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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
1 - Produção Audiovisual ................................................................................ 4
1.1 Audiovisual no Brasil ............................................................................. 6
1.2 Audiovisual no mundo ........................................................................... 8
2 - CONTRATO DE TRABALHO ..................................................................... 15
2.1 A importância de sua formalização ..................................................... 15
2.2 Curtas, Médias e Longa-metragens..................................................... 16
2.2.1 Curtas-Metragens ............................................................................. 16
2.2.2 Médias-Metragens ............................................................................ 17
2.2.3 Longas-Metragens ............................................................................ 18
3 - PRODUÇÕES INDEPENDENTES .............................................................. 20
4 - GÊNEROS .................................................................................................. 22
Fantástico .................................................................................................. 30
Musical....................................................................................................... 31
TERROR .......................................................................................................... 32
5 - OBRAS PUBLICITÁRIAS ........................................................................... 36
6 - O CRESCIMENTO DO MERCADO ............................................................ 38
7 - DIREITOS AUTORAIS NA ERA DIGITAL .................................................. 39
8 - CURSOS E OFICINAS ............................................................................... 42
9 - DISTRIBUIÇÃO E EXIBIÇÃO ..................................................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 49

2
INTRODUÇÃO

A Produção Áudio Visual é uma das áreas mais versáteis e atrativas para
os amantes e interessados nos conceitos e perspectivas cinematográficas e
similares. Ela abrange os conteúdos publicitários, documentais, jornalísticos e
das artes em geral. As suas diversas formas de atuação incluem roteirização,
fotografia, sonorização, edição, finalização, iluminação, direção, entre outros
elementos para a produção de obras em filmes e vídeos.

Neste curso trataremos dos assuntos ligados ao audiovisual como produto


de mercado, suas aplicações e características fundamentais. Como se dá o
planejamento passando pela pré-produção, produção em si, pós-produção, a
distribuição e exibição em locais públicos e/ou privados.

Veremos como deve ser tratada a questão dos direitos autorais na era
digital e das plataformas de redes sociais digitais. Como os gêneros influenciam
a roteirização e como os diretores devem manifestar suas visões dentro do
contexto da obra em si.

Como são os meios de difusão, os contratos de trabalho por obra, as


produções independentes e as publicitárias. A captação de recursos e
participação em concursos e festivais será abordada de maneira a ilustrar as
vantagens e dificuldades em se inscrever para concorrer com outras obras que,
muitas vezes, são diametralmente diferentes do seu projeto.

Trabalharemos estes conceitos e outros relacionados à produção


audiovisual para que a visão possa ser ampla e completa dentro de um contexto
atual e singular, promovendo o debate e aprimorando o conhecimento na área
específica.

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1 - Produção Audiovisual

Fonte: https://pixabay.com/pt/c%C3%A2mera-v%C3%ADdeo-tv-realiza%C3%A7%C3%A3o-de-v%C3%ADdeo-1598620/

Conceito:

O audiovisual é um conjunto de elementos que unem som e imagem em


um determinado projeto de mídia, seja cinematográfica, publicitária, profissional,
amadora ou outra. Desta forma os recursos tecnológicos são inseridos na
conceituação artística da obra para assim obter-se um produto que sincronize a
linguagem utilizada e seus recursos de áudio e vídeo.

A linguagem audiovisual, como a própria palavra


expressa, é feita da junção de elementos de duas
naturezas: os sonoros e os visuais. Portanto,
estamos falando de artefatos da cultura que afetam
esses dois sentidos do homem, a visão e a audição.
Estes são os sentidos mais privilegiados no mundo
moderno, pois uma das características da
modernidade é o fato de permitir certo afastamento
das pessoas do chamado mundo natural ou
natureza. (COUTINHO, P.16, 2006).

Nesta contextualização há a inserção e trabalho com os diversos


elementos das obras em vídeo e áudio. A produção e sua pré e pós, a direção
com suas vertentes, a edição e manipulação de som e imagem compõem este
trabalho.

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Sua origem tem base na linguagem cinematográfica, que por sua vez
originou-se da fotografia que permitiu em um primeiro momento a captura de
imagens em movimento de forma estática. Com a chegada de novas tecnologias
essas imagens passaram a ser capturadas em movimento, mas sem som
(cinema mudo) e com o avanço tecnológico houve a junção de vídeo e áudio em
um mesmo elemento catalizador, criando assim as condições necessárias para
o registro efetivo de eventos, elaboração de obras ficcionais, entre outros tipos
de gêneros que foram surgindo à medida que novos conceitos foram
desenvolvidos.

A evolução dessas tecnologias de captura e exibição também precisou


ser adaptada com as mudanças na sociedade. Enquanto no início do cinema
mudo e, consequentemente nos dias atuais, as exibições se restringem a salas
previamente preparadas com poltronas, tela grande e tecnologia para
transmissão de áudio e vídeo, com o surgimento de aparelhos de televisão e
smartphones pudemos perceber uma mudança significativa na maneira que as
pessoas absorvem as produções e como estas são realizadas.

Com telas de diferentes tamanhos e qualidade de imagem cada vez maior,


o produto audiovisual também precisou inovar e mudar seu estratagema de
desenvolvimento e distribuição. Desta maneira sua linguagem que trabalha
inicialmente com dois sentidos básicos do ser humano – audição e visão –
precisou de adaptações para o novo público.

As salas de cinemas inicialmente eram inspiradas em salas de teatro e


sua ambientação foi adequada para o ambiente familiar da sala de estar. Com a
tecnologia de Wi-fi e 4G da telefonia móvel para qualquer ambiente externo ou
interno, as pessoas consomem seus produtos de vídeo e áudio em qualquer
lugar, a qualquer hora.

Como produto o audiovisual alcança diversos segmentos e públicos


distintos. Podendo ser ao vivo ou gravado, o material audiovisual abrange os
seguintes tipos de produções:

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 Divulgação: Neste aspecto são trabalhados os materiais ligados
diretamente à publicidade e propaganda e seus diversos aspectos
mercadológicos;

 Entretenimento: Séries, filmes, curtas-metragens, novelas, jogos


esportivos e outros elementos caracterizadores do lazer e diversão;

 Noticioso: São os telejornais, programas de entrevistas (Talk Show),


documentários que tenham cunho informativo;

 Educacionais: Ensino à Distância (EAD), cursos, vídeos destinado ao


ensino pontual que possam ser produzidos e editados de acordo com a
necessidade do público;

 Institucionais: Empresas, temas políticos e religiosos entram nesta


classificação que foca mais na divulgação e exposição da marca de uma
instituição pública ou privada;

 Multimídia: Todo e qualquer produto produzido e destinado para


computadores, celulares, internet e mídias digitais.

1.1 Audiovisual no Brasil

A produção audiovisual no Brasil depende muito dos financiamentos


particulares, públicos ou uma mesclagem de ambos para que o desenvolvedor
possa criar seus projetos. O surgimento de produtoras independentes também é
um fator para o aumento das obras, mas ainda os grandes projetos são
concentrados nas emissoras de televisão mais proeminentes no país.

Com acesso à alta tecnologia, atores e atrizes famosos e canais de


distribuição próprios, as emissoras conseguem uma inserção muito maior dentro
do cenário audiovisual nacional. Neste contexto o grande público é exposto

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apenas àqueles materiais que são de interesse dos produtores, mas os
pequenos produtores lutam contra a maré e emplacam suas próprias obras.

A ANCINE (Agência Nacional de Cinema) publicou recentemente um


estudo onde afirma que o mercado audiovisual nacional cresceu 181% no
últimos anos. Conforme dados abaixo podemos ver quais foram os elementos
analisados:1

O estudo considerou como integrantes do setor


audiovisual 11 atividades econômicas catalogadas
segundo a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (Cnae) versão 2.0:

 Atividades de produção cinematográfica, de vídeos e


de programas de televisão.
 Atividades de pós-produção cinematográfica, de
vídeos e de programas de televisão.
 Distribuição cinematográfica, de vídeos e de
programas de televisão.
 Atividades de exibição cinematográfica.
 Atividades de televisão aberta.
 Programadoras e atividades relacionadas à televisão
por assinatura.
 Operadoras de televisão por assinatura por cabo.
 Operadoras de televisão por assinatura por micro-
ondas.
 Operadoras de televisão por assinatura por satélite.
 Aluguel de fitas de vídeo, DVDs e similares.
 Comércio varejista de discos, CDs, DVDs e fitas.

Estes dados refletem os tipos de mídias que podemos indexar aos


programas audiovisuais nacionais e como proceder para filtrar o mercado a ser
atingido. Claro que outras barreiras existem, mas com o investimento de
produtoras estrangeiras nos últimos anos, a produção brasileira tem crescido e
saído da zona da comédia, ou seja, criou-se uma cultura de que filmes nacionais
são bons apenas no gênero humor e não havia incentivo para produções mais
sérias e conceituais.

1
http://www.brasil.gov.br/cultura/2016/10/mercado-audiovisual-brasileiro-cresceu-181-em-7-anos-diz-
ancine

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1.2 Audiovisual no mundo

Na atualidade o audiovisual está dividido em produções americanas e


estrangeiras. Mesmo causando certa estranheza pelo fato de uma obra dos EUA
também ser estrangeira, convencionou-se caracterizar ou valorizar as produções
de cunho americano como referência de cinema mais comercial e os demais
filmes de outros países são mais intelectualizados, mas no final das contas a
produção, roteirização, direção e edição seguem os mesmos moldes, o que
muda é a visão imposta na obra e a tecnologia empregada.

