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A História do Teatro Musical:

Seus elementos culturais, políticos, históricos e


problemáticas.

O teatro musical é uma forma de arte que une em sua performance dança,
canto e a atuação. Um espetáculo que une suas músicas com diálogos falados
e que teve suas características evoluídas ao longo dos anos. Não se pode ao
certo dizer quando começou o teatro musical, porém temos suas primeiras
formas desde a Grécia Antiga quando a peças tinha musicas e cantos para
adoração aos deuses, há quem acredita que a partir desse período surgiu o
musical, outro possível começo esse já com uma estrutura mais próxima do
que conhecemos foram as apresentações dramáticas com música conhecida
como, Óperas com seu diálogos cantados e acompanhados de instrumentos
nasceu assim o que depois mais simplificado seria o teatro musical.

Uma das primeiras obras que se tem ideia de ser um musical é uma burletta
chamada “The Beggar’s Opera” (A Ópera do Mendigo) foi composta em 1728
por John Gay na Inglaterra. Mas são as operettas francesas e as vienenses do
século XVIII que podem ser consideradas uma das raízes do Teatro musical.
Porém somente no século XIX que a América começou a desenvolver seus
musicais, na década de 1920 a primeira produção que reunia as características
de musical como nós conhecemos hoje – uma completa integração entre
enredo e partitura – foi Show Boat, que teve adaptações em outras mídias
depois, já na década de 1930 devido ao sucesso que foi Show Boat vieram
outros musicais que anteciparam a era de ouro (década de 1940 a 1960).

A era dourada dos musicais iniciou-se com Oklahoma! em 1943 e terminou


com Hair em 1968. Desafiando a convenção dos musicais ao colocar em seu
primeiro ato em vez de coro de garotas, uma mulher numa batedeira de
manteiga, com uma voz fora do palco cantando as primeiras linhas de Oh,
What a Beautiful Morning (oh, é uma bela manhã). Este foi o primeiro
“blockbuster” dos shows na Broadway, nessa época as apresentações se
tornaram cada vez mais grandiosas e musicais famosos como Carousel (1945),
My Fair Lady(1956), West Side Story (1957), The Sound of Music em 1959
(conhecido como A Noviça Rebelde sendo feito até hoje internacionalmente).
Os musicais começaram a divergir da sua relativa restrito confinamento na
década de 1950. Rock foi usado em diversos musicais da Broadway, talvez o
mais importante deles Hair, que apresentou não apenas o rock, mas também o
nudismo e controversas opiniões sobre a guerra do Vietnam. Outros
importantes musicais com rock da década de 1960 e 1970 incluem Jesus Christ
Superstar, Godspell, e Two Gentlemen of Verona. Os musicais também
mudaram para outra direção. Shows como Raisin, Dreamgirls, Purlie, e The
Wiz trouxeram uma significante influência africana à Broadway. Mais e mais
diferentes géneros musicais foram introduzidos aos musicais dentro ou fora da
Broadway (Off-Broadway). Vale citar o caso de Grease, uma peça criada fora
da Broadway, mas que teve e possui até hoje um enorme sucesso no mundo.
Depois do grande sucesso dos musicais chegamos à globalização dos mesmo
e à divulgação do teatro musical que é encenado em diversos países e
adaptado em diversos idiomas.

O período é marcado pelo suporte dos estúdios da Walt Disney, DreamWorks e


Universal Studios que realizam curtas metragens animados para captar um
público mais jovem e fidelizar os adultos. É o caso de A Bela e a Fera (1994),
O Rei Leão (1997), Aladdin (2004) e A Pequena Sereia (2008), que seriam
feitos peças teatrais baseadas nas obras.

São os conhecidos blockbusters teatrais, onde uma peça é encenada em


diversos locais, mas que passa por uma adaptação, segundo a perspectiva
cultural e os costumes do público espectador. Um exemplo usual é O
Fantasma da Ópera, uma obra que tem sua estreia em Londres, em 1986, e na
Broadway, em 1988. Ela ainda permanece em cartaz atualmente e possui
diversas montagens ao redor do mundo, com uma versão cinematográfica com
a voz de Sarah Brightmam e a familiar música Music Of The Night, que já foi
gravada por inúmeros artistas e em diferentes idiomas.

