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plano, seguido pelo início imediato de outro, era aceito pela plateia, que os
compreendia em sequência lógica e dentro de um mesmo espaço cinemático.
Passou-se então a ser desenvolvida a noção da montagem e da edição, como
um recurso que contribuiria para o desenvolvimento e a impressão de uma
linguagem à narrativa do filme.
Assim como as palavras, que para comporem um texto, são dispostas mediante
ordem, ritmo, continuidade, em linguagem audiovisual, a composição, a ordem,
a continuidade, o ritmo dos planos, entre outros (ou a falta deles), é o que gera
uma linguagem. As aplicações da linguagem, feitas através dos cortes e tudo
mais relacionado a eles, se dão durante as etapas de Montagem e Edição de um
filme.
1.4 - Raccord
O Raccord é efeito de ligação entre dois planos distintos, que faz com que
uma certa continuidade da narrativa pode ser assegurada, construindo uma
ligação formal na sucessividade entre planos, deixando as mudanças entre os
planos um tanto quanto possível.
- Tipos de raccord:
1. movimento ou ação
2. de elementos fixos
3. técnicos
Existem desse ponto de vista alguns grandes tipos de raccord, que só têm
em comum a preocupação com a preservação de uma certa continuidade (mas
nem sempre a mesma): espacial (caso do raccord no eixo); plástico (raccord
sobre um movimento); diegético (raccord sobre um gesto), por exemplo:
Movimento ou ação - Ex: se uma personagem entra pela esquerda e sai pela
direita no plano 1, deve entrar pela esquerda no plano 2, se não quisermos que
-
Ex: se no plano 1 a personagem leva um copo à boca, no plano 2 ela deve
continuar a beber.
São abordados:
2.
3.
4.
5.
6.
Muito mais do que colocar planos juntos para formarem uma cena, o trabalho
dos que montam e editam, é, sobretudo, o entendimento da história e da melhor
forma de contá-la. Para fazer disso arte, é necessário que esses profissionais
tenham bagagem cultural e artística, grandes conhecimentos da estética e da
narrativa, além é claro, de saber usar as ferramentas contemporâneas para a
edição, que na era do cinema digital, são os softwares de edição.
2.1 - Introdução
O cinema nasceu em 1895 e nos primeiros anos de sua existência, não existia
ainda a ideia da montagem. Os filmes eram muito curtos e duravam por volta de
um minuto. Isso acontecia não somente por falta de aparato técnico, mas
também porque ainda não havia roteiro, continuidade ou dramaticidade. A
narrativa estava ainda somente dentro de uma cena isolada. Os filmes
registravam alguma ação e isso atribuía a eles um caráter totalmente
documental. Diz-se que nessa época a câmera ainda estava “presa” ao lugar do
espectador e a função do montador consistia somente em dispor os planos uns
a seguir dos outros, por ordem cronológica. O desenvolvimento da linguagem
cinematográfica e as possibilidades narrativas que o advento da montagem
trouxe ao cinema serão analisados nos tópicos seguintes.
https://www.youtube.com/watch?v=_OaOCN3pHDQ}
{Vídeo: “La Sortie de l'usine Lumière à Lyon”, de Louis e Auguste Lumière (FR,
1895, 1min) / Link: https://www.youtube.com/watch?v=Qj3OfLP9m0c}
A partir daí Meliès, que ao longo de sua vida produziu mais de 500 filmes,
começou a desenvolver sua própria linguagem dentro das suas experimentações
com o cinema, o que resultou numa combinação de artes teatrais, tecnologia e
efeitos especiais. Alguns dos mais fundamentais processos de montagem do
cinema até hoje, foram desenvolvidos por ele, tais como o corte, o stop-motion,
a sobreposição de imagens, as transições por dissolução (fade-in, fade-out), a
manipulação gráfica da imagem, o uso de ilusões de ótica, entre outros.