Países com maiores investimentos terão projetos audiovisuais mais


elaborados e com recursos inovadores. Os demais países sofrerão com a falta
de incentivo de patrocínio governamental ou privado, mas com criatividade e
uma boa dose de boa vontade, produções amadoras e com orçamentos baixos
conseguem seu espaço em festivais e concursos audiovisuais mostrando que as
boas ideias e a inventividade são os primeiros elementos para o sucesso de um
filme.

As referências americanas são a base de jovens cineastas iniciantes.


Poder trabalhar com orçamentos milionários e elencos de estrelas são metas
que muitos iniciantes sonham e tentam, mas nem sempre conseguem alcançar,
pois é um mercado muito competitivo no quesito valores disponibilizados pelas
produtoras que gostam de não arriscar muito, mas isso não significa que
devemos desistis e sim continuar a produzir sempre mais e melhor.

Principais características:

Podemos citar como principais características de um projeto de audiovisual:

 Definição do tema/projeto;
 Definição do público alvo;
 Definição de captação de recursos;
 Equipe de produção;
 Equipe técnica;
 Infra-estrutura e equipamentos necessários

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 Quantidade de funcionários fixos e colaboradores

Direção
A direção é um dos tópicos centrais de qualquer produção, ela
proporciona a visão geral e controle artístico dentro do projeto, o que possibilita
a liberdade criativa para que a obra possa ser desenvolvida e construída com
base na visão do diretor. Temos como componentes da direção:

 Diretor (ou cineasta): É o responsável pela obra cinematográfica e


audiovisual como um todo. Cabem a ele as decisões finais sobre elenco,
figurino, locações entre outros elementos que constituem a produção
imprimindo seu ritmo e visão sobre o roteiro.

Em muitos casos o diretor tem total liberdade de adaptar o texto e mudar


cenas e finais de produções. Ele é auxiliado por outros diretores
especializados para que a obra possa atingir o grau de qualidade e
excelência desejado.

 Diretor de Fotografia: Este diretor responde pelos conceitos de luz e


imagens da obra audiovisual. Neste contexto ele é quem transforma o
roteiro em imagens possibilitando assim os melhores ângulos e
enquadramentos e mostrando como obter as melhores cores durante as
filmagens.

 Diretor de Arte: É o responsável pela concepção visual de uma obra. Ele


é quem guiará os elementos de figurino, cenografia e maquiagem para
criar uma ambientação esteticamente agradável e com características
únicas para o trabalho ser produzido.

A direção tem a função de pensar o roteiro em


imagens que possam ser captadas pela câmera.
Ele direciona a realização de um roteiro. O diretor
deverá apresentar a história ou revelar o
personagem com o olhar da câmera, em todos os
seus aspectos racionais e emocionais. Para isso,
precisa literalmente “ver” o filme pronto antes de
gravar, tendo bem claro o que pretende fazer com
as imagens em cada ação descrita pelo roteiro.

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Acima de tudo, precisa saber transmitir isso aos
demais membros da equipe. (MOLETTA, 2009, p.
53)

Fases para o desenvolvimento do Produto Audiovisual

Roteiro:

O roteiro é o primeiro passo para se desenvolver qualquer tipo de


produção audiovisual. Ele, que pode ser escrito por um ou mais profissionais, de
acordo com a necessidade / tamanho do projeto, é a transcrição literal das ideias
que deverão ser colocadas em prática, com a maior riqueza de detalhes que for
possível.

Nele, devem estar definidas todas as intenções do que se pretende exibir


no produto final. A explicação detalhada de como as imagens serão mostradas,
os sons que farão parte de cada sequência, os cenários em que cada ação se
passará, além de direcionar a interpretação dos atores e /ou locutores.

Assim como também é fundamental passar para o papel todas as


informações técnicas, que darão o direcionamento necessário para a execução
do trabalho dos profissionais responsáveis por trás das câmeras.

Normalmente, o processo de avaliação e


estudo de viabilidade é feito em duas
frentes: enquanto o gerente de produção
destrincha os custos possíveis, o diretor de
desenvolvimento analisa o material de base
sob um ângulo criativo. Se é um livro ou
graphic novel, que roteirista melhor poderia
adaptá-lo? Se é um roteiro, ele está pronto
para ser filmado? Muito raramente um script
sai completamente certinho na primeira
tentativa. (BAHIANA, P.20, 2012).

Planejamento:

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Com o roteiro em mãos, é hora de definir na prática o que será necessário,
materialmente falando, para a execução do trabalho. Tudo deve ser incluído de
maneira minuciosa nessa etapa, a fim de se ter uma ideia o mais próxima
possível dos custos de produção.

Da quantidade / variedade de equipamentos à contratação dos


profissionais da equipe técnica / elenco, da escolha dos cenários / locações, à
definição do cronograma de filmagens, é importante incluir o máximo de
informações, para que se defina o valor necessário para realização do trabalho.

Pré-Produção:

Essa etapa já é iniciada no momento em que se começa a criação /


desenvolvimento do roteiro e o detalhamento do planejamento. Por ser o ponto
de partida para o projeto, deve-se ter uma atenção redobrada a tudo que
acontece na pré-produção, que servirá de base para todo o trajeto até a
finalização dos trabalhos.

É função da pré-produção tentar evitar problemas que possam provocar


qualquer tipo de alteração nos itens definidos no planejamento. Claro que pode
haver imprevistos e contratempos, mas dentro do possível, deve-se ter uma pré-
produção eficiente para que tais problemas sejam minimizados rápida e
completamente.

Deve-se ressaltar que, ao longo dos trabalhos, problemas com orçamento


insuficiente (o chamado “estouro”), que venham a causar atrasos e/ou mudanças
drásticas na execução, serão creditados a uma pré-produção mal planejada.

Produção:

Nesta etapa, tudo que foi descrito na fase de pré-produção (mais


especificamente no roteiro) será colocado em prática. É o momento em que já
será possível ver em forma de matéria as informações passadas para o papel.

Durante a produção, acontece a captação de todo material de áudio e


vídeo. Toda a parte de sonorização e gravação de imagens que serão utilizadas
para a montagem da produção.

Pós-Produção:

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Com todo material captado na Produção, cabe a essa etapa final de Pós-
Produção, pegar cada peça em separado para criar uma obra com sentido
próprio.

Todos os elementos de som (falas dos atores, trilha sonora, inserção de


efeitos sonoros ambientais) e imagem (cenas gravadas com fim distinto para
trabalho determinado, inserção de cenas genéricas ou específicas previamente
concebidas para outras produções) deverão ser “costurados” de maneira a criar
um trabalho que seja atrativo tanto visual quanto sonoramente para o público
que irá consumi-lo.

Cronogramas:

Todos os processos que serão necessários para a produção da obra terão


que seguir determinados cronogramas de trabalho para que uma organização
seja estabelecida e que todas as etapas possam ser cumpridas.

Segue uma lista de etapas importantes para o desenvolvimento do projeto e


que deve ser adaptada sempre de acordo com o tipo de projeto e tema adotado:

 Desenvolvimento do roteiro final: Com a história devidamente


roteirizada os diretores, equipe técnica e elenco podem iniciar a leitura do
material para se familiarizarem com o enredo. É o que chamamos de
análise técnica do roteiro;
 Orçamento estimado: Uma das primeiras etapas a serem observadas é
a estimativa de valores para a produção, isso ocorre logo no início do
projeto quando todos os elementos estão sendo analisados e validados;
 Captação de recursos: Agora com a obra em sua fase de produção, a
captação de recursos deve ser priorizada para que não faltem verbas para
os diversos departamentos envolvidos e demais despesas de produção;
 Cronograma e orçamento de todos os departamentos: Solicitar aos
departamentos envolvidos na produção os seus cronogramas de trabalho
e a estimativa de valores necessários para o desenvolvimento de suas
funções;

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 Contratação da equipe: Este item refere-se ao pessoal técnico para a
produção: câmeras, contrarregras, maquiadores, figurinistas,
iluminadores, diretores, entre outros.
 Contratação de elenco: Esta etapa definirá a escolha do elenco principal
por meio de testes e também do elenco de apoio e figuração. Na
sequência será feita uma edição dos testes em vídeo para a contratação
final e o ensaio com os atores e atrizes já selecionados;
 Confecção e/ou aluguel dos figurinos: A decisão será de acordo com
a verba e os orçamentos. Caso seja viável a locação de figurinos ela será
adotada por fatores como armazenagem, desgaste com o tempo entre
outros, mas se a intenção for manter um estoque para futuras produções
deve-se pensar bem quais serão as peças que poderão ser reutilizadas;
 Compra e/ou aluguel de material cênico e técnico: Objetos de cena,
de arte, câmeras, microfones, ilhas de edição, computadores etc. Todo
material que seja necessário para a produção deve ser listado e
viabilizado para a execução dos trabalhos. Assim como no caso do
figurino, deve-se objetivar a necessidade de compra ou locação.
 Logística de transporte: Toda a parte de locomoção de pessoal e
equipamento deve ser estudada e pensada para viabilizar e otimizar o
tempo de translado de um local ao outro sem interferir no cronograma de
filmagens;
 Estrutura física: A estrutura física para acomodação de pessoal e
equipamentos deve ser determinada de acordo com a necessidade da
produção. Neste item entram as locações de filmagens que serão
separadas dos espaços técnicos e de armazenagem e devem estar
ligadas à logística de transporte;
 Autorizações e seguros para a filmagem: Como em todos os setores
comerciais existentes, a necessidade de autorizações e seguros é uma
exigência que não deve ser tratada de forma leviana. As autorizações
devem ser vistas com os órgãos públicos e entidades para a permissão
de filmagens em determinadas locações e liberação de segurança. Os
seguros irão garantir a manutenção da verba caso algum imprevisto ou
acidente ocorra;

