Você está na página 1de 124

Democracia Participativa

2003 - 2010
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República

José Alencar Gomes da Silva


Vice-Presidente da República

Luiz Soares Dulci


Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

Antônio Roberto Lambertucci


Secretário-Executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República

Kleber Gesteira Matos


Secretário-Executivo Adjunto da Secretaria-Geral da Presidência da República

Wagner Caetano Alves de Oliveira


Secretário Nacional de Estudos e Pesquisas Político-Institucionais

Gerson Luiz de Almeida Silva


Secretário Nacional de Articulação Social

Luiz Roberto de Souza Cury


Secretário Nacional de Juventude

Este livro foi elaborado no último semestre do governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, impresso em dezembro de 2010 e reimpresso em abril de 2011.
Secretaria-Geral da
Presidência da República

Democracia
Participativa
Nova relação do estado com a sociedade

2003 - 2010

2° edição

brasília, 2011
Pesquisa e Elaboração
Marina Pimenta Spínola Castro

Revisão
Janaína Cordeiro de Morais Santos
Júlia Alves Marinho Rodrigues

Projeto Gráfico
Aline Magalhães Soares

Contribuíram para esta publicação


Adriana Matta de Castro
Davi Luiz Schmidt
Elizete Munhoz
Geraldo Melo Correa
José Renato Vieira Martins
Márcia Moraes Blanck
Théo Filipe
Valéria Rezende

Capa
Foto: Divulgação/Secom
Foto: Bruno Spada/MDS

Secretaria-Geral da Presidência da República


Endereço: Praça dos Três Poderes, Palácio do Planalto, 4º andar
70.150-900 Brasília-DF
Tel: (61) 3411-1407
www.secretariageral.gov.br

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que ci-


tada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Sumário

Apresentação .............................................................................................................................................. 06
Luiz Dulci

1. Participação social nas políticas públicas: um novo método de governar .................... 08

2. Secretaria-Geral da Presidência da República: novas atribuições e desafios ............... 14

3. Espaços e mecanismos de participação social: a consolidação do Sistema Nacional


de Democracia Participativa ................................................................................................................. 24
3.1 Conselhos Nacionais de Políticas Públicas ................................................................... 25
3.2 Conferências Nacionais ....................................................................................................... 38
3.3 Mesas de Diálogo .................................................................................................................. 52
3.4 Ouvidorias Públicas ............................................................................................................... 62
3.5 Programa de Formação de Conselheiros Nacionais ................................................... 64
3.6 Participação social e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio .................. 68
3.7 Participação social e diálogo internacional .................................................................. 74

4. Participação social e a (re)configuração do Estado:


novos ministérios e secretarias ............................................................................................................ 82

5. Anexos ....................................................................................................................................................... 94

6. Documentos de referência ............................................................................................................ 116


Apresentação

Democracia Participativa
e Mudança Social

A participação da sociedade civil e, em especial, dos movimentos populares na construção das


políticas públicas foi, sem dúvida, uma das principais marcas do Governo Lula. A partir de 2003,
o país adotou uma nova forma de governar, baseada no diálogo permanente e qualificado com os
diversos segmentos sociais, gerando uma efetiva corresponsabilidade entre o Estado e a população.
Esse novo método de gestão, além de justo e respeitoso, conferiu maior legitimidade às decisões
do Executivo Federal, que pôde incorporar inúmeras propostas da sociedade nas políticas públicas
implementadas ao longo dos últimos oito anos.
A democracia efetiva, no mundo atual, exige uma profunda socialização da política. Ela não pode
ficar restrita aos especialistas e/ou profissionais. Precisa envolver também os milhões de “amadores”
que são a própria razão de ser dos poderes constituídos. Deve garantir à sociedade o direito de opinar
sobre decisões que, em última análise, afetam diretamente sua vida cotidiana.
Para tanto, o Presidente Lula atribuiu à Secretaria-Geral da Presidência da República, desde
janeiro de 2003, a tarefa de coordenar a construção de um Sistema de Democracia Participativa, por
meio de Conselhos, Conferências, Ouvidorias, Mesas de Diálogo, Fóruns e Audiências Públicas.
Todas as grandes decisões estruturais ou conjunturais do Governo Lula foram objeto de
interlocução com a sociedade civil. E os movimentos sociais contribuíram de modo relevante para
as principais conquistas econômicas e sociais do período. Sem as suas propostas e a sua vigorosa

6
mobilização, não teria sido possível promover as grandes transformações dos últimos oito anos.
Além de conquistas fundamentais quanto à garantia dos direitos econômicos e sociais “clássicos” –
emprego, salário, proteção social, educação e saúde públicas –, a democracia participativa favoreceu
também avanços extraordinários no que se refere aos chamados “novos direitos”, incorporados à
pauta emancipatória da sociedade brasileira nas últimas décadas: efetiva igualdade étnica e de gênero,
respeito à diversidade sexual, reconhecimento das demandas próprias da juventude, dos idosos e das
pessoas com deficiência.
As organizações populares dialogam com o Estado e opinam sobre as políticas públicas,
preservando toda a sua liberdade de crítica e mobilização.
A participação social conferiu qualidade e viabilidade a um projeto de desenvolvimento de longo
prazo. Ao combinar a democracia representativa com a participativa, o Governo Lula mostrou que
é possível uma nova forma de fazer política, com o Estado valorizando cada vez mais a participação
do cidadão e compartilhando as suas decisões.
Com esta publicação, a Secretaria-Geral da Presidência da República coloca à disposição do
país um balanço dessa experiência inovadora que estabeleceu uma nova relação entre o Estado e a
sociedade, na perspectiva de um desenvolvimento cada vez mais justo e sustentável.
Agradeço à Marina Spinola e a todas as pessoas que contribuíram para a realização desse livro.

Luiz Soares Dulci


Ministro de Estado-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

7
Rodrigo Nunes/Ministério das Cidades

3ª Conferência Nacional das Cidades, realizada em 2007.

8
1 Participação social nas políticas públicas:
um novo método de governar

O Governo Federal adotou como método, desde e/ou profissionais. Ao investir e criar mecanismos para
2003, o diálogo responsável e qualificado com todos os o exercício da democracia participativa, o governo
segmentos da sociedade civil, que passaram a participar e reconheceu a importância de envolver os milhões de
a influenciar na construção das políticas públicas do país, “amadores” que são a própria razão de ser dos poderes
dando consequência prática ao princípio da democracia constituídos. Mas sempre respeitando a autonomia e a
participativa, prevista na Constituição Federal de 1988. independência das entidades.
O projeto de desenvolvimento nacional iniciado em A democracia participativa não concorre com a
2003, ancorado na nova síntese entre o econômico e o representativa. Elas se complementam, fortalecem a
social, exigiu também uma nova relação entre sociedade democracia e aproximam o cidadão do Estado. Tanto
e Estado e implicou adotar a participação social na gestão o Executivo quanto o Legislativo são enriquecidos e
pública. Políticas estruturais e decisões conjunturais valorizados com a participação da sociedade. Trata-
têm sido submetidas ao debate e à análise da sociedade se de um alargamento da democracia, inclusive com a
civil, por meio de canais de interlocução com o Estado. incorporação, nos debates públicos, de setores que foram
Baseado na Constituição Federal, o governo deu início historicamente marginalizados.
a uma forma de gestão democrática, na qual os cidadãos A interação entre a democracia representativa e a
e as entidades da sociedade civil deixaram de ser meros participativa fortalece o processo de desenvolvimento
objetos da ação estatal para participarem ativamente de nacional, que passa a ser lastreado não só pela
importantes decisões da vida do país. Esse diálogo tem governabilidade política, mas também pela chamada
sido imprescindível para a construção de um novo Brasil. governabilidade social, ou seja, passa a contar com
Fundamental tem sido o papel da participação social na o respaldo dos setores interessados na ampliação da
consolidação da democracia e na expansão da cidadania. cidadania.
Esse novo método permite ao Estado elaborar políticas A participação social, além de legítima e legitimadora,
públicas mais adequadas aos anseios da população. Antes, porque inegavelmente fortalece a democracia, tem
as decisões eram tomadas exclusivamente por técnicos prestado notáveis serviços ao país. Problemas crônicos
e dirigentes dos ministérios. Agora, são construídas em e mazelas supostamente insuperáveis puderam ser
parceria com a sociedade civil. enfrentados e resolvidos pela negociação dos setores
A democracia atual exige uma profunda socialização da interessados, desde que o governo apostou no processo
política, que não pode mais ficar restrita aos especialistas e compartilhou seus desafios políticos e operacionais.

9
Elza Fiúza/ABr
Foi assim durante os oito anos do governo do Presidente
Lula e a Secretaria-Geral da Presidência da República
– responsável pela interlocução do governo com as
organizações da sociedade civil brasileira e internacional
– buscou ampliar, de diferentes formas e com diversos
instrumentos, esse diálogo.
À medida em que o governo abriu canais e criou
instrumentos para a mediação de conflitos e para o debate
com a sociedade, o cidadão aproximou-se do Estado e
passou a acompanhar, fiscalizar e opinar sobre questões
que têm a ver com a sua vida e com o seu cotidiano.
Criou-se, portanto, um elo de corresponsabilidade que
tanto estimula a transparência da administração pública
quanto ativa a cidadania.
Um governo que pretende mudanças estruturais e
reformas profundas requer a mais ampla e diversificada
mobilização de indivíduos e grupos sociais. Além do
imprescindível apoio do Parlamento e dos demais atores
sociais, é preciso contar com a mobilização ativa das
maiorias sociais que desejam ver alteradas as relações de
Empresas construtoras viram no município goiano de Águas Lindas, a 47 poder e garantida a universalização dos direitos.
quilômetros de Brasília, uma oportunidade de investimento, principalmente
na construção de moradia popular.
A participação social foi decisiva no enfrentamento
Domingos Tadeu/PR
da crise financeira internacional, pois a postura do
Brasil foi amplamente discutida com organizações e
movimentos sociais que opinaram sobre os principais
temas produtivos, de infraestrutura, de investimentos
e de geração de empregos, entre outros. Tiveram
participação destacada no lançamento da política
industrial e contribuíram de modo ativo e criativo para
a elaboração do Plano de Aceleração do Crescimento
(PAC), concebido ao mesmo tempo como política
anticíclica, para reduzir a vulnerabilidade do país, e
também como projeto de desenvolvimento a longo
prazo.
Quando a crise financeira eclodiu, em setembro de
Reunião com integrantes dos movimentos de moradia, em outubro de 2007, 2008, a interlocução Estado/sociedade civil mostrou
na qual foram disponibilizados R$ 100 milhões para o Fnhis-Entidades.
todo o seu vigor e sentido estratégico. Imediatamente, o

10
Divulgação/SG Divulgação/SG

Encontro com os Movimentos Sociais, evento que


reuniu cerca de 700 representantes dos mais diversos
segmentos da sociedade civil, em novembro de
2008.
José Cruz/ABr

Reunião da Mesa de Diálogo com as Centrais Sindicais.

A participação social amplia a representação dos trabalhadores

João Carlos
“A participação das organizações é importante. Nós temos os partidos que debatem mas, ao mesmo
Gonçalves, o tempo, é importante a participação social através dos sindicatos, das associações, das centrais sindicais,
Juruna, secretário- pois através dessas organizações a gente chega em um público muito mais amplo e faz com que a
geral da Força pressão, a participação e as propostas que vêm dos locais de trabalho e das entidades de classe possam
Sindical também influenciar no debate tanto no Congresso Nacional quanto no Executivo”.

11
governo e as centrais sindicais pactuaram um conjunto com um mínimo de sacrifício e garantiu as bases para o
de medidas antirrecessivas para sustentar o consumo e forte crescimento econômico em 2010.
a demanda, e garantir o emprego. Decidiu-se promover O sucesso desta nova forma de governar está expresso
forte desoneração tributária da indústria automobilística nas políticas públicas implementadas ao longo dos
condicionada à manutenção do emprego. Os bancos últimos anos e que mudaram, para melhor, a vida de
públicos foram instruídos a suprir a demanda nacional dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras. Significou
de crédito. Em plena crise, o programa Minha Casa, também ampliar a participação política e inovar a gestão
Minha Vida estabeleceu a meta de construir um milhão pública, garantindo que os cidadãos participem e opinem
de residências, previamente discutidas com as quatro sobre as questões e os rumos do país. Trata-se, então,
grandes organizações de luta popular pela moradia. de nova compreensão acerca da política: não se governa
Como consequência, o Brasil superou as dificuldades mais para a sociedade e sim com a participação dela.

Bruno Spada/MDS

Mesa de abertura da 3ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar, realizada em julho de 2007.

12
Bruno Spada/MDS Erasmo Freitas/MDS

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 3° Expositores divulgam o trabalho dos Conseas estaduais, durante a 3°
Conferência Nacional de Segurança Alimentar, em 2007. Conferência Nacional de Segurança Alimentar, em 2007.

Sociedade civil contribui para inserir o


combate à fome na agenda nacional
“A tendência atual da participação social representa a superação do antigo modelo tecnocrata de
política pública. Esta superação se faz a partir da crítica ao modelo tecnocrata e pela valorização
da concertação social no lugar de uma racionalidade técnica. A valorização da participação social
tem a ver com a crítica à capacidade do Estado de perceber suficientemente as questões da sociedade.
As visões tecnocráticas de políticas públicas são baseadas em uma premissa de Estado externo à
sociedade. E isto não é verdade. O Estado nunca esteve de fora da sociedade. A própria construção do
diagnóstico da situação tem que ser participativa. Há alguns anos, vivemos no Brasil uma concepção
que não entende a política pública apenas como uma maneira de resolver um problema. Ela [a
política pública] é, na verdade, um reflexo dos referenciais que a sociedade constrói sobre as suas
questões. A própria noção do que seja problema é uma construção da sociedade. A área de segurança
Renato Maluf,
alimentar é um exemplo dessa mudança de paradigma. Quem falava de segurança alimentar há dez
presidente do
Conselho Nacional de anos? Hoje, muita gente já fala e reconhece a importância do tema. Foram construídos referenciais
Segurança Alimentar e a segurança alimentar se tornou uma questão relevante para a agenda nacional. Fome sempre
(Consea) existiu. Mas precisou que a sociedade reconhecesse isso como uma questão”.

13
Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula e os ministros Fernando Haddad e Luiz Dulci participam de reunião com reitores de universidades federais para debater o projeto de expansão
universitária do Governo Federal.

14
2 Secretaria-Geral da Presidência da República:
novos horizontes e desafios

O Presidente Lula, ao assumir o governo, em 2003, articulação com as entidades da sociedade civil e
reforçou seu compromisso com a construção de uma na criação e implementação de instrumentos de
nação moderna, democrática e socialmente solidária. Para consulta e participação popular de interesse do
superação do antigo modelo foi necessário um esforço Poder Executivo na elaboração da agenda futura do
conjunto da sociedade e do Estado. Um projeto coletivo Presidente da República, na preparação e formulação
de emancipação social firmou-se a partir de 2003. O de subsídios para os pronunciamentos do Presidente
governo Lula empenhou-se, desde o início, em construir da República, na promoção de análises de políticas
uma nova relação do Estado com a sociedade. Uma relação públicas e temas de interesse do Presidente da
de diálogo permanente e de respeito pela autonomia dos República, na realização de estudos de natureza
movimentos e democratização das decisões. político-institucional e outras atribuições que lhe
Até este momento, não havia, no âmbito do Poder forem designadas pelo Presidente da República, tendo
Executivo Federal uma instituição responsável por como estrutura básica o Gabinete, a Subsecretaria-
coordenar essa interlocução com a sociedade civil. Uma Geral e até duas Subsecretarias.”
das primeiras medidas do novo governo foi redefinir
as atribuições da Secretaria-Geral da Presidência da A nova função atribuída à Secretaria-Geral, bem
República, que passou a coordenar o diálogo do governo como sua estruturação, expressaram a valorização da
com a sociedade civil. participação social e a nova concepção de governabilidade
A Medida Provisória nº 103, de 1° de janeiro de que considera a interlocução com a sociedade civil tão
2003, convertida na Lei 10.683, de 28 de maio de 20031 importante quanto o diálogo com os partidos políticos
estabeleceu: e o Parlamento. Pois, sem participação social, sem a
cidadania organizada e ativa, as próprias instituições
Art. 3° À Secretaria-Geral da Presidência da representativas correm o risco de perder legitimidade. A
República compete assistir direta e imediatamente saúde democrática dos países não pode depender somente
ao Presidente da República no desempenho de suas do voto, ainda que este seja fundamental, insubstituível.
atribuições, especialmente no relacionamento e Além da imprescindível governabilidade política, na esfera

1
Em fevereiro de 2005, a Medida Provisória nº 238, transformada na Lei 11.129, de 30 de junho de 2005, acrescentou a seguinte atribuição à SG/PR: formulação, supervisão,
coordenação, integração e articulação de políticas públicas para a juventude e articulação, promoção e execução de programas de cooperação com organismos nacionais e internacionais,
públicos e privados, voltados à implementação de políticas de juventude.”

15
parlamentar, um governo transformador precisa também Coordenação de Governo permanentemente atualizada
da governabilidade social, ou seja, o respaldo ativo, sobre a agenda e as iniciativas da sociedade civil.
militante, nos embates com o status quo, das maiorias Políticas setoriais e programas que estão melhorando
socias interessadas nas mudanças. a vida de milhões de brasileiros foram concebidos e
A adoção de políticas participativas foi incorporada executados com as grandes organizações sociais do
como um elemento-chave dessa nova forma de governar. país. Desde 1964, as centrais sindicais brasileiras não se
Coube à Secretaria-Geral coordenar a constituição de sentavam à mesa com o governo para discutir o valor do
espaços e instrumentos participativos, bem como a salário mínimo. Mais de 40 anos depois, os trabalhadores
formulação de conceitos, noções e procedimentos que readquiriram esse direito. Por meio de um acordo entre
passaram a orientar os órgãos de governo em sua interação o governo, representado pelo Ministério do Trabalho e
com os movimentos sociais e entidades da sociedade civil. Emprego, Secretaria-Geral da Presidência da República
Foram instaurados processos de diálogo democrático com e Ministério da Previdência, e as Centrais Sindicais –
os mais diversos setores da sociedade civil visando mediar Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical,
os conflitos, aperfeiçoar as políticas públicas e aprofundar União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos
a democracia. Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central
A atuação da Secretaria-Geral também contribuiu Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central
para estimular a cultura de participação social no Sindical (NCS) – a classe trabalhadora conquistou, nos
interior do governo e para ampliar as relações de diversos últimos oito anos, não só aumentos reais e consecutivos
segmentos sociais com a administração federal. A do salário mínimo, mas também negociou uma Política
Secretaria constituiu-se em um espaço de ampliação da Nacional Permanente de Valorização do Salário Mínimo
interação entre sociedade civil e governo, que possibilitou até 2023.
a participação social em decisões estratégicas da vida A Secretaria-Geral, em parceria com o Ministério do
nacional. Muitas políticas públicas inovadoras surgiram Desenvolvimento Agrário, também contribuiu para o
desse ambiente institucional interativo e participativo. diálogo entre o governo e os movimentos do campo –
O trabalho de articulação com a sociedade civil Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
perpassa toda a estrutura da Secretaria-Geral, cabendo (Contag), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
tanto ao gabinete do Ministro, às secretarias nacionais Terra (MST), Movimento de Pequenos Agricultores
e às assessorias dialogar com os mais diferentes setores (MPA), Federação dos Trabalhadores na Agricultura
da sociedade brasilera. Ao longo dos últimos oito anos, Familiar (Fetraf ) e Movimento das Mulheres Camponesas
o próprio Ministro Chefe da Secretaria-Geral realizou (MMC), que se expressaram publicamente no Grito da
831 reuniões, audiências e encontros e participou de Terra, na Marcha das Margaridas, na Jornada pela Água
235 eventos organizados pelos movimentos sociais em e em Defesa da Vida, nas jornadas e na Conferência
todo o Brasil. Além disto, a equipe da Secretaria-Geral organizadas pelo Fórum em Defesa da Reforma Agrária.
já organizou mais de 3.500 encontros, reuniões ou A integração do governo e da sociedade civil resultou na
atividades com entidades e personalidades da sociedade significativa ampliação de recursos, na simplificação dos
civil. Também se constitui em uma das principais processos de contratação e na diversificação das linhas de
tarefas do Ministro Chefe da Secretaria-Geral manter a crédito.

16
Cesar Ramos

Mobilização do Grito da Terra, da Contag, em Brasília, em 2007.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) forma de equacionar democraticamente os conflitos e


foi intensamente discutido com a sociedade civil, desde construir coletivamente as políticas públicas, mostrou
as entidades de empresários de construção civil até todo seu dinamisno durante a crise financeira de 2008. A
sindicatos de trabalhadores, todas as organizações não atuação do governo Lula, em sintonia com os movimento
governamentais do setor puderam contribuir, foram sociais, permitiu ao país, não apenas resistir à crise,
ouvidas. Outro exemplo foi a construção do programa minimizar os seus efeitos, mas fazê-lo lutando para que
Minha Casa, Minha Vida, que tanto na formulação o mundo adote outro modelo de desenvolvimento e de
quanto na execução contaram com a presença ativa dos governança, baseado numa compreensão ética e solidária
movimentos sociais ligados à reforma urbana. Não há, da vida econômica e do estado democrático.
praticamente, nenhuma grande conquista do governo As experiências da democracia participativa
Lula, nesses oito anos, que não tenha contado com o confirmam, portanto, que quanto maior a mobilização
diálogo entre o Estado e os movimentos sociais. da sociedade civil, quanto mais fluente o diálogo do
Esse novo jeito de governar, que tem no diálogo a governo com as organizações populares e mais vigorosa a

17
participação social, maiores serão as chances de avançar na e os movimentos sociais. Assim, desde 2003, atividades
consolidação do desenvolvimento econômico, sustentável, com representantes de entidades sociais passaram a
com distribuição de renda e respeito ao meio ambiente. ocupar a grade diária de compromissos do Presidente de
A partir de 2003, a Secretaria-Geral, em sintonia República.
com o Gabinete Pessoal do Presidente, passou a Já no primeiro ano do governo Lula, a Secretaria-
construir politicamente e a preparar tecnicamente todas Geral passou a integrar o Escalão Avançado do Presidente
as atividades do Presidente Lula com representantes da da República (Escav), responsável pelo planejamento e
sociedade civil – tantos os encontros realizados no Palácio pela execução dos eventos e das atividades externas da
do Planalto, em Brasília, quanto os que ocorreram nas agenda do Presidente. Com isso, além de seguranças
viagens nacionais e internacionais. e profissionais do cerimonial, o Escav passou a contar
Uma mudança significativa ocorreu nas atividades com uma equipe que conhece o movimento social e as
realizadas no Palácio do Planalto, que passaram a suas características, sabe dialogar com essas lideranças,
contar com representantes de grupos historicamente e assegura a participação social nestes momentos de
discriminados. Ao longo dos inúmeros encontros interação do chefe do Executivo com a sociedade.
realizados desde 2003, diversos movimentos sociais Neste oito anos, foram realizadas 840 viagens no
foram recebidos pela primeira vez em Brasília como, território nacional, nas quais o Presidente manteve contato
por exemplo, hansenianos, representantes da Associação com entidades e lideranças. Esses momentos, de um lado,
Brasileira de Ongs (Abong), pessoas com deficiência, possibilitaram o diálogo e a interlocução direta com
catadores de papel e integrantes da luta antimanicomial. integrantes da sociedade civil e, de outro, constituíram
Também os reitores das Universidades Federais tiveram, oportunidades para o Presidente supervisionar a
em 2004, o primeiro de uma série de encontros com o implementação das políticas públicas federais. Além
Presidente Lula, nos quais foram discutidas propostas disso, as viagens e atividades externas do Presidente da
para melhoria da educação brasileira. República favorecem o exercício da transparência pública
O Palácio do Planalto passou a ser acessível a todos e do direito à informação e proporcionam a coleta de
aqueles que desejavam dialogar. Além disso, foi estabelecida informações e subsídios fundamentais para a elaboração
uma regra: todo indivíduo ou grupo que manifestar o ou aprimoramento de políticas públicas. “O Presidente
desejo de dialogar com o Presidente da República deve ser gosta e precisa de ter contato com as pessoas, ouvi-las, ver
atendido por sua equipe. Assim, indígenas, trabalhadores a realidade em que elas vivem. Ele acredita que o governo
rurais, grupos religiosos de diferentes matizes, entre tantos precisa estar na rua, ver como as coisas estão funcionando.
outros, foram recebidos em Brasília, puderam expressar os Toda viagem dele tem caráter fiscalizador. Ele fiscaliza
seus pontos de vista e deixaram suas contribuições. as coisas in loco e telefona imediatamente para os
A agenda de trabalho do Presidente Lula também responsáveis no governo, dá instruções ou faz críticas – o
reflete seu compromisso com a participação social e é uma que for preciso na hora”, afirma Gilberto Carvalho, chefe
síntese do novo modo de governar, pautado pelo diálogo de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
e pela inserção dos atores sociais na rotina de gestão Assim, o Presidente passou a fazer agendas externas
do Estado. Sua agenda segue critérios que favorecem a nitidamente de diálogo popular, foi a lugares inusitados
interação direta entre o chefe do Estado e a sociedade civil para um chefe de Estado, inaugurando no Brasil uma nova

18
Domingos Tadeu/PR Domingos Tadeu/PR

Presidente Lula e ministro Luiz Dulci participam do 51° Congresso da UNE, Presidente Lula e ministros durante reunião com representantes da União
realizado em 2009, em Brasília, e do 1º Encontro Nacional dos Estudantes do Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes
Prouni. Secundaristas (UBES).

“Atores sociais passaram a ter outro tipo de respeito do governo”


“Em especial, no período do governo do presidente Lula, fica mais fácil compreender a relação entre
sociedade e Estado, talvez pela sua trajetória, pela origem que ele tem. Ele passou a ser um presidente
que conseguiu contribuir nessa discussão de maneira muito decisiva porque construiu uma gestão muito
baseada na ideia de que esse diálogo é fundamental e precisa ser respeitado. Os atores sociais, que sempre
tiveram um papel decisivo na luta política, passaram a ter outro tipo de respeito por parte do governo
e do Estado. Atores sociais relevantes, que precisam e têm o direito de ser escutados, que têm opinião
política, visão, e que contribuem para as decisões que o Brasil precisa tomar. Basta olhar o papel que
os trabalhadores passaram a ter, o papel das centrais sindicais, por exemplo, participando das grandes
decisões, das políticas de adequação do salário mínimo, das políticas de desenvolvimento.
A UNE também, que passou a ser respeitada de outra maneira, podendo contribuir com as políticas
Augusto
educacionais e em várias outras políticas. Eu acho que a democracia só é plena se a gente de fato
Chagas,
presidente da conseguir aperfeiçoar esses mecanismos e garantir que essa relação seja mais madura, de forma que a
União Nacional dos sociedade organizada possa ter seu papel nessas decisões e nesses rumos. Isso contribui para a construção
Estudantes (UNE) de uma sociedade mais igualitária e mais justa”.

19
“O governo Lula é resultado de lutas dos movimentos sociais e, portanto, sempre houve uma grande
preocupação em relação ao diálogo com a sociedade civil. Desde o início do mandato, o Presidente nos alertou
e nos orientou a montar uma agenda de trabalho que fosse propositiva, para pautar e ajudar a organizar as
ações do governo. Então, realizamos uma mudança de método e a agenda do Presidente – que historicamente
era ocupada em sua quase totalidade pelos grupos da elite tradicional do país – passou a contemplar de forma
significativa o diálogo com os diversos atores sociais – seja em audiências, reuniões ou nas viagens feitas para
todos os estados brasileiros.
Todo o avanço obtido na relação do governo com a sociedade civil teve uma participação muito importante
da Secretaria-Geral, da persistência do Ministro Dulci. O Dulci ajudou muito a sensibilizar o Presidente, a
chamar a atenção dele para alguns aspectos desse diálogo social. Tanto que o ministro Dulci passou a ser um
conselheiro muito importante do Presidente. E sempre teve papel central nas negociações que o governo travou
ao longo dos anos.
A equipe precursora da Secretaria-Geral foi importantíssima. Muitos conflitos foram evitados e muitas
Gilberto
Carvalho,
oportunidades foram criadas para que o Presidente pudesse ter contato com lideranças regionais, estabelecendo
chefe de gabinete o contraditório, nos locais em que visitava. A precursora abriu espaço para os movimentos falarem nestas
do Presidente da ocasiões. O Brasil é muito grande, os movimentos não conseguem se deslocar para Brasília o tempo todo. E a
República equipe da SG tornou possível o contato do Presidente com essas entidades, em cada viagem feita”.

relação com os setores sociais vistos como marginalizados. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
É o caso, por exemplo, dos catadores de material reciclável o fortalecimento da rede de albergues e cria o Centro
que, em 2006, foram recebidos pelo Presidente Lula no Nacional dos Direitos Humanos da População de Rua. O
Palácio do Planalto. Também desde 2003, o Presidente Presidente anunciou também a compra de imóveis a serem
participa das celebrações de Natal dos catadores e da destinados ao Fundo do Regime Geral da Previdência
população em situação de rua, que ocorrem todos os Social, que por meio do Fundo Nacional de Habitação
anos, na capital paulista. Em 2009, o encontro marcou de Interesse Social (Fnhis) beneficiarão famílias de baixa
o anúncio de medidas do governo que contemplavam renda.
antigas reivindicações dos catadores. Foi assinada medida As viagens internacionais também possuem caráter
provisória que institui crédito do Imposto sobre Produtos participativo e devem ser destacadas. O governo brasileiro
Industrializados (IPI) para as empresas que adquirirem recuperou as relações com a África – o Presidente Lula fez
matéria-prima reciclada das cooperativas de catadores mais viagens à África do que fizeram, somados, todos os
e assinado o decreto que cria a Política Nacional para outros presidentes da história do Brasil. Em várias viagens
a População em Situação de Rua. O decreto prevê a internacionais, a Secretaria-Geral articulou encontros do
inclusão da população de rua nas contagens oficiais do Presidente com representantes das centrais sindicais e de

20
Ricardo Stuckert/PR Ricardo Stuckert/PR

Cerimônia que institui benefícios para catadores de materiais recicláveis, em 2006. Terceiro Encontro de Natal com Catadores e
População de Rua na Sede da Coopamare, em 2005.