Contudo, a partir de 2000 é o cinema que passa a inspirar e a influenciar o


teatro musical e não mais o contrário, como Hairspray (2002) e Billy Elliot
(2005). Entramos agora nos chamados juke-boxes musicais. São espetáculos
criados sem uma narrativa ao certo, mas que misturam músicas (em geral que
vêm do rock) e cantores já conhecidos pelos jovens e adultos, com o intuito de
tornar essas peças mais comerciais.

Infelizmente, essas produções não costumam ficar em cartaz por muito tempo,
exceto Mamma Mia! que uniu o fio condutor do filme Buena Sera de Mrs.
Campbell com as músicas do grupo ABBA e que é um enorme sucesso com
mais de 6 mil encenações.

Acredito que vale lembrar que essa “onda” não exclui o fato de que ainda
existem, sim, novas e originais histórias para o teatro musical. Wicked, criado
por Stephen Schwartz, é um filme musical que conta a história da chegada de
Dorothy ao país de Oz e que depois foi trazido à Broadway (2003) e não o
inverso.
Musicais começam então a trazer elementos modernos para suas
apresentações como, por exemplo, Spring Awakening ou Despertar da
Primavera que tem sua versão musical baseada em uma peça de 1891, suas
versões recentes tem elementos atuais respeitando a base da história,
inclusive sua adaptação brasileira teve já algumas exibições ao longo dos anos
sendo a ultima em 2019.

Outro musical que brinca com a Modernidade X O Antigo é Hamilton de Lin-


Manuel Miranda sobre a vida do pai-fundador americano Alexander Hamilton, o
musical conta com elementos de rap e outros estilos modernos para contar
uma história antiga, esse musical inclusive foi gravado para exibição em
streamings digitais, que agora com a tecnologia ajuda no acesso maior ao
teatro musical (alguns são gravados para exibições em outros formatos) assim
democratizando o acesso as apresentações e performances.

Falando um pouco agora do cenário nacional, o teatro musical chega ao Brasil


no fim do século XIX com o “Teatro de Revista”, onde criou uma identidade
nacional para o que já se fazia nos palcos. Foi com esse teatro que foram
lançados grandes nomes nacionais como, por exemplo, Virginia Lane e
Carmem Verônica. Mesmo com influência francesa, o teatro de revista, trouxe
para o teatro brasileiro um caráter peculiar, que foi substituído pelo
internacional, a Broadway e o West End, em meados dos anos 60.

Como primeira adaptação da Broadway no Brasil temos o que foi o musical


Minha querida Lady (My Fair Lady) protagonizada por Bibi Ferreira e Paulo
Autran. Nesse mesmo tempo, chegou ao Brasil, musicais politicamente
engajados, de Chico Buarque, como Gota d’Água e Ópera do Malandro. Mas
apenas nas décadas de 80 e 90 que o musical realmente entrou no Brasil, com
o espetáculo As Malvadas (Oklahoma!), e ate hoje continuam aparecendo
grandes obras, como Hair, As Bruxas de Eastwick (The Witches of Eastwick),
Mamma Mia, O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera), entre outras.

A pesquisadora Neyde Veneziano assim resume a importância do teatro de


revista brasileiro: "Ao se falar em teatro de revista, que nos venham as idéias
de vedetes, de bananas, de tropicália, de irreverência e, principalmente, de
humor e de música, muita música. Mas que venha também a consciência de
um teatro que contribuiu para a nossa descolonização cultural, que fixou
nossos tipos, nossos costumes, nosso modo genuíno do 'falar à brasileira'.
Pode-se dizer, sem muito exagero, que a revista foi o prisma em que se
refletiram as nossas formas de divertimento, a música, a dança, o carnaval, a
folia, integrando-os com os gostos e os costumes de toda uma sociedade bem
como as várias faces do anedotário nacional combinadas ao (antigo) sonho
popular de que Deus é brasileiro e de que o Brasil é o melhor país que há.”.
Mas não são apenas musicais internacionais que o Brasil remonta, existem
também musicais brasileiros, como o que conta a vida de um dos grandes
nomes da MPB, Tim Maia, no musical “Tim Maia, Vale Tudo, O Musical” que
com músicas escritas pelo cantor, conta a trajetória de sua vida, desde seus
primeiros anos de vida com a família ate sua morte. Outro musical brasileiro é
“Elis Regina, o Musical” que conta a vida da cantora.