Sua obra máxima, “Viagem à Lua”, de 1902, é uma das mais iconográficas do
séc. XX. Com duração excepcionalmente longa para a época – 14 minutos -, é
provavelmente o primeiro filme de ficção científica da história. Seus filmes
possuem enormes doses de fantasia, são algo como mágicos, e deslumbraram
e influenciaram inúmeros diretores de cinema ao longo da história.
Vídeo: “Le Voyage dans la Lune”, de Geroge Meliés (FR, 1902, 12 min) / Link:
https://www.youtube.com/watch?v=ZNAHcMMOHE8AtenciosamenteSamantha}
Seu filme “The great train robbery”, de 1903, é considerado como o primeiro filme
realmente cinematográfico pela fluidez e coerência da narrativa. Isso, pois, nele
o diretor demonstrou que um plano isolado, considerado como uma peça
incompleta da ação, é a unidade a partir da qual os filmes devem ser construídos,
estabelecendo assim, o princípio básico da montagem.
Sendo assim, entendeu-se que um plano não precisa possuir significado próprio,
uma vez que o significado pode estar na relação com os planos seguintes. A
justaposição de dois planos filmados em lugares diferentes, com objetivos
distintos, pode criar uma nova realidade, maior que a de cada plano individual.
{Vídeo: "Life of an American Fireman", Edwin S. Porter (EUA, 1903, 6min) / Link:
https://www.youtube.com/watch?v=9Fm9kUzclhQ}
{Vídeo: “The Great Train Robbery”, de Edwin S. Porter (EUA, 1903, 12min) / Link:
https://www.youtube.com/watch?v=ZCWKh14Mvzg}
{Vídeo: “The Birth of a Nation, de D.W. Griffith (EUA, 1915, 3h15min) / Link:
https://www.youtube.com/watch?v=nGQaAddwjxg}
Entendeu-se então, que um plano adquire significado em relação aos planos que
o antecedem e sucedem e que o confronto entre esses planos promovem um
nível de significado que acontece na mente do público, sendo assim, referente a
os seus desejos e emoções. Ou seja, a montagem não era mais somente uma
ferramenta de continuidade para a narrativa, mas arte de se criar significado
entre planos sem nenhuma relação entre si.
3.1 Rítmica
https://www.youtube.com/watch?v=Prbgt6l-2BY
3.3 Métrica
https://www.youtube.com/watch?v=JOr_CPpx9os
3.4 – Tonal
https://www.youtube.com/watch?v=h0ilVmplT3Y
3.5 - Atonal
https://www.youtube.com/watch?v=XwN5ndR65QM
3.6 – Linear
Os planos são dispostos uns após os outros por uma ordem lógica e cronológica
3.7 – Invertida
3.8 – Alternada
Caracteriza-se pela apresentação de duas ou mais ações separadas, mostradas
em alternância, que serão percebidas como uma só ação em simultâneo, a qual
reúne os vários elementos das duas ações. Vale lembrar, que nesse caso, pode
haver, ou não, o objetivo de comparação entre as duas ações.
3.9 – Paralela
Histórias podem ser divididas em atos. Atos podem ser definidos de várias
formas, mas em termos gerais, eles são uma unidade composta por uma série
de cenas que possuem um mesmo tom unidas para construir um ponto dramático
que atinja um clima. Em dramas, a passagem de um ato para outro é geralmente
uma revelação que leva a história a uma nova ou inesperada direção e promove
um aumento na tensão do filme.
As fórmulas relacionadas a estrutura de atos são muitas, uma vez que tudo
depende da linguagem e do tipo de peça audiovisual realizada. Seja lá como for,
é importante perceber onde ficam os atos dentro da obra, para poder manter os
encaixes e o fluxo entre eles. Em novelas, por exemplo, um ato é encerrado a
cada comercial e todos eles têm ganchos para manter a audiência interessada.