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 Locações: Devem ser visitadas pelos diretores de departamentos para a
adequada escolha do local ideal. Fazer uma filmagem prévia e edição
para a decisão final e fechamento comercial do local;
 Reunião para leitura do roteiro com os diretores dos departamentos:
Assim todos os envolvidos poderão apontar suas necessidades e
reavaliar outros itens essenciais, além de sugerir pontos dentro da
produção relacionados com suas áreas específicas;
 Elaboração do plano de filmagem: O plano de filmagem será definido
pelos diretores para saberem exatamente a ordem, datas e horários em
que poderão realizar as ações dentro do período desejado
 Criação do Story Bord: são ilustrações gráficas parecidas com histórias
em quadrinhos que auxiliam a produção das obras audiovisuais para uma
melhor localização de cenas, ou seja, com a reprodução gráfica de como
ficará determinada cena e posição de elenco e elementos há a
possiblidade de vislumbrar como certos processos poderão ser
realizados, facilitando assim uma melhor otimização de tempo;
 Captação de todas as imagens previstas: além das filmagens com o
elenco, a produção deve captar imagens de diversos pontos das locações
e outros setores, pois isso será material adicional que ajudará na edição
final. Neste caso deve-se ter um cronograma e organograma de quais
imagens serão necessárias;
 Fase de Finalização: Entramos no ponto em que todo o material filmado
será levado para a edição e suas imagens serão selecionadas. Haverá a
mixagem de som, criação dos créditos, trilha sonora, entre outros
elementos que colaborarão para a obra final;
 Fase de Devolução: Início do processo de devolução dos materiais,
objetos e equipamentos que foram locados;
 Distribuição: Início do processo de distribuição da obra para os festivais,
televisões, canais de Internet ou outro meio audiovisual que foi
previamente acordado para sua visualização.

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2 - CONTRATO DE TRABALHO

2.1 A importância de sua formalização

Em uma contextualização mais geral, a formalização de um contrato de


produção audiovisual é de extrema importância tanto para o financiador como
para o produtor, pois é a garantia de que os recursos, direitos e deveres de
ambas as partes sejam respeitados e que qualquer ação de cunho judicial possa
ser acionada. Também deixa claros os pontos importantes e acordados para
sanar eventuais dúvidas do que deve ser entregue como projeto.

Neste caso é prioritário que todos os itens sejam pensados, como por
exemplo, os custos de produção (pré, durante e pós), e a consulta de um
especialista em direito audiovisual deve estar entre as prioridades do produtor.

Temos dois casos específicos: quando o produtor é contratado para um


projeto e deve providenciar o contrato de acordo com seus critérios próprios de
trabalho e quando o produtor participa de algum tipo de concurso ou licitação e
neste caso está sujeito ao contrato da empresa (pública ou privada) que pretende
contratar seus serviços.

Os modelos validados pela ANCINE (Agência Nacional do Cinema):

 Argumento
 Roteiro
 Coprodução Entre Produtoras
 Coprodução pelo Art. 3º da Lei do Audiovisual
 Coprodução e Distribuição pelo Art. 3ºA da Lei do Audiovisual
 Distribuição
 Cessão de Direitos Patrimoniais Autorais Sobre Obra Original
para Produção de Obra Adaptada
 Contrato de Investimento

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2.2 Curtas, Médias e Longa-metragens

A imagem/som projetada, por mais


fantasiosa que seja, é sempre real; está
sendo vista/ouvida como no mundo real. A
sua relação com a imaginação é direta e
global, quase sem mediações, semelhante
à situação da fala (oral). É muito diferente
da imaginação reflexiva, mediada pela
palavra escrita e pela sintaxe de um texto
literário. É essa homologia com a fala (oral)
e com a realidade visível/audível que dá ao
cinema e à TV sua força e domínio sobre as
populações orais atuais. São os
instrumentos e o meio dominante da
educação cultural massiva. (ALMEIDA,
2001, p.26-27).

2.2.1 Curtas-Metragens

Conceito

Também chamados apenas de “curtas”, são filmes, que como o próprio


nome indica, têm duração reduzida. Não há nenhuma definição que indique o
tempo limite que pode ter, mas normalmente estes transitam até 30 minutos, no
máximo. Um pequenino vídeo de 30 segundos, já pode ser considerado um
curta.

O fato de serem produções breves faz com que não costumem exigir
grandes recursos para serem realizadas, o que significa que, com relativamente
poucos mecanismos acessíveis, é possível criar um vídeo deste tipo.

Com o avanço da tecnologia, a possibilidade de se ter uma câmera de


mais qualidade, seja em computadores ou mesmo em dispositivos móveis (como
tablets e smartphones) e um software de edição, produzir um curta-metragem
tornou-se algo viável na rotina de muitas pessoas que tencionam, inclusive,
trabalhar na área.

Utilização

Curtas-Metragens: Com o crescimento exponencial e contínuo de


informações que chegam até nós todos os dias, ter a possibilidade de obter
conteúdo de forma rápida e eficiente é de grande valia para o público em geral.

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Se antes os curtas eram quase que exclusivamente exibidos em festivais
específicos, hoje em dia não é raro encontrar produções disponíveis na Internet,
que se tornou um meio bastante atrativo tanto para quem produz, quanto para
quem consome este tipo de vídeo.

Também vale ressaltar sua utilização sob a forma de documentários e


vídeos relacionados às mais diversas áreas de pesquisa.

No Brasil, a fim de se regulamentar a exibição de curtas antes das


sessões regulares em cinemas do país, existe a chamada “Lei do Curta”, que
tem como base o artigo 13 da Lei Federal 6.281, além de regulamentações do
extinto Concine (Conselho Nacional de Cinema), em 1990.2

Art. 13. Nos programas de que constar filme


estrangeiro de longa-metragem, será estabelecida a
inclusão de filme nacional de curta-metragem, de
natureza cultural, técnica, científica ou informativa,
além de exibição de jornal cinematográfico, segundo
normas a serem expedidas pelo órgão a ser criado na
forma do artigo 2º.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, o órgão


a ser criado na forma do artigo 2º estabelecerá a
definição do filme nacional de curta-metragem.

Em 1992, buscou-se uma regulamentação que tivesse compatibilidade


com as exibições em salas comerciais. O parágrafo V do capítulo I da Lei Federal
8.401passou a definir que:

V - obra audiovisual de curta metragem é aquela cuja


duração é igual ou inferior a 15 minutos;

Tal conceito permanece em vigor até os dias atuais, sendo mantido após
a Medida Provisória 2.228, de 2001.3

2.2.2 Médias-Metragens

2
https://www.ancine.gov.br/pt-br/legislacao/decretos/decreto-n-567-de-11-de-junho-de-1992 /
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8401.htm

3
https://www.ancine.gov.br/pt-br/legislacao/medidas-provisorias/medida-provis-ria-n-2228-1-de-
6-de-setembro-de-2001 / http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2228-1.htm#art77

17
Conceito

Assim como o curta, o média metragem também não possui uma regra
rígida que identifique com precisão sua duração, mas como seu nome indica,
esta é a definição de produções medianas, que se por um lado são consideradas
muito curtas para ganharem exibições comerciais em circuitos de cinemas, por
outro já são muito extensas para ainda figurarem antes das exibições dos
chamados longas-metragens.

Para se ter uma ideia do tempo pelo qual um vídeo do gênero pode
transitar, mais uma vez toma-se por base a Medida Provisória 2281, de 06 de
setembro de 2001, que afirma:4

VIII - obra cinematográfica ou videofonográfica


de média metragem: aquela cuja duração é
superior a quinze minutos e igual ou inferior a
setenta minutos;

Com uma duração mais extensa, aumenta também a possibilidade de se


ter que utilizar uma maior quantidade de equipamentos. Nesse caso, deve-se ter
em mente que não necessariamente uma câmera de celular será o suficiente
para se realizar as filmagens.

Utilização

Ao contrário dos curtas, existe uma abertura mais ampla para os médias-
metragens no que diz respeito a exibições televisivas. Nesse caso, costuma-se
determinar como duração máxima, 52 minutos (tempo que também é
comumente definido como limite em Festivais específicos para esse tipo de
produção).

2.2.3 Longas-Metragens

Conceito

A definição de uma obra como longa-metragem não é necessariamente a


mesma em todos os países. Se tomarmos como base os parâmetros brasileiros,
teremos incluídos nessa categoria trabalhos cuja duração seja de pelo menos 70
minutos.

4
https://www.ancine.gov.br/pt-br/legislacao/medidas-provisorias/medida-provis-ria-n-2228-1-de-
6-de-setembro-de-2001 / http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2228-1.htm

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Se por um lado essa duração maior é mais trabalhosa e envolve custos
mais altos para sua realização, por outro, esse modelo é o mais provável de ser
levado a espaços com mais visibilidade, e o que costuma encontrar mais
facilidade em conseguir ser exibido em circuito comercial.

Graças ao tempo estendido para desenvolver a narrativa, esta precisa ser


mais complexa, contar com um número superior de personagens, desenvolver
as ações de forma detalhada. Se no curta e no média metragem tudo ganha ares
mais enxutos, no longa há a real possibilidade de se mostrar com maior
aprofundamento a história que se deseja contar.

Tal riqueza de detalhes, aliás, torna-se fundamental para que a obra não
acabe sendo vista com rasa e desinteressante. É importante manter a atenção
de quem a assiste, e despertar o desejo de chegar até a conclusão depois de
uma experiência satisfatória.

