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A Representação do

“eu”, de Goffman
Análise da conversação
Docente: Profa. Dra. Mônica Magalhães Cavalcante (PPGL/UFC)
Discente: Dálete de Castro Braga Costa (PPGL/UFC)
Percurso da 01 A perspectiva de Goffman
apresentação
02 A interação (face a face)

03 A representação do “eu”

04 Referências
01
A sociologia na
perspectiva de Goffman

Erving Goffman
A sociologia na perspectiva de Goffman
● Considerado como o pai da microssociologia, área das Ciências Sociais
que busca compreender as formas como se davam as interações
humanas, observando atitudes aparentemente insignificantes do
cotidiano, que revelam regras e normas de uma sociedade.

● Em suas análises, dedica-se aos atos verbais e não verbais (gestos,


movimentos, trocas de olhares, expressões diante de determinadas
situações que denunciam o “pensamento”.

● “A própria vida é uma encenação dramática”.


02
A noção de interação para Goffman
Elementos da interação para Goffman

O autor, utilizando da metáfora da interação dramática, traz termos do


teatro para os elementos que participam da interação (face a face).

Na metáfora teatral do cotidiano, “o palco apresenta coisas que são


simulações” e é o lugar onde “um ator se apresenta sob a máscara de
um personagem para personagens projetados por outros atores. A
plateia constitui um terceiro elemento da correlação”.
Elementos da interação para Goffman

● O dialogismo da interação

“O papel que um indivíduo desempenha é talhado de acordo com os


papéis desempenhados pelos outros presentes e, ainda, esses outros
também constituem a plateia”.

Para desempenhar esses papéis corretamente, os indivíduos acessam


conhecimentos anteriores para “atuar de forma a transmitir a impressão
que lhe interessa transmitir”, pois agimos com base em inferências.
Elementos da interação para Goffman

● Atualização da interação

“A projeção inicial do indivíduo prende-o àquilo que está se propondo ser e


exige que abandone as demais pretensões de ser outras coisas. À medida
que a interação dos participantes progride, ocorrerão sem dúvidas
acréscimos e modificações neste estado inicial de informações, mas é
indispensável que esses desenvolvimentos posteriores se relacionem sem
contradições com as posições iniciais”.
A interação para Goffman
“A interação (isto é, interação face a face), pode ser definida, em linhas
gerais, como a influência recíproca dos indivíduos sobre as ações um dos
outros, quando em presença física imediata. O termo ‘encontro’ também
seria apropriado [...]

Um ‘desempenho’ pode ser definido como toda atividade de um


determinado participante (ponto de referência), em dada ocasião, que
sirva para influenciar, de algum modo, qualquer um dos outros
participantes.”
A interação
*Cenário
Ponto de referência

Ator e desempenho

Papéis sociais
desenvolvidos
e projetados
Participante Plateia,
observadores ou
coparticipantes
03
A Representação do “eu”
A representação

“Toda atividade que se passa num período caracterizado por sua


presença contínua diante de um grupo particular de observadores e
que tem sobre este alguma influência.”

● A representação verdadeira: não organizada propositalmente,


produto não intencional da resposta inconsciente do indivíduo aos
fatos.
● A representação falsa: atuação tramada e que foi pessoalmente
pensada para manipular as impressões.
Crença no papel para orientar a atividade para
comunicação
“Quando um indivíduo desempenha um papel, implicitamente, solicita
de seus observadores que levem a sério a impressão sustentada
perante eles. Pede-lhes para acreditarem que o personagem que veem
no momento possui os atributos que aparenta possuir”.

No ato da interação, o ator pode estar totalmente convencido do seu


número e do papel social assumido ou pode não estar totalmente
seguro de que a realidade encenada é a verdadeira realidade.
Crença no papel para orientar a atividade para
comunicação
● Representação sincera: quando o ator acredita na impressão
criada pela sua representação.
● Representação cínica: quando o indivíduo não acredita em sua
própria atuação e não se interessa pelo que seu público acredita.

“Todo homem está sempre em todo lugar, mais ou menos


conscientemente, representando um papel [...] É nesses papéis que
nos conhecemos uns aos outros; é nesses papéis que nos
conhecemos a nós mesmos” (PARK, 1950, p. 249).
Fachada
Do ponto de vista do autor, a fachada “é uma imagem do eu delineada em
termos de atributos sociais aprovados - mesmo que essa imagem possa ser
compartilhada, como ocorre quando uma pessoa faz uma boa demonstração
de sua profissão ou religião ao fazer uma boa demonstração de si mesma”.