4.2 – O processo da edição
Os cortes entre planos podem ser usados para fazer associações entre eles ou
sugerir metáforas. No cinema contemporâneo, dois planos são geralmente
unidos através de um “corte seco”, ou seja, quando um plano é seguido do outro
sem nenhum efeito. Não é incomum atualmente ver um filme sem nenhum efeito
além de um fade in no início e um fade out no fim. Tudo depende, obviamente,
da linguagem adotada pela direção.
Uma regra básica para a edição é chamada “A regra dos 180 graus”, que é
estabelecida para que se preserve a direção da cena na tela, entre os cortes. Se
todas as câmeras são mantidas de um mesmo lado de um eixo traçado por
através de duas pessoas que conversam se olhando de frete, a direção da cena
será preservada na edição final. Se num diálogo, você cortar de uma pessoa A
que está olhando para fora da tela pelo lado direito para uma pessoa B que olha
para a mesma direção, vai parecer que essas pessoas estão olhando para a
mesma direção e não uma para a outra, durante.
Na edição final, se uma personagem anda para fora do quadro pela direita, ela
deveria geralmente entrar pela esquerda para que pareça que há uma
continuidade em seu caminhar. Caso ele entre pela direita, a audiência vai
pensar que ela está retornando para onde estava na cena anterior. Vale lembrar
que isso se aplica também a planos onde há um avião voando, uma vez que se
alguém viaja de Nova Iorque para Paris, por exemplo, o avião onde ela está,
haveria de entrar no quadro pela esquerda e sair pela direita.
4.5 – Entrecortar
Recurso usado para se desenvolver diversas ideias de uma vez só, fazendo um
entrecorte entre duas ou mais cenas (ver tópico 3.6.3 desta disciplina). Ajuda a
audiência a traçar conexões entre situações ou acontecimentos diferentes,
cortando de uma para a outra, o que por muitas vezes envolve ter o som de uma
passado para a outra. Vale lembrar que quando bem utilizada, esta técnica pode
auxiliar a audiência a fazer relações entre cenas diferentes que façam a história
avançar num mesmo sentido. Quando mau utilizada, ela pode causar confusão
ou até mesmo irritação no expectador.
Em um filme, aquilo que é dito e quando isso é dito, promove uma parte
fundamental do avançar de uma história. Tanto em ficção, quanto em
documentários, a edição de diálogos é parte da formatação da linha condutora
da história. Os diálogos de um filme tendem a ser mais bem trabalhados quando
são um tanto simples e enxutos.
Imagine um corte de uma pessoa fazendo uma pergunta, para outra, que
responde. Se a imagem da pessoa que responde surgir antes de a que está
perguntando finalizar sua pergunta, isso trará uma sensação mais natural,
menos mecânica para a cena. Mostrar as reações de uma pessoa que ouve
enquanto outra fala, pode ajudar a audiência a entender o que aquilo que ela
ouve está provocando nela. Às vezes o olhar de uma personagem pode substituir
todo um diálogo que explicaria determinada situação. Lembre-se sempre de
deixar algo para a imaginação do público.
4.7 – Dublagem e Narração
Mesmo um filme gravado em set, com atores encenando, precisa ter a ele
adicionado, efeitos de som, música e outros elementos, que engrandeçam sua
produção. Os efeitos sonoros reforçam os elementos visuais. Já a música, seja
ela de artistas que licenciaram suas músicas para o filme, ou mesmo música
original composta para o filme, ajuda a dar o tom das cenas. Eles, somados a
outros elementos que compõem o desenho de som de um filme, serão
abordados neste capítulo.
E assim, quanto mais camadas sonoras um filme possui, mais profissional a trilha
sonora parece, ainda que tenha efeito subliminar, uma vez que um bom trabalho
de edição de som é aquele que é invisível para a audiência.
O desenho de som, por muitas vezes é subestimado e até tratado com algo em
que se “dá um jeito” para que o projeto do filme seja finalizado, mas isso é um
erro terrível, uma vez que o som é tremendamente importante na experiência de
se assistir um filme.
