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Sobre o grupo Galpão de teatro

O Grupo Galpão, formado por doze atores, está sediado na cidade de Belo
Horizonte (MG), já percorreu o território brasileiro, de norte a sul, tendo se
apresentado em festivais em países da América Latina, do Norte e Europa

O Galpão é uma das mais importantes companhias de teatro brasileiras em atuação.


Fundado em 1982, a partir de uma reunião de atores que realizavam uma oficina de
teatro, é responsável pela encenação de diversos espetáculos teatrais que foram
assistidos por mais de 1,8 milhão de espectadores em vários países!

Seus fundadores contam que a ideia de se “organizarem juridicamente e estruturalmente


como um grupo, a fim de desenvolver um trabalho de longo prazo e manter-se
econômica e profissionalmente”, surgiu, despretensiosamente em um bar, antes de um
ensaio para a encenação de uma peça de final de curso.

Todos os números do Galpão são impressionantes, especialmente se levarmos em conta


que se trata de uma companhia que, ainda que localizada na região sudeste, não está no
denominado eixo econômico e cultural Rio-São Paulo e tão pouco é formada por artistas
presentes na grande mídia. Já foram encenados pelos artistas do Galpão, ao longo de
sua história, 24 espetáculos, em 18 países, totalizando mais de 4 mil apresentações. De
acordo com o sítio da companhia na internet, somam mais de 700 as cidades onde
tiveram a oportunidade de levar seus espetáculos.

Os quase 40 anos de existência do Galpão nem sempre foram “flores”. O começo da


companhia foi difícil, marcado por muito trabalho e pouco dinheiro – “condição que
ameaçava constantemente a estabilidade do grupo e a perseverança em manter-se
fazendo teatro e vivendo exclusivamente dele.”

Com os espetáculos Ó pro cê vê na ponta do pé (1984-1991) e A comédia da esposa


muda (1986-1993) o Galpão ganha Minas Gerais, participa de festivais, ultrapassa os
limites das Minas Gerais e descobre “o desejo de digerir a própria realidade e se tornar
seu representante”.

Em 1987, estreou Foi por Amor, que inaugurava o que denominaram ‘a série brasileira’,
fase em que o Galpão se dedicou a realizar workshops e a estudar textos acerca da
realidade brasileira. Nesse mesmo ano, o grupo intensificou as aulas de iniciação musical,
acrobacia, improvisações, corpo e teatralização de objetos e adquiriu a “Esmeralda”, a
velha Veraneio [automóvel], que se tornaria nacionalmente conhecida, cinco anos mais
tarde, com a célebre montagem de “Romeu e Julieta” de Willian Shakespeare.

Em 1989, após ao retornar de uma longa excursão pela Itália, onde tiveram a
oportunidade de se encontrar com importantes encenadores contemporâneos como
Jerzy Grotowski e Peter Brook, o grupo “decidiu criar estruturas mais sólidas e
permanentes, organizando arquivos e documentos e, sobretudo, se fixando numa sede
própria. Com recursos próprios adquiriram um antigo depósito de madeira, em um
bairro tipicamente residencial de Belo Horizonte, o Sagrada Família, e ali, na Rua
Pitangui, no 3.413, se estabeleceram”.

Segundo seus fundadores, a história do Galpão, até este momento, “foi um processo
lento, fervido em banho-maria, e cujos frutos só puderam ser colhidos depois de um
intenso trabalho de semeadura e irrigação”.

Em 1991, o diretor Gabriel Vilela propõe ao grupo a montagem de “Romeu e Julieta” que
é encenada de 1992 até 2013, com 303 apresentações! É considerado um marco na
trajetória do Galpão e um dos espetáculos mais significativos do teatro brasileiro na
década de 1990, maior sucesso de público e crítica das montagens do grupo. Em cena
podia-se ver a “Esmeralda” (automóvel Veranaio adquirida anos antes pelo grupo) como
elemento cenográfico central da montagem.

A montagem de Romeu e Julieta do Galpão teve duas temporadas de grande sucesso no


Globe Theatre, em Londres – Inglaterra, terra natal e teatro de Shakespeare. [ao final da
página colocamos um link para uma visita virtual ao Globe Theatre – não é o teatro
original, mas uma reconstrução. O edifício original foi demolido em 1644].

As metas do Galpão vão além de suas próprias produções, por esse motivo realiza o
Festival de Teatro Internacional (FESTIN), em 1990 e 1992 e o Festival Internacional de
Teatro de Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT), em 1994. O projeto se tornou um grande
sucesso, mantendo-se até hoje, com periodicidade bienal, da Fundação Municipal de
Cultura.

Celebrando o aniversário de quinze anos o Galpão aluga o prédio de um antigo cinema


desativado, na mesma rua onde se localizava sua sede, e ali instala o Galpão Cine Horto
(1998), um centro cultural de criação, formação, pesquisa e intercâmbio, aberto aos
artistas e à comunidade.

Sucedem-se uma série de outros espetáculos teatrais como “Rua da Amargura”, Um


Moliére Imaginário, Partido; Gigantes da Montanha; e Outros onde a companhia exercita
sua pesquisa em teatro.

Sem fórmulas e sem métodos definidos, o Galpão sempre pautou sua prática por um
teatro de grupo, que não só monta espetáculos, mas que se propõe também a uma
permanente reflexão sobre a ética do ator e do teatro, inserido em um amplo universo
social e cultural.

Vejam que incrível a história do Galpão: ao invés de um centro cultural abrigar uma
companhia de teatro é um grupo de teatro que cria e mantém um centro cultural: o
Galpão Cine Horto. Espaço cultural aberto à comunidade, comprometido com a pesquisa,
a formação, o fomento e o estímulo à criação que privilegiam a reflexão sobre o fazer
artístico e proporcionem o aperfeiçoamento de artistas e agentes culturais.

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