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Relatório

Maria Francisca Fernandes | 21907690| Direção de Atores|CVCM


Método Stanislavski
O método de Stanislavski tem como objectivo ajudar os atores a incorporar as suas
personagens e a transmitir autenticidade e verdade.
Stanislavski divide o seu método em duas partes, o trabalho do ator sobre si mesmo e
o trabalho do ator sobre a personagem.
No momento do trabalho do ator sobre si mesmo existe uma fase de relaxamento que
consiste na libertação de tensões físicas, depois existe a fase da concentração onde o ator vai
recordar sensações, vai utilizar o imaginário para despertar os sentidos. E por fim temos a
fase da memória afetiva onde o ator recorda sentimentos e emoções que o vão permitir
encontrar as suas verdadeiras emoções.
No segundo momento, o trabalho do ator sobre a personagem, o ator deve reconstruir
psicologicamente a personagem, através da imaginação deve saber o passado e futuro da
personagem, ou seja, deve criar toda a história da personagem que não está escrita no guião.
Para isso, o ator deve recorrer ao seu subconsciente e procurar algo que lhe tenha acontecido
que seja semelhante ao que está a acontecer com a personagem e reproduzir as emoções que
sentiu.

Método de Lee Strasberg

Criador do método de representação que influenciou e mudou a maneira de


representar dos americanos e que por sua vez influenciaram o resto do mundo com excepção
do oriente.
O método é baseado no sistema de representação teatral criado por Stanislavski,
levando-o ao extremo, principalmente ao nível da psicanálise. Strasberg acreditava que o
relaxamento e a concentração levavam o ator ao domínio dos temas inconscientes da sua
mente. Strasberg acreditava que assim que o corpo do ator estivesse relaxado, a emoção
fluiria naturalmente.
O método Strasberg era essencialmente um processo de aprendizagem onde o aluno
realizava exercícios de relaxamento e de treino emotivo e sensorial. Para Strasberg, quando
um ator interpretava uma emoção num determinado exercício, a mesma passava do
inconsciente para o consciente e estava pronta a ser utilizada novamente, sempre que fosse
necessária.
Strasberg considerava que o segredo para o sucesso era a memória afetiva. Dividia a
memória afetiva em memória sensorial e em memória emotiva, e o treino destas memórias
conduzia o ator ao domínio dos conteúdos inconscientes da sua mente.
Os atores representavam através das suas emoções e não apenas da lembrança dela,
era preciso sentir e viver a emoção em vez de fingir que se estava a sentir essa emoção.
Desta forma, o ator pode encontrar a emoção que precisa para representar na sua
própria experiência emocional, e utiliza-a de forma consciente e com o domínio dos seus
sentidos. Para Strasberg, quando um ator interpreta uma emoção num determinado exercício,
a mesma passa do inconsciente para a consciência e está pronta a ser evocada novamente.

Método de Ivana Chubbuck


É um método criado por Ivana Chubbuck, e tem como objetivo ensinar o ator a
utilizar a memória afetiva. É através da memória que o ator transforma uma personagem em
algo único. Tem como base o método de Stanislavski, e serve-se de elementos da psicologia e
das teorias comportamentais para transformar as memórias em conteúdo artístico em cena.
O método divide-se em 12 passos:
1. Objetivo Geral: O que o personagem quer do início ao fim do roteiro. Este
objectivo nunca muda a meio.
2. Objetivo da Cena: É o que o personagem quer durante uma determinada cena.
Este passo ajuda a suportar o Objectivo Geral.
3. Obstáculos: Todos os obstáculos, emocionais, físicos e mentais que possam
de alguma forma dificultar a chegada da personagem ao seu objetivo.
4. Substituições: Substituir as outras personagens por alguém conhecido, alguém
da sua vida real, que ajude a despertar a emoção necessária para um
determinado momento, ou cena.
5. Objetos Interiores: Imagens que passam pela cabeça do ator enquanto interage
com outra personagem.
6. Impulso e Ações: Cada pensamento é um impulso, cada vez que há um novo
pensamento há um novo impulso. As ações são pequenos objectivos que estão
ligados a cada impulso e que auxiliam o Objectivo de Cena.
7. O Momento Antecedente: É o momento antes de o ator entrar em cena, é nesse
momento que o ator incorpora a personagem.
8. Local e a 4ª Parede: São utilizados para adoptar a realidade física da
personagem com elementos de um lugar físico da sua própria vida.
9. Ações e Coisas: Uso de adereços e acessórios que desencadeiam ações que
ajudam a tornar a cena mais natural.
10. Monólogo Interno: Pensamentos que passam pela cabeça do ator e que este
não pode dizer em voz alta.
11. Circunstâncias Prévias: É a história do personagem. São os momentos e as
experiências que vivenciou que o levaram a agir de determinada forma e como
ela age no mundo diariamente. É um trabalho de pesquisa que deve ser feito
pelo ator.
12. Let It Go: A técnica de Chubbuck cria um caminho para um comportamento
humano tão real que se torna natural. Para isso basta que o ator confie no
trabalho que fez nas onze etapas anteriores e que se deixe levar.

Palestra com Ana Pinheiro


Ana Pinheiro é diretora de casting, trabalha principalmente em novelas da TVI e da
SIC e em séries da RTP.