Utilização

Os longas-metragens são absolutamente populares, até por serem a


estrutura central do cinema mais comercial, que costuma atrair os maiores
públicos. É o tipo de obra que normalmente tem a possibilidade real de gerar
muitos lucros, seja em episódios únicos ou através de franquias aclamadas por
espectadores e crítica especializada.

Todos os gêneros podem ser utilizados em filmes dessa duração, uma


vez que através de mais tempo para se contar uma história, qualquer tema acaba
ganhando um viés de maior importância visual.

Além do cinema propriamente dito, também há histórico de uso de longas-


metragens como material de apoio didático em instituições de ensino, que podem
exibi-los em sala de aula ou mesmo recomendar que sejam assistidos no cinema
(enquanto permanecem em cartaz) ou em ambiente próprio a cada aluno
(através de DVD, canais de televisão ou plataformas de streaming).

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3 - PRODUÇÕES INDEPENDENTES

O planejamento de produção de um projeto


audiovisual na contemporaneidade deve levar em
consideração a possibilidade de criação de
universos narrativos expandidos produzidos e
distribuídos em multiplataforma. A dimensão desse
universo narrativo em termos de complexidade
deve extrapolar a própria obra, para permitir,
considerar e estimular os desdobramentos que
este projeto pode desencadear em termos de
participação e mesmo produção de conteúdo por
parte dos próprios fãs, seja em forma de fóruns de
discussão sobre esses universos, seja através de
fãs-filmes, blogs, websites, quadrinhos, layouts,
etc. (ALTAFINI; GAMO, 2010 p. 48)

As produções independentes podem ser caracterizadas como aquelas


que não dispõem dos mesmos recursos de grandes estúdios para realização de
suas obras audiovisuais e acabam encontrando seu caminho através de verba
própria ou captação externa de verbas.

Nesta contextualização podemos citar o produtor caseiro, que com uma


câmera mais simples e um editor de vídeo em computador de mesa produz,
grava e edita seus materiais sem nenhum tipo de patrocínio ou subsídio. Temos
também os donos de produtoras de pequenas a grandes que captam recursos e
promovem a criação de projetos próprios ou encomendados.

Neste segundo tipo as grandes redes de televisão muitas vezes contratam


essas produtoras para trabalhos que não seriam viáveis em termos de
contratação de pessoal e compra de equipamento, e assim locam os serviços
desde sua produção até edição final. É um tipo de trabalho também existente no
caso de emissoras ou estúdios que estão em outros países e necessitam de uma
estrutura local para as produções.

É um mercado em expansão onde a criatividade fala mais alto e a redução


de custos é necessária. E como atualmente os softwares e hardwares estão mais
acessíveis ao grande público surgiu uma nova categoria de produções: os “fãs-
filmes”, termo que designa as criações de as pessoas que são apaixonadas por

20
determinado segmento ou tema televisivo / de cinema e que produzem suas
próprias histórias dentro do universo criado pelos grande estúdios.

Em alguns casos este tipo de produção independente acaba saindo


melhor que o original, pois o fã utilizará o tema dentro da história honrando a
trama - algo que não acontece, muitas vezes, com diretores conceituados que
estão mais interessados em imprimir sua própria visão sobre o projeto
audiovisual do que em respeitar o tema central.

Além disso, com a chegada da Internet e das diversas plataformas digitais,


foi possível popularizar o produto independente e distribui-lo de forma mais
democrática, fazendo com que os mais diversos públicos possam ter acesso às
obras.

A produção independente também promove aos seus diretores e


produtores uma fuga dos padrões impostos por grandes estúdios e produtoras,
a partir do momento em que criam tramas e histórias que normalmente não
seriam contadas. Os riscos são grandes, pois estas obras podem não conseguir
chegar ao mercado consumidor ou mesmo dar um retorno financeiro que cubra
os custos, mas como citado anteriormente, é um mercado em franca expansão
e cada vez mais pessoas buscam esses títulos para fugir do lugar comum.

Para que possamos iniciar um projeto independente, há a necessidade de


seguir os preceitos básicos de qualquer obra audiovisual, mas sempre os
adaptando à realidade existente. Ou seja, como usualmente a verba não existirá
ou será representada por um valor mínimo, todo tipo de processo e materiais
que forem captados de forma gratuita terão prioridade para serem realizados em
primeiro lugar.

21
4 - GÊNEROS

O processo fílmico de uma obra audiovisual possui elementos


caracterizadores do cinema tradicional e neste contexto devemos falar sobre os
gêneros, ou seja, os tipos de produção que podem ser seguir um padrão
específico.

No que respeita à produção, os gêneros permitem


jogar com um repertório de elementos testados e
instituídos que criam familiaridade nas expectativas
do espectador. Desse modo, originam-se fórmulas
ou padrões facilmente aplicáveis e passíveis de
segura avaliação prévia sob uma perspectiva
industrial e comercial. Permitem, portanto,
antecipar as possibilidades de sucesso e controlar
o risco do investimento na produção de uma obra
(ou produto, se quisermos). Daí que, apesar das
mutações que ocasionalmente ocorrem, os
géneros tendam a ser, sob um ponto de vista
cultural, reiteradamente conservadores –
precisamente porque os produtores tendem a
minimizar os riscos criativos em função da
maximização comercial. (NOGUEIRA, p.13, 2010).

Nunca uma obra será igual à outra e o gênero também seguirá caminhos
diferentes de um para o outro. Desta forma a escolha de um tipo de produção
seguirá a linha de um determinado público alvo e assim tentará transmitir a
mensagem desejada.

Existem diversas etapas na concepção do gênero e decidimos empregar


as utilizadas pela autora Ana Maria Bahiana em sua obra “Como ver um Filme”:

 Narrativa: tramas, premissas e estruturas parecidas (até o formulaico);


situações, obstáculos, conflitos e resoluções previsíveis.

 Caracterização dos personagens: tipos semelhantes de personagens


(próximos aos estereótipos) com qualidades, motivação, objetivos e
aparência similares.

 Temas básicos: os filmes são sobre temas semelhantes, frequentemente


em contextos históricos, culturais e sociais semelhantes.

22
 Ambiente: o lugar — geográfico ou histórico — onde a trama se passa é
o mesmo.

 Iconografia: uso de “ícones” semelhantes — objetos, atores, atrizes,


cenários; uso de certos tipos de linguagem e terminologia.

 Técnicas e estilo: iluminação, paleta de cores, movimentação de câmera


e enquadramentos semelhantes.

Para ajudar na escolha do gênero adequado em suas futuras produções,


citamos abaixo alguns mais conhecidos e que estão em alfabética para uma
organização mais efetiva.

Assim os gêneros não foram dispostos por ordem de importância, por não
existir tal ordem, mas possuem sua própria individualidade e relevância
dentro do cenário das produções.

 Ação
 Adaptação Literária
 Animação
 Comédia
 Documentário
 Drama
 Fantástico
 Ficção Científica
 Musical
 Terror
 Thriller / Suspense

Ação

Tem como premissa essencial o bem prevalecendo sobre o mal,


normalmente após os protagonistas enfrentarem as mais diversas provações e
atravessarem variados obstáculos (que podem ou não ser materiais).

Nem sempre nesse tipo de produção haverá a criação de um roteiro com


muito requinte, mas é certo que contará com personagens fortes (que muitas

23
vezes aliam a força física à inteligência para resolver as questões impostas pela
narrativa).

Para cumprir a intenção de se proporcionar ao público um estado de


constante atenção e ânimo, pode ser necessário deixar de lado a real viabilidade
de muitos feitos. Nos filmes do gênero ação, o “herói” tem a possibilidade de se
valer de atitudes improváveis para derrotar seus inimigos.

A façanha convencional do herói começa com alguém a


quem foi usurpada alguma coisa, ou que sente estar
faltando algo entre as experiências normais franqueadas
ou permitidas aos membros da sociedade. Essa pessoa
então parte numa série de aventuras que ultrapassam o
usual, quer para recuperar o que tinha sido perdido, quer
para descobrir algum elixir doador da vida. Normalmente,
perfaz se um círculo, com a partida e o retorno.
(CAMPBELL, p.138, 1990).

Quanto aos cenários / locações, quando estes são pouco convencionais


ou até mesmo exóticos, acabam por se tornar um elemento de destaque a mais,
assim como quando há a escolha por personagens que fujam do lugar comum
(como alienígenas, robôs, super-heróis, animais em extinção ou até mesmo
criaturas / raças desenvolvidas especialmente para o filme).

Por outro lado, também é possível escolher cenários bastante triviais, sem
nenhum atrativo diferenciado. Nesse caso, o que mais importará realmente será
a ação em si, com as locações servindo apenas como pano de fundo simples
para o desenrolar das cenas.

Adaptação Literária

Aqueles que fazem da leitura em geral mais do que um hobby, uma


verdadeira paixão, sabem o quanto é satisfatório quando uma obra inicialmente
pensada para o papel tem sua história adaptada para as telas de cinema.

Com o visível aumento no número de adaptações cinematográficas de


obras literárias, também cresceu o interesse por esse por assim dizer,
“subgênero”, que se tornou muito interessante para produtoras que visam obter
lucros com esse tipo de longa.

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Apesar de não ser uma regra geral, normalmente, quando um livro é
adaptado para a TV ou o cinema, já tem um público fiel de leitores que devem
compor a maior parcela de espectadores motivados em acompanhar a história
em outra plataforma.

