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PARTE 1

A música do Brasil se formou a partir da mistura de


elementos europeus, africanos e indígenas, trazidos
respectivamente por colonizadores portugueses, escravos
e pelos nativos que habitavam o chamado Novo Mundo.
Outras influências foram se somando ao longo da história,
estabelecendo uma enorme variedade de estilos musicais.
Você já se perguntou se na época do descobrimento do Brasil havia
música? O que será que os índios que por aqui viviam cantavam?
Será que eles tocavam algum instrumento? Como será que foi a
reação dos indígenas quando os primeiros portugueses chegaram
em suas “caravelas”, trazendo violas e outros instrumentos de
Portugal?
Os portugueses realmente se espantaram com a maneira de vestir
dos nativos e da maneira como eles faziam músicas: cantando,
dançando,tocando instrumentos (chocalhos, flautas, tambores).
Eram mais de 2 milhões.....e já faziam MÚSICA!!
Em 1549 chegam as primeiras missões de jesuítas portugueses no Brasil.
Além do catolicismo e dos princípios básicos de uma nova forma de
civilização, os padres passam a introduzir as noções elementares da
música européia aos índios e a apresentar seus instrumentos musicais,
num primeiro contato importante de fusão e influências na nascente
história da música brasileira.
Os negros foram trazidos escravos da África para trabalhar na lavoura de
algodão, tabaco e cana-de-açúcar. Até o final do período de tráfego de escravos,
em 1850, eles serão 3 milhões e meio no Brasil, trazendo suas músicas, danças,
idiomas, macumba e candomblé – criando a base primordial de uma nova
etapa fundamental na história inicial da música brasileira.
a cultura musical africana dos escravos negros é preservada e desenvolvida
através dos Quilombos. Surgem as primeiras novas formas de uma música afro-
brasileira, que desenvolveria o afoxé, jongo, lundu, maracatu, maxixe, samba e
outros gêneros futuros.
A colonização portuguesa introduz largamente outros
instrumentos europeus sofisticados como a flauta, violão,
cavaquinho, clarinete, violino, violoncelo, harpa, acordeon, piano,
bateria, triângulo e pandeiro. A partir dos rituais religiosos das
missões jesuítas nascem os primeiros cultos folclóricos populares
dos habitantes locais como o 'reisado' e o 'bumba-meu-boi'. A
música sacra, as melancólicas baladas e as modas portuguesas
contribuem para a formação da música brasileira.
Em 1750 Surge até então o mais importante gênero musical – a modinha –,
criado em Portugal, e responsável pelos aspectos melódicos e românticos na
música brasileira, de grande influência até a Nova República, no início do século
XIX. Era a música das cidades.
Por volta de 1750, ao mesmo tempo que foi criada a modinha como música
profana, se desenvolve a música sacra barroca brasileira e tem como um dos
maiores compositores José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita.