Ricardo Stuckert/PR Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula abraça as meninas Dandara e Tainara, que leram a poesia Feliz Reunião com comissão de Lideranças Nacionais dos Catadores de Materiais
Cidade durante encontro com catadores e moradores de rua, em 2006. Recicláveis no Palácio do Planalto, em março de 2006.

“Na verdade, a experiência para nós é de elevação de auto-estima, pois pela primeira vez na história
do Brasil, os catadores de papel puderam se encontrar com o Presidente da República. Do ponto de
vista do movimento social, isso trouxe também uma força de organização, pois entendemos que somos
Roberto Rocha,
líder do Movimento realmente profissionais e que podemos ser organizados. Houve vários avanços nos últimos anos, desde a
Nacional dos melhoria na infraestrutura dos catadores e das cooperativas, até a formação profissional. Hoje, há uma
Catadores de Papel rede estruturada de cooperativas no Brasil, embora tenhamos que avançar muito mais”.

21
redes de ONGs dos países visitados. Inédito Processo de Participação
Num ato de reconhecimento da importância da Social no Ciclo de Gestão
participação social no âmbito federal, o Presidente da
República prestigiou e participou ativamente da abertura Em 2003, a Secretaria-Geral liderou o inédito
de inúmeras conferências nacionais e da instalação dos processo de participação social no Plano Plurianual
novos conselhos de políticas públicas. (PPA) 2004-2007. O planejamento estratégico do
Dessa forma, todos os eventos, encontros, audiências país foi elaborado em diálogo com a sociedade, em
e reuniões do Presidente passaram a ser entendidos todos os estados da Federação, com o envolvimento
como um importante momento de prestação de contas de 2.170 entidades de trabalhadores da cidade e do
e de exercício da transparência pública, de afirmação das campo, das igrejas, do empresariado, da juventude,
relações federativas republicanas e de forte interação com movimentos de defesa do meio ambiente e do
a realidade local. consumidor, instituições culturais, organizações
A palavra do Presidente da República também se de etnias e de gênero, entre outras. A inclusão de
constituiu em importante fator de comunicação política e seis novos desafios ao PPA 2004-2007 foi um dos
diálogo com a sociedade civil brasileira. A Secretaria-Geral resultados das consultas públicas realizadas. Além
é o órgão responsável pela elaboração de subsídios para disso, 21 outros desafios apresentados pelo Governo
os pronunciamentos oficiais do Presidente da República. Federal tiveram sua redação alterada em função das
Além disso, a Pasta também elabora mensagens, prefácios consultas realizadas.
de livros e apresentações de revistas, entre outros. As iniciativas foram desenvolvidas para ampliar a
A elaboração dos subsídios para os pronunciamentos participação social no ciclo de gestão, democratizar as
requer constante e fina sintonia com as decisões políticas decisões do governo e aproximá-lo da sociedade.
e administrativas da Presidência e com a agenda do Para o PPA 2008-2011 foi promovido um debate
Presidente, além do acompanhamento cotidiano no âmbito dos conselhos e comitês que contam
da conjuntura social e política. Da mesma forma, a com representantes da sociedade civil organizada e
atividade demanda intenso contato com as diversas áreas resultou nas seguintes diretrizes para orientação do
do Governo Federal com o objetivo de captar e checar processo: valorização dos canais de participação social
as informações que constarão dos pronunciamentos. O existentes e das propostas já construídas nesses espaços
Presidente da República realizou, entre janeiro de 2003 e (conselhos, conferências, fóruns, etc); construção
agosto de 2010, 2.205 pronunciamentos. conjunta de prioridades entre ministérios e conselhos
O diálogo social conferiu qualidade e viabilidade a um para elaboração do PPA; e informação a todos os
projeto de desenvolvimento de longo prazo. A Secretaria- participantes sobre o resultado final do processo.
Geral, presente em todos os processos participativos Os dois processos abriram uma oportunidade
implementados pelo Governo Federal, acumulou um para avançar na democratização e melhoria da gestão
acervo de experiências e conhecimentos que, somados pública, por meio da adoção compartilhada de
aos diversos espaços de exercício da Participação Social, compromissos com a sociedade, em uma iniciativa
constituem, na prática, um vigoroso e criativo Sistema que traduz a preocupação do governo em contribuir
Nacional de Democracia Participativa. para a construção de um Estado democrático.

22
Divulgação/SG-PR

Fórum da Participação Social - Plano Plurianual 2004/2007.

“O grande avanço ocorrido no âmbito federal é o novo


entendimento sobre a participação social”
“O grande desafio à participação social está dentro do Estado, que demora a se moldar a novas
propostas. A máquina estatal, até 2003, não tinha a participação social como um método de construção
de política pública e havia uma cultura resistente a isso. A partir de 2003, o Governo Federal
inaugurou, por meio da Secretaria-Geral, um discurso sobre a importância da governabilidade social,
expresso na necessidade de ir além da governabilidade institucional e de incluir atores não institucionais
para o diálogo com o Estado. Hoje, o Governo Federal entende que é importante considerar, além do
Enid Rocha,
Parlamento, outros atores para se relacionar, como as organizações e os movimentos sociais.
especialista em O grande avanço ocorrido desde 2003 no âmbito federal é o novo entendimento sobre a participação
participação social social, com a criação de um lócus específico para tratar do assunto no âmbito da Presidência da
e pesquisadora do República. O novo papel institucional dado à Secretaria-Geral da Presidência da República significou
Ipea dizer que a sociedade civil é um ator que precisa participar das definições sobre o país que se quer ter”.

23
Antonio Cruz/ABr

Marcha das Centrais Sindicais, em Brasília, em 2009.

24
3 Espaços e mecanismos de participação social:
consolidando um sistema nacional de democracia participativa

O Governo Federal – com o objetivo de colocar em Compostos por representantes de organizações sociais
prática os preceitos da democracia participativa previstos e do Poder Público, os conselhos garantem a participação
na Constituição de 1988, de ampliar a interlocução com a da sociedade civil na formulação, implementação,
sociedade e de gerar um ambiente de corresponsabilidade monitoramento e avaliação das políticas públicas. Com
nas decisões governamentais – criou inúmeros mecanismos reuniões periódicas e pautas definidas, debatem temas
de interação com a sociedade civil, como conselhos, relacionados às políticas e propiciam o acompanhamento
conferências, fóruns e mesas de diálogo e negociação, ao e a fiscalização da gestão pública.
mesmo tempo em que fortaleceu e revitalizou espaços O compromisso do Governo Federal com a
institucionais que estavam desativados, a exemplo do participação qualificada da sociedade civil materializou-se
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional em medidas como a valorização, ampliação, dinamização
(Consea). De 2003 a 2010, foram criados vários conselhos e consolidação da rede de conselhos nacionais de políticas
de políticas públicas com participação social, ouvidorias públicas. Desde 2003, foram implantados vários novos
públicas, mesas de negociação e realizadas conferências conselhos, democratizados os que já existiam e ativados
nacionais sobre os mais diversos temas e políticas públicas. alguns que não estavam em funcionamento. As políticas
Essas iniciativas constituem um verdadeiro sistema de públicas, que antes eram decididas praticamente pelos
democracia participativa e aproximam o Estado do técnicos e dirigentes dos ministérios, passaram a ser
cidadão, dando concretude a uma nova forma de governar. efetivamente formuladas em conjunto com os movimentos
sociais.
3.1 Conselhos nacionais Hoje, o país possui conselhos com competência
de Políticas Públicas para debater as políticas públicas dos mais diversos
setores, além da saúde, assistência social, trabalho, meio
Os conselhos de políticas públicas são espaços ambiente e criança e adolescente como, por exemplo,
institucionais de interlocução do Estado com a sociedade, segurança alimentar, desenvolvimento econômico e
resultantes da conquista dos movimentos sociais pela social, juventude, segurança pública, educação, defesa
democratização do Estado brasileiro. A Constituição de dos direitos da pessoa humana, do idoso, da mulher e da
1988 consagrou o princípio da participação, mas foi por promoção da igualdade racial, dentre outros.
meio de legislações setoriais específicas das políticas de O Consea, por exemplo, criado em 1992, foi desativado
saúde, assistência social, trabalho e meio ambiente que, três anos depois e recriado em 2003, indo ao encontro
inicialmente, esta participação se concretizou sob a forma da mobilização de entidades sociais ligadas à temática.
de conselhos. Com 57 membros, titulares e suplentes, dos quais dois

25
terços são representantes da sociedade civil e um terço
Cnpir propõe medidas
para a superação de do governo, o Conselho propõe diretrizes de políticas
desigualdades raciais para a constituição de um sistema nacional de segurança
alimentar e nutricional, acompanha diferentes programas
O Conselho Nacional de Políticas de e estimula a participação da sociedade civil no processo
Igualdade Racial (Cnpir) tem a finalidade de gestão pública. O Consea participou da coordenação
de propor, em âmbito nacional, políticas de das Conferências Nacionais de Segurança Alimentar e
promoção da igualdade racial com ênfase na Nutricional, em 2004 e 2007, e de importantes avanços
população negra e outros segmentos raciais e nas políticas públicas, a exemplo do Programa de Aquisição
étnicos da população brasileira, e ampliar o de Alimentos (PAA), marco na política agrícola brasileira.
monitoramento sobre as políticas do setor. Além disso, liderou a campanha nacional que coletou 50
Composto por 19 entidades da sociedade mil assinaturas em prol da Emenda Constitucional nº
civil e 22 órgãos do Poder Público, o Conselho 642, que incluiu a alimentação entre os direitos sociais do
está vinculado à estrutura da Secretaria artigo 6º da Constituição Federal.
Especial de Promoção da Igualdade Racial. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural
A mobilização e os debates promovidos pelo Sustentável (Condraf ), que integra a estrutura do
Cnpir foram importantes para a construção
e aprovação do Estatuto da Igualdade Seppir/PR

Racial (Lei n°12.288, de julho de 2010). O


Estatuto define o que é discriminação racial,
desigualdade racial e população negra; torna
obrigatório o ensino de história da África e da
população negra no Brasil em todas as escolas
de ensino fundamental e médio, públicas
e privadas; além de prever o incentivo às
atividades produtivas e a promoção de ações
afirmativas voltadas para a população negra.
O Estatuto garante também às comunidades
quilombolas direitos de preservar costumes
sob a proteção do Estado e prevê linhas
especiais de financiamento público para essas
comunidades. O evento de abertura da I Conferencia Nacional de Promoção da Igualdade
Racial, em 2006, foi uma verdadeira mostra da diversidade cultural do país.
Grupos de ciganos, índios e os Meninos de Angola dançaram e cantaram no
palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

2
www.fomezero.gov.br/noticias/agora-e-lei-alimentacao-e-um-direito-
consea-celebra-com-parceiros

26
Ricardo Stuckert/PR Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula recebe representantes da Federação dos


Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) no Palácio do
Planalto, em maio de 2007.
Ricardo Stuckert/PR

Plano Safra para Agricultura Familiar 2003/2004. Plano Safra para Agricultura Familiar 2004/2005.

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), foi Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário – processo
criado em 2003, com a reformulação do seu antecessor que reuniu mais de 30 mil pessoas.
– Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
Sustentável (CNDRS) – e trata das questões afetas ao (CNDM)4 foi criado em 1985, vinculado ao Ministério da
desenvolvimento rural, à reforma agrária e à agricultura Justiça, com o objetivo de promover ações para eliminar a
familiar. As políticas debatidas no âmbito do Condraf discriminação contra a mulher e assegurar sua participação
possuem instrumentos de participação social, tanto nas nas atividades políticas, econômicas e culturais do país.
fases de planejamento quanto de execução; contribuem Ao longo dos anos, o Conselho teve suas atribuições
para a superação da pobreza com a geração de emprego e alteradas e, em janeiro de 2003, passou a integrar a
renda; promovem a redução das desigualdades de renda, estrutura da recém criada Secretaria Especial de Políticas
gênero, geração e etnia; e favorecem a diversificação das para as Mulheres (SPM) e a contar com 44 membros,
atividades econômicas e sua articulação dentro e fora de dos quais 28 são integrantes de organizações sociais e
territórios rurais. 16 são representantes governamentais. Desde então, o
Paritário, com 38 membros, o Condraf foi responsável Conselho estabelece interlocução com o Governo Federal
pela elaboração da Política de Desenvolvimento do Brasil e com os movimentos de mulheres para a formulação e
Rural3, por meio de conferências municipais, territoriais, monitoramento de políticas públicas. O Plano Nacional
estaduais, temáticas e da Conferência Nacional de de Políticas para as Mulheres, por exemplo, foi construído

3
www.fomezero.gov.br/noticias/entrevista-com-secretario-executivo-do-condraf
4
www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sepm/conselho

27
“Só existe democracia se houver ampla participação popular”
“A participação da sociedade, das pessoas, dos movimentos sociais organizados é essencial para
que a democracia funcione. E o aprimoramento da gestão pública e mesmo o controle público das
Frei Sérgio
gestões de governo só vão acontecer quando tiver cidadãos com plena consciência, com informação e
Goergen,
coordenador nacional
capacidade de intervenção.
do Movimento dos Tivemos uma conquista que foi o Estado ser mais permeável, ser mais aberto ao diálogo, gestores
Pequenos Produtores públicos com sentimento público, mais capazes de dialogar com a sociedade e atender as demandas
(MPA) que vinham do movimento social ou demandas que vinham da necessidade do povo”.

com forte participação do CNDM que criou uma câmara Por meio de amplo processo de discussão e de diálogo
técnica destinada exclusivamente ao acompanhamento da entre os representantes da sociedade civil e do governo,
sua implementação. o Conselho construiu, em 2005, a Agenda Nacional
Além da dinamização e reformulação dos conselhos já de Desenvolvimento5 com a finalidade de contribuir
existentes, muitos outros foram criados nos últimos anos. para as diretrizes do crescimento e do desenvolvimento
É o caso do Conselho de Desenvolvimento Econômico do país. Ao longo dos anos, o Cdes ampliou sua rede
e Social (Cdes), do Conselho Nacional de Juventude de diálogo envolvendo outras esferas de poder, atores
(Conjuve), do Conselho das Cidades (ConCidades) e sociais, pesquisadores e conselhos setoriais. Além disso,
do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial debateu os impactos da crise econômica internacional
(Cnpir), dentre outros. de 2008 em encontros e reuniões que buscaram apontar
Criado em 2003, o Conselho de Desenvolvimento os caminhos que o Brasil deveria seguir para assegurar o
Econômico e Social (Cdes) é composto por 90 membros desenvolvimento nacional com equidade.
da sociedade civil, entre lideranças sindicais, empresariais, Já o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) foi
sociais e religiosas e importantes nomes do mundo da criado em 2005, junto com a Secretaria Nacional de
ciência e da intelectualidade; e 17 representantes do Poder Juventude, no âmbito da Secretaria-Geral da Presidência
Público. O Conselho assessora o Presidente da República da República. O Conjuve, composto por 40 conselheiros
na formulação de políticas e diretrizes voltadas para a da sociedade civil e 20 do Poder Público, é a principal
promoção do desenvolvimento econômico com justiça instância de participação social no Governo Federal
social, produzindo indicações normativas, propostas dedicada à construção, avaliação e monitoramento de
políticas e acordos de procedimentos. políticas para a juventude brasileira. Estão presentes no

5
Ver agenda nacional de densenvolvimento para um país de todos, Jacques Wagner. http://revista.ibict.br/inclusao/index.php/inclusao/article/view/2/3

28
Seap
Nova lei incentiva a pesca industrial
e garante direitos a pescadores

O Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca


(Conape) promoveu debates e reflexões que
resultaram na aprovação da nova lei da pesca no
Brasil (Lei n° 11.959, de junho de 2009), que
significou mais autonomia, direitos e recursos para Posse da nova diretoria do Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca.
Seap
os trabalhadores do setor. Com a lei, os pescadores
e aquicultores passaram a ser considerados
produtores rurais, com acesso ao crédito rural, entre
outros benefícios. As empresas de beneficiamento,
transformação e industrialização de pescados
também passaram a acessar essas linhas de crédito,
desde que comprem a matéria-prima diretamente
dos pescadores ou de suas cooperativas.
A nova legislação reconhece, ainda, como
trabalhadoras da pesca as mulheres que Pescadores recebem a nova carteira do Pescador Artesanal.
Seap
desempenham atividades complementares à pesca
artesanal. Por exemplo, uma mulher que faz
beneficiamento e comercialização da produção,
mesmo que não esteja pescando, tem os mesmos
direitos dos pescadores.
O Conape foi criado em 2003, com a finalidade
de propor políticas públicas para o desenvolvimento
e o fomento das atividades da aquicultura e pesca
no território nacional e promover a articulação
e o debate nos diferentes níveis de governo com
a sociedade civil organizada. O Conselho é
paritário, composto por 54 membros, sendo 27
representantes da sociedade civil (movimentos
sociais, organizações dos trabalhadores da pesca e da
aquicultura, entidades patronais e personalidades
da área acadêmica e de pesquisa) e 27 de órgãos e
entidades do governo.
2ª Conferência Nacional de Aquicultura e Pesca, realizada em março de 2006,
em Luziânia (GO). O encontro reuniu mais de dois mil representantes do setor
da pesca e aquicultura, vindos de todos os estados do país.

29
Conjuve as diversas formas de organização juvenil: do importante, que atende a históricas reivindicações dos
movimento estudantil à rede de jovens ambientalistas, movimentos e entidades sociais e possibilita avanços das
trabalhadores rurais e urbanos, movimentos de negros, políticas para a juventude.
indígenas e quilombolas, hip-hop e jovens empresários. Estes são alguns exemplos dos conselhos de políticas
A mobilização e articulação do Conjuve foram públicas criados após 2003 que evidenciam o movimento
fundamentais para a aprovação da chamada PEC da do Governo Federal de ampliação da democracia
Juventude6, transformada, após sete anos de tramitação, participativa e de reconhecimento dos novos direitos,
na Emenda Constitucional nº 65, que inseriu o termo enfim, do papel do Estado na criação de canais de diálogo
“jovem” no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais com a sociedade que assegurem e ampliem as dimensões
da Constituição Federal. Trata-se de uma conquista da cidadania brasileira.

“A participação social nos dá esperança de que podemos ser


protagonistas de nossa própria história”
“Durante muito tempo, o Estado brasileiro ficou de costas viradas para o movimento hip-hop
que, diante desta postura, aprofundou o afastamento do mundo da política. Desde 2003, houve a
aproximação e reciprocidade de atitudes. A participação social é como um modem: mandamos o nosso
sinal e a mensagem foi respondida. Começou o diálogo, o tráfego nessa linha.
O reconhecimento dos direitos dos negros e de outros segmentos historicamente excluídos foi
significativo a partir do diálogo e interlocução entre governo e movimentos sociais. As políticas públicas
traduzem este novo momento, asseguram o acesso à cultura dos menos favorecidos e dão visibilidade
à sua arte e formas de expressão.
Decidi fazer parte do Cnpc porque as políticas na área cultural não abrangiam todo o território
nacional e nem refletiam a pluralidade cultural do nosso país. E o Conselho é um espaço em que
GOG, liderança do podemos apontar para o governo estas lacunas e deficiências. E, com isso, influenciar a construção de
Movimento hip-hop e
políticas públicas mais inclusivas, que realmente reflitam a multiculturalidade do Brasil e todas as
membro do Conselho
Nacional de Política
manifestações culturais do nosso país e não apenas dos grupos dominantes. É por isso que a participação
Cultural (Cnpc) social nos dá esperança de que podemos ser protagonistas de nossa própria história”.

6
www.juventude.gov.br/e-fato/30-07-artigo-pec-da-juventude-passo-importante-para-uma-politica-de-estado

30
Rodrigo Nunes/Ministério das Cidades
Conselho das Cidades promove
avanços nas políticas urbanas

O Conselho Nacional das Cidades


(ConCidades) é um órgão integrante da estrutura
do Ministério das Cidades e tem por finalidade
estudar e propor diretrizes para a formulação
e implementação da Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano, bem como
acompanhar a sua execução. Com 86 conselheiros
titulares – 49 representantes da sociedade civil
e 37 do Poder Público – o Conselho é uma
instância de negociação em que os atores sociais
participam do processo de tomada de decisão
nas áreas de habitação, saneamento, transporte,
mobilidade urbana e planejamento territorial.
A composição do ConCidades inclui, ainda, 3ª Conferência Nacional das Cidades, realizada em 2007.
nove observadores representantes dos governos
Rodrigo Nunes/Ministério das Cidades
estaduais que possuem Conselho das Cidades.
A atuação do Conselho resultou em programas
e ações que foram implementados pelo Ministério
das Cidades. Na área de habitação, por exemplo,
foram definidas as diretrizes para a Política
Nacional de Habitação e debatido o projeto
que se tornou Lei que cria o Fundo Nacional de
Habitação de Interesse Social (Lei n° 11.124, de
junho de 2005). Este Fundo, que tem a finalidade
de atender às famílias de baixa renda que ganham
até cinco salários mínimos, foi construído com
forte participação dos movimentos sociais e teve
por base o primeiro projeto de iniciativa popular
apresentado ao Congresso Nacional. A partir
deste novo arcabouço, os programas e ações foram
reformulados para atender prioritariamente as
famílias com renda mensal até cinco salários
mínimos, parcela da população que concentra
92% do déficit habitacional.
Plenária da 3ª Conferência Nacional das Cidades, realizada em 2007.

31
“Conselhos dão visibilidade aos conflitos
e constroem acordos possíveis”
“A efetividade de um conselho de participação social depende muito da capacidade de mobilização
autônoma da sociedade civil e de pressão social. Se não tiver estas duas coisas, o Conselho vira legitimador
de decisão de gestor público. Somos a favor do diálogo e da concertação social. Mas sem a pressão social
o diálogo é muito desigual.
Um dos principais papéis dos conselhos é dar visibilidade aos conflitos. E a partir daí tentar
construir os acordos possíveis. Existem conflitos invisíveis à sociedade, há setores sociais que não têm
voz, existem questões sobre as quais a sociedade pensa diferente, pois ela é heterogênea. E o governo
também é heterogêneo, isso é bom. Quase todos os aperfeiçoamentos feitos em políticas públicas da
área passaram pelo Consea: o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de
Renato Maluf,
Aquisição de Alimentos (PAA) foram elaborados com a participação do Consea. A ideia de um Plano
presidente do Safra da Agricultura Familiar também nasceu no Conselho. O Consea serve para setores sociais que
Consea têm dificuldade de ter as suas questões pautadas na agenda pública e fazer a mediação com o governo”.

“Éramos considerados marginais e hoje somos vistos como alguém


que também contribui para melhorar a situação das cidades”
“O principal avanço nos últimos anos foi a ressonância que o movimento de reforma urbana passou
a ter no governo. O Conselho das Cidades é um interlocutor importante para nossas demandas e
prioridades. Além do fato de que já tivemos algumas audiências com o Presidente da República, algo
impensável tempos atrás. Esse respaldo muda a correlação de forças entre o movimento social e as
autoridades estaduais e municipais. Éramos considerados marginais e hoje somos vistos como alguém
que também contribui para melhorar a situação das cidades.
Saulo Manoel, Entre as conquistas obtidas nos últimos anos, merece ser citado o crédito solidário, pois dá acesso aos
coordenador
trabalhadores a financiamentos para construção de suas casas de forma digna. Outro fato importante
nacional da Central
de Movimentos foi a lei de regularização fundiária, um pleito antigo das organizações sociais. As discussões em torno do
Populares (CMP) Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH) avançaram muito também”.

32
Ricardo Stuckert/PR
Debates e reflexões do Conade
contribuem para inclusão das
pessoas com deficiência

O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa


Portadora de Deficiência (Conade) é um órgão
colegiado, paritário, com 19 representantes da
sociedade civil e 19 membros do governo, que
debate, formula, acompanha e avalia as políticas
de inclusão, promoção, proteção e defesa dos
direitos da pessoa com deficiência. Vinculado à
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Grupo de dança integrado por pessoas com deficiência na cerimônia de
República, o Conselho tem canais de diálogo com lançamento de medidas voltadas para esse público, em setembro de 2007.

a rede de conselhos estaduais e municipais e com


Ricardo Stuckert/PR
os vários segmentos de pessoas com algum tipo
de deficiência ou incapacidade, que representam
cerca de 14,5% da população brasileira. Além da
criação da Subsecretaria Nacional de Promoção
dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Conade
também comemorou a ratificação da Convenção
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e
seu Protocolo Facultativo, assinados na ONU
em 2007, que juntamente com outras leis, dão
suporte à política nacional para a inclusão da
pessoa com deficiência. Presidente Lula no encerramento da II Conferência Nacional dos Direitos da
Pessoa com Deficiência em 2008.
A criação do Programa Nacional de
MPCD
Acessibilidade foi outra vitória, que prevê prazos
para tornar acessível o meio físico, os sistemas de
transportes, de comunicação e informação e de
apoio técnico a todas as pessoas com deficiência.
Assim também foi a assinatura do Decreto que
regulamenta a Lei do Cão-Guia, que permite
às pessoas com deficiência visual freqüentarem
locais públicos acompanhadas de seus cães-guia.

II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, realizada em


2008.

33
CONSELHOS NACIONAIS de POLÍTICAS
PÚBLICAS COM PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Conselhos Legislação Orgãos

Criado pela Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, e


01 Conselho Curador do FGTS reformulado pelo Decreto nº 6.827, de 22 de abril Ministério do Trabalho e Emprego
de 2009.

Criado pela Lei 10.683, de 28 de maio de 2003, e


Conselho da Transparência
02 regulamentado pelo Decreto nº 4.923, de 18 de Controladoria-Geral da União
Pública e Combate à Corrupção
dezembro de 2003.

Criado pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003,


regulamentado pelo Decreto nº 5.031, de 25
03 Conselho das Cidades Ministério das Cidades
de maio de 2004 e reformulado pelo Decreto nº
5.790, de 25 de maio de 2006.

Conselho de Defesa dos Direitos Secretaria de Direitos Humanos da


04 Criado pela Lei nº 4.319, de 16 de março de 1964.
da Pessoa Humana Presidência da República

Secretaria de Relações
Conselho de Desenvolvimento
05 Criado pela Lei n° 10.683, de 28 de maio de 2003. Institucionais da Presidência
Econômico e Social
da República

Conselho Nacional de
06 Criado pela Lei n° 10.683, de 28 de maio de 2003. Ministério da Pesca e Aquicultura
Aquicultura e Pesca

Conselho Nacional de Criado pela Lei n° 8.742, de 07 de dezembro de Ministério do Desenvolvimento


07
Assistência Social 1993. Social e Combate à Fome

Criado pela Lei nº 9.257, de 09 de janeiro de 1996,


Conselho Nacional de
08 e reformulado pelo Decreto 6.090, de 24 de abril Ministério de Ciência e Tecnologia
Ciência e Tecnologia
de 2007.

Conselho Nacional de Criado pelo Decreto n° 5.397, de 22 de março de Secretaria de Direitos Humanos da
09
Combate à Discriminação 2005. Presidência da República

34
CONSELHOS NACIONAIS de POLÍTICAS
PÚBLICAS COM PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Conselhos Legislação Orgãos

Criado pelo Decreto nº 5.376, de 17 de fevereiro


10 Conselho Nacional de Defesa Civil Ministério da Integração Nacional
de 2005, e reformulado pelo Decreto nº 7.257, de
4 de agosto de 2010.

Criado pelo Decreto nº 3.200, de 06 de outubro


Conselho Nacional de 1999, incorporado à estrutura do MDA por
11 de Desenvolvimento meio da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, Ministério do
Rural Sustentável regulamentado pelo Decreto nº 4.854, de 08 de Desenvolvimento Agrário

outubro de 2003.

12 Conselho Nacional
Criado pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003. Ministério do Trabalho e Emprego
de Economia Solidária

13 Criado pela Lei n° 9.131, de 24 de novembro de Ministério da Educação


Conselho Nacional de Educação
1995.