Qualquer diretor de casting cada vez que entra num projecto novo deve em primeiro
lugar ler o guião e/ou guiões, ler a sinopse e deve saber as datas das rodagens. Depois deve
haver uma reunião com a produção e principalmente com o realizador para saber se este tem
alguma preferência. Deve contactar agentes e actores para saber a sua disponibilidade. A
partir daí vai fazer uma lista para todas as personagens, com fotografias, vídeos e links para
poder mostrar ao realizador. Em seguida há uma escolha e são marcadas audições, onde os
atores devem ir o mais preparados possível sem desvendar muito o projeto, e onde irão
interpretar pedaços do guião. Depois dos castings há uma escolha do realizador, onde se
decide se os actores estão aprovados ou não, se se deve repetir algum casting e assim em
diante até se ter o elenco completo.
Quando se vai escolher o elenco é preciso ter certas coisas em conta como a época em
que é passada a história para não haver falhas como por exemplo se se passar no época dos
anos 50 convém que os actores e figurante não tenham piercings, ou unhas de gel ou rastas
pois não era algum que se usasse nessa altura. Também é importante, no caso de estarmos a
falar de personagens baseadas em pessoas reais, que os actores tenham algumas parecenças
com essas pessoas. Ou no caso de haver cenas em que se tenha de conduzir tem em atenção
se os atores têm carta de condução. Ou se existir algum animal em cena, saber se o ator não
tem alergias. E é importante ter em atenção o tipo de personagem que vão interpretar, caso
seja uma personagem mais agressiva talvez seja melhor que o ator tenha um aspecto mais
agressivo e uma forma de representar mais agressiva também.
Quando já se tem o elenco fechado, parte-se para as negociações. Em muitos casos quem
trata de negociar valores com os atores principais, ou as agências, é o produtor, e para os
restantes atores é a direção de casting. Depois disso, o diretor de casting deve fazer chegar
aos atores o mapa de rodagens e as folhas de serviço, e informar os restantes departamentos
sobre os atores para que se possam começar a fazer testes de imagem, provas de guarda
roupa, etc.
Para começar a trabalhar nesta área o ideal é ver peças de teatro, ver filmes ou séries
que tenham personagens idênticas às que queremos e entrar em contacto com as agências, e
depois partir para o casting. Com o passar do tempo vai-se conhecendo mais atores e como
estes trabalham, o que torna tudo mais fácil.

Palestra com Elsa Valentim


Elsa Valentim é atriz e em 2000, fundou a ACT, Escola de Actores, juntamente com
Patrícia Vasconcelos.

O ator tem de se sentir à vontade com o ambiente à sua volta. Mesmo sabendo o texto,
mesmo sendo um bom ator, se não se sentir à vontade pode ter um bloqueio e não
desempenhar bem o seu papel.
A maneira como a equipa está à volta do actor é muito importante, porque quando os
actores vão representar sentem-se muito expostos, e se o ambiente à sua volta for confortável
para ele, torna as coisas muito mais agradáveis e simples. Devemos deixar o ator o mais à
vontade possível, dar-lhe atenção, dar-lhe a conhecer a equipa técnica.
Muitos atores, de teatro, não sabem muito sobre a parte técnica de filmagem e acabam
por não saber em que plano estão, se estão a sair do plano ou não. Por isso é importante
informar o ator o plano em que ele vai estar, antes de se começar a gravar, da forma mais
simples possível para que ele compreenda e para que ambos os lados saiam a ganhar.
Evitar dar indicações de emoções através de ações físicas, como bater o pé ou esfregar
as mãos, dizer por exemplo que está inquieto.
Apresentar os actores uns aos outros antes das filmagens e ensaios facilita a ligação
entre eles e que por sua vez vai ajudar a que trabalhem juntos de formas mais descontraídas,
evitando-se assim alguns constrangimentos.
É muito importante o ator conhecer o backstory da personagem e o que se passa em
cada cena, para que o ator consiga preparar-se o melhor possível.

Série Muralha
No projecto muralha precisámos de encontrar atores chineses ou com descendência
chinesa o que foi muito complicado. Quando finalmente arranjámos elenco descobrimos que
um deles não sabia falar mandarim, apenas cantonês,o que pensámos que seria mais um
imprevisto, mas depois percebemos que havia famílias em que tal acontecia e que não seria
um obstáculo para nós. Outro problema que surgiu foi o factos de os dois atores que faziam
de pai e filho parecerem ter uma diferença de idade muito pequena, podendo comprometer
um pouco o guião, mas a verdade é que nós não conseguimos de forma alguma arranjar
outros atores e por isso tivemos de seguir com os atores que já tínhamos.
Como anotadora tive oportunidade de assistir a dois ensaios, que na minha opinião
correram muito bem. Os atores foram muito profissionais, seguiram todas as indicações dos
realizadores e deram também a sua opinião sobre certos aspectos.
Durante as rodagens as coisas também correram bem, a parte mais complicada foi
mesmo o cansaço, o ator mais jovem, de 14 anos, era o que demonstrava mais o seu cansaço
mas mesmo assim foi impecável e portou-se super bem. Outro aspecto que talvez tenha sido
mais difícil também foi o facto de três dos actores não serem realmente actores e nunca terem
representado antes, e que talvez durante as rodagens tenham exagerado um pouco as suas
emoções e expressões, mas com uma ou duas indicações dos realizadores eles conseguiram
melhorar.
De modo geral gostei muito do elenco e de trabalhar com eles, julgo que se sentiram
confortáveis perto de toda a equipa, e mesmo entre si senti que se deram bastante bem
também.
Foi uma experiência divertida, interessante e onde aprendi muito.

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