SALVE REGINA
Outra importante forma musical que consta em mais ou menos 1780 seu
primeiro registro escrito de referência é o LUNDU africano no Brasil – gênero
musical trazido dos escravos bantos do Congo e Angola –, e que seria
amplamente popularizado. O estilo de música é descrito como uma dança
lasciva com suas umbigadas. É um dos elementos embrionários de formação do
futuro samba. A partir do começo do século XIX, o lundu apresenta variantes
como o miudinho, a tirana tipo espanholada, o fado batido e a chula. Seu
apogeu vai do começo de 1800 à 1920, sendo o músico popular Xisto Bahia
(1841-1894) o mais importante compositor do gênero
De 1786 é o registro do primeiro grande desfile de carnaval, no Estado da
Guanabara, em comemoração ao casamento do Príncipe D. João (futuro D. João
VI) com a Princesa Carlota Joaquina. Nos dias 2 e 4 de fevereiro, o tenente
Antônio Francisco Soares prepara seis grandes carros alegóricos – Cavalhadas
Sérias, Baco, Cavalhadas Jocosas, Mouros, Júpiter e Vulcano – todos ricamente
desenhados e ornamentados com alguns deles soltando fogos e jorrando vinho
aos milhares de presentes. Os carros são puxados por cavalos e burros, com
muitos elementos de harmonia, comissão de frente, fantasias, alegorias e os
embrionários passistas. Mas, os desfiles de carnaval já eram conhecidos desde
meados do século XVII.
A vinda da família Real para o Brasil trouxe o desenvolvimento cultural da então colônia
portuguesa, e artistas começaram a florescer, sendo comuns as festas e saraus no meio
da elite.
Predominantemente clássica nos moldes europeus,eram as músicas destas festas,
enquanto que entre o povo, as músicas populares proliferaram, mas sem registros, e
acabavam por se perder.
Apenas as tradicionais modinhas cantadas por todos, inclusive crianças, permaneceram
através dos tempos.
Em 19 de março de 1870, na Itália, estréia no lendário Teatro Scala de Milão, a
obra máxima do maestro-compositor brasileiro paulista Carlos Gomes (1836-
1896) – a ópera O Guarani –, baseado na romance de José de Alencar. O
sucesso e impacto de O Guarani levou o compositor e maestro Giuseppi Verdi
ao comentário entusiasmado de que Carlos Gomes era de fato um "vero genio
musicale". Depois de encenada 12 vezes no Scala, a ópera percorre toda a
Europa com grande sucesso.
Em 1875 nos lendários cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro, nasce o
maxixe – a primeira dança de par e gênero musical moderno
genuinamente brasileiro. Ele surge da mistura do lundu com o
tango argentino, a habanera cubana e a polca. O maxixe com a
complexidade de seus passos: parafusos, quedas, saca-rolha,
balão, corta-capim, carrapeta (etc.), foi considerado tão
escandaloso e polêmico quanto o lundu há quase 100 anos atrás
pela extrema sensualidade de sua dança. Quando cantado
evidenciava –se a gíria carioca. Compositores brasileiros como
Chiquinha Gonzaga e Artur Azevedo e até um francês:Charles
Borel Clerc criaram maxixes para acompanhar as danças.
O declínio do Maxixe marcou a ascensão do samba, marchas,
ritmos sertanejos e nordestinos, boleros e outros ritmos que
marcaram a era do rádio brasileiro.
Em 1880 Surge o choro (chorinho), no Rio de Janeiro, através de pequenos grupos
instrumentais formados por modestos funcionários dos Correios e Telégrafos, da
Alfândega e da Estrada de Ferro Central do Brasil, que se reúnem nos subúrbios
cariocas com suas flautas, cavaquinhos e violões. A mágoa e a nostalgia deram o
nome ao gênero, sendo a improvisação sua condição básica. No começo da
República, outros instrumentos seriam incorporados. As festas das quais os chorões
participavam já eram chamadas de pagodes. Os músicos Joaquim Antônio da Silva
Calado (1848-1880) e o flautista Viriato Figueira da Silva (1851-1883) são dois de seus
criadores. Outros grandes chorões: Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Anacleto de
Medeiros (1866-1907), Irineu Batina (1890-1916), Mário Cavaquinho (XIX-XX), Sátiro
Bilhar (?-1927), Candinho Trombone (1879-1960), Ernesto Nazaré (1863-1934) e
Pixinguinha (1897-1973). Esta é também a época das serenatas de fins de noite.

Chiquinha Gonzaga
primeira mulher compositora
O “CHORÃO” PIXINGUINHA

Pixinguinha, integrou o conjunto Oito Batutas, CHORINHO “CARINHOSO”


de importância fundamental na história da De Pixinguinha
música brasileira. Em janeiro de 1922
os Batutas se apresentam durante seis meses
em Paris com o nome de "Les Batutas".
Duas coisas que ajudaram decisivamente o aparecimento da canção popular no
Brasil foram o carnaval carioca e o gramofone. Pixinguinha, João da Baiana, Donga
-autor de Pelo Telefone, primeiro samba gravado, em 1917-, foram grandes nomes
nesse período, junto com os continuadores dos chorões. O samba urbano só se
firmaria na década de 30, época em que surge a primeira escola de samba, a Deixa
Falar, fundada em 1929. Depois, com a popularização do rádio e do disco a música
popular se consolidaria e chegaria ao mundo de opções musicais que hoje o Brasil
possui.