A construção dessa imagem pode ser “intencional ou inconscientemente


empregada pelo indivíduo durante sua representação” e está inserida em um
cenário fixo ou móvel.

O cenário é compreendido como a parte cênica, como a “mobília, a


decoração, a disposição física e outros elementos do pano de fundo que vão
construir o cenário e os suportes do palco para o desenrolar da ação humana
executada diante, dentro ou acima dele”.
Ex.: enterro e cortejos reais (cenário móvel).
Fachada
A fachada pode ser:

● Pessoal: características fixas e que “de modo mais íntimo identificamos


com o próprio ator, e que naturalmente esperamos que o sigam onde
quer que vá”. Ex.: distintivos de função, vestuário*, sexo, idade, altura,
características raciais, entre outros.

Às vezes, os estímulos que formam a fachada pessoal podem ser divididos


em “aparência” e "maneira". A primeira está relacionada aos “estímulos que
funcionam no momento para nos revelar o status social do ator”; a segunda
diz respeito aos “estímulos que funcionam para nos informar sobre o papel
de interação que o ator espera desempenhar na situação que se aproxima”.
Fachada

● Social: é uma “representação


coletiva” de caráter abstrato e
generalizado, aplicada em
diversas práticas e, por isso, só
pode ser definida no ato da
interação.

Natália Beauty e o seu “esquadrão pijama”


Autocontrole
Durante a interação e na presença do outro, o indivíduo “inclui sinais
que acentuam e configuram de modo impressionante fatos
confirmatórios que, sem isso, poderiam permanecer despercebidos ou
obscuros. Pois se a atividade do indivíduo tem de tornar-se
significativa para os outros, ele precisa mobilizá-la de modo tal que
expresse o que ele precisa transmitir”.

A representação é uma realização dramática e exige que o ator


expresse e demonstre suas supostas qualidades em frações de
segundos.
Impressão idealizada

“A representação apresenta uma concepção idealizada da situação” e “é


‘socializada’, moldada e modificada para se ajustar à compreensão e às
expectativas da sociedade em que é apresentada”.

“Quando o indivíduo se apresenta diante dos outros, seu desempenho


tenderá a incorporar e exemplificar os valores oficialmente reconhecidos
pela sociedade”. Além disso, buscam demonstrar que a “prática regular
que estão representando no momento é sua única prática ou, pelo menos,
a mais essencial”. Enquanto que a plateia admite que “o personagem
projetado diante dela é tudo que há no indivíduo que executa a
representação”.
Coerência expressiva
No autocontrole das microexpressões, a plateia tende a aceitar os sinais.
Na coerência do controle expressivo, a plateia pode não compreender o
sentido de um gesto involuntário (bocejo) ou de um acontecimento
acidental (tosse), e atribuir um significado embaraçoso para a expressão.

“A impressão de realidade criada por uma representação é uma coisa


delicada, frágil, que pode ser quebrada por minúsculos contratempos. A
coerência expressiva exigida nas representações põe em destaque uma
decisiva discrepância entre nosso eu demasiado humano e nosso eu
socializado”.

“Quando nos revestimos de caráter de personagens em face de um


público, não devemos estar sujeitos a altos e baixos”.
Coerência expressiva
Rituais de Interação:
ensaios sobre o comportamento
face a face.

Análise da conversação
Docente: Profa. Dra. Mônica Magalhães Cavalcante (PPGL/UFC)
Discentes: Dálete Costa (PPGL/UFC); Melissa Sousa (PPGL/UFC); Lee Pontes (PPGL/UFC/SEDUC)
Percurso da 01 Conceitos basilares
apresentação
02 Organizações rituais

03 Preservação da face

04 Análise de exemplos

05 Referências
Modelo de Interação
Ponto de referência Cenário

Ator Social e
desempenho

Papéis sociais
desenvolvidos Plateia, observadores ou
e projetados coparticipantes
Ator Social
Participante e
desempenho Imediato Mediato
Palco
Noções preliminares
FACHADA FACHADA REPRESENTAÇÕES ALINHAMENTO
(Representações (Rituais (Representações (Rituais
do Eu) de interação) do Eu) de interação)