Tal envolvimento prévio implica na real necessidade de se produzir algo


que seja o mais próximo possível da obra original, a fim de atender às
expectativas de quem já conhece a trama e espera comprometimento com ela.

O fato é que nem sempre o que funciona no papel consegue o mesmo


êxito quando representado na tela. Caberá aos realizadores da produção, a
busca por um meio termo adequado em que haja fidelidade com o livro e eficácia
com o filme.

Como o livro, o cinema tem o poder extraordinário, próprio


da obra de arte, de tornar presente o ausente, próximo o
distante, distante o próximo, entrecruzando realidade e
irrealidade, verdade e fantasia, reflexão e devaneio
(CHAUI, Marilena, pg.333, 2010)

Ter vários volumes impressos não é sinônimo de garantia que uma


história terá sucesso no cinema. Com os números de bilheteria no centro dos
interesses, há casos em que grandes triunfos literários não são bem recebidos
em sua versão fílmica e têm cancelada sua continuidade em futuros longas,
deixando a trama sem uma conclusão final satisfatória em termos de obra
audiovisual.

Assim como há inúmeros casos de histórias que conseguem obter ainda


mais conquistas quando adaptadas (seja para a TV ou o cinema). Minisséries,
curtas, médias e longa-metragens, seriados que contam com várias temporadas,
há várias possibilidades para se transportar os personagens para uma obra em
movimento.

Então, a proposta é de que se crie um produto que consiga atender


simultaneamente dois grupos distintos: os que já conhecem a história e buscam
pela novidade de vê-la fora do papel e os que vão ter seu primeiro contato com

25
a trama através da adaptação, para depois se interessar em conhecer o título no
qual ela foi baseada.

Animação
As produções deste gênero são lembradas com frequência por sua
riqueza de detalhes, que conseguem atrair a atenção da plateia de forma natural.
Para sua criação, são gerados fotogramas (impressões fotográficas ou quadros
unitários de um filme) individuais, que são posteriormente fotografados, o que
resulta na sensação de movimento aos olhos dos espectadores.

Nos primórdios de sua criação, o gênero animação visava atrair


principalmente o público infantil, porém em dias atuais, é nítida a mudança de
expectativa e agora, espectadores mais velhos também tornaram-se parte
importante do público alvo pretendido.

É possível criar obras que conseguem atender a esse nicho mais amplo,
cujos roteiros encontram o equilíbrio entre o mais simples (que vai prender a
atenção dos menores) ao mais elaborado (que chega na forma de referências
aos mais diversos trabalhos de audiovisual e os chamados “easter-eggs”, que
são citações / imagens incluídas de maneira menos evidente na produção e que
conseguem agradar o público adulto).

Entre os tipos de animação, além da tradicional, existem as que utilizam a


técnica conhecida como “Stop-Motion”, cuja diferença principal se dá pelo
material a ser fotografado para simular movimento. No lugar de desenhos, há
personagens e locações tangíveis, criadas com uma espécie de massa de
modelar usada para esse fim específico.

Sem contar as produções que usam dois recursos distintos ao mesmo


tempo, e que inserem personagens criados através da animação para atuar em
conjunto com atores de carne e osso em locações reais (ou mesmo o contrário:
inserem atores de verdade em cenários animados).

Comédia

Gênero conhecido por apresentar situações inusitadas e divertidas, com


o intuito de provocar risos e momentos de descontração à plateia.

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Segundo Aristóteles, a comédia é a “irmã” menor e
menos importante do drama. Sua origem está no
Komos, dança-pantográfica fálica praticada na
antiguidade nos vilarejos gregos. A comédia como
forma mais exaltada de imitação da ação tem a
hamartia (falha de caráter/“errar o alvo”) como
essência. Uma falha ridícula, um erro não doloroso
ou destrutivo, um caráter inocente, ao contrário do
drama, em que lições são aprendidas, mas nada se
pode fazer depois de deflagrada a ação, na
comédia o herói deve ter a oportunidade de corrigir
o erro e escapar das consequências. Seu objetivo
é necessariamente suscitar o riso. (BAHIANA,
p.103, 2012).

Apesar de não necessitarem de roteiros muito complexos, os filmes desse


gênero nem sempre são considerados fáceis de se realizar. Segundo boa parte
dos profissionais da área, a tarefa de encontrar o humor que vai atingir cada um
é complicada, uma vez que o que pode ser engraçado para um, nem sempre
parecerá tão hilário para o outro.

Entre as vertentes da comédia, merecem destaque as produções do


gênero pastelão (que usualmente incluem em seus roteiros tombos, situações
absurdas e até mesmo as famosas tortas na cara), as paródias (recriações de
obras que já existem, sob uma nova perspectiva cômica) e o humor mais
“intelectual” que tem o sarcasmo como ponto central.

Subgênero que também faz muito sucesso, com suas histórias sensíveis
e moderadas, a comédia romântica conquistou um público fiel, que procura além
da diversão, narrativas que sejam atraentes no âmbito sentimental.

Também vale lembrar as produções cujos roteiros surgem a partir da


mescla de outros gêneros, com liberdade para transitar pelo terror, policial e até
mesmo o drama, para no final, conseguir fazer rir. Assim como é importante
destacar o aparente excesso de filmes do tipo, o que pode ocasionar o desgaste
da fórmula.

Documentário

Apesar de conter dentro de si um leque bastante amplo de possibilidades,


uma vez que é possível transitar sobre os mais diversos temas na hora de se

27
produzir um documentário, há algumas coisas que se mantêm inalteradas seja
qual for a escolha da história a ser contada.

Nesse tipo de produção, deve-se ter em mente que o compromisso com


a verdade é algo que tem que prevalecer da maneira mais fluída possível. É claro
que o uso de recursos fílmicos fará parte da construção, mas a base precisa
estar centrada em fatos reais e não suposições.

Em cima dessa estrutura verídica, que costuma ter como temas


recorrentes questões que despertem o interesse do grande público e até mesmo
provoquem debates por seu cunho polêmico na maior parte das vezes, cria-se
uma espécie de argumento aberto, em que os depoimentos de pessoas reais
dão o tom à narrativa.

Drama

Tão difícil quanto fazer rir, é a missão de conquistar o público através do


outro lado de seu emocional. Essa é a função do drama, que por meio de
situações / fatos tristes / comoventes, visa envolver os espectadores com uma
narrativa repleta de emoção.

Pode-se dizer que o gênero está no meio do caminho entre os ícones


máximos da Tragédia e da Comédia. Não é raro encontrar em uma produção
dramática, cenas que sejam mais sutis, com uma carga emocional menos
explícita, cuja tarefa é fazer com que a plateia sinta-se de alguma forma
preparada para um provável evento que vá causar alguma emoção mais forte,
que vá de fato mexer com a sensibilidade de quem assiste à obra.

O drama não é apenas justaposição de tragédia e


comédia. É sim, alguma coisa mais, alguma coisa
além, que resulta do produto de ambas. Diz (Hegel)
ele que, que no drama, o que se faz é aparar as
saliências de ambos os gêneros precedentes,
obtendo assim um gênero novo. Nele, a
personalidade subjetiva da comédia, ao invés de
agir com a desproporção cômica, faz-se penetrar
da seriedade dos caracteres firmes e lança-se ao
enredado de colisões no qual, através da sua
vontade consciente, buscará seu fim, que pode ser
mais ou menos infeliz. Isto é importante. Não se
busca mais a “queda da felicidade ao infortúnio” de
Aristóteles nem, necessariamente, a obra teatral

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deverá ter um fim feliz. O que acontece é que, ainda
que ocorra um resultado oposto ao desejado pelo
protagonista, por exemplo, a existência humana
tem suas retribuições, suas compensações.
(PALLOTTINI, p.33, 1989).

Desde o início do filme de drama, é comum apresentar os elementos


principais, para proporcionar maior envolvimento com os espectadores. A
identificação imediata com os personagens e com a história em si, faz com que
se aumente a possibilidade de provocar uma descarga emocional – objetivo
máximo desse gênero.

Outro ponto fundamental para o êxito é a escolha de uma trilha sonora


impactante. Seja em comunhão com diálogos coerentes a cada momento ou
mesmo quando surge como recurso para cenas sem falas, a música torna-se um
dos elementos de maior destaque.

Há duas possibilidades inversas, mas que podem ser igualmente


eficientes: a opção por melodias instrumentais é a que tem mais crédito em
filmes de drama, mas há casos em que as letras das canções ganham força
como um eficaz componente, e podem até mesmo tornar-se tão lembradas
quanto a obra fílmica em si.

Sobre os temas que o gênero engloba, estes podem variar entre várias
possibilidades, entre as quais: histórias de amor não correspondido, tramas que
envolvam doenças em família, todas as variantes de guerra, narrativas de
superação ou algum tipo de tragédia pessoal.

O quanto cada uma vai atingir o público, vai depender da bagagem


emocional que cada espectador carrega consigo. Como exemplo, citamos os
filmes cujas histórias giram em torno de algum animal. Estes costumam atrair
mais pessoas que são ou já foram tutores e que têm mais interesse pela causa
animal.

Seja com roteiros verídicos ou ficcionais, é fundamental perceber os


pontos em que os “gatilhos emocionais” serão acionados, para manter a atenção
e a emoção do público durante toda a apresentação.

29
Fantástico

Dentre os gêneros, este é o que tem umas das maiores complexidades


narrativas, pelo fato de que, para se construir uma história fantástica, basta que
essa faça sentido dentro da imaginação de quem a assiste. O que possibilita que
a utilização de universos paralelos e seres surreais em suas tramas seja vista
com naturalidade.