Escola de samba “Deixa falar”


gramofone
A Deixa Falar foi a primeira escola de samba do Brasil. Ela foi fundada em 18 de
agosto de 1928, na cidade do Rio de Janeiro, por Nilton Basto, Ismael Silva,
Silvio Fernandes, Oswaldo Vasques, Edgar, Julinho, Aurélio, entre outros. As
cores oficiais desta escola de samba eram o vermelho e branco e sua estreia no
carnaval carioca ocorreu no ano seguinte a sua fundação.

O termo “escola de samba” foi usado, pois na rua Estácio, onde aconteciam os
ensaios, havia uma Escola Normal. A escola de samba Deixa Falar funcionava ao
lado desta Escola Normal.

A Deixa Falar fez muito sucesso entre os moradores da região. Ela acabou por
estimular a criação, nos anos seguintes, de outras agremiações de samba.
Surgiram assim, posteriormente, as seguintes escolas de samba: Cada Ano Sai
Melhor, Estação Primeira (Mangueira), Vai como Pode (Portela), Vizinha
Faladeira e Para o Ano sai Melhor.

Nestas primeiras décadas, as escolas de samba não possuíam toda estrutura e


organização como nos dias de hoje. Eram organizadas de forma simples, com
poucos integrantes e pequenos carros alegóricos. A competição entre elas não
era o mais importante, mas sim a alegria e a diversão.
Em 1922, na polêmica e então contestada Semana de Arte Moderna de 22,
idealizada inicialmente por Graça Aranha e Ronald de Carvalho, mais
precisamente entre 11 e 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo, um
dos fatos marcantes do irreverente movimento de cunho antropofágico
nacionalista, que buscava, numa primeira tentativa no país, uma identidade
própria para a cultura brasileira, foi a apresentação do compositor erudito-
popular e regente carioca Heitor Villa-Lobos (1887-1959), diante da orquestra,
trajado a rigor mas calçando chinelos, interpretado como ato de ousadia
quando, na verdade, estava doente de um pé.

Mais...
Guiomar Novaes, magnífica pianista de
impressionante carreira internacional foi
um dos grandes destaques na Semana
de Arte Moderna de 22, interpretando
Villa-Lobos, no mesmo Teatro Municipal
de São Paulo.
Trenzinho Caipira
Villa-Lobos
A década de 1930 foi a mais rica que já houve na música popular brasileira.
Logo no seu primeiro ano, são lançados Noel Rosa e Carmem Miranda, que
brilharia nos festejos momescos com a marcha "Ta hi", levando seu nome aos
mais longínquos recantos desse país-continente. Aliado a isso, surgem novos
valores e o carnaval, então a festa mais popular, toma maior impulso. Em 1931,
"Com Que Roupa", de Noel Rosa, torna-se um dos sucessos mais estrondosos.

