quando segue uma cena e está num tripé, ou dolly, montada num trilho, isto
se chama um CARRINHO, ou travelling.
Uma câmara montada numa grua, pode fazer movimento de ascensão,
carrinhos e panorâmicas.

Ângulos.

Os ângulos fazem parte da gramática cinematográfica.


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Se a câmara está enquadrando a cena de cima para baixo, chama-se de
PLONGÊ.
Se a câmara está enquadrando a cena de baixo para cima, isto se
chama CONTRE- PLONGÊ.
A câmara pode pender em seu eixo, inclinando-se para a direita ou para a
esquerda, também influenciando o ângulo da tomada.

Planos.

A gramática cinematográfica usa diversas aproximações da câmara em


relação às personagens e cenas. São os planos cinematográficos.
Grande Plano Geral – GPG – a cena abrange grandes cenários. Plano Geral –
PG – a cena abrange um salão ou uma rua.
Plano Médio – PM – a cena abrange uma sala.
Plano Americano – PA – o ator é enquadrado da cintura para cima. Primeiro
Plano – PP – o ator tem o rosto enquadrado a partir dos ombros. Primeiríssimo Plano
– PPP – o rosto do ator toma a tela inteira.
Insert – detalhe de um objeto inanimado. FOTOGRAFIA
O roteirista de cinema também precisa conhecer pelo menos os rudimentos
da arte fotográfica no cinema. A fotografia tem profunda influência no clima, na
emoção e na psicologia das personagens. O conhecimento das lentes, que tornam
particulares cada um dos planos cinematográficos, é também muito importante. Uma
lente de 50 mm é diferente da lente de 25 mm, ou da lente de 250 mm. Cada uma
delas aproxima ou afasta o objeto da cena. Um plano geral com a 25 mm apreende
muito mais espaço que o mesmo plano registrado com a 50 mm. Um grande plano
realizado com a de 250 mm é radicalmente diferente do realizado com a de 50 mm.
A sensibilidade dos negativos, que influenciam na granulação, densidade e
contraste das imagens, também devem fazer parte da bagagem cultural do roteirista.
Outra preocupação do roteirista é saber se o filme vai ser rodado em tela
panorâmica ou com lente anamórfica. A tela panorâmica tem as seguintes medidas:
1:33 x 1. A tela larga, ou anamórfica, tem as seguintes proporções: 1.66 x 1.
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CRONOMETRAGEM.

O roteirista deve se preocupar com a duração de seu trabalho, que deve estar
em consonância com os recursos disponíveis para a produção. A hora/orçamento do
cinema é muito cara, e os exibidores não gostam de filmes que ultrapassem os 120
minutos de duração.
Os roteiristas devem cronometrar cada cena, cada seqüência, determinando
com precisão a duração do filme.

Câmeras.
As câmeras rodam na velocidade de 24 fotogramas por segundo. Esta é a
velocidade padrão do filme, que ao ser projetado, reproduz o movimento normal,
sem aceleração.
Mas o roteirista pode utilizar outras velocidades de filmagem. Como a câmara
lenta, que roda em alta velocidade. Ou a câmara acelerada que roda em baixa
velocidade.
Segue na página seguinte um fragmento do roteiro de continuidade do filme
“O Mágico de Oz”, de 1939. Autores: Noel Langley, Florence Ryerson e Edgar Allan
Woolf.
Nesta cena Judy Garland começa a cantar “Over the Rainbow”.

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