Produções fantásticas podem unir-se a outros gêneros para a criação de


histórias originais. Sendo assim, é possível encontrar dentro desse tipo de obra,
títulos que também façam uso de elementos vistos em musicais, animações,
suspense e até mesmo drama, o que torna suas possibilidades ainda mais
abrangentes.

Também é comum encontrar narrativas que colocam algum tipo de


elemento fantástico em um cenário cotidiano, a fim de viabilizar a interação de
um ou mais personagens do mundo “real” (no qual a primeira trama principal se
passa), com algum universo paralelo (no qual uma nova trama será incluída,
dentro da mesma obra).

Para a real apreciação de uma produção fantástica, é necessário ter em


mente que ater-se à lógica ou a fatos conhecidos e comumente aceitos no dia a
dia não é recomendável. A realidade não pode manter-se como agente limitador
para a elaboração e consequente produção de títulos do gênero.

Ficção Científica:

A base desse tipo de produção é a ciência propriamente dita e suas


ramificações. Mas, ao contrário dos documentários, a narrativa se dá através de
eventos ficcionais (ainda que em muitas vezes também se faça uso de alguns
resultados viáveis).

A alternativa de se criar especulações acerca de assuntos que envolvem


a junção de informação e entretenimento encontra em seu público fiel um amplo
mercado de possibilidades.

30
De invasões alienígenas (que resultam na escravização dos humanos
e/ou extinção do planeta), androides e robôs interagindo com as pessoas (seja
letal ou naturalmente), viagens no tempo e pelo espaço (em máquinas
específicas para isso ou naves futuristas). Há muito para se explorar quando o
assunto é a concepção de um roteiro de ficção científica.

Esse é um dos gêneros que mais faz uso das obras literárias, e grandes
títulos que chegam à forma de filmes tiveram suas histórias contadas primeiro
no papel (o que, como já dito no tópico das adaptações literárias, é uma grande
responsabilidade, uma vez que o resultado precisa agradar o público que já se
identifica com a trama e os que ainda terão conhecimento dela através dessa
nova forma de demonstrá-la).

Também é um dos temas mais rentáveis em se tratando da expansão de


seu alcance. Uma obra de ficção científica costuma ter personagens muito
atraentes, com protagonistas e vilões muitas vezes marcantes o suficiente para
tornarem-se nomes de sucesso em outras fatias de mercado, inclusive com a
possibilidade de gerar outras produções (que darão origem a novas sagas
completas ou aos cada vez populares spin-offs, que são histórias paralelas às
originais).

Musical

Tendo a música como uma de suas bases principais, o gênero consegue


transitar por várias categorias, sendo possível criar obras cujas narrativas podem
apresentar elementos de comédia a romance, chegando a drama e até mesmo
terror.

Para se criar um bom argumento, deve-se aceitar o fato de que nem tudo
precisa fazer real sentido em uma trama musical. Aliás, a maior parte das cenas
que envolvem canções como recursos narrativos, mostram situações que podem
beirar o absurdo se vistas pela perspectiva real, mas que parecem adquirir um
tom absolutamente normal quando passam a fazer parte de uma obra desse tipo.

31
Mais uma vez, as letras (quando as canções não forem instrumentais
apenas) são um importante detalhe e costumam ser relacionadas de forma
eficiente à situação visual que se apresenta na tela. Além disso, podem se
transformar em um fundamental ponto de apoio até mesmo como elemento
enriquecedor de diálogos.

Há dois caminhos que podem ser percorridos para se criar um musical: no


primeiro (e mais utilizado), os próprios personagens interpretam as canções, em
situações nas quais as músicas são encaixadas como diálogos ritmados e fazem
parte da ação do momento.

Em outra possibilidade, a trilha continua como parte fundamental, porém


as canções servem mais como elemento de fundo, como uma complementação
ao sentimento / ação do personagem, sem que este precise necessariamente
interpretá-la.

Da mesma forma, é viável ter como base produções animadas e até


mesmo peças teatrais, que quando adaptadas aos moldes dos musicais
conseguem atrair não só o público fã do gênero, mas também quem já conhece
suas versões originais.

TERROR

“O que é um monstro? Qual a sua origem? Como reconhecê-lo? Onde ele vive?
Devemos temê-lo? Estas são questões curiosas, assim como o próprio conceito de
monstro, que sempre dependeu do período histórico e da cultura em que foi formulado.
Cada cultura cria seus monstros. E cada monstro só pode nascer, crescer e gerar
descendentes dentro de um culturas que o alimente, o sustente; seja com carinho e
cuidado, seja com medo e rejeição, mas sempre lhe dando atenção”.

(por Silvio Alexandre, Enciclopédia dos Monstros5)

O gênero terror é aclamado por um grande público por contar com


narrativas que oferecem a possibilidade de encarar fobias, passar por momentos
perigosos ou estar em frente a elementos assustadores, sem que isso de fato
promova algum tipo de risco autêntico, uma vez que toda a ação está fora do

5
Frase utilizada para ilustrar abertura e orelha do livro: Enciclopédia dos Monstros.

32
alcance dos espectadores, que permanecem seguros em suas vidas reais,
apenas em frente à tela na qual há a projeção.

A popularidade dos temas costuma variar em determinadas épocas, o que


costuma gerar uma enxurrada de produções cujas histórias giram em torno de
elementos em comum, como zumbis, possessões demoníacas ou invasões
alienígenas.

Alguns personagens tornam-se clássicos e permanecem no imaginário


popular por muitos anos, como os monstros em forma de vampiros, lobisomens
e múmias. As tramas podem ainda ser baseadas em histórias protagonizadas
por personagens mais verossímeis, como assassinos em série (que também são
muito utilizados em roteiros mais fantasiosos, nos quais os vilões tem uma
resistência bem maior do que o normal).

O fato é que, quanto mais surreal for a narrativa, maior será a necessidade
de se inserir efeitos especiais no resultado final a fim de convencer o público de
que vale a pena comprar a ideia proposta.

Dentro do gênero há algumas variantes, ainda que todas com a mesma


óbvia intenção: assustar / incomodar quem as assiste. O “trash” engloba
produções de baixo custo e que em várias ocasiões apresentam linhas narrativas
risíveis, mas que na maior parte das vezes se levam muito a sério e não aceitam
esse rótulo.

Já o chamado “gore” tem como base o aparente exagero na opção pelo


uso de cenas escatológicas / chocantes, com muito sangue cenográfico e outros
artefatos repulsivos sendo derramados durante a ação.

Em uma versão mais amena do gênero, surgem as obras que se


equilibram entre o terror puro e o humor escancarado, e que fazem uso de
roteiros com temas inusitados como ataques de improváveis criaturas (como
animais ou pessoas que sofrem mutações grotescas), que acabam não
provocando reações de medo genuíno em quase ninguém.

SUSPENSE/THRILLER

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Tendo uma posição bastante segura entre os gêneros de obras fílmicas,
o thriller basicamente alia tensão e suspense para criar uma aura que consiga
manter o interesse do espectador em alta durante toda a história.

Com o recurso de pistas exibidas em pontos-chave da narrativa, esse tipo


de produção costuma apresentar o clímax de sua trama mais próximo do final,
após o protagonista ter ficado em meio a uma ação quase ininterrupta, o que
pode abranger os mais diversos tipos de provação (física e/ou mental), incluindo
ter sua vida posta em risco até chegar à conclusão que levará à solução do caso.

Falando das provações que acometem os


heróis da tragédia, Aristóteles diz que aquilo que
nos dá pena ver acontecer com os outros provoca,
em nós, o medo mais profundo: o “medo trágico”. A
questão essencial do medo trágico — e, por
extensão, do thriller — é: o que não suportamos
perder de modo algum? O que mais amamos e
valorizamos a tal ponto que a antecipação de sua
perda deflagra o medo absoluto, o medo profundo,
o medo trágico? (BAHIANA, p.141, 2012).

Cada qual com suas próprias características, subdivisões são


encontradas dentro do gênero principal:

Thriller Policial: Acontecimentos giram em torno de uma investigação


criminal e o personagem central é o antagonista que deverá ser capturado por
um detetive / investigador (profissional ou amador).

Enquanto o vilão dá ritmo à história, o mocinho (e por consequência, o público)


tenta encontrar pistas que culminarão em sua captura.

Thriller Político: Tem como foco principal a luta pelo poder (seja do tipo
que for), com liberdade para ser baseado apenas em fatos reais, somente em
fatos fictícios ou ainda uma mistura dos dois.

Os roteiros costumam se fundamentar em guerras (de política interna ou de


alcance global), casos de corrupção ou terrorismo.

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Thriller Psicológico: Os roteiros são apoiados principalmente no que se
passa dentro da mente dos personagens, que é o ponto central para que sejam
formadas as principais características desse subgênero.

No geral, a criação dos protagonistas pode levar a dois caminhos distintos:


ou são personagens que apresentam inteligência acima da média ou são
portadores de algum tipo de confusão mental (que pode ser explícita desde o
início ou revelada de forma gradual durante a história, conforme acontecem as
descobertas).

Thriller de Conspiração: Considerado por alguns uma ramificação do


thriller político, tem como personagens centrais pessoas comuns, sem a
obrigatoriedade de desenvolver alguma característica extraordinária ou de
destaque, mas que se propõem a aceitar os mais variados tipos de riscos a fim
de encontrar as respostas para histórias que costumam apresentar inúmeras
pontas soltas durante seu desenrolar.

Muitas vezes representados como jornalistas / repórteres, os


protagonistas acabam colocando sua própria vida (e muitas vezes até mesmo
as de quem os cerca) em risco, em sua busca incessante pela verdade que os
levará à provável resolução do caso.