Noel Rosa

“Ta hi”
Carmem Miranda
Dorival Caymmi, o primeiro baiano que fez jus a frase: “Baiano não nasce
estréia!” e encabeçou a lista dos grandes nomes da MPB(Música Popular
Brasileira). Compôs “O que é que a baiana tem?” que se eternizou na voz de
Carmem Miranda, a pequena notável.
Época áurea do rádio com seus populares programas ao vivo de música de
auditório, no Rio de Janeiro, com Ary Barroso (na lendária Rádio Mayrink
Veiga), e outros em São Paulo – e as disputas acirradas entre orquestras, os
'cantores do rádio' (Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas e demais) e as
'rainhas do rádio', sendo as cantoras Emilinha Borba e Marlene as maiores.
Sob forte influência do bolero, o samba-canção se firmaria mesmo a partir de
1930. Seus primeiros compositores foram Joubert de Carvalho, Henrique
Vogeler, Heckel Tavares e Sinhô. Os maiores intérpretes são Francisco Alves,
Orlando Silva, Dolores Duran, Marlene, Isaura Garcia, Elizeth Cardoso, Zezé
Gonzaga, Dalva de Oliveira, Caubi Peixoto, Angela Maria e Maysa. O primeiro
grande sucesso do gênero é "Linda Flor" (Ai, Ioiô), de 1929, composta por
Vogeler, Luís Peixoto e Marques Porto, gravado por Vicente Celestino e Araci
Cortes. Outros como "Último Desejo", de Noel Rosa; "Eu Sinto Uma Vontade de
Chorar", de Dunga; "Menos Eu", de Roberto Martins e Jorge Faraj – e muitos
mais.
Em 1939 A primeira e mais importante música exportada aos Estados Unidos e
Europa é "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso (1903-1964), e que inaugura o
gênero samba-exaltação. A música foi gravada por Araci Cortes e depois por
Cândido Botelho e Francisco Alves. O Estado Novo ditatorial e nacionalista de
Getúlio Vargas, que muito apreciou esse novo tipo de samba, por motivos
óbvios e pelo alcance internacional, passa a recomendar aos compositores
populares que abandonem o tema da malandragem carioca em suas músicas.
Inspirado na típica figura do Rio de Janeiro, e a partir da 'política de boa
vizinhança americana', o desenhista Walt Disney viria ao Brasil criar o
personagem Zé Carioca.

Ary Barroso
Aquarela do Brasil (por Gal Costa)
Ary Barroso
No ano de 1943 em Hollywood, o cineasta e desenhista norte-americano Walt
Disney inclui a música "Aquarela do Brasil" , de Ary Barroso, alterando o título para
"Brazil", e versão em inglês, com grande sucesso em seu desenho, "Alô Amigos"
(Saludo Amigos). O samba-exaltação torna-se praticamente um segundo hino
brasileiro e abre definitivamente as fronteiras do mundo para a música brasileira.
Em 1946 A música "Baião", do pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989) – com letra
de Humberto Teixeira –, desponta de Norte a Sul do país com a força de um novo
estilo musical revolucionário urbano derivado da música de raízes rurais e folclóricas
nordestinas. O “rei do baião”, Luiz Gonzaga, falava em suas músicas do cenário da
seca nordestina, como Asa Branca e Assum Preto. Até o surgimento da Bossa Nova,
no governo de Juscelino Kubistcheck, o baião foi o gênero musical brasileiro mais
influente no exterior.
Enquanto o baião continuava a fazer sucesso com Luiz Gonzaga, ganhava corpo um
novo estilo musical:o samba-canção com um ritmo mais calmo e orquestrado e
canções que falavam principalmente de amor. Destacam-se como intérpretes,
Dolores Duran, Emilinha Barbosa, Angela Maria, Caubi Peixoto, entre outros.
Em maio de 1955, com a gravação de "Saudosa Maloca"
pelo grupo Demônios da Garoa, Adoniran Barbosa (1910-
1982) firma o seu estilo peculiar que o tornaria célebre
como o mais fiel cronista das camadas populares
paulistanas, inspirando-se no linguajar dos diferentes
grupos de imigrantes, predominantemente o italiano.
Outros grandes sucessos de Adoniran Barbosa foram: "O
Samba do Arnesto" , "Tiro Ao Álvaro" (com Osvaldo
Moles), e o enorme sucesso de "Trem das Onze", de 1964,
novamente com os Demônios da Garoa.

Adoniran Barbosa -
Maior representante
do samba paulista

Ouça : Samba do Arnesto


Demônios da Garoa

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