Diz-se “Som aberto”, a captação de áudio, feita com microfones abertos, que
gravam o som do set. A dublagem - em inglês, automated dialogue replacement
(ADR) - é arte de se substituir o diálogo que não ficou gravado adequadamente
em set, ou porque a locação era muito barulhenta para que o áudio fosse
gravado satisfatoriamente.
Quando um ator provoca tipo de problema com o som de suas falas, elas podem
ser regravadas em estúdio e mixadas junto ao som da gravação de som aberto.
Ainda, que geralmente os problemas apresentados, são mais do tipo que são
feitos por um carro inesperado que passou pela gravação, o barulho de alguma
coisa no quarto ao lado, ou ainda por barulho de alguém presente no set.
Assim como nos diálogos, problemas ou insuficiências nos outros sons de uma
cena, por terem sido gravados diretamente, demandam que eles sejam
reforçados ou substituídos. Os efeitos sonoros podem ser sutis, como o barulho
de uma chave rodando numa fechadura, ou impactantes como o barulho de
trovões ou a explosão de uma bomba. Praticamente todos os sons de uma cena,
são adicionados ou recriados na pós-produção.
O uso de efeitos sonoros pode ainda, sugerir uma ação ou evento que não seja
possível de realizar, por questões de orçamento e ser tão efetivo quanto, dentro
da linguagem de um filme. Digamos que haja no roteiro uma batida de carros.
Um plano de um carro passando por uma rua, quando se ouve um barulho alto
de uma batida e no plano seguinte se vê uma roda solta rolando pela continuação
da rua, já é suficiente para que a audiência entenda o que aconteceu na cena,
sem ter que se gravar uma cena onde se destrói um carro.
Chama-se de Foley, a técnica utilizada por um artista que ao assistir uma cena,
em estúdio, reproduz com diversos materiais diferentes, a interação dos atores
com itens a fim de recriar os efeitos de som que acompanham uma imagem. Os
efeitos de Foley, geralmente, são tais como o barulho de pegadas, o raspar de
roupas, o manuseio de objetos e os impactos corporais.
5.4 – Mixagem
O segredo fara se fazer um bom mix sonoro é se manter focado nas imagens,
para que a audiência possa se manter focada na história.
{Vídeo: “O que é edição e mixagem de som?”, de Artecines (BRA, 2017, 8min) /
Link: Https://www.youtube.com/watch?v=ORktak7fD_w}
6 – FINALIZAÇÃO
Assim como um mágico cria ilusões no palco, é possível criar ilusões para um
filme. Sejam criados em set, através da câmera ou na fase de pós-produção,
com eles é possível enganar o espectador, ao fazer alguma coisa parecer como
se realmente tivesse acontecido. Um efeito especial é algo fora do comum, que
entretém, impressiona e soma magia a história. Os efeitos especiais sejam
dinossauros, carros explodindo, chuva ou mesmo um copo se quebrando, não
simplesmente acontecem na frente da câmera e para realizá-los é necessário
preparação e habilidade.
Para criar efeitos de câmera, pode-se usar lentes, filtros ou controlar de tal forma
a exposição. É possível fazer exposição dupla, efeitos de perspectiva e diversos
outros efeitos possíveis dentro dos efeitos especiais que podem ser criados pela
fotografia.
Além disso, pode se construir efeitos especiais de forma digital. Essa técnica,
muito usada hoje em dia, é feita a partir de softwares específicos e profissionais
altamente capacitados. Geralmente as cenas são gravadas em fundo azul ou
verde, para que possam ser recortadas e terem as composições digitais
inseridas nelas.
6.2 – Colorização
É um trabalho muito específico, custoso e que pode ser evitado durante a pré-
produção, fazendo escolher acertadas em relação a fotografia e a arte do filme.
The Filmmaker’s Handbook Steven Ascher & Edward Pincus Plume – Penguin
Group 2013.
Filmmaking for Dummies Bryan Michael Stoller Wiley Publishing, Inc 2009