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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes


CTR

Marcela de Souza Nogueira

Fichamento de Análise-Ação, Maria Knebel

São Paulo
2022
Princípios gerais da análise pela ação
Trabalho de mesa - destrinchar a peça, mundo interior dos personagens;
Pontos negativos: ator ficava passivo enquanto o diretor fazia tudo, ator precisa ser
criador e ter liberdade, consciência;
Diretor sabe mais desde o começo, mas não precisa impor suas vontades criativas;
Ator pode ajudar diretor a amadurecer as concepções do diretor com sua contribuição,
mas não deve ser iniciado precocemente;
Diretor-tradutor, espelho e organizador - tato pedagógico - “só revelasse seus próprios
conhecimentos sobre a peça quando eles fossem realmente necessários para o trabalho do
ator”;
Fusão entre sentir psíquico e físico - só assim se pode demonstrar como um
personagem age - trabalho de mesa usa só psíquico;
Ação verbal dá corpo às ideias do autor - palavra é inseparável dos pensamentos, ator
precisa compreender o que é dito, e não necessariamente abordar palavra por palavra, colocar
subjetividade no material.

Circunstâncias propostas
São os acontecimentos da peça propostos para o ator, tudo em que ele deve acreditar;
A época em que se passa a peça é uma circunstância importante, o ambiente, o
cotidiano, as relações, o passado e o futuro. Assim, o ator tem fundamento para as suas
palavras.

Acontecimentos
A análise dos fatos ajuda a penetrar na essência da obra - o que acontece e quais as
consequências desses acontecimentos;
Atores podem relacionar os acontecimentos com momentos de suas vidas;
Ir do geral para o particular para criar uma percepção de vida fictícia;
Ator precisa tornar suas as ações do personagem - trabalho de imaginação;
O que o personagem faria em certa situação? - ator ativo;
Lei fundamental da dramaturgia - Lei da ação, acontecimentos são o mais importante;
Embates entre personagens - o que cada um quer e por que ele quer isto, ação e
contra-ação;
Fatos internos devem justificar fatos externos.
Avaliação dos fatos
O ator precisa ser capaz de se colocar no lugar do personagem e olhar para os fatos e
acontecimentos a partir de seu próprio ponto de vista - o que o meu personagem pensa disso?
Como ele se relaciona com esses fatos?
Esse processo leva o ator ao cerne da obra - leva sua experiência pessoal para
entender cada mínimo detalhe.

Supertarefa
É o querer, a ação transversal é o aspirar e sua execução é o agir;
O objetivo fundamental do artista, que puxa para si todas as ações e emoções dele, é a
supertarefa - deve ser consciente e emanar de seu ser psíquico e físico;
Uma única supertarefa desperta em cada ator uma resposta individual por suas
vivências subjetivas;
Precisa ser bem definida.

Ação transversal
É a ação única destinada a “cumprir” a supertarefa e se afastar de tudo que desvia o
personagem dela, direciona o personagem ao seu objetivo, tudo que ele faz é em razão da
ação transversal;
Precisa ser única e bem definida, não pode esfarelar.

Ensaios através de études


Ator começa a ver a peça como algo orgânico, aí sim pode ensaiar;
Focar nos acontecimentos maiores e também nos menores, entender que cada ação é
parte do todo, assim não se distancia da peça e dos objetivos do personagem;
Cada intérprete deve narrar a linha de seu papel ao longo de toda a peça - para ver se
aprendeu os objetivos e ações do personagem;
Após narrar a linha, o ator pode tomar para si as ações do personagem - falar com
suas próprias palavras;
Ator sente a necessidade de conhecer todos os detalhes de seu personagem, físicos e
psíquicos, vê importância na existência dele - para de ver “de fora” e vê “de dentro”;
Elementos que ajudam o ator a se preparar: palco parecido com o da peça, figurinos,
dar forma ao cenário, etc… Criar a atmosfera criativa necessária;
Tomar cuidado para não sobrecarregar o ator - até aí tudo é improvisado, sem texto;
A comparação do texto improvisado com o original mostra o quanto o ator avançou -
e quanto de subjetividade ele conseguiu “acertar” nas entrelinhas das palavras;
Études não afastam a peça do estilo do autor, pelo contrário, a aproximam de forma
orgânica;
Assim que o étude se torna repetição e deixa de ser a busca por um conhecimento
novo e mais profundo do personagem, deve-se interromper imediatamente os exercícios, que
levam a um caminho falso.

Segundo Plano
Bagagem interna com que o ser humano chega à peça, que abarca várias nuances de
pensamentos e emoções;
Enriquece as reações do ator, esclarece motivos e fundamenta ações;
Mergulho profundo do ator no personagem;
Não é um estado, é um processo de ação, são mudanças nas entrelinhas;
O ator näo pode alcançar um auténtico e orgånico sentir-a-si-mesmo se näo enxergar
o que acontece ao seu reclor, se näo escutar as réplicas dos parceiros, se atirar suas falas ao ar
em vez de responder a uma pessoa específica e concreta;
Monólogo interior ajuda muito na criação de um segundo plano.

Monólogo interior
O que o personagem fala é apenas uma parte daquilo que ele pensa - o restante do
pensamento deve existir e ser manifestado pelo monólogo interior;
Ator precisa saber pensar como o personagem;
Carga psíquica - não é um personagem de literatura, é um ser humano;
Enquanto o que se diz depende do texto, a maneira como se diz depende do monólogo
interior.

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