14 Conselho Nacional de Imigração Criado pela Lei n° 6.815, de 19 de agosto de 1980. Ministério de Trabalho e Emprego

Secretaria-Geral da
15 Conselho Nacional de Juventude Criado pela Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005.
Presidência da República

Conselho Nacional de Política


16 Criado pela Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Ministério da Justiça
Criminal e Penitenciária

Criado pelo Decreto nº 5.520, de 24 de agosto de


17 Conselho Nacional
2005, e reformulado pelo Decreto nº 6.973, de 07 Ministério da Cultura
de Política Cultural
de outubro de 2009.

Conselho Nacional Criado pela Lei nº 11.343, de 23 de agosto de


18 Gabinete de Segurança Institucional
de Políticas sobre Drogas 2006, e regulamentado pelo Decreto nº 5.912 de
da Presidência da República
27 de agosto de 2006.

Conselho Nacional
19 Criado pela Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991. Ministério da Previdência Social
de Previdência Social

35
CONSELHOS NACIONAIS de POLÍTICAS
PÚBLICAS COM PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Conselhos Legislação Orgãos

20 Conselho Nacional de Promoção Secretaria de Políticas de


Criado pela Lei n° 10.678, de 23 de maio de 2003.
da Igualdade Racial Promoção da Igualdade Racial

Criado pela Lei nº 9.433, de 08 de janeiro 1997,


Conselho Nacional
21 e reformulado pelo Decreto nº 4.613 de 11 de Ministério do Meio Ambiente
de Recursos Hídricos
março de 2003.

Criado pela Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937,


Ministério da Saúde
22 Conselho Nacional de Saúde última reformulação pelo Decreto nº 5.839, de 11
de julho de 2006.

Criado pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003


Conselho Nacional de Segurança e reformulado pelos Decretos nº 5.079, de 12 de
23 Presidência da República
Alimentar e Nutricional maio 2004; e nº 6.272, de 23 de novembro de
2007.

Conselho Nacional
24 Decreto n° 6.950, de 26 de agosto de 2009. Ministério da Justiça
de Segurança Pública

Criado pelo Decreto-Lei nº 55, de 18 de novembro


de 1966, incorporado à estrutura do Ministério
25 Conselho Nacional de Turismo do Turismo pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de Ministério do Turismo
2003 e reformulado pelo Decreto n° 6.705, de 19
de dezembro de 2008.

Criado pela Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 e


26 Conselho Nacional do Esporte reformulado pelo Decreto nº 4.201, de 18 de abril Ministério do Esporte
de 2002.

36
CONSELHOS NACIONAIS de POLÍTICAS
PÚBLICAS COM PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Conselhos Legislação Orgãos

Criado pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,


regulamentado pelo Decreto nº 88.351, de 01 de
27 Conselho Nacional janeiro de 1983, e reformulado pelos Decretos: nº Ministério do Meio Ambiente
do Meio Ambiente 99.274, de 06 de junho de 1990; nº 3.942, de 27
de setembro de 2001; nº 6.792, de 10 de março
de 2009.

Criado pela Lei nº 8.242, de 12 de outubro 1991, e


Conselho Nacional dos Direitos Secretaria de Direitos Humanos
28 reformulado pelo Decreto nº 5.089 de 05 de maio
da Criança e do Adolescente da Presidência da República
de 2004.

Criado pela Lei n° 7.353, de 29 de agosto de 1985


29 Conselho Nacional
e reformulado pelo Decreto nº 6.412, de março de Secretaria de Políticas
dos Direitos da Mulher
2008. para as Mulheres

Criado pelo Decreto nº 3.076, de 01 de junho de


Conselho Nacional 1999, incorporado à estrutura básica da Secretaria
30 Secretaria de Direitos Humanos
dos Direitos da Pessoa Especial de Direitos Humanos da Presidência da
da Presidência da República
Portadora de Deficiência
República pela Lei nº 10.693, de 28 de maio de
2003.

Criado pelo Decreto nº 4.227 de 13 de maio de


Secretaria de Direitos Humanos
Conselho Nacional
31 2002, reformulado pelo Decreto nº 5.109 de 17 de
dos Direitos do Idoso da Presidência da República
junho de 2004.

Comissão Nacional de Ministério do Desenvolvimento


Criada pelo Decreto de 27 de dezembro de 2004 e
32 Desenvolvimento Sustentável dos
Social e Combate à Fome
reformulada pelo Decreto de 13 de julho de 2006.
Povos e Comunidades Tradicionais

Comissão Nacional
33 Criada pelo Decreto de 22 de março de 2006 Ministério da Justiça
de Política Indigenista

Secretaria-Geral da Presidência da
Conselho Brasileiro do Mercosul Criado pelo Decreto nº 6.594, de 6 de outubro de
34 República e Ministério das Relações
Social e Participativo 2008.
Exteriores

37
3.2 Conferências Nacionais

A primeira conferência nacional realizada no Brasil Espaços de interlocução entre o Estado e a sociedade
foi sobre saúde, em 1941, e discutiu o tema “Situação civil, as conferências nacionais são convocadas pelo
sanitária e assistencial dos estados”. A Constituição Executivo, em parceria com os conselhos de políticas
Federal de 1988 imprimiu um caráter participativo às públicas, e acontecem em três etapas: municipal, estadual
conferências, mas foi durante o governo Lula que elas e federal. Os participantes são delegados eleitos pela
foram significativamente ampliadas, em número de sociedade civil e indicados por órgãos governamentais
participantes, e se tornaram mais abrangentes, incluindo das três esferas da federação. As discussões travadas nas
novos temas e segmentos. Até então, não tinham conferências são norteadas por um texto-base construído
periodicidade definida e, não raro, se pareciam mais por representantes de organizações sociais e do Governo
com seminários técnicos do que com espaços plurais Federal. As resoluções, diretrizes e moções aprovadas são
de discussão das políticas públicas. O novo desenho consolidadas em um relatório final que é encaminhado ao
das conferências nacionais passou a sustentar-se em um ministério responsável. Mais que isso, as deliberações das
formato congressual inovador: a primeira etapa acontece conferências nacionais efetivamente incidem nas políticas
nos municípios, depois há os encontros estaduais, que e ações implementadas pelo governo, sendo que muitas
finalmente convergem para o evento síntese de caráter se tornam projetos de lei – vários já aprovados pelo
nacional. Além disso, passaram a pautar-se pela formação Congresso Nacional ou então são colocadas em prática
de consensos que são sistematizados em um documento pelo Executivo, por via administrativa.
final contendo as resoluções, diretrizes e moções. Assim, realizadas com periodicidade definida e
A partir de 2003, as conferências nacionais ocuparam com metodologia verdadeiramente participativa, as
um lugar destacado no conjunto de práticas participativas conferências nacionais passaram a fazer parte da agenda
acionadas pelo Governo Federal. Foram 747 conferências da administração pública brasileira e dos movimentos
nacionais realizadas entre 2003 e 2010, que mobilizaram sociais do país.
diretamente mais de cinco milhões de pessoas, em cerca Para se ter uma ideia da extensão deste processo, as seis
de cinco mil municípios brasileiros. Quarenta temas de centrais sindicais brasileiras (CUT, UGT, CTB, NCST,
políticas públicas foram objeto de debate, tais como: CGTB e Força Sindical) estiveram representadas em mais
desenvolvimento, geração de emprego e renda, inclusão da metade das conferências nacionais realizadas após
social, saúde, educação, meio ambiente, direitos das 2003. Embora temáticas, as conferências contam com a
mulheres, igualdade racial, reforma agrária, juventude, participação de atores sociais não diretamente vinculados
direitos humanos, ciência e tecnologia, comunicação, aos setores em debate e são permeadas por visões amplas e
diversidade sexual, democratização da cultura, reforma plurais que convergem para implementação de um novo
urbana, segurança pública, entre muitas outros. Muitas modelo de desenvolvimento.
questões foram debatidas com a sociedade pela primeira As conferências nacionais, de fato, possibilitam
vez. Mas, para além da quantidade, a qualidade da que diferentes grupos sociais se apresentem ao debate
participação social também foi impulsionada e valorizada. público, coloquem argumentos e contra-argumentos

7
Fonte: Secretaria-Geral da Presidência da República, atualizado em novembro de 2010.

38
Divulgação/Secretaria Nacional de Juventude

As bandeiras da Juventude

Com o lema “Levante a sua Bandeira”, a 1ª


Conferência Nacional de Políticas Públicas de
Juventude foi um marco na história da juventude
brasileira e na agenda do país. O caráter inovador
da conferência esteve presente já no processo de sua
organização: além da realização das conferências Mesa de abertura da I Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2008.

municipais e regionais – 840 em todo o país – foram Divulgação/Secretaria Nacional de Juventude

promovidas 690 conferências livres, organizadas


por grupos, instituições e organizações sociais das
mais diferentes regiões do Brasil. Ao todo, 400 mil
pessoas participaram dos debates e aprovaram 4.500
propostas que foram analisadas na etapa nacional,
realizada em Brasília, em abril de 2008, com 2,5 mil
delegados.
Durante os quatro dias de debates, foram
aprovadas 70 resoluções e definidas 22 prioridades.
A intensa mobilização social e os importantes
resultados evidenciaram que o Governo Federal
passou a compreender a heterogeneidade da
I Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2008.
juventude e que ela é portadora de direitos e capaz
Divulgação/Secretaria Nacional de Juventude
de participar de decisões que se referem a questões
importantes da agenda política do país.
Outra importante vitória no campo legal foi a
aprovação, em julho de 2010, da PEC 042/2008,
conhecida como PEC da Juventude, convertida na
Emenda Constitucional 65, que inseriu o termo
“jovem” no capítulo dos Direitos e Garantias
Fundamentais da Constituição Federal.

Plenária de votação durante a I Conferência Nacional de Juventude, realizada


em 2008.

39
Claúdia Ferreira/SPM Claúdia Ferreira/SPM

2ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, realizada em agosto Representantes indígenas participam da 2ª Conferência Nacional de Políticas
de 2007. para as Mulheres, realizada em agosto de 2007.

e defendam seus temas e suas bandeiras. Contribuem diretamente 15 mil pessoas em todo o país, registrou
com o reconhecimento de novos direitos pelo Estado, conquistas e contribuiu para aperfeiçoamentos
ampliando a cidadania no país e alterando o modo de importantes nas políticas públicas. Na área da cultura,
compreender os atores sociais, que passam a ser entendidos foram definidos critérios que consideraram a diversidade
como sujeitos de direitos e participantes do processo de na identidade de gênero possibilitando, por exemplo, o
elaboração de políticas públicas. Mesmo brasileiros que apoio governamental às paradas gays. Também foram
vivem no exterior participaram deste processo, com criados 40 centros de referência, em todo o Brasil, para
a organização de três Conferências das Comunidades a comunidade Lgbt. Na área da saúde, a política de
Brasileiras no Exterior, realizadas em 2008, 2009 e 2010. prevenção e tratamento ao Hiv/Aids, referência no
Em muitos casos, a realização das conferências mundo, vem sendo aprimorada com o vigoroso diálogo
atendeu a antigas reivindicações de movimentos e atores entre governo e sociedade civil.
sociais, e representou o resgate de dívidas históricas As Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres
com determinados setores da sociedade. É o caso das — em 2004 e 2007 — reafirmaram o compromisso do
Conferências Nacionais da Juventude (2008); dos governo com a construção da política de gênero no país,
Direitos das Mulheres (2004 e 2007); dos Direitos da com atribuições para municípios, estados e União, e os
Pessoa com Deficiência (2006 e 2008); de Gays, Lésbicas, poderes Legislativo e Judiciário. A mobilização social em
Bissexuais, Travestis e Transexuais (2008); de Promoção torno do tema tornou possíveis conquistas históricas,
da Igualdade Racial (2005 e 2009); e das Comunicações como a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), fundamental
(2009), entre outros. para abolir a impunidade que predominava nos casos de
Inédita no país, a Conferência Nacional de Gays, violência contra a mulher.
Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais mobilizou Em 2007, as mais de 2.500 delegadas participantes da

40
2ª Conferência Nacional, representantes de milhares de
mulheres de todo o país, contribuíram com a construção
do Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência
Todos pela educação pública
contra as Mulheres e discutiram a implementação do de qualidade no Brasil
Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e a relação
entre o gênero feminino e o poder. Em 2003, o Governo Federal iniciou uma ousada
Segundo Carmen Foro, integrante do Conselho estratégia de resgate do ensino público brasileiro.
Nacional dos Direitos das Mulheres, as conferências Projetos e iniciativas decisivas nesse processo, como
nacionais expressam a abertura real do governo para o a reforma universitária, o Programa Universidade
diálogo com a sociedade. “A valorização da participação Para Todos (ProUni), o Fundo de Manutenção e
social, como no caso das conferências nacionais, Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização
trouxe a possibilidade das mulheres participarem dos Profissionais de Educação (Fundeb), o Programa
desse ambiente de construção. As trabalhadoras rurais de Apoio a Planos de Reestruturação das Universidades
brasileiras conseguiram na agenda do Governo Federal Federais (Reuni) e o piso nacional do magistério,
um permanente espaço para o debate da sua pauta, o que foram resultados de vigorosa mobilização social de
não existia até 2003. Temos muito a avançar mas, com variadas organizações civis e intenso diálogo com o
certeza, o que ainda falta não é por ausência de diálogo”, governo. Pactuada e qualificada – mediante a atuação
diz Carmen Foro. crítica e autônoma da sociedade civil em conferências
Nestes e em vários outros casos, as conferências temáticas, como a de educação básica, educação
nacionais possibilitaram a ampliação da participação indígena e profissional tecnológica – essa estratégia foi
social em temas e questões que até então eram pouco alvo de inédita conferência nacional de educação.
receptivos à voz da sociedade civil, seja pelo elevado grau Reunidas em Brasília, de 28 de março a 1º de abril
de tecnicidade das áreas ou pela equivocada compreensão de 2010, 3.880 pessoas, entre alunos, profissionais do
de que determinados assuntos não deveriam mesmo ser setor, pais, pesquisadores e estudiosos, debateram os
compartilhados com a sociedade em geral. Daí, um vasto resultados, os desafios e os próximos passos da política
conjunto de políticas públicas afeto a vários setores e do educacional do Brasil, responsável pela elevação
interesse de amplos segmentos da população não eram em mais de 100% do orçamento educacional (que
permeáveis ao diálogo com a sociedade e, portanto, passou de R$18 bilhões, em 2003, para R$ 50 bilhões
não incorporavam as suas contribuições. É o caso das em 2010), expansão das 58 universidades federais
Conferências Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação existentes, das quais 14 foram criadas nos últimos sete
em Saúde; de Aquicultura e Pesca; de Comunicação; e de anos, instalação de 124 novos campi no interior do
Segurança Pública, entre outros. país e a criação de 240 escolas técnicas em menos de
Realizada em Brasília em agosto de 2009, a 1ª oito anos.
Conferência Nacional de Segurança Pública articulou os
órgãos do Sistema Único de Segurança Pública (Susp),
lideranças sociais e especialistas com o objetivo de
reformular a Política Nacional de Segurança Pública de

41
forma compartilhada entre poder público e sociedade três eixos temáticos – Produção de conteúdo, Meios
civil. Foi a primeira vez que os diferentes atores da área se de distribuição e Cidadania –, os delegados analisaram
reuniram para discutir um novo paradigma de segurança as 6.101 propostas surgidas nas conferências estaduais.
pública, baseado no fortalecimento institucional do Pioneira, a 1ª Confecom abriu o canal de diálogo
Estado, com foco na atuação preventiva como forma de com segmentos da indústria da comunicação e foi um
diminuir a violência. marco na construção de mecanismos democráticos de
Com o tema “Meios para a construção de direitos e formulação e acompanhamento das políticas públicas
de cidadania na era digital”, a 1ª Conferência Nacional para o setor, compreendendo a comunicação como um
de Comunicação (Confecom) reuniu, em 2009, 1.684 direito humano fundamental para a consolidação da
delegados da sociedade civil, empresariado e poder democracia.
público. Divididos em 15 grupos de trabalho, com Entre as propostas aprovadas, aquelas envolvendo a

Martin Garcia

1° Conferência Nacional de Segurança Pública, realizada em agosto de 2009.

42
Bruno Spada/MDS
democratização do acesso à internet
banda larga representaram uma
vitória dos movimentos sociais
e significaram uma revolução
no direito à comunicação e na
inclusão digital da população do
país. O acesso à internet deverá
ser prestado em regime público,
contando assim com metas de
universalização e qualidade, além
de controle tarifário e garantia
de continuidade. Considerado
um “direito fundamental” dos
cidadãos, o Estado brasileiro
deverá garantir o acesso a todos,
sem discriminação.
Além de introduzir novos
temas na agenda participativa, VI Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em dezembro de 2007.

o Governo Federal retomou e


estimulou a participação social
em temas importantes da vida social brasileira. Dez 2015 de reduzir a pobreza extrema a um quarto daquela
anos depois da primeira edição, foi realizada, em 2004, registrada em 1990. Segundo o Relatório Nacional de
a 2ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Acompanhamento dos Objetivos do Milênio, “A redução
Nutricional e, em 2007, a 3ª Conferência, trazendo da pobreza extrema desde 1990 foi de tal ordem que, em
elementos importantes para a luta contra a fome e a 2008, apenas 4,8% da população eram pobres segundo
pobreza no país. Foram definidas as prioridades para o critério internacional (um em cada 20 brasileiros). No
assegurar o direito humano à alimentação adequada e período, o Brasil logrou reduzir a pobreza a menos de um
aprovadas as diretrizes para a construção da Política e do quinto do nível de 1990, superando a meta que havia se
Sistema Nacional de Segurança Alimentar. proposto”.8
A expressiva mobilização social e a prioridade Já a política de assistência social foi alvo de reflexões
política e orçamentária conferida ao combate à pobreza e debates em quatro conferências nacionais, em 2003,
fizeram com que o Brasil superasse as Metas do Milênio, 2005, 2007 e 2009. Certamente, a mobilização das
propostas pela Organização das Nações Unidas. O organizações sociais, junto com o monitoramento dos
Brasil alcançou, em 2007, a meta a ser cumprida em conselhos de assistência social, foi preponderante para

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - Relatório Nacional de Acompanhamento Brasília: IPEA, Ipea, 2010. p.22.
8

43
o êxito da política de proteção social e de transferência ocorrida no período e vários programas sociais como os
de renda em curso no país que, através do Programa benefícios de prestação continuada pagos a 3,2 milhões
Bolsa Família, já atende a 50 milhões de pessoas e é de idosos pobres e pessoas com deficiência, os Centros
considerado pelas Nações Unidas modelo de política de Referência da Assistência Social (Cras) instalados em
pública de combate à fome e à pobreza. A luta contra a quase todos os municípios brasileiros, e os programas
fome e a pobreza também conta com outros importantes de aquisição de alimentos e da merenda escolar, dentre
instrumentos como a forte valorização do salário mínimo tantos outros.

Conferência promove diálogo social sobre comunicação


“A instituição da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foi uma novidade
necessária e fundamental, principalmente se levarmos em conta a ausência anterior de debates nessa
área. Sempre foi uma espécie de tabu para as empresas de comunicação discutir os processos em torno
de seu funcionamento. Houve algumas tentativas nesse sentido, mas todas infrutíferas e frustradas,
que acabaram sendo relegadas ao segundo plano, como as questões de proteção da produção nacional
e marcos regulatórios do setor.
Portanto, a realização da Confecom, por si só, já foi uma grande conquista. Foi inaugurado um
novo momento. Inclusive, por parte de muitos empresários. Houve a compreensão de que o modelo
de negócio atual está se exaurindo e as possibilidades democráticas que as novas tecnologias trazem
devem ser também exploradas.
Um segundo elemento que deve ser louvado é que as políticas públicas foram alinhavadas,
ganhando, assim, legitimidade, pois saíram de acordos realizados na conferência. Apesar de ter sido
uma conferência difícil, a Confecom foi a consolidação de uma nova visão, necessária e bem-vinda.
Um acerto democrático e plural garantiu legitimidade ao debate.
Foi um aprendizado também para os movimentos sociais, que saíram de uma postura
reivindicatória para outra, propositiva. Tudo isso com disciplina e pautado pela mediação das forças
Celso Schroeder,
presentes.
Dirigente do Fórum
Nacional pela
Certamente, o debate no setor sai mais qualificado após essa conferência. Para as próximas, a
Democratização da expectativa é que tenhamos mais propostas e entendimentos e menos desgastes e desconfianças. As
Comunicação bases estão constituídas e os atores farão uma conferência em outro patamar”.

44
Divulgação/Secom

1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em Brasília, em 2009.

Divulgação/Secom

1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em Brasília, em 2009.

45
Antônio Cruz/ABr

A 2ª Conferência Nacional de Economia Solidária realizada em 2010, no Espaço de Lona, instalado no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, reuniu 1.600
delegados e 200 convidados de todo o Brasil.

46
UMA NOVA ECONOMIA SOLIDÁRIA PARA O PAÍS

No Brasil, a economia solidária – como forma de gerir o próprio trabalho


– vinha sendo posta em prática desde os anos 80, enquanto estratégia de
sobrevivência à crise e ao desemprego. Desde então, as práticas de economia
solidária contam com o apoio de igrejas, sindicatos e universidades. Mas,
foi só em 2003 que o Governo Federal decidiu construir uma política
pública para a área, em decisão praticamente inédita no mundo. Foram
criados, no mesmo ato, a Secretaria Nacional de Economia Solidária e o
Conselho Nacional de Economia Solidária, vinculados ao Ministério do
Trabalho e Emprego, expressando que o diálogo forte e a participação ativa
da sociedade são parte dessa construção.
As duas Conferências Nacionais de Economia Solidária, realizadas em
2006 e 2010, foram fundamentais na definição e consolidação das políticas
para o setor, e contaram com a participação de inúmeras entidades e
representantes de empreendimentos econômicos solidários. Na primeira
conferência, foram delineadas as prioridades que permitiram, por exemplo,
a elaboração do Plano Plurianual 2008-2011 e a consolidação dos grandes
eixos da política. A segunda conferência avançou nas definições e indicou
a criação de novos mecanismos, em especial, de um sistema público de
economia solidária. Deste processo resultou a reformulação da lei do
cooperativismo, a aprovação da nova lei das cooperativas de crédito, a
instituição do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas, a
criação do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário, a formulação
da Qualificação Social e Profissional da Economia Solidária, e a criação
de Centros de Formação em Economia Solidária, dentre outras iniciativas.
Isso beneficiou mais de 250 mil trabalhadores e trabalhadoras por meio do
acesso a bens e serviços financeiros, de infraestrutura, de conhecimentos
e da organização de processos de produção e comercialização. Além
disso, os serviços de formação, informação e de apoio organizativo e
de comercialização geraram aproximadamente 700 empreendimentos
econômicos solidários, com mais de 10 mil associados.

47
Participação social garante avanços na reforma urbana
“Nossa luta vem de muitos anos, espalhada por estados e municípios. É um processo que vem
de cada local, das associações de moradores e das federações municipais e estaduais. O processo de
conferências como está hoje teve um significado fundamental, porque é onde a sociedade pode discutir
e intervir e colocar sua demanda em uma instância democrática, participativa.
Antes de 2003, as conferências eram resultado de exigências das próprias associações, não eram
propostas pelo governo. Hoje, o governo ouve a sociedade para colocar as suas questões na pauta de
discussões de políticas públicas. A Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam) tem
autonomia no diálogo com o governo, os movimentos trazem suas demandas e elas são levadas em
conta.
O Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social era uma luta que vinha desde 1988 e nós
conseguimos criá-lo por meio do diálogo com o Governo Federal. É uma demonstração de que o
governo apostou nos movimentos sociais, e respeita as entidades voltadas para as demandas populares.
Foi criado o crédito imobiliário, um avanço enorme para a construção de moradias populares, com
a Caixa Econômica Federal se adequando de acordo com as possibilidades das entidades. A burocracia
foi colocada em discussão e conseguimos diminuí-la.
Em vários ministérios, tivemos ganhos importantes. No esporte, temos o Projeto Segundo Tempo,
que tem núcleos espalhados por todo o Brasil (só em São Paulo são 60). O projeto tem por objetivo
democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral
de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de
vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social.
O programa Minha Casa, Minha Vida, que contempla moradia digna para o trabalhador,
também foi resultado do diálogo que conseguimos ter com o governo. O Ministério das Cidades, por
si só, foi um grande avanço. A criação dele, no campo da política pública urbana e social, centralizou
nossas demandas, que antes eram espalhadas pelos diversos ministérios. No Ministério da Saúde,
Bartira Lima da conseguimos realizar oficinas em todos os estados sobre a importância do SUS, falando também
Costa, presidente da
sobre a importância do saneamento como prevenção a doenças. Inclusive, tivemos a Lei Nacional de
Confederação Nacional
das Associações de Saneamento, sancionada pelo Presidente da República. Outra conquista foi o Pacto do SUS, que traz
Moradores um novo reordenamento do Sistema para direcionar melhor toda ação do SUS”.

48
Conferências Nacionais realizadas de 2003 até junho de 2010

CONFERÊNCIAS ÓRGÃO RESPONSÁVEL ANO(S) QTDE

1. Conferência Brasileira Ministério do Desenvolvimento,


2004, 2005, 2007, 2009 4
de Arranjos Produtivos Locais Indústria e Comércio Exterior

2. Conferência das Comunidades


Brasileiras no Exterior
Ministério das Relações Exteriores 2008, 2009, 2010 3

3. Conferência Nacional das Cidades Ministério das Cidades 2003, 2005, 2007, 2010 4

4. Conferência Nacional de
Ministério do Trabalho e Emprego 2008 1
Aprendizagem Profissional

5. Conferência Nacional
Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca – PR 2003, 2006, 2009 3
de Aquicultura e Pesca

6. Conferência Nacional Ministério do Desenvolvimento Social


2003, 2005, 2007, 2009 4
de Assistência Social e Combate à Fome

7. Conferência Nacional de
Ministério da Ciência e Tecnologia 2005, 2010 2
Ciência, Tecnologia e Inovação

8. Conferência Nacional de Ciência,


Ministério da Saúde 2004 1
Tecnologia e Inovação em Saúde

9. Conferência Nacional de Comunicação Ministério das Comunicações 2009 1

10. Conferência Nacional de Cultura Ministério da Cultura 2005, 2010 2

11. Conferência Nacional de Defesa


Ministério da Integração Nacional 2010 1
Civil e Assistência Humanitária

12. Conferência Nacional de


Ministério do Desenvolvimento Agrário 2008 1
Desenvolvimento Rural Sustentável

13. Conferência Nacional Comissão de Direitos Humanos e


de Direitos Humanos 2003, 2004, 2006, 2008 4
Minorias da Câmara dos Deputados

14. Conferência Nacional


de Economia Solidária Ministério do Trabalho e Emprego 2006, 2010 2

15. Conferência Nacional de Educação Ministério da Educação 2010 1

16. Conferência Nacional Ministério da Educação 2008 1


de Educação Básica

49
Conferências Nacionais realizadas de 2003 até junho de 2010

CONFERÊNCIAS ÓRGÃO RESPONSÁVEL ANO(S) QTDE

17. Conferência Nacional


de Educação Escolar Indígena
Ministério da Educação, Ministério da Justiça e Funai 2009 1

18. Conferência Nacional de


Educação Profissional Tecnológica Ministério da Educação 2006 1

19. Conferência Nacional de Gays,


Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Secretaria Especial de Direitos Humanos - PR 1
2008
Transexuais

20. Conferência Nacional de Gestão Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho e Emprego


do Trabalho e da Educação na Saúde e Ministério da Previdência Social 2006 1

21. Conferência Nacional de Juventude Secretaria-Geral da Presidência da República 2008 1

22. Conferência Nacional de


Medicamentos e Assistência Ministério da Saúde 2003 1
Farmacêutica

23. Conferência Nacional de Políticas Secretaria Especial de Políticas de Promoção


2005, 2009 2
de Promoção da Igualdade Racial da Igualdade Racial - PR

24. Conferência Nacional de Políticas


Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - PR 2004, 2007 2
para as Mulheres

25. Conferência Nacional de Recursos


Humanos da Administração Pública Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 2009 1
Federal

26. Conferência Nacional de Saúde Ministério da Saúde 2003, 2007 2

27. Conferência Nacional Ministério da Saúde, Ministério das Cidades e


2009 1
de Saúde Ambiental Ministério do Meio Ambiente

28. Conferência Nacional de Saúde Bucal Ministério da Saúde 2004 1

29. Conferência Nacional de


Ministério da Saúde 2005 1
Saúde do Trabalhador

30. Conferência Nacional


Ministério da Saúde 2006 1
de Saúde Indígena

31. Conferência Nacional


Ministério da Saúde 2010 1
de Saúde Mental

50
Conferências Nacionais realizadas de 2003 até junho de 2010

CONFERÊNCIAS ÓRGÃO RESPONSÁVEL ANO(S) QTDE

32. Conferência Nacional de


Conselho Nacional de Segurança Alimentar – PR 2004, 2007 2
Segurança Alimentar e Nutricional

33. Conferência Nacional


Ministério da Justiça 2009 1
de Segurança Pública

34. Conferência Nacional do Esporte Ministério do Esporte 2004, 2006, 2010 3

35. Conferência Nacional


do Meio Ambiente
Ministério do Meio Ambiente 2003, 2005, 2008 3

36. Conferência Nacional dos Direitos


Secretaria Especial de Direitos Humanos – PR 2003, 2005, 2007, 2009 4
da Criança e do Adolescente

37. Conferência Nacional dos


Secretaria Especial de Direitos Humanos – PR 2006, 2008 2
Direitos da Pessoa com Deficiência

38. Conferência Nacional dos


Secretaria Especial de Direitos Humanos – PR 2006, 2009 2
Direitos da Pessoa Idosa

39. Conferência Nacional Ministério da Justiça e Funai 2006 1


dos Povos Indígenas

40. Conferência Nacional Infanto-


Ministério da Educação e Ministério do Meio Ambiente 2003, 2006, 2009 3
Juvenil pelo Meio Ambiente

TOTAL 74

Fonte: Secretaria-Geral da Presidência da República.