Thriller Tecnológico: O fato de apresentar em seus roteiros vários dados


e informações técnicas faz com que esse tipo de thriller seja por vezes
confundido com obras de ficção científica.

Como base central para suas histórias, estão as mais diversificadas


novidades em tecnologia (sejam estas já consideradas verossímeis ou não), que
visam serem utilizadas em um futuro próximo.

Além disso, as tramas contam com cenas de ação e podem ser criadas
em cima de temáticas de espionagem (que nesse caso em especial, costuma
incluir a aparição de hackers como personagens importantes para o desenrolar
da narrativa).

35
5 - OBRAS PUBLICITÁRIAS

Dentro do contexto de obra audiovisual publicitária temos que entender o


conceito de Marketing existente para que a produção possa estar de acordo com
o objetivo desejado, segundo Philip Kotler: “Marketing é a ciência e a arte de
explorar, criar e entregar valor para satisfazer as necessidades de um mercado-
alvo com lucro. Marketing identifica necessidades e desejos não realizados. Ele
define, mede e quantifica o tamanho do mercado identificado e o potencial de
lucro”.

Nesta conceituação o marketing irá explorar os pontos de maior interesse


na atração de um público alvo fiel e com ideias parecidas, é o que chamamos
nicho de atuação. Cada um desses nichos representa uma segmentação de
mercado que deverá ser trabalhada de acordo com as necessidades existentes.

É possível pensar que uma das molduras do


publicitário seja o aparelho de TV. É através
dele, e dentro dele, ou ainda na sua tela que
as atualizações do publicitário se
apresentam. O publicitário, portanto, é
processo midiático. O aparelho de TV, a TV
como moldura, insere o publicitário nas
casas, escritórios e outros diversos
contextos. Na medida em que a TV ligada é
parte da rotina dos receptores, o publicitário
também se torna parte da vida das pessoas.
Essa noção de moldura é interessante para
reforçar a noção da importância da
pesquisa em curso. A quase onipresença do
aparelho de TV nos lares brasileiros coloca
a questão da força com que o publicitário se
faz presente no imaginário e nas
experiências cotidianas da população.
(FISCHER, 2008, p. 66-67)

A evolução através das décadas:

Neste tópico foram selecionadas as décadas mais importantes do ponto


de vista do Marketing para podermos contextualizar como as produções
seguiram um determinado caminho de acordo com a tecnologia e o tipo de
sociedade em que foram inseridas.

36
1950: O Marketing era tratado como uma força para vender mais através
de processos que envolviam o consumidor, atraindo a atenção de
administradores e empresários.

1960: Kotler deu a definição usada até hoje do marketing onde ele “… é
um processo social onde as pessoas adquirem algo que desejam, através da […]
negociação de produtos e serviços […]”.

1970: A ideia de “vender a qualquer custo” era espelhada por “satisfação


em primeiro lugar”.

1980: Gurus de marketing apareceram com teorias sem teor científico,


mas que conseguiram levar o marketing às massas. Com isso, ele passou a ser
uma preocupação de empresas de todos os tamanhos e em todos os seus
departamentos. A década do modismo.

1990: A personalização de marca virou obrigação e o marketing passou a


ser focado para a sociedade, com o foco em ações e causas sociais.

2000: Aqui, a mídia espontânea e as interações sociais começaram a


tomar espaço da propaganda tradicional, o que mudou a forma de se fazer
marketing e comunicação. Mobile, internet a cabo, viralização, e-commerce e
redes sociais.

2010: Marketing de busca (SEO/SEM), inbound marketing, marketing de


relacionamento, marketing de conteúdo.

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6 - O CRESCIMENTO DO MERCADO

Na atualidade e com o fortalecimento das mídias sociais digitais, o


mercado de produtos audiovisuais na área de publicidade tem tido um
crescimento espantoso. Este fato ocorre dada a facilidade de distribuição
existente nas mídias digitais, ou seja, a Internet é democrática e essencialmente
gratuita, o que contribui para a disseminação dos produtos a custo quase zero.

Mas é claro que as grandes plataformas entenderam que nem tudo pode
ser a custo zero e criaram maneiras de monetizar (dar valor) os produtos
audiovisuais existentes na área de marketing. O Youtube é um exemplo disso,
pois antes do início de seus vídeos há um “comercial” que em alguns casos,
após poucos segundos de exibição, permite ao usuário a opção de “pular”,
enquanto em outros não é possível dar início à exibição do vídeo sem a
finalização da propaganda.

Os agora chamados ‘influenciadores digitais’ (youtubers) são outro foco


de interesse da publicidade, pois em seus canais eles vinculam produtos em
forma de merchandising, ou seja, em seus vídeos fazem uma propaganda mais
simples de determinada marca, citando que receberam alguns produtos ou
serviços.

Este tipo de ação também é encontrado no Facebook, Twitter e Instagram


e sempre que a pessoa fizer uma publicidade ela é obrigada pelas redes sociais
digitais a colocar a hashtag (#) “publi’ para indicar que está fazendo um pequeno
comercial pago.

38
7 - DIREITOS AUTORAIS NA ERA DIGITAL

A questão dos direitos autorais é um assunto delicado nos dias atuais,


pois com a proliferação de dispositivos móveis e digitais, a captura de imagens
em movimento ou estáticas se tornou algo corriqueiro em nosso cotidiano. Mas
essa facilidade em se registrar momentos esbarra no direito a privacidade das
pessoas.

Imagens são mediações entre


homem e mundo. O homem “existe”, isto é,
o mundo não lhe é acessível
imediatamente. Imagens têm o propósito de
lhe representar o mundo. Mas, ao fazê-lo,
entrepõe-se entre mundo e homem. Seu
propósito é serem mapas do mundo, mas
passam a ser biombos. O homem, ao invés
de se servir das imagens em função do
mundo, passa a viver em função de
imagens. Não mais decifra as cenas da
imagem como significados do mundo, mas
o próprio mundo vai sendo vivenciado como
conjunto de cenas. Tal inversão da função
das imagens é idolatria. (FLUSSER, p,23,
2011).

O uso da imagem de pessoas (públicas ou privadas) em materiais


textuais. Até que ponto podemos expor uma pessoa em fotos ou vídeos?

A Constituição Federal do Brasil garante o direito ao cidadão de não ter


sua imagem exposta:6

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

6
https://www.imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/Constituicoes_declaracao.pdf

39
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional
ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação;

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras


coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;

A imagem é considerada uma propriedade particular, então entende- se


que fotos que tirarmos de terceiros não poderiam ser publicadas. Surge a dúvida:
e no caso de eventos públicos? A pessoa ou personalidade poderia se negar a
ter sua imagem exposta em um site de notícias ao participar de uma solenidade
ou festa? A resposta é sim.

Atualmente convencionou-se neste tipo de evento que todos os


participantes “estão de acordo” em ceder os direitos de uso de imagem pelo
simples fato de estarem presentes. Isto também podemos considerar em um ato
público.

E como trabalhar no âmbito do audiovisual? Devemos sempre


conseguir uma autorização por escrito da(s) pessoa(s) cujas imagens forem
captadas. Em caso de produções com elenco contratado, o próprio contrato de
trabalho já deverá possuir uma cláusula específica sobre a cessão do uso de
imagem – por tempo determinado ou indeterminado.

O que é permitido para uso comum? Este tópico é muito sensível e


possui uma linha muito tênue em sua interpretação. Imagens de locações
(prédios, casas, florestas etc) físicas e inanimadas não requerem
necessariamente de autorização, salvo se forem em locais privados ou que
identifiquem a moradia e/ou localização de estruturas particulares.

40
Um ponto de discussão são os eventos abertos ao público – feiras,
exposições, congressos entre outros – mas a captação de imagens deverá ter a
devida autorização. Assim como a captura em locais públicos como praças e
ruas onde haja a presença de pessoas.

Como utilizar material já existente dentro da lei? Tendo as devidas


autorizações assinadas e/ou algum outro documento comprovando o uso das
imagens não haverá problemas na sua utilização na produção.

41
8 - CURSOS E OFICINAS

Fonte: Projetado por Freepik - Freepik.com

- O que são e como funcionam

A principal diferença entre eles é seu grau de aprofundamento. Os cursos


costumam ter uma fundamentação mais teórica (mas nada impede que também
haja atividades práticas em seu decorrer), além de serem mais longos, por vezes
durando meses.

Têm como característica a busca por determinada formação, assim como


podem ser parte importante da profissionalização. São procurados tanto por
iniciantes, quanto por aqueles que já têm certo grau de conhecimento, mas estão
sempre em busca de aprimorar / atualizar seus estudos.

Em contrapartida, as oficinas são mais voltadas ao lado prático, sem tanto


embasamento teórico, até mesmo devido ao fato de sua curta duração. Através
de discussões que promovem a dinâmica entre os participantes, seu principal
intuito é demonstrar como a teoria será utilizada na prática.

Dentre as possibilidades oferecidas por ambos, há a oportunidade de ser


criar um material autoral com base nos fundamentos principais para a elaboração
de uma obra audiovisual.

- Vantagens

Ao se optar pela realização de um curso ou oficina específico, é provável


que haja a ampliação do conhecimento sobre os setores que forem mais
atrativos aos participantes.

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Apesar de ser claramente interessante ter uma noção geral sobre as
diversas áreas que compõem o mercado de trabalho para quem pretende atuar
no ramo do audiovisual, por outro lado ter uma especialização em um ramo
distinto também pode ser um diferencial.