Parte do desempenho Pode ser definida como Toda atividade de um Um padrão de atos
do indivíduo que o valor social positivo indivíduo que se passa verbais e não verbais
funciona regularmente que uma pessoa num período com o qual ela
de forma geral e fixa efetivamente reivindica caracterizado por sua expressa sua opinião
com o fim de definir a para si mesma através presença continua sobre a situação e,
situação para os que da linha que os outros diante de um grupo através disto, sua
observam a pressupõem que ela particular de avaliação sobre os
representação. É um assumiu durante um observadores e que participantes,
equipamento contato particular. É tem sobre estes alguma especialmente ela
expressivo de tipo uma imagem do eu influência. própria.
padronizado intencional delineada em termos de
ou inconscientemente atributos sociais
empregado pelo aprovados.
indivíduo durante sua
representação.

* Fachada e sua relação com os sentimentos.


Interação falada
● A tendência humana de usar sinais e símbolos significa que evidências de valor
social e de avaliações mútuas serão comunicadas por coisas muito pequenas.
Parece que, em qualquer sociedade, sempre que surge a possibilidade física da
interação falada, um sistema de práticas convenções e regras de procedimentos
entra em jogo funcionando como um meio de orientar e organizar o fluxo das
mensagens (entendimento sobre como e quando será permissível iniciar a fala,
quais tópicos de conversação serão abordados). Interrupções e pausas são
reguladas para não perturbarem o fluxo de mensagens. Quando esse processo de
ratificação recíproca ocorre, as pessoas ratificadas estão naquilo que podemos
chamar de estado de fala, quer dizer, elas se declaram oficialmente abertas umas
às outras para os propósitos de comunicação falada e juntas garantem manter um
fluxo de palavras. Ao tentar descobrir como essas convenções são mantidas em
vigor como guias de ação, descobrimos evidências que sugerem uma relação
funcional entre a estrutura do eu e a estrutura da interação falada;

● Problemas na organização ritual dos contatos.


Fachada e relações sociais

“Assim, para prevenir uma perturbação dessas relações é necessário que cada
membro evite destruir a fachada dos outros. Ao mesmo tempo, frequentemente é
a relação social das pessoas com os outros que a leva a participar de certos
encontros com eles, em que ela acabará dependendo deles para manter a sua
fachada. Uma relação social, então, pode ser vista como uma forma pela qual a
pessoa é forçada mais do que o normal a confiar sua autoimagem e fachada a
diplomacia e boa conduta dos outros.”
02
Organizações rituais
A natureza da ordem ritual

● Precisamos entender os membros de uma sociedade como participantes


autorreguladores em encontros sociais que seguem um ritual: são
ensinados a serem perceptivos, a terem sentimentos ligados ao eu
expresso pela fachada, a ter consideração pela sua fachada e pela do
outro, e uma certa quantidade de aprumo. Esses são alguns dos
elementos de comportamento que devem ser enxertados na pessoa se
quisermos fazer uso prático dela enquanto participantes da interação.

● O maior princípio da ordem ritual é a fachada.


Organizações rituais

Segundo o autor, o ritual é uma atividade convencionada que indica “com


atos provenientes do ator o quão digno ele é de respeito ou o quão dignos
ele sente que os outros são de respeito” (p.26).

“Quando um indivíduo se envolve na manutenção de uma regra de um ato


convencionado, ele tende a também se comprometer com uma certa
imagem do eu. No caso de suas obrigações, ele se torna, para si mesmo e
para os outros, o tipo de pessoa que segue essa regra em particular, o tipo
de pessoa que naturalmente esperamos que o faça”.
Organizações rituais ou cerimoniais
“Uma regra de conduta pode ser definida como um guia para a ação,
recomendada não porque ela é agradável, barata ou eficiente, mas porque é
apropriada ou justa [...] As regras de conduta invadem o indivíduo de duas formas
gerais: diretamente, como obrigações, estabelecendo como ele é moralmente
coagido a se conduzir; indiretamente, como expectativas, estabelecendo como os
outros são moralmente forçados a agir em relação a ele” (p. 52-53).