51
3.3 Mesas de Diálogo

As Mesas de Diálogo são instâncias de negociação de empréstimo com desconto em folha de pagamento e
entre a sociedade e o governo com o objetivo de buscar juros mais baixos, foi responsável pela aplicação de mais
o entendimento sobre os mais diferentes temas. Foram de R$ 133 bilhões, destinados ao consumo popular,
criadas a partir de 2003 e se tornaram cada vez mais entre 2003 e 2010.
importantes para enfrentar questões cruciais da vida A nova forma de governar, por meio do diálogo
brasileira, abrangendo tanto situações conjunturais permanente com a sociedade civil, também é responsável
quanto políticas estruturantes. por verdadeira revolução na agricultura familiar brasileira.
A Mesa com as Centrais Sindicais foi fundamental A Mesa de Diálogo com as Entidades do Campo, que
para a recuperação do poder de compra do salário contou com a presença das principais entidades do setor
mínimo e para a elaboração de políticas de geração de e de vários órgãos governamentais, com destaque para
emprego. Quebrando um jejum de quase 40 anos, os o Ministério do Desenvolvimento Agrário, contribuiu
representantes dos trabalhadores voltaram a discutir para o desenvolvimento de políticas que melhoraram as
com o Poder Executivo. A interlocução com a Central condições de vida dos trabalhadores rurais, a distribuição
Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, a da terra, a produção da agricultura familiar e a ampliação
União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central dos de crédito. O Plano Safra da Agricultura Familiar passou
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central de R$ 2,5 bilhões, em 2002/2003, para R$ 15 bilhões,
Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e a Nova em 2009/2010, beneficiando cerca de quatro milhões de
Central Sindical (NCS) garantiu, por exemplo, uma famílias, responsáveis por 70% dos alimentos consumidos
política de valorização do salário mínimo, sustentada em no país. Além do financiamento, que cresceu mais de
ganhos reais equivalentes à elevação do Produto Interno 600%, fazem parte do Plano: assistência técnica, seguro
Bruto, até 2023. Esta medida, que alcança 45 milhões agrícola, garantia de preços e programa de aquisição de
de trabalhadores ativos e aposentados, já resultou em alimentos. Muitos outros programas e ações também
aumento de cerca de 60% no valor do salário mínimo foram implementados visando o fortalecimento da
nos últimos oito anos. agricultura familiar, a exemplo do microcrédito rural,
O diálogo com as Centrais Sindicais também resultou da abertura do mercado da alimentação escolar aos
na adoção de uma nova tabela para o imposto de renda, pequenos agricultores e do financiamento de veículos,
mais progressiva, que isentou mais 700 mil trabalhadores máquinas e equipamentos.
do pagamento do imposto e reduziu a contribuição dos Na luta pelos direitos das mulheres, foi garantida a
assalariados médios. Tal mudança, além de ter beneficiado titulação conjunta da terra e instituído o Pronaf Mulher
todos os trabalhadores, especialmente aqueles de menor – antigas reivindicações dos movimentos de mulheres
poder aquisitivo, injetou, em 2009, cerca de 0,2% do do campo. Também foi criado o Programa Nacional
PIB na renda pessoal disponível, contribuindo para a de Documentação da Trabalhadora Rural, que fornece
elevação do consumo das famílias e para o crescimento os documentos necessários ao exercício da cidadania às
do mercado interno. trabalhadoras do campo que ainda não os possuem.
O crédito consignado também é fruto dessa Mesa. A Mesa de Diálogo com o Movimento de Atingidos
Proposto pelas centrais sindicais e acolhido pelo por Barragens (MAB), coordenada pela Secretaria-
Governo Federal, o crédito consignado, que consiste Geral e pelo Ministério de Minas e Energia, buscou

52
Diálogo social incorporou novas visões
sobre desenvolvimento nacional
“O diálogo entre movimentos sociais e o Governo Federal contribuiu para o debate sobre outra
perspectiva de desenvolvimento para o país. O tratamento na negociação da nossa pauta contribuiu
Elisângela dos bastante nesse processo de dialogar as principais reivindicações dos movimentos sociais. Posso citar o
Santos Araújo, avanço das políticas agrícolas, a ampliação do Pronaf, do valor de recursos, a questão da implementação
coordenadora da de programas voltados para a geração de renda, a exemplo do Programa de Aquisição de Alimentos,
Federação Nacional hoje temos o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Isso tudo aconteceu num contexto muito
dos Trabalhadores
interessante porque houve diálogo, foram consideradas as proposições e reivindicações dos movimentos
e Trabalhadoras na
Agricultura Familiar
sociais no sentido de elaborar e implementar as políticas que contribuem para a estruturação e
(Fetraf Nacional) fortalecimento dos setores”.

Negociação definiu melhores práticas e alcançou


avanços também para empresários
“Não estávamos olhando, na Mesa de Diálogo, o aperfeiçoamento da legislação, que pode
ser demorado, mas aquilo que de fato é importante para o bem-estar dos trabalhadores, buscando
caracterizar o conjunto de melhores práticas do setor. Chegamos às 30 melhores práticas, a maioria
delas suplantando as exigências legais, algumas aperfeiçoando a legislação, outras não fazem parte da
legislação, mas que são práticas usuais em algumas usinas e que pretendemos generalizar a partir do
compromisso assumido pelas partes. As melhores práticas foram definidas em âmbito nacional, pois
em torno da Mesa estavam sindicatos patronais e de trabalhadores do país todo. Classifico a iniciativa
como um projeto realmente exemplar.
Apesar de a legislação existente abranger grande parte dos processos do setor, foi inaugurado um
Marcos Jank, mecanismo diferente, que inclui o avanço educacional, problema histórico da mão-de-obra de corte
presidente da Unica manual da cana, além da requalificação e recolocação de trabalhadores deslocados pela mecanização.
(União da Indústria Foi a primeira vez que um setor econômico fez isso junto com o Governo Federal em um processo
de Cana-de-Açúcar) elaborado, que teve cerca de 20 reuniões”.

53
Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula discursa durante solenidade de lançamento do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, em
junho de 2009.

construir alternativas para superar o passivo social e por empreendimentos hidrelétricos e criou o Comitê
ambiental acumulado ao longo de décadas decorrente Interministerial de Cadastramento Socioeconômico,
dos projetos de construção de hidrelétricas, barragens atendendo à reivindicação do MAB de avançar na
e açudes. Foram formulados diagnósticos da situação definição do conceito de atingidos – necessário à
dos atingidos, elaborados os termos de acordos sociais e superação dos passivos atuais e à prevenção de novos.
estabelecidos padrões de responsabilidade socioambiental Igualmente coordenada pela Secretaria-Geral da
para os novos empreendimentos. Em outubro de 2010, Presidência da República, a Mesa de Diálogo para
foi publicado o Decreto Presidencial nº 7.342, que Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-
instituiu o cadastro socioeconômico para identificação, Açúcar constituiu experiência inédita no Brasil de
qualificação e registro público da população atingida diálogo e negociação nacional tripartite – empresários,

54
trabalhadores e Governo Federal. Esta Mesa foi criada nos canaviais.
para debater e propor soluções para tornar mais humano Dentre as práticas empresariais pactuadas consta,
e seguro o cultivo manual da cana-de-açúcar, além de por exemplo, que o contrato de trabalho passará a ser
promover a reinserção ocupacional dos trabalhadores feito diretamente entre a empresa e o trabalhador ou
desempregados pelo avanço da mecanização da colheita. com apoio do Sistema Público de Emprego, eliminando
O resultado foi um pioneiro Compromisso Nacional, o intermediário, que tem sido fonte de precarização do
firmado em junho de 2009, estabelecendo práticas trabalho. Também está assegurada maior transparência
empresariais e políticas públicas que ampliam os direitos na aferição da cana cortada, com o conhecimento prévio
reconhecidos em lei e melhoram as condições de trabalho dos trabalhadores sobre o preço a ser pago e a forma de

A Mesa de Diálogo do Setor Sucroenergético abriu um novo


capítulo na história de negociação dos trabalhadores
“A Mesa de Diálogo para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar é uma inovação.
Até a criação da Mesa, as negociações sempre eram feitas apenas entre trabalhador e empresário. A Mesa
incluiu o governo como agente na negociação das melhorias das condições de trabalho e os resultados
foram muito positivos.
Todos os integrantes da Mesa aceitaram, de forma voluntária, participar do processo de negociação.
É importante reconhecer que essa adesão expressa o interesse das partes em melhorar a atual situação
vivenciada no setor. Pela primeira vez, nós, trabalhadores rurais, conversamos diretamente com os
empresários do setor canavieiro, sem intermediários. Os empresários firmaram um compromisso moral
com o governo e com os trabalhadores para melhorar as condições de trabalho nas lavouras de cana.
Antonio Lucas,
E já é possível identificar avanços. Eu trabalhei dez anos cortando cana. Na minha época,
representante
da Confederação
o trabalhador andava no mesmo caminhão que levava a cana. Hoje, nós andamos de ônibus.
Nacional dos Recebíamos pagamento no meio da chuva e da poeira. Hoje, temos uma conta bancária como qualquer
Trabalhadores cidadão. Duas políticas públicas gestadas na Mesa de Diálogo já estão em andamento: o programa de
na Agricultura alfabetização do cortador de cana e a capacitação de trabalhadores rurais, feita pelo Ministério do
(Contag) na Mesa Trabalho e Emprego, a partir de metodologia criada pela Contag.
de Diálogo para Foi inaugurado, portanto, um novo modelo de negociação que pode servir para outros setores
Aperfeiçoar as
da economia. A Mesa da Cana-de-Açúcar abriu um novo capítulo na história de negociação dos
Condições de
Trabalho na Cana- trabalhadores com os empresários e o governo brasileiro. Enquanto trabalhador, eu sempre terei uma
de-Açúcar boa lembrança desse processo que ajudei a construir”.

55
Ricardo Stuckert/PR
medição. Além desses, foram firmados compromissos
relativos à saúde e segurança do trabalhador; ao
fornecimento de transporte seguro e gratuito aos
trabalhadores para as frentes de trabalho; ao oferecimento
gratuito de recipiente térmico (“marmita”) que garanta
condições de higiene e manutenção da temperatura,
dentre outros.
As políticas públicas previstas no Compromisso
Nacional buscam ainda o aperfeiçoamento das
condições dos equipamentos de proteção individual
utilizados pelos trabalhadores, a ampliação dos serviços Reunião, em fevereiro de 2010, com dirigentes do Movimento dos Atingindos
de intermediação e qualificação profissional oferecidos por Barragens (MAB).

pelo Sistema Público de Emprego, a implementação de Radiobrás

programas de alfabetização e de elevação da escolaridade


e de qualificação dos trabalhadores, a exemplo do Plano
Nacional de Qualificação para o Setor Sucroalcooleiro,
e o fortalecimento das ações e serviços direcionados
às regiões de menor desenvolvimento relativo e de
emigração de trabalhadores.
Os trabalhadores foram representados nesta Mesa de
Diálogo pela Confederação Nacional dos Trabalhadores
na Agricultura (Contag) e pela Federação dos Empregados
Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp).
O Fórum Nacional Sucroenergético e a União da Reunião com representantes da Mesa de Diálogo para Aperfeiçoar as
Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar.
Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) representaram os
empresários do setor. Do Governo Federal, participaram Domingos Tadeu/PR

representantes da Secretaria-Geral, da Casa Civil, e


dos ministérios do Trabalho e Emprego; Agricultura,
Pecuária e Abastecimento; Desenvolvimento Agrário;
Educação e Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Em 24 de novembro de 2010 foi criada, com composição
tripartite, por meio de decreto presidencial, a Comissão
Nacional de Diálogo e Avaliação do Compromisso.
No setor educacional, as maiores entidades da área
dialogaram com o governo para promover o resgate
do ensino público brasileiro. A União Nacional dos
Reunião com a Confederação Nacional das Associações de Moradores
Estudantes (UNE), a Confederação Nacional dos
(Conam), em 2008.

56
Trabalhadores em Educação (Cnte), a União Brasileira não os tinham, além de terem sido negociados reajustes
dos Estudantes (Ubes), o Conselho de Reitores das salariais significativos e corrigidas várias outras distorções
Universidades Federais (Cruf ) e a União Nacional históricas.
dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) A Mesa de Diálogo para Reforma da Lei do
dedicaram-se às discussões sobre a política educacional do Cooperativismo, sob a coordenação da Secretaria-
Brasil e exerceram papel destacado em projetos decisivos, Geral e da Casa Civil, teve a participação das entidades
como a Reforma Universitária, o Fundo de Manutenção da sociedade civil representativas do cooperativismo
e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização e economia solidária e dos empresários. O objetivo
dos Profissionais da Educação (Fundeb), o Programa foi criar uma proposta de marco legal que atendesse
Universidade para Todos (ProUni), o Programa de Apoio às necessidades do país, reafirmando os fins sociais de
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades inclusão e geração de renda. Ao final dos trabalhos, a
Federais (Reuni) e o piso nacional do magistério. Mesa encaminhou ao Congresso Nacional sugestões de
A Mesa Nacional de Negociação Permanente com alterações da lei geral do cooperativismo, de forma a
as Entidades Sindicais do Serviço Público Federal fomentar e apoiar o cooperativismo no Brasil.
possibilitou avanços importantes na política salarial e As Mesas de Negociação mencionadas aqui são apenas
funcional, com a assinatura de 70 acordos coletivos e alguns exemplos de momentos de vigoroso diálogo com
a aprovação de 46 Medidas Provisórias e 27 Projetos de organizações e setores sociais, que foram fundamentais
Lei, que beneficiaram 1,3 milhão de servidores. Foram para superar desafios e eliminar históricas mazelas do
estabelecidos planos de carreira para os servidores que país.

Diálogo social constrói nação verdadeiramente democrática


“O processo de diálogo impulsionado pelo Presidente Lula, reunindo sob a coordenação da Secretaria-
Geral da Presidência da República, ministérios, trabalhadores e empregadores, formando a Mesa de
Diálogo que produziu o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-
Élio Neves,
de-Açúcar, representa um marco na história do Brasil. Pela primeira vez, trabalhadores da cana-de-
presidente da
Federação dos
açúcar, mais antigo produto da agricultura brasileira, puderam debater seus problemas, apresentar
Empregados Rurais suas reivindicações e ter uma luz de esperança na mais alta esfera do Poder Republicano. Dentre outras
Assalariados do experiências de participação, também esse processo da Mesa de Diálogo constitui exemplo a ser seguido
Estado de São Paulo permanentemente, na construção de uma Nação verdadeiramente democrática, na qual não pode
(Feraesp) haver limites para que a voz do povo seja ouvida e repercutida, por múltiplos canais de participação”.

57
Ricardo Stuckert/PR

Em Guarulhos (SP), Presidente Lula, acompanhado dos ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Luiz Marinho (Previdência) e Luiz Dulci
(Secretaria-Geral da Presidência da República), participa da cerimônia de abertura do VII Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT em junho de 2007.

58
Negociação com centrais sindicais conquistou a maior
valorização do mínimo na história do país
“Na década de 1990, o movimento sindical brasileiro fazia inúmeras marchas e não havia espaço para
negociação com o Executivo. Neste período, as centrais não se reuniam umas com as outras e não havia
espaço ou canal para encaminhar as pautas. Então, cada central sindical fazia a sua pauta e encaminhava
da forma que lhe era mais conveniente. Com a concepção de participação social adotada no Governo
Federal a partir de 2003, as centrais sindicais amadureceram a necessidade de se organizar e alinhar as suas
pautas, além de construir uma unidade. Entendemos que ou a gente se preparava para estes momentos de
negociação ou não teria os avanços desejados. As centrais sindicais se uniram, portanto, para tratar de temas
de interesse geral da classe trabalhadora.
Foi assim que as centrais sindicais passaram a fazer parte da tomada de decisão sobre a definição
do salário mínimo no Brasil. Até 2003, todo o debate sobre o salário mínimo era feito pelo Congresso
Nacional, a partir do orçamento encaminhado pelo Ministério do Planejamento. Criamos as marchas dos
trabalhadores em Brasília, com pauta única definida. Até a 3ª Marcha, o salário mínimo foi o item central
da pauta.
A partir das marchas, foi criada uma comissão de negociação das centrais sindicais com o governo.
O projeto de valorização do salário mínimo até 2023 é fruto do amadurecimento e da mobilização das
centrais sindicais e também de um governo que teve sensibilidade para perceber que este era um tema
Artur extremamente importante. Estamos falando do maior acordo coletivo do mundo. O salário mínimo atinge
Henrique, hoje no Brasil 45 milhões de pessoas e um aumento de R$ 50 no salário mínimo equivale a R$ 20 bilhões na
presidente da
economia. Junto com o Bolsa Família, o mínimo foi um elemento essencial que ajudou o Brasil a enfrentar
Central Única dos
Trabalhadores (CUT)
a crise econômica internacional de 2008”.

59
Interlocução com movimentos possibilita melhor
entendimento sobre problemas sociais
“Até 2003, não tínhamos um interlocutor no Governo Federal. Íamos passando de ministério em ministério
e não tinha nenhum órgão que nos atendesse e que se dispusesse a dialogar com o movimento. Em 2003, houve
uma melhora muito grande. Grande parte do tempo no atual governo foi utilizada para explicar e mostrar
a causa, os problemas sociais e ambientais de uma barragem. Passamos muito tempo denunciando para o
governo que o tratamento social e ambiental estava nas mãos das empresas construtoras e que não havia
nenhuma regra governamental que indicasse quem são os atingidos, quais são seus direitos, quem é o órgão
responsável por atender os atingidos. Essas definições, até pouco tempo atrás, eram tomadas pelas empresas
privadas, que só reconheciam como atingidos aquelas famílias que tinham suas terras alagadas. Mas é muito
mais do que isso: as comunidades são prejudicadas, escolas, linhas de comércio e transportes são fechados, o
Marco lazer é diminuído porque muitas famílias saem da cidade, são retiradas dali, pescadores são prejudicados pela
Antônio,
falta do peixe, mineradores. Mas, com a abertura ao diálogo, pudemos debater com o governo a pauta e ver
coordenador do
Movimento dos
de que forma o poder público poderia ajudar a solucionar esses problemas. Passamos a ter um diálogo mais
Atingidos por aberto com vários ministérios e algumas demandas do movimento foram atendidas, com a implementação de
Barragens (MAB) políticas mais voltadas para os atingidos”.

Brasil amadurece o diálogo sobre os desafios do campo


“O Grito da Terra reúne em Brasília milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o país e
é a expressão do amadurecimento do diálogo entre o governo e os trabalhadores rurais. Desde 2003, foram
realizadas oito edições e avançamos na direção de pautas cada vez mais consistentes e coerentes. As ações de
governo são coordenadas pelos ministros do Desenvolvimento Agrário e da Secretaria-Geral da Presidência da
Alberto República. E, ao final da mobilização, o Presidente da República apresenta os resultados das negociações aos
Broch, trabalhadores.
presidente da Muitas políticas públicas foram aprimoradas e outras tantas foram criadas. O Programa de Aquisição
Confederação
de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), a Lei da Assistência Técnica, o Programa Mais Alimento e o
Nacional dos
ProAgro Mais, que passou a assegurar a produção agrícola, são exemplos de conquistas obtidas. O Grito da
Trabalhadores
na Agricultura Terra representa um grande aprendizado coletivo de negociação de políticas públicas para o campo brasileiro.
(Contag) Ele já se tornou o equivalente a uma data-base da agricultura familiar em nível nacional”.

60
Cesar Ramos

Mobilização do Grito da Terra, da Contag, em Brasília, em 2007.

61
3.4 Ouvidorias Públicas

A primeira ouvidoria pública no Brasil foi criada em a possível recomendação para aperfeiçoamento do serviço
1986, em Curitiba (PR), com o objetivo de atuar na público.
defesa dos direitos individuais e coletivos e contra atos e A Ouvidoria-Geral da União, vinculada à
omissões ilegais ou injustos cometidos pela Administração Controladoria-Geral da União (CGU), tem por objetivo
Pública Municipal. Entretanto, somente em 2004, as organizar, harmonizar e integrar as ações das ouvidorias
ouvidorias foram incorporadas no ordenamento jurídico do Poder Executivo Federal, ampliando e facilitando
do país, com a Emenda Constitucional nº 45, de 30 a interação do cidadão com a Administração, além de
de dezembro de 2004, que trata da reforma do Poder informar os gestores dos entes governamentais sobre a
Judiciário e estabelece a criação de Ouvidorias de Justiça incidência de problemas e indicar mudanças.
nos Tribunais e no Ministério Público. Para divulgar as ações da Ouvidoria-Geral da União
As ouvidorias incorporam uma dimensão individual à e facilitar a interação com as demais unidades de
participação social, oferecendo ao cidadão a possibilidade Ouvidoria do Poder Executivo Federal, bem como com
de buscar informações, avaliar, criticar e melhorar os o cidadão e a mídia, desde 2005 é publicado o boletim
serviços e as políticas públicas. A principal ferramenta informativo Escuta Brasil que, no ano de 2010, circulou
das ouvidorias é o diálogo, proporcionando contato em três edições.
direto do cidadão com a estrutura administrativa. O quantitativo de ouvidorias no Poder Executivo
A ampliação do número de ouvidorias no país está Federal passou de 40, em 2002, para 165 em 2010, que
associada à necessidade, cada vez mais sentida pela são responsáveis pelo atendimento e solução do expressivo
população, de instrumentos que assegurem maior quantitativo de mais de três milhões de manifestações de
participação e transparência no funcionamento do cidadãos por exercício.
Estado, inibam a corrupção e o desperdício, e aumentem, A CGU realizou, de 2003 a 2010, diversos eventos
na mesma proporção, a moralidade e a eficiência da nacionais e internacionais visando à mobilização do
administração pública, defendendo o cidadão junto à segmento de Ouvidorias e à sensibilização da sociedade
Administração. para o tema.
As ouvidorias do Poder Executivo Federal atuam no Em novembro de 2010 aconteceu o Fórum das
sentido de garantir a participação do cidadão no controle Américas de Ouvidorias, Defensores Del Pueblo e
da qualidade da prestação do serviço público mediante Ombudsman, em Salvador (BA). O evento propiciou
o recebimento de manifestações individuais e coletivas, a troca de experiências entre países no que tange à
que podem ser classificados como reclamação, sugestão, promoção de participação cidadã na administração
elogio e solicitação de informação. Atendendo à pública. Participaram representantes da Argentina,
particularidade de cada órgão, a ouvidoria pode utilizar- Bermuda, Canadá, Chile e México, além da França
se de outras formas de participação popular. e de Angola. Foi deliberada a criação de um fórum
A manifestação do cidadão dá origem a um permanente de ouvidorias, para incentivar o intercâmbio
procedimento criterioso de análise, a formação de uma e a aprendizagem entre as pessoas que exercem atividades
opinião imparcial e como resultado final de seu trabalho, similares em todo o continente americano.

62
Divulgação/Ouvidoria-Geral da União

1° Seminário Brasileiro de Ouvidorias Públicas, realizado em Brasília, em novembro de 2008.

Canal de comunicação direta com o Governo Federal


“Os órgãos passaram a ser sensibilizados a instituírem seus espaços, já que não há ainda uma lei que
determine a obrigatoriedade de criação das ouvidorias. Foi mostrada a importância de resignificar a
administração pública e aproximá-la da população.
Começamos uma articulação com os estados, municípios e outros poderes para que pudéssemos fazer uma
grande rede nacional de ouvidorias. A Ouvidoria-Geral da União consolida-se, hoje, como representante
nacional desse segmento, um ponto focal para as unidades espalhadas pelo país e um carro-chefe na condução
da política governamental.
Mais que o acesso à informação, é importante que a população possa interagir com os órgãos públicos
Eliana Pinto, e, portanto, são necessários instrumentos que propiciem essa interlocução. É um sinal claro de um governo
Ouvidora-Geral que procura estabelecer a sua prioridade administrativa focada no fortalecimento da democracia, buscando
da União a transparência na gestão e permitindo o acesso à informação”.

63
3.5 Programa de Formação de Conselheiros Nacionais

O Programa de Formação de Conselheiros Nacionais O Programa, na primeira fase, ofereceu o Curso de


foi criado em 2008 com o objetivo de valorizar e qualificar Pós-Graduação em Democracia Participativa, República
a participação social nas instâncias federais. Iniciativa da e Movimentos Sociais, nas modalidades de Especialização
Secretaria-Geral da Presidência da República, realizada e de Aperfeiçoamento, e 17 cursos de curta duração
em parceria com a Universidade Federal de Minas (modalidade Atualização), além do Ciclo de Debates e de
Gerais (UFMG) e a Escola Nacional de Administração livros sobre temas relacionados às disciplinas. Essas últimas
Pública (Enap), o Programa é destinado a integrantes foram reunidas em seis módulos: Democracia, república
dos Conselhos Nacionais de políticas públicas, gestores e e participação; Instituições políticas, participação e
técnicos do Governo Federal, que trabalham com o tema processos de globalização; Metodologia do trabalho
e representantes de organizações da sociedade civil. Com científico; Sociedade civil e participação; Cidadania
ele, o governo busca oferecer meios e ferramentas para e a luta por direitos humanos, sociais, econômicos,
aprimorar a prática da participação social e torná-la mais culturais e ambientais; e Controle Público. Finalizada em
eficaz e dinâmica. setembro de 2010, a primeira fase do Programa contou

Programa de Formação qualifica a participação social


“Um dos gargalos constantemente apontados nos debates sobre a participação social, seja no caso
de delegado de conferência ou representante de conselho, é a questão da formação. A iniciativa de
promover um curso para formação de conselheiros nacionais é um passo importante para se fechar
essa lacuna. Uma coisa muito significativa que percebi na turma de que fui tutor foi a diversidade.
Tínhamos desde servidores públicos de alto escalão até representantes de movimentos sociais e de
conselhos tutelares.
Essa pluralidade de visões e de espaços institucionais onde essas pessoas atuam proporciona uma
Alexandre
Ciconello, riqueza muito grande para o grupo, momentos importantes de troca de experiências. Cada aluno
tutor do Programa tinha um interesse específico, de acordo com sua necessidade – atuação em um conselho, diretriz da
de Formação secretaria em que atua ou mesmo a compreensão de conceitos e princípios de processos que a pessoa
de Conselheiros já vivenciara, como mesas de negociação. Eles olharam sua prática, profissional e militante, e aquilo
Nacionais foi ressignificado à luz desses novos conceitos repassados durante o curso”.

64
Domingos Tadeu/PR

No dia 9 de julho de 2008, foi lançado o Programa de Formação de Conselheiros Nacionais, idealizado pela Secretaria-Geral da Presidência da República em parceria
com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap).

65
Domingos Tadeu/PR
com a participação de 4.372 lideranças, militantes
sociais e quadros do governo. A metodologia dos cursos
combinou a utilização de aulas em vídeo, interação entre
os alunos, tutores e professores e o envio, para todos os
participantes de materiais impressos e DVDs.
Os alunos da Especialização desenvolveram estudos
nas mais diversas áreas: Partidos, Eleições e Federalismo;
Raça; Meio Ambiente, Conselho de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos; Assistência Social e Conselhos de
Assistência; Conselho da Criança e do Adolescente; Domingos Tadeu/PR
Conselhos de Saúde e Política de Saúde; Adolescente,
Jovem, Conselho do Idoso; Movimentos Sociais; Formas
ampliadas de participação; Gênero; Conselhos em
Geral; Gestão Participativa; Educação; Desenvolvimento
Territorial e Sustentável; Políticas Públicas e as Questões
Urbanas e Economia solidária; e Relações de trabalho
e emprego. Dessa forma, contribuíram para a geração
de conhecimento sobre o tema da participação social no
Brasil. O resultado das pesquisas e estudos foi registrado
nas monografias – trabalho de conclusão de curso – e Evento de lançamento do Programa de Formação de Conselheiros Nacionais,
em 2008, no qual foram firmadas parcerias entre a Secretaria-Geral, a UFMG e a
apresentado em Brasília, durante o Encontro Nacional
Enap para desenvolver cursos para conselheiros nacionais de políticas públicas,
do Programa de Formação dos Conselheiros Nacionais, técnicos e gestores do governo e representantes de organizações da sociedade
em abril de 2010. civil envolvidos nas políticas participativas do Governo Federal.