Como exemplo, se o intuito é trabalhar na esfera da direção, ainda que se


tenha um entendimento básico das outras camadas e elementos que fazem parte
dos bastidores das gravações, acaba sendo válido buscar por material voltado a
esse assunto em específico, para que se possa inteirar cada vez mais e estar
preparado para lidar com diversas situações envolvendo a direção que podem
vir a acontecer durante o processo de elaboração de uma obra audiovisual.

Existe certa facilidade em se encontrar esse tipo de atividade sendo


oferecida de forma gratuita, o que faz com que a condição financeira não seja
um determinante de quem terá acesso ao material e ainda haja um provável
aumento de interesse em se fazer vários cursos e ou oficinas diferentes /
complementares ao longo do tempo.

- Desvantagens

A mesma facilidade de acesso que pode ser vantajosa, também tem um


lado nem tão atrativo, quando se pensa que, ao ter contato com muito material
e informações simultâneas, o pretenso profissional da área de audiovisual pode
acabar pegando certos “vícios” de quem já atua nesse campo.

Deve-se ter máxima atenção para perceber o que está sendo colocado
como norma padrão em qualquer lugar (e que futuramente será de grande valia
na realização de seus trabalhos) e o que é apresentado como opinião ou
experiência pessoal de cada um (sejam palestrantes ou outros interessados no
curso / oficina).

Há de se saber separar o que pode ser utilizado em uma carreira futura e


o que deve ser evitado a fim de não se cometer erros que outros já consumaram.
E principalmente, estar aberto a novas ideias e conhecimentos, mas manter sua
postura sem ser afetada de maneira exagerada por interações de outrem.

Meios de Transmissão

43
Fonte: Projetado por Kjpargeter - Freepik.com

Após a chegada da Internet, os meios para transmissão das obras


audiovisuais ganharam novos ares, pois anteriormente ao surgimento da WEB
havia apenas as exibições em redes de televisão e cinemas.

Com o advento de novas tecnologias e o crescimento das redes sociais


digitais estamos tendo a oportunidade de acompanhar uma evolução na maneira
não só de transmissão, mas também de visualização, pois com a idealização do
streaming7, novas plataformas digitais surgiram e criaram oportunidades de
trabalho e produção.

Neste contexto é importante salientar que a convergência das mídias é


um fator determinante na forma de transmissão, ou seja, a convergência permite
a interação de mídias digitais diferentes utilizando um ponto base de acesso.

Para exemplificar, tomemos como ponto inicial a criação de um site sobre


determinada obra audiovisual que permita ao internauta optar pelo acesso a
outras plataformas como redes sociais digitais, galeria de imagens, galeria de
vídeos e redes de distribuição de vídeos.

Desta forma abre-se o leque de opções ao público alvo e ele não precisa
ir de plataforma em plataforma em busca do material desejado, pode partir de

7
Tecnologia que envia informações multimídia, através da transferência de dados, utilizando redes de
computadores, especialmente a Internet, e foi criada para tornar as conexões mais rápidas.
https://www.significados.com.br/streaming/

44
um local único para sua navegação o que é um grande diferencial na hora de
divulgar ou permitir o acesso às pessoas de interesse de seu projeto.

Dentro do conceito de Internet e plataformas digitais podemos citar como


transmissores de mídias:

 Youtube: Uma das plataformas de vídeo mais conhecidas da


Internet. Funciona como um canal de televisão interativo aberto a
qualquer pessoa. Ao criar sua conta é possível postar vídeos e
áudios (desde que não sejam plagiados) e o armazenamento é por
conta da página.

Assim produtores audiovisuais ganharam uma ferramenta única e


gratuita para a transmissão de seus projetos. Dependendo do
número de inscritos em cada canal, o Youtube monetiza, ou seja,
paga um determinado valor por acesso ao vídeo, o que possibilita
para muitos uma fonte de renda alternativa.
 Redes Sociais Digitais: É um conceito atual e que conquistou o
grande público da Internet, pois permite a interação e troca de
experiências entre seus participantes. No momento, tais redes
possibilitam inclusive, a postagem e transmissão ao vivo de vídeos,
o que abriu ainda mais as possibilidades do mercado audiovisual.
Dentre as mais conhecidas temos:
1. Facebook: Uma das mais populares mídias sociais de
relacionamento que agrega em sua interface diversas
ferramentas.
2. Instagram: Funciona como um grande álbum de fotos, onde
o usuário conta suas histórias por imagens. Os idealizadores
do projeto criaram as ferramentas para serem utilizadas
preferencialmente pelo conceito mobile, ou seja, por
smartphones ou tablets. Desta forma, o internauta posta
seus materiais em tempo real.
3. Twitter: Rede de relacionamento e mensagens
instantâneas que permite ao usuário um contato ágil com
outros interessados em se relacionar nesta rede social.

45
Há ainda o surgimento de plataformas de distribuição comercial de filmes
e séries que, utilizando o conceito de streaming, possibilitam que os usuários
assistam aos mais diversos materiais de qualquer lugar e em qualquer
dispositivo.

A linguagem, quando vinculada a uma


novidade tecnológica, coloca o homem em
situação de fascínio e risco, ou melhor,
evidencia uma questão de ordem filosófica
que exige uma postura crítica, mas também
prática. Esta última se traduz no modo como
atualizamos e reafirmamos nossa condição
de autores deste processo e não perdemos
a capacidade de encontrar respostas
compartilhadas entre as gerações para os
novos desafios (JOBIM E SOUZA, S.;
GAMBA JR, N. – 2003: 33).

Isso também abriu uma nova oportunidade nas produções, pois não os
que almejem criar algo na área não dependem mais exclusivamente da indústria
cinematográfica, podem produzir de maneira independente e sem as amarras
existentes na televisão e no cinema. E estas duas categorias também se
renderam ao uso da Internet na produção de suas obras audiovisuais.

A televisão tem se mostrado ativa neste quesito e suas produções são


adaptadas e/ou transportadas para as mídias da WEB possibilitando maior
acesso ao público. Já o cinema sendo um pouco mais tímido, apenas lança
trailers e teasers de filmes e vez por outra publica trechos das obras para
degustação dos cinéfilos, mas dentro das próprias salas de exibição, a tecnologia
do streaming é utilizada para evitar pirataria e cópias não autorizadas.

Há equipamentos que são instalados nas salas de cinema e recebem a


cópia da obra via download da matriz nos Estados Unidos, por exemplo, apenas
para exibição durante a sessão desejada, o que evita atrasos na chegada da
cópia física e outros contratempos.

46
9 - DISTRIBUIÇÃO E EXIBIÇÃO

A distribuição e exibição de obras audiovisuais é um processo longo e que


envolve muitas empresas interessadas nos temas que são filmados. Assim
podemos traçar uma linha de trabalho para entendermos melhor todos esses
trâmites.

Como temos discutido neste material de produção audiovisual, o primeiro


passo para a criação e desenvolvimento da obra é a ideia base ou o tema. A
partir deste ponto, devemos buscar investimentos e recursos para o início da
produção, a roteirização da trama, a contratação de elenco, diretores, equipe
técnica e a filmagem propriamente dita.

Quando a obra é finalizada, a produtora busca uma parceria com uma


empresa de distribuição para o licenciamento da obra, ou seja, o tipo de contrato
que será fechado para o envio da produção as salas de exibição. Mas antes a
distribuidora irá fazer algumas cópias de amostra para exibir aos possíveis
compradores que são as salas de cinema.

Sendo definidos quais cinemas irão exibir o filme, é determinado o tempo


que o mesmo ficará em cartaz, uns dias antes da estreia as cópias chegam aos
locais acordados e aí o trâmite é com o cinema que cobrará o ingresso do
público.

Após o fim do prazo de exibição, as salas de cinema repassam os valores


que foram acordados à distribuidora, a cópia da obra é devolvida e
consequentemente chegam os valores às produtoras. Lembrando que as
distribuidoras também ficarão responsáveis pela comercialização em outras
mídias como DVDs ou Blu-rays, cópias digitais via streaming, entre outras formas
para chegar ao público.

Mas e os valores pagos à equipe e elenco? Não entra nesta parte de


distribuição, pois estes custos de filmagem já estão inseridos no orçamento da
produção. Há casos em que alguns membros do elenco aceitam um pagamento
mais baixo e firmam contrato para receberem participação nos lucros da obra,

47
ou seja, o quanto a produção render nas salas de exibição e em outros formatos,
estes profissionais receberão uma quantia a mais. Quando a obra é um sucesso
de bilheteria, esses valores chegam a cifras astronômicas, mas se for um
fracasso o rendimento será mínimo.

Ainda há o caso de obras que não têm a intenção de lucrar com a exibição
e são contratadas ou produzidas por meios independentes para a participação
em festivais, mas a distribuidora é fundamental para que estas produções
possam alcançar seus objetivos.

A distribuidora também arca com o valor da cópia que será distribuída e


no mercado atual cada uma pode chegar de US$ 1.500 até US$ 2.000, então é
importante verificar o custo benefício da distribuição destes materiais aos locais
adequados, pois temos que contar com a operação logística de transporte das
obras para os principais pontos de exibição dentro de um país.

Mas na atualidade muitas distribuidoras têm optado pelo envio via


streaming para as salas de exibição, ou seja, ao invés de uma cópia física
recebem a mídia em arquivo digital diretamente nos projetores das salas e ao
final do contrato a cópia é deletada e com sistemas de segurança que impedem
a cópia de dentro do equipamento. E temos custos de legendagem e dublagem
das obras em língua estrangeira.

Fonte: ILOS

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