“Então, de modo geral, quando uma regra de conduta é quebrada, descobrimos que
dois indivíduos correm o risco de se tornarem desacreditados: um com uma
obrigação, quem deveria ter sido governado pela regra; o outro com uma
expectativa, quem deveria ter sido tratado de uma forma particular por causa
desse governo. Tanto ator quanto o receptor são ameaçados” (p. 55).
Componentes básicos da atividade cerimonial
● Deferência
“Componente da atividade que funciona como um meio simbólico através do
qual se comunica regularmente apreciação para um receptor, ou de algo do
qual este receptor é considerado um símbolo, extensão ou agentes” (p.59).

As marcas de devoção

(que representam formas pelas quais


um ator celebra e confirma sua
Ator Receptor
relação com um receptor) (objeto ou ídolo)
Componentes básicos da atividade cerimonial
● Porte
“Com ‘porte’, quero me referir ao elemento do comportamento cerimonial do
indivíduo tipicamente comunicado através da postura, vestuário e aspecto,
que serve para expressar àqueles na presença imediata dele que ele é uma
pessoa de certas qualidades desejáveis ou indesejáveis. Em nossa sociedade,
o indivíduo de porte ‘bom’ ou ‘apropriado’ demonstra atributos como:
discrição e sinceridade; modéstia em afirmações sobre o eu; espírito
esportivo; controle da fala e dos movimentos físicos; autocontrole sobre suas
emoções, apetites e desejos; aprumo sob pressão; e assim por diante.” (p.78).

Ex.: atos como falar alto, gritar ou cantar, pois esses atos invadem o direito dos outros
de serem deixados em paz e ilustram uma falta de controle sobre os sentimentos, ou
seja, um porte ruim.
03
Preservação da face
Preservação da fachada
“Ações tomadas por uma pessoa para tornar o que quer que ela esteja fazendo
consistente com a fachada. Serve para neutralizar incidentes. Assim, o aprumo é um
tipo importante de preservação da fachada” (p. 20).

● Aprumo: capacidade de suprimir e esconder qualquer tendência de ficar com a


fachada envergonhada durante encontros com outros (p. 17).
● Aceitação mútua: como característica estrutural básica da interação,
especialmente, a face a face (p. 19).
● Tato: diplomacia na preservação de fachada (p. 21).
● Perceptividade: considerar as interpretações que os outros podem ter colocado
sobre seus atos e as interpretações que ela talvez deva colocar sobre a deles
antes de empregar os repertório de práticas para salvar a fachada. (p. 21).
Preservação da fachada
“Podemos dizer que uma pessoa está com ou mantém a fachada quando a linha que ela
efetivamente assume apresenta uma imagem dela que é internamente consistente, que é
apoiado por juízos e evidências comunicadas por agências impessoais na situação [...]” (p.
14)

“Podemos dizer que uma pessoa está com a fachada errada quando, de alguma forma,
trazemos alguma informação sobre seu valor social que não pode ser integrada com a
linha que está sendo mantida para ela.” (p. 16)

“Podemos dizer que uma pessoa está fora de fachada, quando ela participa de um contato
com outros sem ter uma linha pronta do tipo que esperamos que participantes de tais
situações tenham.” (p. 16)
Exemplos

Mantém a fachada Está com a fachada Está fora de fachada


errada

● Vigiar o fluxo de eventos para garantir que uma ordem expressiva particular seja mantida.” (p. 17)
Preservação da fachada
Existem duas orientações que uma pessoa pode assumir para salvar fachadas, uma defensiva, em
relação à própria fachada, e uma orientação protetora, para salvar a fachada dos outros. (p. 22).

● 3 níveis de responsabilidade que uma pessoa pode ter quanto a uma ameaça à fachada
criada por suas ações:

➔ Inocente: teria tentado evitar se soubesse as consequências ofensivas de seu ato - gafes ou
pisadas na bola.
➔ Proposital: quando uma pessoa age na intenção de insultar ou desrespeitar.
➔ Ofensa incidental: surgem como efeito colateral não planejado, mas, às vezes, previsto da
ação.

“Se uma pessoa quiser lidar bem consigo própria e com os outros em todas as contingências, ela
terá de possuir um repertório de práticas de salvamento da fachada para cada uma dessas
relações possíveis à ameaça” (p. 22).
Tipos básicos de preservação da fachada
● O processo de evitação como medida defensiva:
“A saída mais garantida para uma pessoa evitar ameaças à sua fachada é evitar contatos em que
seria provável que essas ameaças ocorressem [...] Quando a pessoa realmente arrisca um
encontro, outras formas de evitação entram em jogo.” (p. 22-23) - Exemplos: nota de rodapé
número 9; encontro com grupo de amigos que tocam em temas sensíveis para um dos membros.