Eufrásia Cadorim, Curso de Especialização possibilita novo


conselheira do olhar sobre a prática participativa
Conselho Nacional de
Saúde e aluna do curso “O Programa de Formação de Conselheiros Nacionais me propiciou outro olhar sobre a
de Especialização do
participação social, que é a visão da teoria. O curso me abriu possibilidades de análises que antes eu
Programa de Formação
de Conselheiros não tinha. Eu saí da prática e pude ter olhar teórico. Isso qualificou a minha atuação, possibilitou
Nacionais outras análises e melhorou a minha capacidade de intervenção nas políticas públicas”.

66
Ciclos de Debates

Ao longo do Programa de Formação de Conselheiros Nacionais foram realizados seis


debates em diferentes regiões do país. Compreendidos como atividade extra-curricular
da Especialização, todos os encontros foram transmitidos on-line e possibilitaram a
interatividade com os alunos e participantes do Programa. A iniciativa reuniu especialistas,
representantes do governo e de organizações da sociedade. Os temas dos debates foram:

1. República, Democracia e Participação (Brasília);


2. Pensamento Social Brasileiro e Participação da Juventude (Rio de Janeiro);
3. Experiências Internacionais de Participação (Fortaleza);
4. Participação Social e Internet (Rio Branco);
5. Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais - Defesa das Monografias
(Brasília);
6. Experiências de Participação no Brasil Democrático (Belo Horizonte).

Algumas das publicações do Programa de Formação de Conselheiros Nacionais.

67
3.6 Participação Social e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) Nacional de Acompanhamento dos ODM – em 2004, 2005,
são um conjunto de oito diretrizes estabelecidas com base na 2007 e 2010. Diversos órgãos de pesquisa de governos e da
Declaração do Milênio. Esse documento, aprovado por 191 sociedade civil também estão realizando pesquisas para aferir
países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) a situação de estados e municípios em relação aos ODM e,
em 2000, foi criado para contribuir com a construção de um assim, contribuir com o planejamento das ações necessárias
mundo mais pacífico, justo e sustentável, no século XXI, no para o atingimento das metas.
início do terceiro milênio. Em 2004, foi criado, em conjunto pelo governo e pela
Diz a Declaração do Milênio: “Os homens e as mulheres sociedade civil, o Movimento Nacional pela Cidadania e
têm o direito de viver a sua vida e de criar os seus filhos com Solidariedade, para conscientizar e mobilizar a população
dignidade, sem fome e sem medo da violência, da opressão brasileira. Dessa iniciativa nasceu a campanha “Nós Podemos
e da injustiça. A melhor forma de garantir esses direitos é – 8 Jeitos de Mudar o Mundo”, de promoção das Metas do
através de governos de democracia participativa baseados Milênio.
na vontade popular”. Portanto, a democracia participativa Outra iniciativa foi a criação do Prêmio ODM Brasil,
se constitui no melhor ambiente para o cumprimento dos proposto pelo Presidente, por ocasião da primeira Semana
ODM. O Brasil democrático vem criando e fortalecendo Nacional pela Cidadania e Solidariedade, em 9 de agosto
instrumentos que garantem um diálogo permanente entre o de 2004, com a finalidade de premiar práticas positivas de
Estado e a sociedade civil. governos e de organizações, com foco nos ODM. O objetivo
Desde o início do governo Lula, o Brasil adotou medidas do Prêmio, coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência
concretas em relação aos Objetivos de Desenvolvimento da República, é estimular novas ações e reconhecer as já
do Milênio. Em 2003, foi criado o Grupo Técnico para o existentes.
acompanhamento das Metas e Objetivos de Desenvolvimento Em suas três edições – em 2005, 2007/2008 e 2009/2010
do Milênio, que já elaborou quatro edições do Relatório – foram inscritos 3.500 projetos e premiados 67. É necessário

Rizemberg Felipe Rizemberg Felipe

O Movimento Nacional pela Cidadania e Solidaridade/Nós Podemos Paraná trabalha desde 2006 para que o estado antecipe o alcance dos Objetivos do Milênio.

68
Rizemberg Felipe

Seminário estadual da 3ª Edição do Prêmio ODM Brasil, realizada em 2009, em João Pessoa (PB).

69
destacar que há muito mais do que 67 bons projetos, como Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram
constatou a comissão técnica do Prêmio. Além disso, a estabelecidos por líderes de 191 países durante a reunião
importância primeira do Prêmio é estimular a participação de Cúpula do Milênio, realizada em Nova Iorque, no
das instituições. Para a escolha dos projetos premiados são ano 2000, com a finalidade de tornar o mundo melhor
considerados os seguintes critérios: contribuição para alcançar e mais justo até 2015. Para isso, foram definidas oito
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; impacto no metas:
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome;
público atendido; participação da comunidade; existência de
2. Educação básica de qualidade para todos;
parcerias; potencial de replicabilidade; complementaridade e
3. Promover a igualdade entre os sexos e a
integração com outras políticas.
autonomia das mulheres;
A realização, pela Secretaria-Geral e demais parceiros, de
4. Reduzir a mortalidade infantil;
três ciclos de seminários estaduais, reunindo 19 mil lideranças 5. Melhorar a saúde das gestantes;
sociais, foi outra estratégia de divulgação, conscientização e 6. Combater o HIV/Aids, a malária e outras
mobilização. Assim, o conteúdo dos ODM, o Prêmio e os doenças;
Relatórios se tornaram mais conhecidos e grande número 7. Garantir a sustentabilidade ambiental;
de pessoas e instituições se envolveram desde então com esta 8. Estabelecer parcerias para o desenvolvimento.
plataforma humanista. Foram distribuídas três publicações
para servir de apoio às iniciativas mais importantes dos Para saber mais:
ODM: o Guia para a Municipalização, para levar os ODM www.odmbrasil.org.br
a todos os municípios brasileiros; o Guia de Mobilização, www.nospodemos.org.br
para sensibilizar pessoas e instituições a adotar os Objetivos; www.portalodm.org.br
e o Guia do Prêmio ODM, para mobilizar municípios e
sociedade civil a participar desta iniciativa.
Desde o início, as parcerias tiveram lugar central nas ODM – Rede de Intercâmbio e Difusão de Experiências
ações adotadas em relação aos ODM. A Secretaria-Geral da Bem-Sucedidas para Alcançar os ODM. É uma iniciativa
Presidência da República, o PNUD e o Movimento Nacional da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
pela Cidadania e Solidariedade coordenam o Prêmio e as (Cepal). Assim, se realiza o segundo objetivo do Prêmio
demais iniciativas de mobilização e disseminação, sempre ODM – construir um banco de práticas de referência para a
ao lado da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e sociedade e gestores públicos, no marco das políticas públicas
da Petrobrás. As parcerias se ampliaram significativamente a – para promover intercâmbio de experiências.
partir da realização das edições do Prêmio ODM e da criação O Brasil deverá atingir, senão todas, a maioria das
dos núcleos estaduais de ODM. Diversas universidades metas, como registram os relatórios e pesquisas recentes. As
e instituições de ensino superior participam dos Núcleos políticas públicas implementadas pelo governo brasileiro são
e se articulam para promover ações internas e de extensão fundamentais para o cumprimento das metas, assim como as
universitária. articulações com a sociedade civil, com os governos estaduais
A coordenação do Prêmio ODM adotou a Rede Ideea- e municipais.

70
Sociedade se mobiliza para cumprir as Metas do Milênio
“A atividade de ação social voluntária fortalece os atores de uma determinada região, que se
sentem encorajados e estimulados a participarem de forma articulada para melhorar a vida da
comunidade. Para a população é mais fácil debater temas que fazem parte de sua realidade.
Os Objetivos do Milênio são muito importantes nesse processo porque ajudam a identificar as
principais demandas e a nos organizarmos e multiplicarmos as ações para resolvê-las. Auxilia-nos
na elaboração dos planos de trabalho.
Uma demonstração do poder extraordinário que a mobilização tem e da validade de se
determinar os objetivos é que, quatro anos atrás, decidimos antecipar as metas de 2015 para 2010
sem qualquer estudo que mostrasse realmente que tínhamos condições de fazê-lo. No entanto,
acabamos por conseguir chegar aos objetivos.
Um exemplo marcante que tivemos no Paraná diz respeito à redução da mortalidade materna,
que trazia como objetivo a redução em ¾ dos índices da época. Há dois anos, identificamos que o
Rodrigo Loures, ritmo da redução estava aquém do que necessitávamos. Foi feito, então, um esforço concentrado para
presidente da Federação esse fim. Foram identificados casos de sucesso para que fossem replicados e chegou-se à conclusão que
das Indústrias do Paraná
as principais causas da mortalidade eram perfeitamente evitáveis: negligência médica e infecção
(Fiep) e Secretário
Nacional do Movimento
hospitalar. Com uma mobilização articulada e inteligente, que incluiu exercícios e oficinas com
Nacional pela Cidadania variados grupos, conseguimos alcançar os resultados desejados. O Movimento Solidariedade/Nós
e Solidariedade/Nós Podemos já está em 352 municípios do Paraná e nosso objetivo é chegar a todas as cidades (399)
Podemos até o final do ano”.

71
Ricardo Stuckert/PR Rizemberg Felipe

Presidente Lula discursa durante o lançamento da 2ª edição do Prêmio ODM Brasil no Mesa do Seminário ODM na Paraíba, em 2009.
Palácio do Planalto, em 2007.

ODM estimula participação social


“O crescimento da participação social, verificado nos últimos anos, é um fator de muita alegria
e confiança. Quando o governo entra nos temas que os movimentos sociais demandam, as pessoas se
imbuem do mesmo interesse de buscar resultados e todos fazem juntos. Desse processo resultam pessoas
mais esclarecidas, com participação ativa em busca de melhorias para a comunidade.
No que se refere aos ODM, o trabalho das pessoas é melhorado à medida que elas têm a preocupação
de atingir os Objetivos até 2015. A busca é por fazer com que todos os organismos envolvidos
incluam no seu modo de atuar cotidianamente as perspectivas do milênio, por meio de ações práticas.
Um bom exemplo, na Paraíba, é uma ação conjugada contra o trabalho infantil e a melhoria da
assistência à infância, com programas governamentais e ações de responsabilidade social de empresas,
aliadas a práticas das ONGs que atuam nesse segmento.
Outra iniciativa importante é voltada para o bem-estar da mulher gestante, que inclui melhor
Núbia Gonçalves, cuidado durante a fase de gestação e puerperal e envolve Ministério Público, Secretarias de Saúde
coordenadora do estadual e municipais, clube de serviços, empresas privadas e conselhos profissionais.
Movimento Nacional/ Campanha muito importante também realizada com muito sucesso aconteceu no final do ano em
Nós Podemos/Paraíba prol do Combate à Fome e Miséria, denominada Natal pela Vida”.

72
Rizemberg Felipe

Cerimônia de entrega da 2ª Edição do Prêmio ODM Brasil, em 2008.

73
3.7 Participação social e diálogo internacional

Experiências de participação social também se Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da União de Nações
desenvolveram de forma exitosa no campo da política Sul Americanas (Unasul) do Mercosul, entre outras.
externa. Nos últimos oito anos, a ampliação da participação A incorporação de representantes da sociedade civil
social ficou evidenciada em várias áreas da política externa em delegações oficiais que participam de reuniões dos
brasileira – da cooperação internacional às políticas organismos internacionais é um sinal de amadurecimento
de integração regional, passando por políticas setoriais político, tanto do Estado, quanto da sociedade brasileira.
de mulheres, indígenas, afro-descendentes, juventude, Em 2004, quando foi lançada a Ação Global Contra a
meio ambiente, educação, cultura, agricultura familiar e Fome e a Pobreza, representantes de movimentos sociais
economia solidária, entre outras. A Secretaria-Geral da acompanharam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
Presidência da República, no âmbito de suas atribuições, reunião com Ricardo Lagos, do Chile, José Luiz Zapatero,
estimulou e apoiou várias dessas iniciativas. da Espanha e Jacques Chirac, da França, na qual se discutiu
Ao lado da já consagrada representação das organizações as prioridades desse importante programa lançado no
empresariais e sindicais na Organização Internacional do âmbito das Nações Unidas. A presença dos movimentos
Trabalho (OIT), o Governo Federal promoveu e incentivou sociais e a sua participação nas discussões posteriores
a participação das organizações não governamentais em sobre os Mecanismos Inovadores de Financiamento ao
reuniões da Organização das Nações Unidas (ONU), da Desenvolvimento, resultantes daquela iniciativa, foram
Organização Mundial do Comércio (OMC), do Fórum uma antecipação do papel crescente que as organizações
Índia, Brasil, África do Sul (IBAS), da Comunidade de da sociedade civil passariam a ter nas discussões da política

Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula participa da


reunião de Líderes Mundiais
para a “Ação contra a fome e a
pobreza”, realizada na sede da
ONU, em Nova Iorque, em 2004.

74
Ricardo Stuckert/PR

Em 2008, Presidente Lula assina decreto instituindo o Conselho Brasileiro do Mercosul Social e Participativo.

75
externa brasileira. concentrou esforços para a ampliação da participação
Ao longo dos últimos anos, em diferentes oportunidades, da sociedade civil nos acordos de integração regional. O
representantes das associações de trabalhadores rurais e da tratado constitutivo da União de Nações Sul Americanas
agricultura familiar incorporaram-se à delegação oficial (Unasul), assinado em 2008 pelos presidentes dos 12
do governo brasileiro e participaram de negociações Estados-membros, prevê a participação cidadã. De acordo
da Organização Mundial do Comércio (OMC). A com o artigo 18 do documento,
contribuição – tanto técnica quanto política – dos
representantes da sociedade civil nas negociações da OMC “Será promovida a participação plena da cidadania
foi reconhecida e elogiada pelo chanceler Celso Amorim no processo de integração e união sul-americana, por
nos dois encontros que a Secretaria-Geral organizou, em meio do diálogo e da interação ampla, democrática,
2007 e 2009, para discutir com os movimentos sociais transparente, pluralista, diversa e independente com
e ONGs brasileiras os grandes temas da política externa os diversos atores sociais, estabelecendo canais efetivos
brasileira. de informação, consulta e acompanhamento nas
Essas experiências são importantes, e correspondem diferentes instâncias da Unasul. Os Estados-membros
a uma tendência internacional de desenvolvimento e os órgãos da Unasul gerarão mecanismos e espaços
de “diplomacia cidadã”, baseada na presença de novos inovadores que incentivem a discussão dos diferentes
atores sociais em fóruns e organismos multilaterais. A temas, garantindo que as propostas que tenham sido
realização do Fórum Social Mundial, do qual o presidente apresentadas pela cidadania recebam adequada
brasileiro participou em todas as edições nacionais – e consideração e resposta”.
para o qual enviou representantes governamentais em
todos os encontros realizados fora do país – é o exemplo Foi no Mercosul, porém, que se deram os passos mais
mais evidente do valor da sociedade civil – nacional e concretos. Em 2008, foi criado o Conselho Brasileiro do
internacional – nas discussões dos temas mundiais. Mercosul Social e Participativo. A iniciativa representou
um novo capítulo nas relações com a sociedade civil9.
Os Encontros com o Mercosul, o programa regional
3.7.1 Integração regional Somos Mercosul e as Cúpulas Sociais do Mercosul – que
e participação social também integram essa segunda fase – prevêem ampla
participação de representantes da sociedade civil e operam
Dada a prioridade que o Mercosul e a integração sul- em estreita sintonia com o Parlamento do Mercosul, as
americana representam para o Brasil, a Secretaria-Geral Reuniões Especializadas e as Reuniões de Ministros do

9
A participação cidadã somente foi incorporada ao Mercosul pelo Protocolo de Ouro Preto (1994) – três anos depois da criação do Bloco –, que instituiu a
Comissão Parlamentar Conjunta e o Foro Consultivo Econômico e Social. O primeiro, como órgão de representação dos parlamentos dos Estados-Parte; o
segundo, como órgão de representação dos setores econômicos e sociais. A primeira geração dos instrumentos de participação social no Mercosul corresponde a
uma fase em que a tônica da integração era predominantemente comercial.

76
DECRETO Nº 6.594, DE 6 DE OUTUBRO DE 2008

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Participativo os órgãos e as entidades da administração


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da pública federal, de acordo com suas competências, e as
Constituição, DECRETA: organizações da sociedade civil convidadas, nos termos e na
Art. 1° Fica instituído, no âmbito da Secretaria-Geral forma definidos em portaria conjunta da Secretaria-Geral
da Presidência da República e do Ministério das Relações da Presidência da República e do Ministério das Relações
Exteriores, o Programa Mercosul Social e Participativo, com Exteriores.
o objetivo de promover a interlocução entre o Governo § 2° Fica permitida a requisição de informações, bem
Federal e as organizações da sociedade civil sobre as políticas como a realização de estudos por parte dos órgãos e entidades
públicas para o Mercado Comum do Sul – Mercosul. da administração pública federal para o desenvolvimento do
Art. 2° O Programa Mercosul Social e Participativo tem Programa Mercosul Social e Participativo.
as seguintes finalidades: § 3° Poderão ser requisitados, na forma da Lei no 8.112,
I - divulgar as políticas, prioridades, propostas em de 11 de dezembro de 1990, servidores dos órgãos e entidades
negociação e outras iniciativas do governo brasileiro da administração pública federal para o cumprimento das
relacionadas ao Mercosul; disposições deste Decreto.
II - fomentar discussões no campo político, social, Art. 4° Na execução do disposto neste Decreto, o
cultural, econômico, financeiro e comercial que envolvam Programa Mercosul Social e Participativo contará com
aspectos relacionados ao Mercosul; recursos orçamentários e financeiros consignados no
III - encaminhar propostas e sugestões que lograrem orçamento da Secretaria-Geral da Presidência da República
consenso, no âmbito das discussões realizadas com as e do Ministério das Relações Exteriores.
organizações da sociedade civil, ao Conselho do Mercado Art. 5° Este Decreto entra em vigor na data de sua
Comum e ao Grupo do Mercado Comum do Mercosul. publicação.
Art. 3° O Programa Mercosul Social e Participativo será
coordenado pelo Ministro de Estado Chefe da Secretaria- Brasília, 6 de outubro de 2008; 187º
Geral da Presidência da República e pelo Ministro de da Independência e 120º da República.
Estado das Relações Exteriores ou pelos substitutos por eles LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
designados para esse fim. Celso Luiz Nunes Amorim
§ 1° Participarão do Programa Mercosul Social e Luiz Soares Dulci

77
Mercosul. Essas experiências participativas correspondem sociedade civil em todos os subgrupos de trabalho e nas
a uma nova concepção do Bloco, cujas políticas vão além Reuniões Especializadas do Mercosul, e que sejam criados
da integração comercial. Nessa fase, observa-se maior mecanismos para incorporá-las como observadoras no
harmonia e equilíbrio entre os objetivos da integração Grupo Mercado Comum (GMC) e no Conselho do
política, econômica e social. Mercado Comum (CMC)”10.
O ingresso da Venezuela, a instituição do Fundo de Em dezembro de 2010, Foz do Iguaçu foi a sede da XL
Convergência Estrutural do Mercosul e a instalação da Cúpula Presidencial e da X Cúpula Social do Mercosul.
Comissão de Coordenação de Ministros de Assuntos Os presidentes dos Estados-Parte, pela primeira vez,
Sociais e do Instituto Social do Mercosul constituem participaram da Cúpula Social e discutiram o futuro
outros componentes do atual estágio da integração da integração regional com os movimentos sociais. Os
regional. Uma expressão importante dessas conquistas é a avanços recentes, portanto, demonstram que nos últimos
realização, em caráter regular e permanente, das Cúpulas anos foram lançadas as bases de um sistema de participação
Sociais do Mercosul. Já foram realizadas nove edições, social no Mercosul.
envolvendo todos os países do Bloco. Em 2007, foi criado o Instituto Social do Mercosul
A primeira Cúpula Social do Mercosul foi realizada (ISM). Trata-se de uma instância de formulação técnica,
durante a presidência pro tempore brasileira, em 2006, com com sede em Assunção (Paraguai), responsável pela
o apoio da Secretaria-Geral da Presidência da República. elaboração de pesquisas e estudos de viabilidade de
Na declaração final, centenas de líderes e militantes sociais projetos sociais no Mercosul. O Instituto deverá atuar
dos países membros presentes ao encontro defenderam o em sintonia com as diretrizes estabelecidas no Plano
fortalecimento da participação social no Mercosul. Estratégico de Ação Social do Mercosul. Os principais
“Nossas conclusões expressam o consenso alcançado objetivos são a colaboração técnica na elaboração de
pelas delegações presentes e visam ao fortalecimento da políticas sociais regionais; a sistematização e atualização
agenda social e da participação cidadã no Mercosul. Os de indicadores sociais regionais; o intercâmbio de boas
movimentos e organizações sociais e populares devem práticas em matéria social; a promoção de mecanismos de
participar e incidir efetivamente no processo decisório do cooperação horizontal, entre outros. Atualmente, o ISM
Mercosul. Propomos, para tanto, a continuidade dessas está em fase de seleção e contratação do seu corpo técnico
experiências, de modo que as Cúpulas Sociais sejam, a para cumprimento de suas atribuições.
partir de agora, apoiadas pelas Presidências Pro Tempore Também em 2010, foi criada a Universidade Federal
como uma atividade permanente do movimento social, da Integração Latino-Americana (Unila). Localizada em
sempre realizadas nos marcos das reuniões presidenciais Foz do Iguaçu (PR), trata-se da primeira universidade
do Mercosul. Propomos ainda que os governos apóiem internacional brasileira e terá o desafio de formar cidadãos
e estimulem a participação direta das organizações da que pensem a integração do ponto de vista da cultura, das

10
Declaração final da I Cúpula Social do Mercosul. Disponível em www.iniciativamercosur.org.

78
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
instituições e da própria infraestrutura física da Região.
Em julho passado a Instituição abriu seu primeiro processo
seletivo para estudantes, com 300 vagas distribuídas em
seis cursos de Graduação, sendo 150 para brasileiros e 150
para alunos vindos do Paraguai, Uruguai e Argentina.

3.7.2 Cooperação internacional


e participação social

O diálogo da sociedade civil brasileira com as


entidades de outros países coordenado pela Secretaria-
Fórum Social Mundial, realizado em Belém, em 2009.
Geral da Presidência da República também possibilitou Divulgação/SG
o envolvimento de organizações da sociedade civil na
elaboração de projetos de cooperação internacional.
Moçambique, África do Sul e Namíbia foram os países
alvo dessa experiência pioneira, nascida da parceira entre
a Secretaria-Geral e a Agência Brasileira de Cooperação
(ABC) do Ministério das Relações Exteriores. O caráter
inovador do projeto não advém somente da participação
de organizações sociais brasileiras e africanas. Ele se deve,
principalmente, à elaboração de um novo conceito de
“cooperação técnica”, que passou a ser compreendido
como “transferência de tecnologias sociais”. Cúpula Social do Mercosul, realizada em Salvador (BA), em 2008.
Essa nova concepção permitiu a incorporação das
Divulgação/SG
organizações da sociedade civil, que dominam saberes locais
e comunitários, na formulação de projetos internacionais.
A experiência em andamento em Moçambique, África do
Sul e Namíbia consiste na transferência de tecnologias
sociais desenvolvidas pela agricultura familiar no uso,
manejo e armazenamento de sementes originais ou
“crioulas”. Trata-se de um método que utiliza sementes
não transformadas geneticamente, que apresentam altos
índices de produtividade, sem agredir o meio ambiente.
As tecnologias sociais empregadas no projeto foram
desenvolvidas por organizações da agricultura familiar Cúpula Social do Mercosul, realizada em Salvador (BA), em 2008.

79
Divulgação/SG

Missão ao Haiti, em setembro de 2009, para discutir com representantes do governo e da sociedade civil haitiana alternativas para ampliar a participação social
em projetos de cooperação entre os dois países.

80
brasileira, como o Movimento de Mulheres Camponesas, sobre relações profissionais entre a Confederação Nacional
de Chapecó (SC), e o Movimento Popular Camponês, de da Indústria e a Central Única dos Trabalhadores (CUT),
Catalão (GO). O Instituto Brasileiro de Análises Sociais do Brasil e as suas congêneres Confederação Norueguesa
e Econômicas (Ibase) também é parceiro da iniciativa, de Sindicatos (LO) e Confederação Empresarial da
que envolve inúmeras organizações sociais africanas, Noruega (NHO). O modelo norueguês de negociação e
como Trust for Community Outreach and Education solução de conflitos trabalhistas possui mais de 100 anos e
(Tcoe), da África do Sul; Namibia National Farmers constitui uma referência internacional.
Union (Nnfu), da Namíbia e a União Nacional dos
Camponeses (Unac), de Moçambique. 3.7.3 Comunidade de Países de Língua
A Secretaria-Geral coordenou, ainda, uma missão ao Portuguesa (CPLP)
Haiti, em novembro de 2009, pouco antes do terremoto
que abalou o país. Realizada em parceria com a ABC, a Em 2006, os presidentes dos oito países membros
iniciativa teve por objetivo abrir o diálogo com as principais da CPLP decidiram criar o Foro da Sociedade Civil da
lideranças sociais haitianas, identificando futuras áreas de Comunidade de Países de Língua Portuguesa. A Secretaria-
cooperação. Naquele momento, o problema principal do Geral, em parceria com a ABC, realizou um encontro
Haiti já não era a contenção da violência, que estava sob preparatório, em novembro de 2009, em Salvador
responsabilidade da Minustah, missão das Nações Unidas, (BA), que contou com a presença de representantes de
comandada pelo Brasil. O que o país mais necessitava era organizações sindicais, juventude, mulheres, educação
de apoio ao desenvolvimento econômico, fortalecimento e cultura dos países da CPLP. No encontro preparatório
institucional e ajuda humanitária. foi elaborado um conjunto de sugestões que foram
Também foi instituído o Foro de Diálogo Social Noruega apresentadas na Cimeira Presidencial da CPLP, realizada
– Brasil. O programa, realizado pela Secretaria-Geral e a em Luanda, Angola, que aprovou a realização do I Foro
Embaixada da Noruega no Brasil, consiste no intercâmbio da Sociedade Civil ainda em 2010.

Materiais de
comunicação
de algumas das
ações promovidas
pela Assessoria
para Assuntos
Internacionais da
Secretaria-Geral Mercosul Social
e Participativo
da Presidência da Presidência
Pro Tempore Brasileira

República 2008

81
Divulgação/Secom

Uma das mais de 12 milhões de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família.

82
4 Participação social e a (re)configuração do Estado:
novos ministérios e secretarias

A participação social como método de governo A luta contra a pobreza foi fortalecida com a criação
implicou estruturar e preparar o Estado brasileiro para do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
identificar as vozes e as demandas da sociedade civil Fome (MDS)11 que tem a missão de promover a inclusão
e aprimorar, assim, a gestão pública. A interlocução social, a segurança alimentar, a assistência integral e
permanente com a sociedade civil, consolidada a partir da garantir uma renda mínima de cidadania às famílias que
criação da Secretaria-Geral da Presidência da República, vivem em situação de pobreza. Criado em 2004, o MDS
fez surgir novos olhares sobre históricas reivindicações originou-se de três estruturas governamentais: Ministério
de grupos e movimentos sociais que nunca haviam sido Extraordinário de Segurança Alimentar e Nutricional
incluídos no jogo democrático. Com isso, novos órgãos (Mesa), Ministério da Assistência Social (MAS) e
foram criados para tornar o Estado capaz de garantir uma Secretaria Executiva do Conselho Gestor Interministerial
nova geração de direitos e implementar políticas públicas do Programa Bolsa Família. Com o novo ministério,
mais inclusivas e eficientes. o Governo Federal passou a executar sua estratégia de
Adequar a racionalidade técnica da administração desenvolvimento social de forma mais articulada e com
pública a uma nova forma de governar baseada no diálogo maiores investimentos nas políticas públicas, que atendem
constante com os atores da sociedade civil, de forma a a dezenas de milhões de pessoas.
reconhecer os diferentes grupos sociais e os novos direitos O Bolsa Família, programa de transferência direta de
de cidadania, foi um desafio enfrentado desde o dia 1º de renda com condicionalidades, beneficia mais de 12 milhões
janeiro de 2003. de famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza.
O Governo Federal criou canais e espaços institucionais, A depender da renda familiar por pessoa (limitada a R$
no interior do aparato estatal, em que os sujeitos sociais 140), do número e da idade dos filhos, o valor do benefício
pudessem ter as suas vozes ouvidas, reconhecidas e levadas recebido pela família pode variar entre R$ 22 a R$ 200.
em conta no processo de gestão pública. Novos órgãos O programa foi decisivo para a redução das desigualdades
federais foram criados e iniciativas foram implementadas sociais e para a superação do primeiro e principal Objetivo
tendo em vista, de um lado, a necessidade de promover e de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Vinte e sete
valorizar a participação social e, de outro, a capacidade de milhões e trezentos mil brasileiros ultrapassaram a linha
processar e implementar a nova agenda que emergia desse de extrema pobreza no Brasil. O índice de habitantes do
processo. país nesta situação baixou – entre 1990 e 2008 – de 25,6%

www.mds.gov.br/sobreoministerio
11

83
Pronaf/MDA

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou coletivos que gerem renda aos agricultores familiares e
assentados da reforma agrária.

para 4,8%, uma redução de 81%. Foi no âmbito desses canais institucionais de diálogo com
As ações do MDS são realizadas nas três esferas de a sociedade que, por exemplo, foi construído o Sistema
governo e em parceria com a sociedade civil, organismos Único de Assistência Social – que define a política nacional
internacionais e instituições de financiamento, de assistência social de forma pactuada entre os três níveis
estabelecendo uma sólida rede de proteção e promoção da Federação e em parceria com a sociedade civil.
social, fundamental para romper o ciclo de pobreza e A criação do Ministério das Cidades, por sua vez,
promover a cidadania nas comunidades brasileiras. O ano atendeu a histórica reivindicação dos movimentos sociais
de 2010 registrou o maior orçamento da assistência social de luta pela reforma urbana e expressou uma nova
de toda a história brasileira, destinando aos mais pobres concepção sobre as cidades no âmbito do Governo Federal:
cerca de R$ 40 bilhões. Neste ano, os programas federais “combater as desigualdades sociais, transformando as
de transferência de renda somaram 9,1% do PIB12. cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso
A atuação do Conselho Nacional de Assistência Social e da população à moradia, ao saneamento e ao transporte”13.
os resultados das quatro Conferências Nacionais, realizadas O Ministério é responsável pela política de
em 2003, 2005, 2007 e 2009, também trouxeram desenvolvimento urbano e pelas políticas setoriais de
contribuições fundamentais para essa nova política de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano
promoção e proteção social implementada após 2003. e trânsito. Atua de forma articulada com os estados e

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de sanção do Estatuto da Igualdade Racial e do projeto de lei que cria a
12

Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), no Palácio do Itamaraty, em 20 de julho de 2010.