Temos também o elemento ´´cultura brasileira`` em nossas apresentações


musicais como Romeu e Julieta, o clássico de Shakespeare ganhou versão
musical embalada por 25 canções do repertório de Marisa Monte e grande
partes de nossas adaptações de musicais da Broadway além de conter a
versão brasileira de musicas famosas, temos falas e alívios cômicos adaptados
para apresentações brasileiras. Um dos mais conhecidos no meio musical
brasileiro é a dupla Charles Möeller e Claudio Botelho que fizeram a maioria
das adaptações brasileiras. Miguel Falabella que é um dos diretores mais
populares de teatro musical e também investe bastante no gênero.

Voltando as origens mencionadas no começo temos aqui uma grande evolução


da Ópera para o cenário atual, vale ressaltar e abrir para debate a elitização
desse gênero teatral desde sua origem.

A pouca acessibilidade seja pelo preço, seja a centralização de grandes


espetáculos ( no Brasil somente nos estados Rio de Janeiro e São Paulo
realizam a maioria das apresentações) e como essa glamourização vem desde
das operettas do começo que era feito mais para camadas da burguesia,
fazendo com que o teatro musical tenha seu foco maior para a elite. A
mudança seria que com a internet e redes sociais criou-se a popularização do
gênero que tornou o acesso a esses espetáculos mais aberto para todos.

O crescente escala (e custos) dos musicais levaram alguns a se preocuparem


se os musicais estavam evitando substancia em favor do estilo. Muitos autores
criarem pequenos musicais os tópicos variam como a gama de músicas
utilizadas, mas geralmente eles são produzidos fora da Broadway e
apresentam elencos muito pequenos (e custos mais baixos ainda).

E com isso podemos ver que o teatro musical sempre foi uma forma de arte
que a população procurou e ao longo dos tempos precisou sofrer algumas
mudança à medida que o tempo foi passando para poder acompanhar o
público e as mudanças sociais, econômicas e de época que ocorreram com o
passar dos anos (vemos essa mudança no cenário nacional e internacional).
Vale ressaltar que a Broadway atual não é a mesma desde o seu início. No
entanto, o que podemos ver é que as inovações de grandes e diferentes
compositores, a evolução dos hábitos, o modo de vida da sociedade desde a
Primeira Guerra Mundial, assim como a visibilidade que os estúdios Hollywood
e da Walt Disney trouxeram, abriram a porta para esse gênero artístico e para
novas criações cinematográficas, tanto nos EUA como no resto do mundo.

La La Land, por exemplo, é um filme musical recente que com seu sucesso
além de manter vivo o teatro musical ainda conquista mais público para
conhecer esse estilo de espetáculo.

Concluímos então que por mais mágico e contagiante que o teatro musical
seja, ele ainda contém seus problemas e pontos a melhorar, porém não se
pode negar a energia e o poder que a combinação de música e teatro criam
nas pessoas, seu impacto é à anos algo inegável.

Referências bibliográficas:

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_teatro_musical_no_Bras
il
 https://blog.weplann.com.br/historia-broadway/
 https://sobremusical.wordpress.com/historia-do-teatro-musical-nos-
estados-unidos/
 https://en.wikipedia.org/wiki/Spring_Awakening_(musical)
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Hamilton_(musical)

 Perroux, Alain, La Comédie Musicale : Mode D’Emploi, L’Avant-Scène


Opéra, Paris, 2009
 Lempereur, Claire et Marjanian, Nathalie, Le spectacle vivant, Gallimard
Jeunesse, Paris, 2012
 Deutsch, C. Didier, Broadway: La comédie musicale américaine, Le
Castor Astral, New York, 2017

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