● O processo de evitação como medida protetiva:


“A pessoa demonstra respeito e polidez [...] ela emprega a discrição; não menciona fatos que
possam, implícita ou explicitamente contradizer e constranger as afirmações positivas feitas pelas
outras [...] fraseando suas respostas com uma ambiguidade cuidadosa de modo a preservar a
fachada dos outros [...]. Ela emprega cortesias, fazendo leves modificações de suas exigências
quanto às outras ou sua avaliação delas [...]” (p. 23) - Exemplo: professor pede que a banca faça
apontamentos nos trabalhos dos alunos de LPTA sempre de maneira empática.

● Processos de “cegueira diplomática”:


“Quando uma pessoa não consegue impedir um incidente, ela ainda pode tentar manter a ficção de
que nenhuma ameaça à fachada ocorreu.” (p. 25).

Exemplos: desmaio de guardas da rainha (outro); levar uma queda e rir de si próprio (eu).
Tipos básicos de preservação da fachada
● O processo corretivo:

“Quando os participantes de uma ocasião ou encontro não conseguem evitar a ocorrência de


um evento que é expressamente incompatível com os juízos de valor social que estão sendo
mantidos, e quando o evento é do tipo que é difícil de ignorar, então, os participantes,
provavelmente, darão a ele o estatuto autorizado de um incidente, ratificando-o como uma
ameaça que merece atenção oficial direta e procederão de forma a tentar corrigir os seus
efeitos.” (p. 26).

Este processo envolve o intercâmbio, uma sequência de atos colocada em movimento por uma
ameaça reconhecida a fachada, terminando no restabelecimento do equilíbrio ritual.
Tipos básicos de preservação da fachada
● Sobre as fases do processo corretivo: as quatro jogadas de intercâmbio

DESAFIO OFERTA ACEITAÇÃO AGRADECIMENTO

As pessoas a
Os participantes
quem a oferta é
assumem a
feita podem
responsabilidade Um participante,
aceitá-la como o A pessoa perdoada
de chamar a normalmente, o
meio satisfatório comunica um sinal
atenção ao erro de ofensor, recebe
de restabelecer a de gratidão para
conduta. Como uma chance de
ordem expressiva aqueles que deram
consequência, eles corrigir a ofensa e
[...], só então o a ela a indulgência
sugerem que o restabelecer a
ofensor pode do perdão
próprio evento ordem expressiva.
terminar a parte
ameaçador terá
principal de sua
que ser resolvido.
oferta ritual.
Ganhando pontos: o uso agressivo da
preservação da fachada

“Quando uma pessoa trata a preservação da fachada não como algo que ela precisa
estar preparada para desempenhar, mas como algo que ela sabe que os outros realizarão ou
aceitarão, então um encontro ou uma ocasião não é mais uma cena de consideração mútua e
sim uma arena em que se realiza uma disputa ou partida [...]
Uma plateia para o embate é quase uma necessidade. [...] Em intercâmbios agressivos o
vencedor não apenas consegue apresentar informações favoráveis sobre si mesmo e
desfavoráveis sobre os outros, mas também demonstra que, enquanto participante da
interação, ele cuida de si melhor do que seus adversários [...] de forma que a introdução de um
“tiro” na interação verbal tende a implicar que seu causador tem um jogo de pernas melhor do
que aqueles que são afligidos por seus comentários.
Assim, fazer um comentário é sempre uma aposta: é possível virar a mesa e o agressor
pode perder mais do que teria ganho se sua fachada marcasse um ponto. Réplicas bem
sucedidas, em nossa sociedade, às vezes, são chamadas de nocautes ou viradas.” (p. 31-32).
04
Análise dos exemplos
Referências

● GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana; tradução de Maria Célia


Santos Raposo. 20. ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
● GOFFMAN, E. Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face;
tradução de Fábio Rodrigues Ribeiro da Silva. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
● MARTINO, L. M. S. 10 lições sobre Goffman. Petrópolis, RJ: Vozes, 2021.

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