13
www.cidades.gov.br/ministerio-das-cidades

84
municípios, além dos movimentos sociais, organizações setor, como o Plano Diretor Participativo.
não governamentais, setores privados e demais segmentos Já o status ministerial dado à Secretaria de Direitos
da sociedade. Desde 2003, o Ministério das Cidades tem Humanos (SDH), e a criação das Secretarias Especiais de
desenvolvido ações, em parceria com outras esferas de Políticas para as Mulheres e de Promoção da Igualdade
governo e com a sociedade civil, para assegurar o direito Racial, ligadas diretamente à Presidência da República,
à moradia digna, com as condições necessárias ao bem- significaram mais do que uma importante conquista
estar das famílias e que tenha, em seus arredores, escolas, simbólica. O novo lugar conferido às questões relacionadas
comércio, praças e acesso ao transporte público. aos direitos humanos, à raça e ao gênero possibilitou
Criado em 2004, o Conselho Nacional das Cidades maior transversalidade dos temas na gestão pública e
(ConCidades), composto por representantes dos resultou em avanços importantes. As secretarias especiais
movimentos sociais, academia, Governo Federal, estados articularam um vigoroso canal de comunicação entre
e municípios, foi peça chave no desenho dessa nova o Estado e a sociedade civil, sendo fundamentais para
política de desenvolvimento urbano. Também foram a ampliação da participação da sociedade civil e para a
realizadas quatro Conferências Nacionais das Cidades, efetiva implementação de políticas.
em 2003, 2005, 2007 e 2010, que permitiram o diálogo A SDH deu importantes passos em direção à garantia
com diversos segmentos da sociedade e o aperfeiçoamento do direito à memória e à verdade. Lançou o livro-relatório
das diretrizes, mecanismos e instrumentos da política do sobre os 11 anos de trabalho da Comissão Especial de

“A participação social é a plenitude do exercício da cidadania”


“A democracia representativa é a única viável no mundo de hoje pelas dimensões das sociedades
modernas, mas ela não dispensa o complemento da participação direta do cidadão nas mais diversas
formas. A participação social é a plenitude do exercício da cidadania, indispensável à pratica
democrática, que não se resolve apenas pelo sistema representativo. Isso é o que o governo popular-
democrático procura colocar em prática. A retomada desse esforço pela participação do cidadão também
pode ser visto no incremento da transparência, pois entendemos que a informação é o pré-requisito
básico para a participação. Sem informação, falar em participação social é mero discurso.
No caso da Controladoria-Geral da União (CGU), temos que tornar mais fácil a fiscalização da
aplicação do dinheiro público. A CGU dá ênfase à busca pelo incremento da transparência pública
na aplicação do dinheiro público. Recolhido pelo cidadão, através de impostos e tributos, o dinheiro
Jorge Hage, público tem que ter a sua aplicação acompanhada e fiscalizada pelo cidadão. Por isso, criamos o Portal
ministro da da Transparência, considerado um dos maiores sites do mundo em matéria de transparência sobre
Controladoria-Geral orçamento público”.
da União

85
Mortos e Desaparecidos Políticos, realizou exposições e iniciativa contribuiu para a redução do índice de sub-
inaugurou memoriais em homenagem a desaparecidos registros de 18,9% em 2003 para 8,9% em 2008, com
políticos em mais de 35 cidades brasileiras. E, em maio de forte possibilidade de se atingir 5% até o final de 2010,
2010, foi enviado ao Congresso Nacional o projeto de lei percentual exigido pela ONU para considerar o sub-
que cria a Comissão Nacional da Verdade. registro erradicado.
O enfrentamento à exploração sexual de crianças e O Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 2003), uma
adolescentes, definido como uma das prioridades do iniciativa da SDH em parceria com o MDS, representou
governo Lula em 2003, foi realizado de forma integrada um avanço para o país, ao regular os direitos assegurados às
pelos ministérios, com ampla mobilização social e especial pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Elaborado
atuação do Conselho Nacional de Direitos da Criança com intensa participação das entidades de defesa dos
e do Adolescente (Conanda). Foi implantado um canal interesses das pessoas idosas, ele trata dos mais variados
de denúncia (Disque 100), e o Presidente da República aspectos da vida desse grupo populacional, abrangendo
abriu, no Rio de Janeiro, em novembro de 2008, a maior desde direitos fundamentais até o estabelecimento de
conferência internacional já realizada sobre combate à penas para crimes, ampliando, assim, a resposta do Estado
exploração sexual de crianças e adolescentes, com 160 e da sociedade às necessidades dos idosos.
países e 3.500 participantes. Foram obtidos avanços Ainda no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos,
importantes com a mobilização pelo Registro Civil de é importante frisar os avanços obtidos no que se refere
Nascimento, que reuniu ações de diversos ministérios em aos direitos da pessoa com deficiência. O Governo Federal
favor da promoção do registro e da documentação civil instituiu, em 2004, o chamado Decreto da Acessibilidade
básica. Com foco no Nordeste e na Amazônia Legal, a (Decreto nº 5.296/04), que estabelece e confere

Secretaria fortalece mecanismos participativos


“A Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde possui relação direta
com movimentos sociais, conselhos e conferências. Isso implica o enfrentamento às iniquidades de
populações que ainda não tinham interlocução com o ministério, como as populações quilombolas,
negras, ciganos, em situação de rua, Lgbt, do campo e da floresta e ribeirinhos. Foram construídas,
assim, políticas transversais contemplando todos esses excluídos, ou em situação de iniquidade.
Antônio Alves de Um grande programa hoje é o de inclusão digital dos conselhos de saúde, o PID. Implementado
Souza, secretário em parceria com o Conselho Nacional de Saúde, o PID adquire equipamentos – computadores, tvs,
de Gestão Estratégica dvds – os distribui para os 5.564 conselhos municipais, os 27 estaduais e o conselho nacional. A busca
e Participativa do é por qualificar os conselheiros, treiná-los e capacitá-los para que eles possam exercer bem seu papel
Ministério da Saúde de controle social”.

86
Divulgação/Secom Divulgação/Secretaria de Direitos Humanos

Atletas durante jogo de basquete. I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada em 2006.

dignidade a essas pessoas e reflete a responsabilidade desde 2007, com uma Política Nacional de Proteção aos
dos gestores para com a comunidade. Além disso, em Defensores de Direitos Humanos, que tem como pilares
2009, a então Coordenadoria Nacional para Integração a articulação e integração, prevenção, enfrentamento e
da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde) foi elevada à investigação das violações aos Direitos Humanos dos
Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa Defensores e Defensoras.
com Deficiência (SNPD), por meio da Lei 11.958/2009 Foi a articulação com os movimentos sociais uma das
e do Decreto 6.980/2009, e passou a ser responsável pela principais responsáveis também pela reparação concedida
articulação e coordenação das políticas públicas voltadas pelo Governo Federal para as pessoas vítimas de hanseníase
para as pessoas com deficiência. Com a estrutura maior e que foram compulsoriamente segregadas em 101 colônias
com o novo status, o órgão gestor federal de coordenação em todo o país. O isolamento vigorou até a década de
e articulação das ações de promoção, defesa e garantia 60. Das 101 colônias, cerca de 30 ainda continuam
de direitos humanos desse conjunto de 24,5 milhões de parcialmente ativas, e a estimativa é que ainda existam
brasileiros tem mais alcance, interlocução e capacidade de cerca de três mil pessoas remanescentes do período do
dar respostas às novas demandas do segmento. isolamento compulsório. É uma população que ainda sofre
Também em 2009, foi incorporada ao ordenamento em razão das sequelas adquiridas e, muitas vezes, também
jurídico brasileiro a Convenção sobre os Direitos da da idade avançada. A Lei 11.520/2007 estabeleceu uma
Pessoa com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, pensão vitalícia, pessoal e intransferível de R$ 750 para
assinados pelo Brasil, na sede da ONU, em Nova York, em as vítimas do confinamento. Cerca de 11 mil fizeram
março de 2007. Hoje, a Convenção, juntamente com leis requerimento e a reparação já está sendo concedida a mais
específicas, dão suporte à política nacional para a inclusão de cinco mil pessoas.
da pessoa com deficiência. Importantes avanços foram alcançados com a criação
Por meio do diálogo com a sociedade civil e da da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
participação de entidades sociais, o Brasil passou a contar, (SPM), que promoveu debates sobre os mais diferentes

87
Gustavo Froner Divulgação/Secom

2ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, realizada em 2007. Entrega de documentação para trabalhadoras rurais.

temas, estimulou e implementou políticas públicas, estaduais e mais de 300 organismos municipais. Vinte
buscando a pluralidade de idéias, o aperfeiçoamento de e quatro estados aderiram ao Pacto Nacional pelo
entendimentos e a transversalidade das ações referentes a Enfrentamento da Violência contra as Mulheres, sendo
gênero. Questões relacionadas aos direitos reprodutivos e que 21 assinaram o Pacto Federativo.
sexuais, às questões de gênero no mercado de trabalho, Foi registrado crescimento de 179% da Rede de
à violência contra a mulher foram tratadas em inúmeras Atendimento às Mulheres em Situação de Violência.
reuniões e fóruns com representantes de organizações Hoje, existem 68 casas-abrigo, 146 centros de referência,
sociais. 56 núcleos de atendimentos especializados da defensoria
O Plano Plurianual 2008-2011 incorporou uma pública, 475 delegacias ou postos especializados de
dimensão essencial da promoção da igualdade de gênero, atendimento às mulheres, 147 juizados especializados ou
raça e etnia, como estabelece o seu quarto objetivo varas adaptadas de violência doméstica e familiar contra
estratégico: fortalecer a democracia, com igualdade de a mulher, 19 núcleos de ministérios públicos estaduais
gênero, raça e etnia, e a cidadania com transparência, especializados no combate à violência, oito núcleos de
diálogo social e garantia dos direitos humanos. enfrentamento ao tráfico de pessoas e sete serviços de
A atuação da Secretaria, mobilizando movimentos responsabilização do agressor14.
feministas e dialogando com os diferentes atores A Lei Maria da Penha, que revolucionou o direito
institucionais, contribuiu para a articulação de uma rede penal brasileiro ao passar a tratar a violência contra a
de promoção dos direitos das mulheres em todo o Brasil. mulher como uma questão de Estado, também pode ser
Desde 2003, o número de organismos governamentais compreendida como resultado do novo lugar conferido às
de políticas para mulheres nos estados e municípios foi questões de gênero na agenda do país.
multiplicado por 20. Atualmente existem 22 organismos A atuação da Spm em diálogo com os movimentos

14
Com todas as mulheres, por todos os seus direitos. Publicação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2010.

88
sociais tem ajudado as brasileiras a conquistarem mais por um conjunto integrado de vários programas e ações
autonomia e renda: mais de 50% dos beneficiários que buscam assegurar os serviços públicos imprescindíveis
do Programa Nacional de Qualificação são mulheres. à garantia efetiva dos direitos previstos em lei.
Mais mulheres buscam gerir seus próprios negócios e as As lutas históricas do movimento negro brasileiro
trabalhadoras domésticas conquistaram direitos, como também foram reconhecidas e incorporadas como política
a possibilidade de contribuição ao Fundo de Garantia de Estado e nortearam a criação da Secretaria Especial
por Tempo de Serviço, além da dedução da contribuição de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir),
previdenciária no imposto de renda visando aumentar a em 2003. A Seppir tem a missão de propor iniciativas
formalização do emprego. contra as desigualdades raciais, promovendo a igualdade
A Secretaria criou o Programa Mulheres Construindo e a proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais
Autonomia na Construção Civil, para capacitar e qualificar e étnicos, monitorando e coordenando políticas de
mulheres para atuarem no mercado da construção civil. A diferentes ministérios e outros órgãos.
iniciativa vem sendo realizada em parceria com governos O compromisso com a construção de uma política
dos estados e dos municípios, por meio das Secretarias/ voltada aos interesses reais da população negra e de outros
Coordenadorias da Mulher, Secretarias do Trabalho ou segmentos étnicos discriminados está sintetizado no
correlatas e entidades da sociedade civil. Estatuto da Igualdade Racial. Segundo a Lei 12.288/2010,
Além disso, nos últimos anos, mais de um milhão de o Estatuto visa “garantir à população negra a efetivação
documentos foram emitidos gratuitamente para mulheres da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos
do campo, por meio do Expresso Cidadã. étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à
As duas Conferências Nacionais para as Mulheres, discriminação e às demais formas de intolerância étnica.”
realizadas em 2004 e 2007, foram momentos marcantes Com 65 artigos, o Estatuto estabelece garantias e políticas
na consolidação da luta pelos direitos das mulheres. públicas de valorização e uma nova ordem de direitos para
Nessas instâncias é que foram definidas as diretrizes para os negros.
o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, formado Além disso, a Seppir atua na articulação com outros

Diálogo valorizado abre caminho para avanços importantes


“A partir da criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária, um conjunto de atividades
econômicas ligadas a essa agenda passou a ter uma importância diferenciada. Ainda há desafios,
Arildo Mota,
presidente da Unisol
mas seguir o caminho já aberto é fundamental. A criação dos conselhos ajuda a nortear o governo
(Central de Cooperativas e suas estruturas, ajudando a transformar políticas públicas em políticas de estado, fortalecendo as
e Empreendimentos possibilidades que elas se tornem perenes.
Solidários) Desde 2003, o diálogo foi valorizado”.

89
Divulgação/Secom Divulgação/Secom

Alunos do Projovem de Curitiba (PR). Alunas do Projovem de João Pessoa (PB).

ministérios, contribuindo para a elaboração de políticas movimentos de luta pelos direitos da população negra,
mais consistentes, que considerem aspectos de raça-etnia, também contribuiu para que as políticas públicas
importantes para conformar o caminho da emancipação. assumissem compromissos efetivos com a inclusão social,
Foi assim com o ProUni, o Fundeb, o ProJovem, o econômica e cultural e a redução das desigualdades. Junto
Pronaf, o microcrédito produtivo, o crédito consignado, com as duas Conferências Nacionais, realizadas em 2005 e
as aquisições de safra da Agricultura Familiar, a compra e 2009, conformou-se no país, de fato, uma ampla atuação
distribuição de leite direto do produtor, a Reforma Agrária, do movimento negro e de amplos setores da sociedade
a Educação Cidadã, o Minha Casa, Minha Vida, as escolas comprometidos com a causa na definição e implementação
técnicas, entre outras iniciativas do governo. Setecentos de políticas públicas de ação afirmativa.
e quatro mil estudantes pobres estão matriculados nas Em 2005, o governo Lula iniciou a construção de
universidades brasileiras, sendo metade deles (48%) uma Política Nacional de Juventude com a criação da
jovens negros. Secretaria Nacional de Juventude, vinculada à Secretaria-
Foi criada a Universidade da Integração Internacional Geral da Presidência da República, do Conselho Nacional
da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab), cujo campus é de Juventude (Conjuve) e do Programa Nacional de
localizado no município cearense de Redenção, a primeira Inclusão de Jovens (Projovem), um grande programa de
cidade brasileira a abolir a escravidão, cinco anos antes atendimento aos jovens mais excluídos.
da Lei Áurea. A universidade vai fortalecer a cooperação A criação da Secretaria Nacional de Juventude atendeu
internacional entre professores e alunos dos países da a uma antiga reivindicação dos movimentos sociais
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). ligados à juventude e contribuiu para inserir essa pauta
Com previsão de funcionamento em 2011, a Unilab vai na condição de política estratégica para o país. Além de
ofertar cursos de graduação nas áreas de saúde, formação executar o Projovem, a Secretaria Nacional de Juventude
de professores, políticas agrárias, administração pública e assumiu o papel de coordenar as iniciativas executadas por
engenharias. diversos ministérios, numa ação intersetorial que combina
O Conselho Nacional da Igualdade Racial (Cnpir), um conjunto de políticas estruturantes com programas
que conta com a participação de várias organizações e específicos. A partir dessas ações combinadas, vários

90
avanços foram conquistados nesse período. coordenadorias, diretorias e conselhos de juventude que
A participação juvenil ganhou destaque com a realização hoje estão presentes em cerca de mil municípios e 25
da I Conferência Nacional de Juventude, realizada em estados, sem esquecer a criação dos Fóruns Nacionais de
2008, em Brasília, com o envolvimento de mais de 400 Gestores Municipais e Estaduais de Juventude, que vieram
mil pessoas em todo o país. O debate promovido pela fortalecer ainda mais essa importante agenda.
conferência resultou em um documento com 70 resoluções Outro grande passo em prol da juventude brasileira foi
e 22 prioridades que já estão norteando as ações para a a promulgação da Lei nº 12.260, de 21 de junho de 2010,
juventude em nível federal, estadual e municipal. que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro
O fortalecimento institucional da temática ficou pela destruição, no ano de 1964, da sede da União Nacional
evidente com a criação de secretarias, subsecretarias, dos Estudantes (UNE). Em virtude disso, uma Comissão

Divulgação/Secom

Alunos do Projovem de João Pessoa (PB).

91
Pronaf/MDA
foi instituída no âmbito do Poder Executivo, coordenada
pela Secretaria-Geral da Presidência da República, em
conjunto com o Ministério da Justiça, para definir o valor
e a forma de reparação à Entidade.
O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) foi criado
em 2009, atendendo aos anseios e às reivindicações
dos pescadores e aquicultores do país reunidos na 2ª
Conferência Nacional de Aquicultura e Pesca, promovida
pela então Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca
(Seap/PR) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
da Aquicultura e Pesca (Conape). Com o tema a
“Consolidação da Política Nacional de Aquicultura e
Pesca”, a Conferência aprovou a proposta de centralização
Pronaf/MDA
de todas as competências relativas ao desenvolvimento do
setor em um único órgão de governo e a transformação
da Seap/PR em Ministério. Assim, o MPA é resultado de
esforço conjunto entre poder público e sociedade civil.
É importante destacar também a criação da Secretaria
Nacional de Economia Solidária (Senaes), no âmbito do
Ministério do Trabalho e Emprego, fruto de mobilização
da sociedade civil e dos trabalhadores que desde o final
dos anos 1980 já vinham colocando a economia solidária
em prática, como forma de sobreviver às crises e ao
desemprego. Essas iniciativas de gerir o próprio trabalho e
lutar pela emancipação em milhares de empreendimentos
tiveram o apoio de igrejas, sindicatos e universidades. Beneficiários de políticas públicas discutidas em conselhos de participação
O Conselho Nacional de Economia Solidária e as social.

duas Conferências Nacionais, realizadas em 2006 e 2010,


possibilitaram a consolidação das políticas para o setor e Cooperativismo e aprovou a nova Lei das Cooperativas
também motivaram estados e municípios a também criar e de Crédito.
ampliar suas iniciativas, como por exemplo, a implantação A valorização da participação social na gestão pública
de Centros Públicos de Economia Solidária. No âmbito implicou rearranjos institucionais em todo o poder
do Executivo Federal, foram assinados em novembro Executivo, que se preparou e se profissionalizou para
de 2010, dois decretos: o que instituiu o Programa estabelecer um diálogo sistemático com a sociedade civil.
Nacional de Incubadoras de Cooperativas e o que criou Nesse aspecto, o Ministério da Saúde criou a Secretaria
o Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário. O de Gestão Estratégica e Participativa (Sgep) cuja missão
Congresso Nacional, por sua vez, reformulou a Lei do é a de fortalecer a gestão e o controle social para o

92
aprimoramento do Sistema Único de Saúde. Conselho, vinculado à Controladoria-Geral da União,
Criada em 2003, ela foi reformulada em 2007 e tem a finalidade de sugerir e debater medidas de
passou a incorporar ações de auditoria, monitoramento aperfeiçoamento dos métodos e sistemas de fiscalização da
e avaliação do Sistema, e é responsável por apoiar os administração pública. O Portal da Transparência permite
mecanismos de participação popular, especialmente que todo cidadão acompanhe como o dinheiro público
os Conselhos e as Conferências de Saúde, ouvindo, está sendo utilizado, ajudando no combate à corrupção e
analisando e encaminhando as demandas provenientes ao desvio. Juntos, Conselho e Portal, contribuíram para
dos usuários, além de auditar as contas do SUS e avaliar aumentar a qualidade, a responsabilidade e a eficiência
os resultados das políticas. do gasto público e, de forma inédita e inovadora,
A preocupação com a transparência das decisões permitiram o acesso de todos aos dados e informações da
governamentais e o reconhecimento da importância administração pública federal.
de disponibilizar informações sobre os gastos públicos, Os órgãos e estruturas criados ou reformulados nos
inclusive para facilitar a participação qualificada na últimos oito anos, portanto, tornaram o Estado brasileiro
sociedade, foram determinantes na criação, em 2003, mais próximo do cidadão e o dotou de capacidade técnica
do Conselho de Transparência Pública e Combate à e gerencial para formular políticas que realmente atendam
Corrupção e, em 2004, do Portal da Transparência. O às necessidades da população.
Divulgação/Ministério da Saúde

3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada em 2005, em Brasília.

93
5 Anexos

94
Tabela 1
Iniciativas premiadas no Prêmio ODM Brasil – 1ª Edição

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

PROJETO ORGANIZAÇÃO SÍNTESE

Curso de balé para crianças de comunidades carentes.Criado em


1995, o projeto atende a cerca de 480 crianças, de 13 comunidades
01 Dançando para Associação Dançando
da cidade do Rio de Janeiro. Além das aulas de dança, as crianças têm
não Dançar para não Dançar (RJ) aulas de idiomas (inglês e alemão) e reforço escolar. A Associação
oferece ainda assistência médica, odontológica, acompanhamento
psicológico e fonoaudióloga, além de assistência social.

Implantado em mais de 300 municípios de Minas Gerais, o projeto


Barraginhas das barraginhas capta a água superficial de chuvas, impedindo
02 Empresa Brasileira de
Captação superficial erosões e escorrimentos artificiais. A recuperação de áreas
Pesquisa Agropecuária degradadas é uma das consequências positivas da tecnologia, assim
de água das chuvas,
(Embrapa Milho e Sorgo-MG) como a perenização de mananciais com água de boa qualidade. Os
com revitalização de
principais beneficiados com a implantação das barraginhas são os
mananciais agricultores familiares.

Valorização da agricultura familiar ao oferecer alternativas de


03 renda para os produtores. Um segmento do turismo desenvolvido
Associação de Agroturismo no espaço rural por agricultores familiares organizados, dispostos
Agroturismo a compartilhar seu modo de vida, patrimônio cultural e natural,
Acolhida na Colônia (SC)
mantendo suas atividades econômicas, oferecendo produtos e
serviços de qualidade, valorizando e respeitando o ambiente e a
cultura local e proporcionando bem-estar aos envolvidos.

Promove a capacitação de mulheres líderes comunitárias em


04 assuntos vinculados aos direitos humanos das mulheres e estrutura
Metodologia Themis Themis Assessoria Jurídica do Estado, visando ao exercício da cidadania e à multiplicação de
de Acesso à Justiça informações. As mulheres formam-se Promotoras Legais Populares
e Estudos de Gênero (RS)
(PLP’s) e passam a atuar como agentes de cidadania e de direitos
humanos em suas comunidades, promovendo o controle social e
advocacy.

Organização Social
e Políticas Públicas Associação de Anemia Propicia o diagnóstico precoce da doença e o apoio às famílias dos
05 doentes. É uma instituição sem fins lucrativos, constituída por amigos,
para a Redução da Falciforme do Estado
familiares e doentes falciformes, tendo como meta a organização
Morbimortali-dade de São Paulo (SP) social dos doentes falciformes, visando ao desenvolvimento das
Infantil por Anemia potencialidades individuais e coletivas.
Falciforme

95
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

PROJETO ORGANIZAÇÃO SÍNTESE

Programa Escrevendo Criado em 2002, contribui para o aperfeiçoamento da escrita


06 Fundação Social Itaú (SP) dos alunos da 4ª e 5ª séries do ensino fundamental das escolas
o Futuro
públicas brasileiras e para a formação de educadores, professores
polivalentes e de Língua Portuguesa.

Programa de formação e mobilização social para a convivência


Associação Programa com o semi-árido. A construção de cisternas que acumulem
Projeto: Um Milhão
07 Um Milhão de Cisternas a água da chuva captada nos telhados, estocando-a para os
de Cisternas períodos de estiagem, pode por fim definitivamente à falta de
para o Semi-Árido
água para o consumo humano em todo o Semi-Árido brasileiro.

O Projeto Menarca de Promoção à Saúde da Menina, desenvolvido


pelo Colégio Sepam desde 2002, tem como objetivo levar
08 Menarca de Promoção Sociedade Educacional
informação de forma clara e precisa visando à valorização da
à Saúde da Menina Professor Altair Mongruel (PR) mulher e à conscientização de jovens a respeito de assuntos que
envolvem sexualidade e prevenção.

Associação Intercomunitária
de Mini e Pequenos O projeto visa construir plano de negócios e de produção para
Produtores Rurais da Margem famílias seringueiras que trabalham na confecção de artefatos de
09 Couro Ecológico
látex.
Direita do Rio Tapajós de
Piquiatuba a Revolta (PA)

Prefeituras
Assistência à gestante e aos recém-nascidos, com ações de
10 planejamento familiar, visitas às gestantes em risco, incentivo
Escola de Gestante Prefeitura de Apucarana (PR)
ao aleitamento materno, distribuição de kits para enxoval e para
curativo umbilical.

11 Redução do desperdício de alimentos, melhoria nutricional,


Coleta de Orgânicos Prefeitura de Belo
combate à fome, redução de resíduos aterrados e educação para
com Ecocidadania Horizonte (MG) o consumo. O projeto atende a 15 mil pessoas por mês.

Casa Rosa Mulher –


Atendimento e assistência a adolescentes e mulheres que vivem
12 Centro de Referência para Prefeitura de Rio Branco (AC)
em situação de risco social e de violência.
Mulheres em Situação
de Violência

96
pREFEITURAS

PROJETO Prefeituras SÍNTESE

Aplicação conjunta e simultânea, em um mesmo local da


13 Santo André Mais Igual Prefeitura de Santo André (SP) cidade, de projetos de inclusão social. Já atendeu a mais de 21
mil pessoas, com urbanização e políticas sociais e econômicas.

Arranjo Produtivo Local com incentivo às pequenas e médias


Pólo Brasileiro
14 Prefeitura de Diadema (SP) empresas do setor, com a criação de um pólo de cosméticos
de Cosméticos
com mais de 100 empresários do ramo.

Educação no meio rural para reduzir a migração; implantação


Semeando Educação e Saúde
15 Prefeitura de Três Passos (RS) de ações de saúde e práticas agrícolas para jovens filhos de
na Agricultura Familiar pequenos produtores.

Melhoria na qualidade de atenção ao pré-natal, ao parto, ao


puerpério e ao bebê e atuação de mães sociais, para auxiliar
16 Trevo de Quatro Folhas Prefeitura de Sobral (CE)
a gestante com problemas de saúde; e padrinhos sociais, que
contribuem com cestas básicas.

Programa Socioambiental Projeto de reurbanização da Coroa do Meio, com substituição


17 Prefeitura de Aracaju (SE) de palafitas por casas de alvenaria, recuperação do mangue e
de Coroa do Meio
programas de geração de emprego e renda.

Destaque

Símbolo da determinação e do trabalho pela cidadania, pela solidariedade e pelo respeito aos direitos
18 Herbert de Souza - Betinho humanos. Entre outras iniciativas, Betinho criou e dedicou-se à Ação da Cidadania contra a Miséria e
pela Vida, que inspirou a campanha contra a fome que mobiliza todo o país, desde 1993. A campanha
é o marco das lutas da sociedade brasileira para a promoção da cidadania, pelo direito ao emprego e
pelo uso da terra.

MENÇÃO HONROSA

Tem emprestado seu talento para a divulgação e fortalecimento do Terceiro Setor no Brasil há mais
de 15 anos. Desenvolveu a campanha publicitária para divulgação dos Objetivos de Desenvolvimento
Publicitário Percival
19 do Milênio, que foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das cinco
Caropreso
melhores do mundo. São dele todas as peças publicitárias para os ODM no Brasil e os ícones dos oito
objetivos utilizados na Itália, Albânia, Guianas e no site da ONU para os jovens.

97
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

MENÇÃO HONROSA
ASMARE -Associação dos
Nasceu da mobilização de 20 catadores de papel, com o apoio da Pastoral de Rua, da Arquidiocese de
Catadores de Papel, Papelão Belo Horizonte. A entidade busca garantir a integração de catadores com a sociedade civil e o poder
20
e Material Reaproveitável – público na gestão da coleta seletiva, qualificação para o trabalho e geração de renda aos catadores e
Belo Horizonte (MG) moradores de rua.

Promoveu a criação de bibliotecas comunitárias em 90 comunidades rurais de 20 municípios da


21 Associação Vaga-lume (SP) Amazônia Legal. Com sua metodologia, cria acervos, forma professores, gestores e voluntários que
atuam como mediadores de leitura.

Como coordenadora de bibliotecas do governo do Distrito Federal, criou uma biblioteca para pessoas
portadoras de deficiência visual, a Biblioteca Braile Dorina Nowill, em Taguatinga. Em dez anos de
22 Dinorá Couto Cançado (DF)
trabalho voluntário, também desenvolveu diversos projetos, como “Luz e Autor em Braile” e “Revelando
Autores em Braile”, reunindo a produção de 83 deficientes visuais e 58 escritores brasilienses.

Arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio tem como principal projeto o Centro de Atendimento ao
Dom Cláudio Cardeal
23 Trabalhador (Ceat), unindo a Igreja Católica, a sociedade civil e o governo em ações de combate ao
Hummes (SP) desemprego.

Por sua condição social, as mulheres de Pombal recebiam os benefícios do Programa Bolsa Família,
Grupo Mulheres do Governo Federal. Agindo de forma organizada, conseguiram aposentadoria rural ou puderam
24 aumentar a renda familiar com a venda de doces e salgados. Foi o suficiente para decidirem, em
de Pombal (PB)
grupo, devolver à Caixa Econômica Federal os seus cartões de benefício, conscientes de que outras
famílias precisavam muito mais do que elas.

Desenvolve trabalhos voltados para a exploração sustentável de florestas. Supervisionou a


Grupo de Trabalho implantação de 165 projetos propostos por entidades e produtores familiares em nove estados da
25
Amazônico Amazônia Legal. Mais de mil famílias foram beneficiadas com a captação de recursos para entidades
comunitárias.

Desde 1991, promove a articulação das trabalhadoras rurais, donas de casa, mães, avós e esposas que
Movimento Interestadual se dedicam à coleta, quebra, beneficiamento e comercialização do coco de babaçu. Atua nos estados
26 das Quebradeiras de do Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará, onde estão cerca de 400 mil famílias vivendo da exploração do
babaçu. O movimento visa garantir o direito ao trabalho e a sustentabilidade da atividade, com a
Coco Babaçu
proteção das florestas.

Sediada em Curitiba (PR), contribui há 22 anos para que o país possa diminuir os índices de
mortalidade infantil, atuando em 3.900 municípios brasileiros. Reúne mais de 240 mil voluntários que,
mensalmente, acompanham 1,8 milhão de crianças de zero a seis anos de idade e 83 mil gestantes
27 Pastoral da Criança
ou nutrizes. A metodologia da Pastoral da Criança também serve de modelo para experiências
semelhantes em outros catorze países, com ações nos campos da saúde, educação e cidadania, para
o desenvolvimento integral da criança e a melhoria de vida das famílias.

98
Tabela 2
Iniciativas premiadas no Prêmio ODM Brasil – 2ª Edição

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

PROJETO ORGANIZAÇÃO SÍNTESE

É uma modalidade de ensino à distância que visa melhorar


Programa de Formação a qualidade do ensino com a qualificação de professores da
01 e Valorização Universidade do Estado Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental da rede
pública de Manaus e do interior. Tem duração de 36 meses, dá
de Profissionais do Amazonas (AM) apoio a deficientes visuais e auditivos. Há módulo de formação de
da Educação professores indígenas. Já diplomou mais de oito mil professores,
beneficiando indiretamente mais de 434 mil alunos.

Associação dos Pequenos Desenvolve ações que visam fixar as famílias na propriedade,
Um Novo Modo de Viver e
02 Agrossilvicultores do diminuir o êxodo rural e o desmatamento, por meio da
Produzir na Amazônia organização solidária e do fomento ao desenvolvimento social,
Projeto Reca (RO)
cultural, ambiental e econômico.

O Instituto criou o Banco Palmas para combater a pobreza no


Instituto Palmas de
Conjunto Palmeira, um bairro de Fortaleza que possui 30 mil
03 Banco Palmas Desenvolvimento e habitantes, dos quais 80% têm renda inferior a dois salários
Socioeconomia Solidária (CE) mínimos. O Banco desenvolve uma rede econômica local,
estimulando a produção e o consumo na própria comunidade.

É um espaço de reforço ao aprendizado de crianças e jovens.


Educação Inovadora Eles têm acesso a atividades culturais, como aulas de dança e de
04 em Novos Alagados- Sociedade 1º de Maio instrumentos musicais, capoeira, futebol, e reforço educacional
Projeto Cluberê de Novos Alagados (BA) em Português, Matemática e Estudos Sociais. O ponto forte é a
elevada capacidade de manter o interesse das crianças e jovens
na aprendizagem.

Oferece atendimento psicossocial a crianças e adolescentes do


Comunidade dos sexo feminino, de 12 a 21 anos, que vivem nas ruas e são vítimas
05 Obirin Lonan de violência sexual. O objetivo é melhorar a qualidade de vida e
Pequenos Profetas (PE)
a inclusão social dessas mulheres, 80% delas pertencentes à raça
negra.

Programa de Concentrado em 11 municípios, o Programa, que se volta


Desenvolvimento para adolescentes e jovens do meio rural, contribui para o
Fundação Odebrecht (BA) desenvolvimento integrado e sustentável da região, por meio da
06 Integrado e
promoção e integração dos capitais produtivo, humano, social e
Sustentável do
ambiental.
Baixo Sul da Bahia

99
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

PROJETO ORGANIZAÇÃO SÍNTESE

Projeto Mãos que O Projeto atua na organização de empreendimentos de economia


solidária, compostos exclusivamente por mulheres, e a apóia
Trabalham: Transformando
a inserção dos produtos nos mercados locais, institucionais e
a Vida das Mulheres Movimento de Organização
07 solidários. A iniciativa, que beneficia cerca de 300 agricultoras
dos Territórios do Sisal, Comunitária (BA) familiares, contribui para amenizar as condições de vida de
Bacia do Jacuípe e Portal mulheres rurais, que percorrem quilômetros de caminhada em
busca de água, utilizam transporte arriscado em caminhões de
do Sertão
feira para comercializar seus produtos e são submetidas a uma
diária de trabalho diferente para exercer a mesma função que os
homens.

A Cooperativa, em parceria com pesquisadores da Universidade


Federal de Mato Grosso, estabeleceu uma forma ágil de garantir
Cooperativa dos Pescadores
o sucesso de ações articuladas com as comunidades de baixa
08 Pesquisador Cooperado e Artesãos de Pai André renda, por meio da formalização da pesquisa científica. Na
e Bonsucesso (MT) Universidade, a pesquisa é coordenada por um “pesquisador
cooperado”, formalmente associado à Cooperativa, que direciona
suas pesquisas para a solução de problemas da cooperativa.

Além do tratamento oferecido às crianças em semi-internato e


atendimento ambulatorial, o Centro realiza ações que promovem
Centro de Recuperação e Salus Associação para a Saúde a garantia de direitos à cidadania e segurança alimentar e
09
Educação Nutricional - Núcleo Salus Paulista (SP) nutricional nas comunidades atendidas. Entre as atividades estão
oficinas pedagógicas, atividades físicas, culturais e esportivas
com crianças e jovens; ações educativas com as famílias; e a
capacitação de agentes e profissionais da saúde e educação.

Atua em conjunto com empresas para incluir pessoas com


Inclusão Social e Associação para deficiências físicas e mentais em ocupações que vão desde a
Valorização e Promoção montagem de equipamentos, produção de alimentos e atividades
10 Profissional de Pessoa
de Excepcionais (SP) de marcenaria, até trabalhos administrativos, em call centers,
com Deficiência
seja para venda ou atendimento de clientes – a atividades que
envolvam informática.

Criada por meio da mobilização da sociedade civil e de funcionários


Uma Perspectiva integral Associação Saúde
do Hospital da Lagoa, para prestar assistência a crianças doentes
11 da saúde - Reestruturação Criança Renascer (RJ) de comunidades carentes do Rio de Janeiro, especialmente da
Familiar Baixada Fluminense e da Zona Oeste.

100
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

PROJETO ORGANIZAÇÃO SÍNTESE

Desenvolve um programa para promover a recuperação de Áreas


de Preservação Permanente (APPs), principalmente as matas
Programa de Recomposição Cooperativa Agroindustrial ciliares em quarenta rios, córregos e nascentes. Visa motivar os
12
proprietários de terras a restaurar as áreas e os níveis do lençol
da Mata Ciliar Consolata (PR)
freático para aumentar a quantidade de água e melhorar sua
qualidade. Estimula também a técnica do plantio direto, que
evita a erosão causada pela chuva.

PREFEITURAS

Reúne ações que asseguram uma educação de qualidade e


Escola Anani - Um Programa tem como objetivos principais reduzir a evasão escolar, corrigir
13 as distorções de idade e série, diminuir o índice de repetência,
de (re) qualificação da
Prefeitura de Ananindeua (PA) valorizar os profissionais de magistério. Por sua influência,
Educação Básica no se ampliaram e revitalizaram escolas, construiu-se o Centro
Município de Ananindeua de Referência de Educação Infantil, criaram-se telecentros
comunitários e o ônibus da biblioteca.

Estratégias para Elevação A prática tem como objetivo elevar os índices dos alunos do
da Proficiência da Língua Ensino Fundamental em Língua Portuguesa e Matemática
14 Portuguesa e Matemática
por meio da qualificação da aprendizagem do 1º ao 5º ano da
Prefeitura de Sobral (CE)
educação básica. Como resultados, destacam-se a melhoria do
nas Séries Iniciais do Ensino
desempenho escolar, o aumento das taxas de aprovação e de
Fundamental assiduidade, além da queda dos índices de evasão.

A partir da identificação de problemas relacionados ao parto, ao


pós-parto e à desnutrição, foi criado o programa que acompanha
Parto Humanizado com
Prefeitura de Itaiçaba (CE) a gestante desde o primeiro mês e tem a possibilidade de realizar
15 Enfoque no Aleitamento todos os exames para garantir sua saúde e a do bebê. Como
Materno Exclusivo resultados, houve melhoria nos indicadores de aleitamento
materno e queda nos índices de desnutrição e mortalidade
infantil.

Tem por objetivo diminuir a incidência da doença, o preconceito


BH de Mãos Dadas Prefeitura de Belo sexual e o estigma em relação ao portador do vírus HIV.
16 São desenvolvidas atividades de capacitação de lideranças
Contra a Aids Horizonte (MG)
comunitárias. Somente em 2007 foram capacitados cerca de
1.900 multiplicadores. Nos dois anos, mais de 53 mil pessoas
foram atendidas pelo programa.

101
PREFEITURAS

PROJETO PREFEITURAS SÍNTESE

Casa Beth Lobo: Centro Funciona há 16 anos e já atendeu a mais de 13 mil mulheres.
A entidade presta atendimento social, jurídico e psicológico,
17 de Referência da Mulher
Prefeitura de Diadema (SP) e oferece cursos de capacitação para geração de renda. Entre
em Situação de Violência as ações, desenvolve o projeto Saia da Cri$e (capacitação para
Doméstica geração de renda) e Masculinidades (formação de grupos de
homens para reflexão sobre a violência contra a mulher).

A desativação do lixão do município deu lugar ao Parque. Houve


Programa de Desenvolvi- o cadastramento dos catadores, o encaminhamento das crianças
Prefeitura de
18 mento Social Parque para escolas e creches municipais, organização dos documentos
São Vicente (SP) da população e inclusão nos programas de transferência de
Ambiental Sambaituba
renda. As famílias em situação de risco foram removidas e foram
criados projetos de apoio à moradia.

O Programa está possibilitando o resgate do valor da figura


Programa de Interação Prefeitura de Taboão do professor no âmbito familiar e da importância da presença
19 da família na escola. Os professores já visitaram mais de 20 mil
Família e Escola da Serra (SP)
famílias; há parcerias com as Secretarias de Saúde e Assistência
Social para aumentar a rede de proteção social dos educandos.

Tem o objetivo de assegurar a humanização, a segurança e a


qualidade do atendimento às gestantes e crianças nos serviços
20 Programa Mãe Curitibana Prefeitura de Curitiba (PR) de saúde, visando à redução da mortalidade materna e infantil.
Desde 1999, 147 mil gestantes já foram beneficiadas pelo
programa.

102
Tabela 3
Iniciativas premiadas no Prêmio ODM Brasil – 3ª Edição

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

PROJETO ORGANIZAÇÃO SÍNTESE

O programa, criado há 15 anos, visa garantir assistência integral


Promovendo a Vida e o Associação a à saúde das gestantes e das crianças de zero a cinco anos em
01
Desenvolvimento Saudável Nossa Família (AP) situação de vulnerabilidade social, que residem no município
de Santana (AP). Oferece às gestantes serviços laboratoriais e
especialidades médicas e fornece os medicamentos prescritos
pelos profissionais e as orientações quanto ao seu uso correto.

O Planejamento Estratégico Comunitário busca contribuir com


Planejamento Estratégico Associação Ateliê o combate à pobreza em oito comunidades de baixa renda do
02
Comunitário – Plano Bem de Ideias (ES) município de Vitória (ES). O Planejamento definiu ações de
desenvolvimento local nas dimensões política, econômica, social,
Maior
ambiental e cultural.

Desenvolvida há 15 anos, a iniciativa contribui para a redução


da mortalidade infantil no Brasil e para manter o índice zero
no município. Para isso, são desenvolvidas ações voltadas à
03 orientação e ao acompanhamento de gestantes e mães nutrizes.
Animadores Comunitários Associação Recreativa Atualmente trinta e sete animadores voluntários participam do
– Ação Voluntária que faz a de Solonópoles (CE) programa. Cada um é responsável pelo acompanhamento de
Diferença aproximadamente dez famílias carentes. Em função dos projetos
desenvolvidos na comunidade foi possível, em 2009, zerar os
índices de mortalidade infantil e de crianças de zero a cinco anos
fora da escola.

As famílias recebem apoio para a implementação de tecnologias


04
sociais de convivência com a realidade semiárida. Em troca,
Convivência com a Realidade
“devolvem” ao Fundo Rotativo Solidário o apoio recebido. O Fundo
Semiárida, promovendo o Centro de Educação Popular
é uma poupança comunitária, formada a partir de contribuições
Acesso à Água, Solidariedade e Formação Social (PB) externas e/ou da comunidade. Com os recursos do Fundo, as
e Cidadania famílias desenvolvem experiências solidárias e produtivas na
agricultura familiar, conjugadas com ações educativas (oficinas,
encontros, visitas de intercâmbio).
05
O projeto desenvolve a atividade pesqueira, orienta os pescadores
Pesca de Peixes em Rios e
Colônia dos Pescadores na defesa de seus direitos e na questão do desenvolvimento
Lagos (DRS Pesca de Captura sustentável, além de firmar acordos de pesca, visando à
Z4 Tefé (AM)
ou Extração) melhoria da renda e do Índice de Desenvolvimento Humano das
comunidades participantes.

103
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

PROJETO ORGANIZAÇÃO SÍNTESE

O projeto realiza oficinas com jovens de áreas vulneráveis na


região metropolitana de Belo Horizonte. Os jovens assumiram
Juventude Fazendo Consórcio Regional de
06 uma posição ativa na comunidade como agentes de mudança
Gênero Promoção da Cidadania: na perspectiva da prevenção e enfrentamento à violência
Mulheres das Gerais (MG) contra a mulher. Muitos deles passaram a atuar em processos
participativos de políticas públicas de juventude, como nas
conferências municipais.

O projeto promove a inclusão das crianças e adolescentes, de


seis a 24 anos, de comunidade carente de Salvador, por meio da
participação em atividades artísticas, esportivas, de educação,
07 Arte-Educação Grupo Cultural Arte
cultura e lazer. Estar matriculado na escola é pré-requisito
Consciente (BA) obrigatório para participação nas atividades do projeto – o que
tem contribuído para redução significativa da evasão escolar e
melhoria no rendimento na sala de aula. Foi registrada também
redução do número de ocorrências de violência na comunidade.

O Baú de Leitura teve início em 1999 por iniciativa do Movimento de


Organização Comunitária (MOC) como estratégia complementar
Movimento de Organização no combate ao trabalho infantil e ao analfabetismo na zona
08 Baú de Leitura rural. Além de incentivar a leitura lúdica e reflexiva, as crianças
Comunitária (BA)
passaram a ter acesso à escola, às artes e aos esportes por meio
do projeto. A iniciativa tem permitido a melhoria da qualidade da
educação e redução da evasão escolar.

A iniciativa consiste em adotar a técnica de fabricação dos


encauchados – sacos impermeáveis em que o látex é concentrado
Encauchados de Polo de Proteção da por meio da secagem pela evaporação em temperatura ambiente
09
Vegetais da Amazônia Biodiversidade e Uso – na manipulação do látex nativo. A tecnologia faz parte da
Sustentável dos Recursos sabedoria tradicional dos povos indígenas e melhora a qualidade
da borracha, sua durabilidade e resistência a intempéries. Os
Naturais – Poloprobio (AC)
produtos gerados são comercializados pelas organizações de
base e os recursos são divididos entre os coletores de látex e
artesãos.

104
Prefeituras

PROJETO PREFEITURAS SÍNTESE

O Programa, criado em 1993, consiste em garantir o acesso


da população, em diversas regiões da cidade, a produtos
hortifrutigranjeiros de qualidade e a preços acessíveis. Por meio
10 Programa Abastecer Prefeitura de Belo de parceria com empresários, o programa promove a competição
Horizonte (MG) entre agentes do comércio varejista a partir da permissão de uso
de espaços públicos.
Já existem hoje 21 “sacolões”, que comercializam
aproximadamente 3,5 mil toneladas de alimentos por mês para
atender a cerca de 400 mil pessoas.

Criado há quatro anos, o programa busca assegurar aos povos


indígenas o acesso integral à saúde. Reconhece a eficácia da
medicina das comunidades tradicionais e o direito desses povos
Programa Municipal à sua cultura. O projeto adota um modelo complementar e
11 Prefeitura de Boa Vista (RR)
de Saúde Indígena diferenciado de atendimento, feito na forma de rodízio nas
comunidades, com cronograma previamente divulgado. O
deslocamento das equipes é feito por meio terrestre, na Unidade
Móvel de Saúde, adaptado com consultório odontológico, clínico
e ginecológico, e gerador de energia, onde as equipes prestam o
atendimento à comunidade no próprio local.

O projeto incentiva a agricultura familiar e promove a


substituição da importação de produtos hortifrutigranjeiros.
Foram implantadas estufas nas propriedades agrícolas para o
12 Projeto Estufa Prefeitura de Boa Vista (RR)
plantio de hortaliças e sua comercialização no mercado local.
Criada em 2001, a iniciativa gerou condições favoráveis para que
200 famílias de agricultores pudessem cultivar hortaliças durante
todo o ano, inclusive no período de chuvas – época em que
sofriam grandes prejuízos.

O objetivo da iniciativa é diminuir o impacto do lixo sobre o meio


ambiente, proporcionar a preservação dos recursos naturais e a
Coleta Seletiva de sustentabilidade ambiental, promovendo a inclusão social dos
13
Materiais Recicláveis Prefeitura de Caculé (BA) catadores de materiais recicláveis, com geração de emprego e
renda. Foi organizada uma cooperativa de catadores de lixo que
sobreviviam do lixão da cidade.

105
Prefeituras

PROJETO PREFEITURAS SÍNTESE

O programa Nave-Mãe tem o objetivo de aumentar a oferta


de vagas na Educação Infantil e melhorar a qualidade do
14 Nave-Mãe Prefeitura de Campinas (SP)
atendimento às crianças. O programa oferece creches com
capacidade para abrigar até 500 crianças, de zero a cinco anos e
onze meses, com conceito inovador, que busca a universalização
do atendimento à Educação Infantil, com espaços amplos e
adequados ao desenvolvimento das crianças.

A Rede é composta por 118 bibliotecas vinculadas às unidades


escolares, quarenta e cinco Faróis do Saber – localizados em
Rede Municipal de prédios e áreas públicas, de fácil acesso à população – e uma
15 biblioteca técnica. Todas essas unidades estão interligadas
Bibliotecas Escolares Prefeitura de Curitiba (PR)
pelo Sistema de Bibliotecas on-line com acervo de 700 mil
de Curitiba livros, e representam pontos de referência cultural e de lazer da
comunidade, com serviços de consulta local, empréstimos de
livros e acesso gratuito à internet.

O objetivo é fazer com que o agricultor torne sua propriedade


rural mais viável economicamente. O projeto busca a implantação
Sustentabilidade e/ou ampliação das áreas plantadas com cacau, intercaladas com
Ambiental Através do Prefeitura de Novo outras espécies florestais, promovendo o reflorestamento de
16 áreas desmatadas. As ações promovem a proteção da floresta e
Cultivo do Cacau, pelo Repartimento (PA)
estimulam a fixação do homem no campo. A Prefeitura promove
Sistema Agroflorestal palestras educativas, assistência técnica, distribuição de mudas,
monitoramento do plantio e do crescimento e assessoramento na
produção e distribuição.

O projeto contribui para erradicar a extrema pobreza e a fome


de famílias de baixa renda da cidade de Orós (CE). São oferecidas
Cozinha Comunitária – Prefeitura de Orós (CE) refeições totalmente gratuitas e a comunidade beneficiada
17 participa com uma contrapartida de trabalho na operacionalização
Nutrição à Mesa
do serviço: são duas horas diárias, ao longo de um mês, a cada
quatro meses. Há maior poder de compra devido à redução do
gasto com a alimentação das famílias beneficiadas. Além disso,
são realizadas capacitações que contribuem para a entrada no
mercado de trabalho e a melhoria de renda das pessoas.

106
Prefeituras

PROJETO PREFEITURAS SÍNTESE

O projeto busca reverter as perdas de recursos hídricos através da


18 Projeto de Recuperação de identificação, recuperação e preservação das minas e nascentes,
Prefeitura de Osasco (SP)
Minas e Nascentes que são isoladas do esgoto e dos demais meios de poluição.
Também incentiva a educação ambiental, ao envolver escolas na
atividade de identificação de nascentes.

O projeto visa identificar os fatores de risco e propor políticas


públicas para redução da mortalidade de crianças menores de
Vigilância da Criança com
Prefeitura de Osasco (SP) um ano. Entre as ações implementadas estão o fortalecimento
19
Risco de Mortalidade do pré-natal, a constituição de uma rede responsável pelo
encaminhamento de pacientes e usuários a outros serviços de
saúde ou sociais, e a criação de vínculo entre usuários e unidades
básicas de saúde.

A iniciativa tem por objetivos principais a produção de alimentos,


a reciclagem de lixo e a promoção da educação ambiental.
20 Agricultura Urbana Prefeitura de Penápolis (SP) Implica disponibilizar terrenos públicos, geralmente em áreas
verdes legais, e os oferece para uso de famílias cadastradas na
produção de hortaliças, legumes e ervas medicinais. A produção
não pode ser comercializada e vai para o consumo próprio das
famílias participantes ou para doações a creches e entidades
filantrópicas e educacionais.

107
Tabela 4
Ouvidorias

MINISTÉRIOS

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico

(61) (61)
Ministério das
9146-4382 8119-7078 inubia.bezerra@mc.gov.br
Ministério da Fazenda ouvidor.mf@fazenda.gov.br Comunicações
3412-5728/27/25 3311-6055
0800-7021111
(61)
(61) 9228-2293
Ministério da 9311-7758 ouvidoria@integracao.gov.br Ministério do Esporte 3217-1833 ouvidoria@esporte.gov.br
Integração Nacional 3414-4225/26 ouvidoria.mi@integracao.gov.br 3217-1855
3217-1919
(61)
9184-1725 Ministério do (61)
Ministério da 2021-5562 9321-0085
ouvidoria@previdencia.gov.br Desenvolvimento
Previdência Social 2021-5525 0800-7072003
Social e Combate à ouvidoria@mds.gov.br
0800-780191 3433-1301
8154-8692 Fome

(61) (61)
Ministério do 9113-5991 ouvidoria.geral@mme.gov.br
9933-8893 Ministério de Minas
Desenvolvimento gercino.filho@mda.gov.br 3319-5258
2020-0904 e Energia invonildes@mme.gov.br
Agrário 2020-0826 3319-5036

(61) ouvidoria@agricultura.gov.br
Ministério da
Ministério do 9971-6660
Agricultura, Pecuária Tony.carneiro@agricultura.
Desenvolvimento, (61) 3218-2987
ouvidoria@desenvolvimento. e Abastecimento
9648-2591 3218-2089 gov.br
Indústria e Comércio gov.br
2027-7646
Exterior
(61)
Ministério da Ciência 9961-7158 ouvidoria@mct.gov.br
(61) e Tecnologia 3317-8522
Ministério da Saúde 9197-7804 ouvidoria@saude.gov.br
3306-7460/62 (61)
9691-3433
(61) Ministério da Cultura 2024-2483 ouvidoria@cultura.gov.br
Ministério do Trabalho 9156-5184 2020-2473
e Emprego 3317-6797 ouvidoria@mte.gov.br 9258-8849
3317-6275
(61)
8197-2195
(61) Ministério das 3411-8803
9554-9861 ouvidoria@turismo.gov.br 3411-8804 ouvidoria.consular@itamaraty.
Ministério do Turismo Relações Exteriores
2023-8000 3411-8805 gov.br
3411-9712

Ouvidoria do Servidor (61) (61)


Comando do Exército
Secretaria de R. H. 9988-6328 ouvidoriadoservidor@ Indústria de Material 3415-4538 ouvidoria@imbel.gov.br
Ministério do 2020-1503 3415-4585
planejamento.gov.br Bélico do Brasil (IMBEL)
Planejamento, 2020-1707
Orçamento e Gestão 2020-1888
Comando da Marinha (61)
8443-5573 ouvidoria@7dn.mar.mil.br
7º Distrito Naval
3429-1961

108
AGÊNCIAS DEPARTAMENTOS

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico

Agência Nacional (61) (61)


9112-2611 elmar.kichel@ana.gov.br Departamento 0800611535
de Águas (ANA)
2109-5487 Nacional de 9618-7343 ouvidoria@dnit.gov.br
Infraestrutura de 3315-4138
Agência Nacional de (61) Transportes (DNIT) 3315-4608
Telecomunicações 9308-6021 ouvidoria@anatel.gov.br
(ANATEL) 2312-2081 (85)
9624-7051
(21) 3391-5171
Agência Nacional valerio.vieira@ancine.gov.br Departamento
8744-1130 3391-235 Anna.l.costa@gamil.com
de Cinema (ANCINE) Nacional de Obras
2240-1998
Contra as Secas (61)
(61) (DNOCS) 3327-0958
Agência Nacional de 9994-5553 ouvidoria@aneel.gov.br 3326-6638
Energia Elétrica (ANEEL) 2192-8955
(61)
Departamento dcs@dpf.gov.br
(21) 9119-6634
de Polícia Federal (DPF)
Agência Nacional 7614-1657 2024-8142
do Petróleo (ANP) 2112-8303 debarro@anp.gov.br
08007019656 Departamento de (61)
Polícia Rodoviária 9280-7003 ouvidoria@dprf.gov.br
Agência Nacional de
(21) Federal (DPRF) 2025-6770
9889-2416 ouvidoria@ans.gov.br
Saude Suplementar (ANS)
2105-0485 (61)
Departamento
9304-004
Penitenciário Nacional ouvidoria.depen@mj.gov.br
(61) 22025-31
Agência Nacional (DEPEN)
9655-0322 812025-9980
de Transportes 2029-6576 ouvidoria@antaq.gov.br
Aquaviários (ANTAQ) 08006445001 Departamento (61)
Nacional de Produção 9275-9880 ouvidoria@dnpm.gov.br
(61) Mineral (DNPM) 3312-6996
Agência Nacional 9943-3138
de Transportes 3410-1401 ouvidoria@antt.gov.br FUNDAÇÕES
Terrestres (ANTT) 0800-610300
3410-1403 (61)
Fundação Nacional do 9618-9408
Agência Nacional (61) 3105-2156 fnma@mma.gov.br
Meio Ambiente (FNMA)
de Vigilância
9961-0161 ouvidoria@anvisa.gov.br 3105-2157
3462-6838
Sanitária (ANVISA)
3462-6792
(61)
Fundação nacional cgddi@funai.gov.br
(61) 9247-8944
Agência de do Índio (FUNAI) 3313-3535
8356-8351
Aviação Civil (ANAC) 3441-8355 ouvidoriaanac@anac.gov.br
3441-8354
(21)
COMPANHIAS Fundação 0800560055
Petrobrás 8764-1970
(61) de Seguridade
ouvidoria@petros.com.br
2028-2101
Companhia Nacional de 8417-1899 conab.ouvidoria@conab.gov.br Social (PETROS) 2155-2156
Abastecimento (CONAB) 3312-2280 2028-2169

109
FUNDAÇÕES INSTITUTOS E AUTARQUIAS

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico

(21) Superintendência (81)


Fundação Oswaldo quental@fiocruz.br
9621-9496 do Desenvolvimento 9194-9104 ouvidoria@sudene.gov.br
Cruz (FIOCRUZ)
3885-1762 do Nordeste (SUDENE) 2102-2925
2102-2309
(61)
Fundação
9237-6356 Superintendência de (91)
Habitacional ouvidoria@poupex.com.br ouvidoria@sudam.gov.br
3314-9305 Desenvolvimento da 9162-5921
do Exército (FHE) 0800647-8877 4008-5689
Amazônia (SUDAM)

INSTITUTOS E AUTARQUIAS (21) ouvidor@cvm.gov.brcgp@cvm.


Comissão de Valores 8778-8520
(61) gov.br
Instituto Brasileiro Mobiliários (CVM) 3554-8266
do Meio Ambiente e 8124-1121
3316-1451 linhaverde.sede@ibama.gov.br
de Recursos Naturais Fundo Nacional de (61)
08002851818 9177-3668
Renováveis (IBAMA) Desenvolvimento ouvidoria@fnde.gov.br
2022-4632
(21) da Educação (FNDE)
Instituto Nacional
2022-4480
0800618080
de Metrologia, 8666-7410 ouvidoria@inmetro.gov.br Instituto Chico Mendes (61)
Normalização 2563-2940 de Conservação da 8529-6890 ronaldo.alexandre@icmbio.gov.br
e Qualidade Industrial 2563-2970 Biodiversidade 3316-1013
(INMETRO) 2563-2969

Instituto (92) Superintendência Na- (61)


Nacional de Pesquisa 9181-4690 ouvidor@inpa.gov.br 9124-5777 previc.ouvidoria@previdencia.
cional de Previdência
3643-3303 3341-9013 gov.br
da Amazônia (INPA) Complementar (PREVIC)
08007070242

Instituto Nacional (21) ouvidoria@int.gov.br ÓRGÃOS NO ÂMBITO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


9618-9499
de Tecnologia (INT)
2123-1284 (61)
Advocacia-Geral 9912-1727
(21) 3105-8175 ouvidoriageral@agu.gov.br
da União (AGU)
Instituto de 9978-4338 3105-8707
ouvidoria@ipea.gov.br
Pesquisa Econômica 3515-8667
Aplicada (IPEA) 3515-8670 (61)
5230/5510 Imprensa Nacional 9962-0019 ouvidoria@in.gov.br
3441-9777
Instituto Nacional (21)
7628-8281 ouvidoria@inpi.gov.br (61)
da Propriedade Secretaria Especial ouvidoria@sedh.gov.br
2139-3186 9122-0983
Industrial (INPI) de Direitos Humanos direitoshumanos@sedh.gov.br
2139-3480 2025-3116
(21) (61)
Instituto Nacional ouvidoria.geral@inca.gov.br Secretaria
2506-6399 9977-1799 ouvidoria@spmulheres.gov.br
de Câncer (INCA) Especial de Políticas
2506-6276 3411-4298
para as Mulheres
3411-4279
Instituto (61)
(21)
de Resseguros 8231-4746 ouvidoria@irb-bralilre.com.br Agência Brasileira de 9966-2459 ouvidoria@abin.gov.br
do Brasil S/A (IRB) 2272-0700 Inteligência (ABIN) 3445-8115
3445-9231

110
ÓRGÃOS NO ÂMBITO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA EMPRESAS PÚBLICAS

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico

Secretaria (21)
(61) FURNAS - Centrais
Especial de Políticas 7851-4055
9303-2164 seppir.ouvidoria@planalto.gov.br Elétricas S.A
25285452 angel@furnas.com.br
de Promoção da
3411-3695
Igualdade Racial
(61)
Empresa Brasileira de 3799-5200
EMPRESAS PÚBLICAS Comunicação S/A (EBC) 3799-5243
ouvidoria@radiobras.gov.br
3799-5244
Empresa de Correios (61)3426-2591 cx.postalderat@correios.com.br
e Telégrafos (ECT) 0800789001
(21)
BR Petrobras
Empresa Brasileira de
(61) 9505-7782
Distribuidora S.A.
9983-9579 ouvidoria@sede.embrapa.br 3876-4313
Pesquisa Agropecuária ouvidoria@br.com.br
3448-4199 3876-2106
(EMBRAPA) 3348-4081
(21)
Empresa Brasileira de 08007271234 9605-9900
PETROBRAS Petróleo
InfraEstrutura Aero- (61)9915-962 francisco_primo@ouvidoria.gov.br 3224-8357
Brasileiro S.A.
portuária (INFRAERO) 53312-3333 3224-1025
ouvidoria@petrobras.com.br
3234 / 3312 3224-6666

Serviço Federal (11) Porto de Santos (13)


de Processamento de 9617-3833 ouvidoria.interna@serpro.gov.br Companhia Docas 7804-3474
2173-1007 do Estado de São 3202-6436
Dados (SERPRO) ouvidor@portodesantos.com.br
9617-3833 Paulo (CODESP) 3202-6565

Centrais Elétricas Bra- (21)


Companhia de Pesquisa
sileiras S/A (ELETROBRÁS)
9974-8573 ouvidoria@eletrobras.com (21)
2514-5898 de Recursos Minerais 9981-5133
(CPRM)/ Serviço 2295-4697
ouvidoria@rj.cprm.gov.br
Eletrobrás (21) Geológico do Brasil
Termo Nuclear S/A 9824-3291
ouvidoria@eletronuclear.gov.br
(ELETRONUCLEAR) 2588-7115
2588-7652
08007295678
08006446139 (61)
Centrais Elétricas do Banco do Brasil S/A
(61) 9134-4750 ouvidoria@bb.com.br
Norte do Brasil S/A ouvidoria@eln.gov.br
9970-3455 3310-4959
(ELETRONORTE) 3429-6436 3310-4959
(48) (61)
Centrais Elétricas 9981-2605 9154-7700
ouvidoria@eletrosul.gov.br ouvidoriainterna@bb.com.br
S/A (ELETROSUL) 3231-7315 Banco do Brasil S/A
3310-4796
3231-7655 3310-4722

Empresa de Transporte (21) (21)


Marítimo e Dutos e 8502-4035 Banco Nacional de 7100-0248
3211-9091 ouvidoria@transpetro.com.br ouvidoria@bndes.gov.br
Terminais do Sistema da Desenvolvimento Eco- 2172-7613
Petrobrás (TRANSPETRO) 3211-7204 nômico e Social (BNDES) 2172-7441

111
EMPRESAS PÚBLICAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico


(65)
Caixa Econômica (61) Universidade Federal tb.scalone@terra.com.
9602-6444
Federal (CEF) 9555-3458 ouvidoria@caixa.gov.br brassessgr@cpd.ufmt.br
do Mato Grosso (UFMT) 3615-8540
3206-9838
8541/8543
(85) Universidade Federal ouvidor@ufpb.br
Banco do Nordeste (83)
86050120 ouvidoria@bnb.gov.br ouvidoria@ufpb.br
do Brasil (BNB) da Paraíba (UFPB) 3216-7729
3295-1933
Universidade Federal (84) ouvidor@reitoria.ufrn.br
(61) 9983-2720 ouvidoria@ufrn.br
do Rio grande do
Banco Central 9618-880 hjose@bcb.gov.brouvidoria@bcb. 3215-3883 carmen@ufrnet.br
7341-4209 norte (UFRN)
do Brasil (BACEN) gov.br
3341-4240 (48)
Universidade Federal de 9961-7582 ouvidor@ouvidoria.ufsc.br
INSTITUIÇÕES DE ENSINO Santa Catarina (UFSC) 3721-9555
3721-9711
Instituto Federal de (22)
9983-9915 (31)
Educação Tecnológica ouvidoria@iff.edu.br Universidade Federal
ouvidor@ufv.br
2726-2800 9376-5154
de Campos (IFF) de Viçosa (UFV) rediniz@ufu.com.br
2811/2829 3899-2987

(83) (62)
Centro Federal
3208-3014 direcaogeral@cefetpb.edu. Universidade Federal 9679-0073
de Educação Tecnológi- ouvidoria@reitoria.ufg.br
3208-3000 br de Goiás (UFG) 3521-1149
ca da Paraíba (CEFET/PB) cefetpb@cefet.edu.br 3521-1063
3208-3084
Centro Federal de Edu- (98) (31)
cação Tecnológica do santiago@cefet-ma.br Universidade Federal 8789-7212 reitor@ufmg.br
3218-9002
Maranhão (CEFET/MA) 3218-9001 de Minas Gerais (UFMG) 3409-6646 ouvidoria@reitoria.ufmg.br
4127/4125
Centro Federal De (37)
Educação Tecnológica 9942-0058 ouvidoria@cefetbambui.edu.br Universidade Federal (85)
(CEFET Bambuí/MG) 3431-4912 8776-0743 ouvidoria@ufc.br
do Ceará (UFCE)
3366-7339
(63)
Universidade Federal 8407-6112 (34)
reitor@uft.edu.br 8417-1383 ouvidoria@proreh.ufu.br
de Tocantins (UFT) 3232-8035 Fundação Universidade
3232-8012 Federal de Uberlândia 3239-4074 ouvidoria@reito.ufu.br
(UFU) 3210-5643
(63) 3218-2100
Fundação Universidade unitins@unitins.br
do Tocantins 9994-9495 reitor@unitins.br
3218-2939 (11)
Universidade Federal
9222-7783 reitoria@epm.br
de São Paulo (UNIFESP)
Universidade Federal (27) 5575-6230
do Espírito Santo (UFES) 9993-9599 ouvidor@npd.ufes.br
3335-2209 (21)
Universidade Federal
8868-2774 gabinete@ufrrj.br
Rural do Rio de janeiro r.mottam@ufrrj.br
2682-1090
(32) (UFRRJ) 2682-1080
Universidade Federal
3211-0131 ouvidoria@ufjf.edu.br
de Juiz de Fora (UFJF) Fundação Universidade
3229-3380
(31)
3229-3381 Federal de Ouro Preto reitoria@ufop.br
3559-1240
(UFOP)

112
INSTITUIÇÕES DE ENSINO INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico


(81)
(21) Universidade Federal 9491-2333
7556-0000 gabinete@npd.ufpe.br
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 2126-8001
7627-6678 reitor@gar.uff.br reitor@ufpe.br
Fluminense (UFF) 2126-8002
2629-5205
2629-5206
Fundação Universidade (96)
Fundação Universidade
9121-4715
(67) Federal do Amapá reitor@unifap.br
3312-1706
Federal do Mato Grosso 9985-1460 ouvidoria@nin.ufms.br (UNIFAP)
1701 / 1703
do Sul (UFMS) 3345-7010
(79)
(61)
9978-4481
Fundação Universidade 9975-9365 unb@unb.br Fundação Universidade reitor@ufs.br
2105-6484
de BrasíliA (UnB) 3307-2600 caubetc@unb.br Federal de Sergipe (UFS) 2105-6471
3307-2210
2105-6873
(68)
Fundação Universidade (86)
9984-4588 reitoria@ufac.br Fundação Universidade ufpinet@ufpi.br
Federal do Acre (UFAC) 9442-1770
3229-5734 Federal do Piauí (UFPI)
3215-5511
(92)
Universidade Federal (91)
9132-8737 gabinete@ufam.edu.br Universidade Federal
do Amazonas (UFAM) 8272-1001
3305-4513 reitoriaonline@ufam.edu.br ouvidoria@ufpa.br
do Pará (UFPA) 3201-7649
3305-4567
3201-7579
(91)
Universidade Federal Universidade Federal (41)
9987-9178 reitoria@ufra.edu.br ouvidoriageral@ufpr.br
9192-1473
Rural da Amazônia 3210-5166 sueo.numazawa@gmail.com do Paraná (UFPR)
3310-2734
(UFRA) 3274-3493
(16)
(69) Fundação Universidade
9961-7582
Universidade Federal 8401-6524 Federal de São Carlos reitor@power.ufscar.br
3351-8101
de Rondônia (UNIR) 2182-2170 reitor@unir.br (UFSCar) 3351-8168
2182-2020
(21)
(95)
Universidade do Rio 8762-6412
Universidade Federal 8123-3754 reitora@unirio.br
de Janeiro (UNIRIO) 2542-7350
3621-3102 ouvidoria@ufrr.br
de Roraima (UFRR) 2542-7351
3621-3109
(21)
(82)
9966-9551
Universidade Federal 9921-0100 gr@reitoria.ufal.br Universidade Federal 9388-2026
de Alagoas (UFAL) 3214-1049 do Rio de Janeiro (UFRJ) ouvidoria@ufrj.br
8764-0200
3214-1048
2598-1619
2598-1620
(71)
Universidade Federal 9962-2463
(35)
3283-7045 reitor@ufba.br
da Bahia (UFBA) Universidade Federal 9986-1913
3263-7072 reitoria@unifei.edu.br
de Itajubá (UNIFEI) 3629-1101
(98) 1107 / 1108
Fundação Universidade 8119-9166
Federal do Maranhão fernandoramos@ufma.br
3301-8003
(UFMA) 3301-8004

113
INSTITUIÇÕES DE ENSINO Hospitais

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico

(81) (11)
Universidade Federal
8716-3060 reitoria@reitoria.ufrpe.br HOSPITAL SÃO 9697-0313
Rural de Pernambuco 3320-6010 ouvidoria@reitoria.ufrpe.br ouvidoria@dhsp.epm.br
PAULO (Unifesp) 5576-4576
(UFRPE) 3320-6001 5576-4036
(83) Hospital das Clínicas (81)
Universidade Federal de
9133-5496 reitoria@reitoria.ufcg.edu.br da Universidade Fede- 8812-3342 ouvidoriahc@ufpe.br
Campina Grande (UFCG) 2101-1585 ouvidoria@ufcg.edu.br ral de PErnambuco 126-3645
(35) (21)
Universidade Federal 9161-5948 reitoria@ufla.br 7869-3994
de Lavras (UFLA) 3829-1502 falecon@ouvidoria.br HOSPITAL Universitário 2562-6005
3829-1085 8137-9148 ouvidoria@hucff.ufrj.br
Clementino Fraga Filho
2562-2366
Fundação Universidade (32) 2562-2365
Federal de São João Del 9981-1544 reitoria@ufsj.edu.br
Rei (UFSJ)
3379-2340 (21)
/ 2341 HOSPITAL Geral 9621-0756 ouvidoria_hgb@hgb.rj.saude.gov.br
3977-9571 asc@hgb.rjsaude.gov.br
Fundação Universidade de Bonsucesso
(53) 3977-9572
Federal do Rio Grande 8407-8040 reitoria@furg.br
(FURG) 3233-6730 (21)
HOSPITAL Universitário 9830-6040
(51) Antônio Pedro 2629-9238 ouvidoria@huap.uff.br;
Universidade Federal
8493-6195 anabraga@ouvidoria.ufrgs.br 2629-9007
do Rio Grande do Sul 9127-3822
(UFRGS) 3308-4944 (51)
Hospital de Clínicas 9805-6076
(53) reitor@ufpel.edu.br de Porto Alegre 3359-8100 ouvidoria@hcpa.ufrgs.br
Universidade Federal
8116-2552 3359-8098
de Pelotas (UFPEL)
3921-1401
(41)
(55) Hospital das Clínicas 8837-3499 ouvidoria@hc.ufpr.br
Universidade Federal 9626-2710 ouvidoria@smail.usfsm.br 3360-1859
de Santa Maria (UFSM) 3220-9655
3220-9625 (61)
Hospital Universitário ouvidoria_hub@unb.br
8447-6721
Fundação Universidade (87) de Brasília
3448-5564
Federal do Vale do São 9101-7377 ouvidoria@univasf.edu.br
Francisco (UNIVASF) 3862-9073 (21)
Hospital Escola São 9218-0895
(11) 3184-4405 ouvidoria@hesfa.ufrj.br
Francisco de Assis
Universidade Federal 9323-3689 3184-4400
do ABC (UFABC) 4437-8494 reitoria@ufabc.edu.br 3184-4444
4437-8400
Hospital Universitário (91)
8717-6303 ouvidoriahujbb@ufpa.br
João de Barros Barreto ferreirajosemiguel@yahoo.com.br
3201-6750

Hospital Universitário
(92)
8220-3047 hufm_ouvidoria@ufam.edu.br
Francisca Mendes
2123-2907 maiaicd@gmail.com

(91)
Hospital Universitário 8105-4339 ouvidoriahubfs@ufpa.br
Bettina Ferro de Sousa 3201-7828 auxilia@ufpa.br
3201-7283

114
Hospitais CONSELHOS REGIONAIS

Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico Sigla/Órgão Telefone Endereço Eletrônico

(62) Conselho Regional (85)


8197-0538 de Engenharia, 9994-633 ouvidoria@creace.org.br
Hospital de Clínicas 3269-8264 ouvidoriahc@hotmail.com Arquitetura e 23453-58520 nazare@creace.org.br
3269-8400 Agronomia (CREA/CE) 8009741400
3269-9399
Conselho Regional (92)
(65) de Engenharia, 9142-4975
9989-6340 2125-7100 ouvidoria@crea-am.org.br
Hospital Universitário ouvidoria@hujm.ufmt.br Arquitetura e
3615-7200 2125-7111
Júlio Müller Agronomia (CREA/AM)
3615-7205 2125-7126
3615-7394
Conselho Regional
(84)
(55) de Engenharia, ouvidoria@crea-rn.org.br
Hospital Universitário
ouvidoriahusm@hotmail.com 9955-0387
9959-0501 Arquitetura e ueneliosilva@crea-rn.org.br
de Santa Maria ouvidoirahusm@smail.ufsm.br 4006-7206
3220-9519 Agronomia (CREA/RN)

Instituto de Puericultu- (48)


(21) Conselho Regional
ra e Pediatria Martagão ouvidoria@ippmg.ufrj.br 8419-7845
2562-6100 de Engenharia, 3331-2037 ouvidoria@crea-sc.org.br
Gesteira Arquitetura e 3331-2038
Agronomia (CREA/SC) 0800481166
Hospital Universitário (32)
(Unidade Santa 4009-5187 Humanização.ouvidoria@ufjf.edu Conselho Regional
Catarina (91)
de Engenharia, 9162-9291 ouvidoria@creapa.com.br
(34) Arquitetura e 4006-5527
Hospital de Clínicas
9977-3553 ouvidoria@hc.ufu.br Agronomia (CREA/PA) 40065553
da Universitário
3218-2635
de Uberlândia
Conselho Regional
de Engenharia, (67)
CONSELHOS REGIONAIS 9147-3846 ouvidoria@crea.ms.org.br
Arquitetura e
3368-1044
Agronomia (CREA/MS)
Conselho Regional (61)
de Engenharia, 8102-4871 (11)
Arquitetura e 3223-1793 ouvidoria@creadf.org.br Conselho Regional 9800-8268
3961-2800 de Engenharia e 3095-6519 ouvidoria@creasp.org.br
Agronomia (CREA/DF)
3961-2846 Arquitetura (CREA/SP) 6438 / 6539
0800171811
Conselho Regional (31)
de Engenharia, 3299-8760 (51)
Arquitetura e 3299-8858 ouvidoria@crea-mg.com.br Conselho Regional 9314-3043
Agronomia (CREA/MG) 08002830273 de Engenharia e 3320-2100 ouvidoria@crea-rs.org.br
Arquitetura (CREA/RS) 2226 / 2227
08006442100
Conselho Regional
(21)
de Engenharia, ouvidoria@crea-rj.org.br Conselho Regional
2762-2011 (41)
Arquitetura e 2779-2012 de Engenharia, 8435-6871
Agronomia (CREA/RJ) Arquitetura e 3350-6810 ouvidoria@crea-pr.org.br
Agronomia (CREA/PR) 08006470067
Conselho Regional (62)
9925-1395
de Engenharia, ouvidoria@crea-go.org.br
3221-6297
Arquitetura e 3221-6200 Conselho Regional (69)
Agronomia (CREA/GO) de Engenharia, 8118-0305
ouvidoria@crearo.org.br
Arquitetura e 3224-2313
Conselho Regional Agronomia (CREA/RO) 2181-1077
de Engenharia, (65)
Arquitetura e 3315-300 ouvidoria@crea-mt.org.br
Conselho Federal
03041/3041 (61)
Agronomia (CREA/MT) de Engenharia, 9297-4526
Arquitetura e 3348-3744 interativa@confea.org.br
Agronomia (CONFEA) 3780 / 3740

115
Documentos de Referência Artigos publicados:

1) Publicações da Secretaria-Geral da Presidência – • Mudando o País – publicado em dez jornais brasileiros,


disponíveis no sítio www.secretariageral.gov.br o artigo do ministro-chefe da Secretaria-Geral da
Presidência da República, Luiz Dulci, ressalta os
• Jornal Participação Social (dezembro/2005); resultados positivos detectados pela Pesquisa Nacional
• Encontro com o Mercosul (2005); por Amostra de Domicílios (PNAD).
• Revista Prêmio ODM Brasil 1ª edição (2005); • Paz, produção e qualidade de vida no campo – artigo dos
• Jornal Participação Social em espanhol (janeiro/2006); ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral) e Miguel Rosseto
• Encontro com o Mercosul (2006); (Desenvolvimento Agrário) publicado no jornal Folha de
• Jornal Participação Social (março/2006); S. Paulo, de 31 de maio de 2005, e que trata do acordo
• Cúpula Social do Mercosul – Declaração Final/ versão firmado entre o Governo Federal e o MST durante a
português e espanhol (2006) Marcha Nacional em Defesa da Reforma Agrária.
• Jornal Participação Social (abril/2006); • Participação e Mudança Social – publicado no jornal
• Jornal Participação Social (maio/2006); Folha de S. Paulo em 18 de dezembro de 2005, o
• Mercosul Social e Participativo – Construindo o artigo do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da
Mercosul dos Povos com Democracia e Cidadania República, Luiz Dulci, ressalta o frutífero diálogo entre a
(2007); sociedade civil e o governo do presidente Lula.
• Revista Prêmio ODM Brasil 2ª edição (2007); • Novo capítulo – artigo dos ministros Luiz Dulci
• Encontro com o Mercosul (2008); (Secretaria-Geral) e Celso Amorim (Relações Exteriores)
• Educação para a Paz e Direitos Humanos (2008); publicado no jornal O Globo, de 17 de novembro
• Jornal Participação Social/versões em português e de 2008, que trata do Programa Mercosul Social e
espanhol (janeiro/2009); Participativo, um foro permanente de diálogo entre
• Jornal Participação Social (dezembro/2009). governo e sociedade civil.
• Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições • O desafio é construir uma nova ordem – artigo publicado
de Trabalho na Cana-de-Açúcar /versão em português, no jornal O Globo em 29 de janeiro de 2009, o ministro
espanhol e inglês (2009). da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz
• Mercosul Social e Participativo – Construindo o Dulci, trata da 9º edição do Fórum Social Mundial e sua
Mercosul dos Povos com Democracia e Cidadania relação com a crise internacional.
(2010).
• Revista Prêmio ODM Brasil 3ª edição (2010); Entrevistas:
• Kit ODM 3ª edição (2010).
• Conselhos Nacionais: Agenda trimestral 2010 maio/ • 26/12/2002 - Estado de Minas - O governo Lula terá a
junho/julho (2010). marca da pluralidade.
• 12/01/2003 - Folha de S. Paulo - Gestão Lula é de
centro-esquerda, diz Dulci.
• 22/01/2003 - Revista IstoÉ - Linha direta com o povo.

116
• Jan/2003 - Revista Encontro - Mais um Luiz em • Módulo 3 – Sobre o processo e o projeto de pesquisa na
Brasília. elaboração das monografias
• Jan/Fev 2003 - Revista Teoria e Debate - Mudança • Módulo 4 – Sociedade Civil e participação
desde o início. • Módulo 5 – Cidadania e a luta por direitos humanos,
• 28/09/2003 - El Periodista - El crecer com igualdad de sociais, econômicos, culturais e ambientais
Lula. • Monografias apresentadas pelos alunos para obtenção
• 21/10/2003 - Site Novae.inf.br - Luiz Dulci e o Brasil do título de especialista em Democracia, República e
na ONU. Movimentos Sociais.
• 27/10/2003 - Bom Dia Brasil - Novembro/2003
• Dez/Jan 2003/04 - Revista Teoria e Debate - Um ano de 3) Pesquisa sobre as Conferências Nacionais realizada
reconstrução. pelo Ministério da Justiça em parceria com o Instituto
• 26/04/2004 - Revista Época - Esquerda no poder. Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj)
• 26/04/2004 - Correio da Cidadania - Luiz Dulci: 2004
está pronto para retomar agenda de desenvolvimento. Relatório da pesquisa “Entre Representação e Participação: As
• Jun/Jul/2005 - Revista Fórum Democrático. Conferências Nacionais e o Experimentalismo Democrático
• 07/08/2006 - Portal Vermelho/Folha de S. Paulo Brasileiro”.
- Dulci: Opção é entre projeto Lula e volta ao
neoliberalismo. 4) Sugestão de Leituras
• Ago/Set 2006 - Revista Fórum Democrático - Um
balanço do governo Lula. AVRITZER, Leonardo. A moralidade da democracia. Belo
• Nov/Dez 2006 - Revista Teoria e Debate - Escola e Horizonte: Editora Perspectiva e Editora da UFMG, 1996.
Trabalho para os jovens.
• 29/03/2008 - Revista Brasília em Dia - Um pensador. ---------------------------. Teoria democrática e deliberação
• Jul/Ago/2010 - Revista Teoria e Debate - A pública. In: Lua Nova. São Paulo, n 49, pp 25-46, 2000.
democratização das decisões.
2) Materiais produzidos pela Secretaria-Geral e pela --------------------------------.Teoria Democrática e Deliberação
Universidade Federal de Minas Gerais para o Programa Pública em Habermas e Rawls. www.bibliotecavirtual.clacso.
de Formação de Conselheiros Nacionais – disponíveis no org.ar/libros/anpocs00/.../00gt1912.doc
sítio: www.ufmg.br/conselheirosnacionais ---------------------------; COSTA, Sergio. Teoria Crítica,
democracia e esfera pública: concepções e usos na América
• Curso de Atualização – Democracia, república e Latina. Dados, 2004, vol.47, p. 703- 728
participação.
• Manual do Aluno – Democracia participativa, república BENEVIDES, Maria Victória de M. A cidadania ativa;
e movimentos sociais. referendo, plebiscito e iniciativa popular. São Paulo: Ática,
• Módulo 1 – Democracia, república e participação. 1991.
• Módulo 2 – Instituições políticas, participação e
processos de globalização BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia – Uma defesa

117
das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS
APLICADAS. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
CASTRO, Maria Céres P. S. CASTRO, Marina Pimenta - Relatório Nacional de Acompanhamento. Brasília: IPEA,
Spínola. Media, Popular Participation and Democracy – Ipea, 2010. p. 22
the brazilian case. Estockholm: Congress of International
Association on Media and Communication Research, 2008. SANTOS, Boaventura de Sousa. Democratizar a
Mimeo. democracia – os caminhos da democracia participativa. Porto:
Afrontamento, 2003.
CASTRO, Marina P.S. Pobreza, Cidadania e Direitos
Humanos no Brasil – Um estudo sobre mídia e democracia. SILVA, Enid Rocha Andrade. Avanços e desafios da
Brasília: Universidade de Brasília. Dissertação de Mestrado, participação social na esfera pública federal brasileira. In:
2006a. Brasil em Desenvolvimento – Estado, Planejamento e
Políticas Públicas. Brasília: Ipea, 2009.
DAGNINO, Evelina. (org.). (2002b), Sociedade Civil e
Espaços Públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

DULCI, Luiz. Participação e Mudança Social no Governo


Lula. in: Brasil entre o Passado e o Futuro. São Paulo:
Fundação Perseu Abramo: Boitempo, 2010. p. 133 a 152.

118
119
Esta obra foi impressa na Serrana Gráfica e Editora
Quadra 08, bloco 02, lote 04, loja 01 - Sobradinho. 73005-080
Brasília, abril de 2011
Secretaria-Geral da
Presidência da República

Você também pode gostar